2.11.2015

Mania de lhes impingirmos tudo!

- O meu filho é louco pelo Pluto. Mesmo, mesmo fã! 
- Mas tu ainda só estás grávida!

- A Isabelinha é maluca por fofos com folhos cor-de-rosa. Quando lhe visto um fato de treino, chora angustiada!
- Com 10 meses?
- Sim, sim! E já me pede laços na cabeça, não sai de casa sem um!

Mães, sejamos sinceras: nenhum bebé de 3 meses é fã de Pluto nenhum. Nem com 6 meses o é, de livre e espontânea vontade.




Podemos querer muito que o sejam (não percebo muito bem a necessidade) mas temos de admitir que nós é que temos uma grande panca pelos bonecos e os impingimos!

Claro que os influenciamos com os nossos gostos e eles são esponjas, mas por que é que os queremos moldar à nossa imagem e semelhança?

"O meu filho só gosta das fraldas amarelas, com as laranja recusa-se a defecar."
"A minha Mariana só adormece com luz de presença. Tem 3 meses."

Vamos lá a ver: não seremos nós que queremos arranjar explicação para tudo para nos sentirmos mais seguras? Definir-lhes padrões e personalidades conforta-nos mais e dá um sentido a tudo. Queremos sentir que estamos a fazer tudo certo e que eles ficam felizes com as nossas escolhas.

Na altura de decorar o quarto dela, lembrei-me de algo que li em algum lado (ou vi no Querido, Mudei a casa, sei lá): tentem criar um ambiente simples, acolhedor, de cores suaves. Quando eles tiverem gostos e opinião, deixem-nos ser eles a decidir que animais querem ter na parede."

E isto aplica-se um bocadinho a tudo: por enquanto sou eu quem escolhe tudo na vida dela, desde que música ouve, a que roupas veste. Um dia, há-de ser ela. E aí sim, vou poder dizer: "a minha filha é louca pelas princesas da Disney" e "odeia os fofos que eu lhe vestia". Oh não!

*imagem do site We Heart It

Mete medo ao susto!

A expressão dos bebés quando ficam sem luz, quando passam por túneis, mete medo ao susto. hehehe

Eu já me tinha apercebido disto sempre que fechava os estores. Realmente, faz sentido, não faz?

Se querem ver melhor, têm que abrir mais os olhos, óbvio.

Por acaso, em crescidos, fazemos o contrário. Semicerramos os olhos para focar. Porém, esta é a lógica (até em fotografia): para entrar mais luz, tem que se abrir mais ou durante mais tempo.

Ficam tão fofinhos e, ao mesmo tempo, assustadores para caraças!

No prédio onde moro, apesar de há ter pedido há 40 meses para porem luzes novas, o hall antes de se entrar na garagem está completamente às escuras e, por isso, a Irene faz sempre estas caras.

A Joana (a outra) acabou de se lembrar que já me tinha enviado um vídeo da Isabel a fazer o mesmo hehe :) (em Novembro, eishh)

 
               


Também têm videos dos vossos?

Agora fica aqui a compilação de bebés queridos e amorosos mas, de vez em quando, uns que parecem um pé. E sim, a música parece de um filme porno.

Pelo menos, foi o que me disseram. Um abraço.



               

Acabou-se a mama

Foi bom. Foi mau. Foi assim-assim. Foi terrível. Foi das melhores coisas de sempre e chegou ao fim.


Amamentar foi das melhores experiências da minha vida. A primeira vez foi mágica. Assim que puseram a Isabel da minha maca, a minutos de ter nascido, ela soube logo o que fazer. Fomos juntas até ao nosso quarto, unidas. Foi a mamar, timidamente. Os dias que se seguiram foram de preocupação na hora da mama. Adormecia. Molha pé, despe, aperta pé, mexe na orelha, mexe no queixo. O sono falava mais alto. Perdeu algum peso. Ainda no hospital, a médica que lhe deu alta sugeriu suplemento. Tive dúvidas, mas quis confiar em mim, no meu instinto. Não dei. Estava bem, não parecia ter fome. 

