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11.25.2019

Ainda não estou preparada para falar disto, mas...

Hoje foi o Dia Internacional da Violência Contra as Mulheres e passei-o na Conferência da Associação Corações com Coroa na Gulbenkian. Já não é a primeira vez que colaboro com a associação, a Joana Paixão Brás e eu já participamos e foi muito agradável e produtivo (podem ver aqui o vídeo).

Desta vez, fui eu e a Rita Camarneiro. A ideia era pegar numa campanha sobre os ditados populares pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género e ser um comic-relief a meio da conferência. 

Claro que sabíamos que não íamos exactamente para um bar fazer comédia, mas também não estávamos à espera de sermos atropeladas por tantas emoções. Enquanto esperávamos e ouvíamos os testemunhos de várias vítimas auto-empoderadas a partilharem os seus testemunhos de enúmeros tipos de violência e discriminação ficámos sem ar, chorámos e sentimo-nos minúsculas. Senti-me também esperançosa e cuidada ao saber que há quem se mova por estas causas a um nível mundial e tão individual ao mesmo tempo.



Custa-me que a conclusão actual seja que "o Mundo está perdido" porque o que vi hoje foi um grupo enorme de pessoas que irradia força, energia e... equilíbrio, caramba. Que bom ouvir outras pessoas a falar e tão bem, com tanta certeza... encheu-me de esperança. 

Uma das coisas em que pensei foi o que podemos fazer no nosso dia-a-dia de forma a entreajudar-nos mais. E um dos ângulos desta campanha é precisamente questionarmo-nos sobre o que já está enraizado na nossa cultura até tendo os tais #ditadosimpopulares por base. 

Se é verdade que temos de respeitar a privacidade uns dos outros, também é verdade que devemos zelar uns pelos outros e até que há várias formas de o fazer. Entre marido e mulher não se mete a colher?

Após uma breve pesquisa, deparei-me com o site da APAV que fala dos "sintomas" a que devemos estar atentos nas pessoas que nos rodeiam que poderão indiciar uma situação grave: 


Apoiar um amigo, amiga ou um familiar

A ajuda inicial de um amigo ou amiga ou de um familiar pode ser crucial para que a vítima de violência doméstica fale e peça ajuda para tentar sair da situação de violência em que vive e com que tem de lidar sozinha.
O silêncio facilita a existência e a continuação da violência. O papel do/a amigo/a ou do familiar pode ser o início do fim da violência.
Tome atenção aos seguintes pormenores:
Se o/a seu/sua amigo/a ou familiar está...
  • anormalmente bastante nervoso/a ou deprimido/a;
  • cada vez mais isolado dos amigo/as e familiares;
  • muito ansioso/a sobre a opinião ou comportamentos do seu/sua namorado/a ou companheiro/a;
  • com marcas não justificadas e mal explicadas, por exemplo, de nódoas negras, cortes ou queimaduras;
Ou se o/a namorado/a ou companheiro/a do seu/sua amigo/a...
  • desvaloriza e humilha o/a seu/sua amigo/a à sua frente e de outras pessoas;
  • está sempre a dar ordens ao/à seu/sua amigo/a e decide tudo de forma autoritária;
  • controla todo o dinheiro e os contactos e saídas sociais do/a seu/sua amigo/a.
Podem indicar que o/a seu/sua amigo/a pode estar a ser vítima de violência doméstica. Contacte a APAV: 116 006 ou através da Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima ou apav.sede@apav.pt


Poderá também ser interessante visitarem o site para saberem o que não fazer quando falarem com uma suposta vítima e também tentar perceber qual a posição das mesmas nas relações para terem cuidado com o vosso julgamento. 

Confesso que é sempre mais óbvio e directo empatizar com a situação da vítima, mas apelo também a que todos consigamos perceber que o que nos leva a termos comportamentos sociais inaceitáveis são deficiências sociais, educativas ou personalísticas. Importante, digo eu, tratarmos deste problema como um problema de todos (e todas as vertentes do mesmo) e de uma perspectiva profilática e não só (embora crucial) imediata. O apoio psicológico, a saúde mental deveriam ser uma das maiores prioridades para garantir que não há tantos humanos a viverem nestas condições em que se vêem inevitavelmente colocados numa posição de vítimas de agressão ou de agressores. 

Ajuda-me também reflectir o que quero passar à minha filha com isto. Quero que ela seja segura, confiante e que tenha um significado muito saudável e positivo do que é amar e ser amada. Quero que ela não acredite em príncipes encantados que nos tragam a salvação mas que ela sim, é a responsável pela sua própria felicidade e que poderá encontrar alguém com quem a partilhar e que a abrilhante. 

Acho que a missão começa muito em nós, mães. Mães de rapazes, mães de meninas (pais, também, claro, mas reparem no nome do blog, vá haha) que temos o peito cheio de amor para dar e que temos uns bons anos repletos de oportunidade para ajudarmos à construção de indivíduos construtivos, empáticos e confiantes para este Mundo. 

Somos todos tão importantes e podemos ser ainda mais.