Já em casa, a subida do leite. Horrível. Dores e mais dores. Parecia que ia rebentar e ela não dava vazão. Vidrinhos no peito, dores lancinantes quando mamava e antes e depois. Pedia ao pai da Isabel para me apertar um pé com toda a força possível. Só queria deixar de sentir aquelas dores. Podiam ser outras. Aquelas não. Experimentei todas as mezinhas, o saco quente, o banho, a massagem. Depois o saco frio, creme, o próprio leite, a bomba. Fiz de tudo. As dores eram enormes. Ninguém me tinha avisado que podia ser assim. Não sabia. Doeu mais do que o parto. Chorava a dar de mamar. Aquele momento supostamente tão lindo, tão próximo, era um inferno. Mas ia passar. Tinha de passar. Eu só perguntava "isto vai passar, não vai?". "Vai, isso passa", respondiam. Um mês. Um mês inteiro com dores na mama esquerda. Naqueles momentos lembro-me de pensar nas mães que desistiam. Percebi. Percebi tão bem. 

Passou.
Um mês depois, amamentar era bom. Era um momento só nosso, mágico. As dores tinham ficado no passado. Valeu a pena. A satisfação dela a mamar compensava tudo. Finalmente tudo corria bem.

Depois vieram as cólicas a mamar ou o que era aquilo. Contorcia-se, chorava, tinha fome mas causava-lhe dor. Até parecia que ouvia o som do leite que lhe chegava ao estômago. Foi difícil. Tinha de me levantar, tentar distraí-la e lá ia mamando. Malditas cólicas. Passaram as cólicas. Voltou a mamar bem. Mas foi sol de pouca dura.


Biberão. Esse grande "aliado" quando fui trabalhar, no dia em que fez três meses, revelou-se o maior inimigo da amamentação. Deixava leitinho e bebia no biberão. Acontece que se começou a habituar ao facilitismo do biberão, a mama dava muito mais trabalho... Prestes a fazer 4 meses, preferia o biberão. Pedi conselhos, liguei para o SOS Amamentação, pediatra, tudo. As reservas de leite congelado estavam a acabar. Sabia que se não mamasse, dificilmente a bomba iria ajudar tão bem na produção de leite. Comprei suplemento, pelo sim, pelo não. Não queria deixar de ter leite. Não depois de tanto esforço. Não depois de ser o nosso momento. Uns dias a tirar pouco, a tristeza a apoderar-se. Mamava bem durante a noite e de manhã. Às vezes à tarde também. Fiz de tudo. Comecei a conseguir produzir mais leite para ela mamar e para guardar. Dei-lhe algumas vezes suplemento, porque tinha fome e descongelar ia demorar muito tempo. Chorar com fome, não! Queria ouvir aqueles sons de prazer a mamar, qualquer que fosse o leite.
Até que fui à clínica Amamentos pedir ajuda. Tinha ela 4 meses. Melhorou. Ficou a mamar muito melhor. Estava fartinha da bomba, mas continuei a tirar leite mais um mês para a minha ausência. Por ela, tudo. 


Até aos 9 meses mamava de manhã e à noite e ao fim-de-semana sempre que queria.


Aos 9 meses e 3 dias foi a última vez. Ausentei-me um fim-de-semana e quando voltei ela não quis. Não conseguia. Pareceu-nos doente, fomos ao hospital: pneumonia. Internada 5 dias e sempre a recusar a mama. Tentei tirar leite, mas nada de jeito.

Nova consulta com uma especialista, procurei ajuda, comprei uma máquina nova. Banhos com ela, pele com pele, danças, brincadeiras e nada. Não consegui fazer com que ela quisesse mamar de novo.

E esta semana decidi: chegou ao fim a nossa maminha. Foi bom, não me posso esquecer daqueles olhos a olharem bem nos meus, daquele mimo todo, daquela cumplicidade. Foi também mau, mas consegui superar sempre as dificuldades.

Decidi não continuar a tentar, bem comigo e até com um certo alívio porque não vou arrastar mais esta situação. Pus definitivamente um ponto final. Uns dirão que foi cedo, outros que já foi muito bom. Para mim, nem sempre foi bom, foi bom, foi mais ou menos, foi das melhores coisas e já tenho saudades. Pode ser que com um(a) maninho(a) ela queira voltar a mamar, quem sabe? Não me importava mesmo nada. 

Entretanto, e como a amamentação não é tudo, vou continuar a ser tão boa mãe como fui até aqui. E não sou mais nem menos do que quem amamentou 30 meses ou do que quem amamentou apenas um. Nem mais nem menos do que quem odiou e desistiu, nem mais nem menos do que quem teve a melhor das experiências. Amor e cumplicidade entre mãe e filha há-os de várias formas.

 *imagem we heart it