A Irene e eu moramos sozinhas há mais de um ano. Tenho vindo a contar-vos como é exigente para ambas esta vida em dupla quando estamos juntas. Tem muitos desafios, como muitas de vocês sabem, outras imaginam e outras ainda, se calhar, até gostariam de estar no nosso lugar - já quis e continuo a querer, ahah.
Um dos desafios (além de não ter hipótese de não estar 100% capaz de tomar conta dela, não ter opção, por muito cansada que esteja ou triste ou zangada) é quando ela adoece. As noites são péssimas, a preocupação é alta, a disposição dela muda (e a minha também) e, pelo meio, tenho de ser prática.
Já nos aconteceu precisarmos de medicamentos e da última coisa que parecia certo fazer ser sair de casa, apanhar chuva e frio para ir à farmácia.
A Irene há uns aninhos, lembram-se dela assim? Eu lembro, haha. |
Houve uma vez - já não me lembro do que precisávamos, mas talvez soro para lavar o nariz, um xarope bom para hidratar a garganta - em que liguei para a Farmácia Portuguesa daqui da frente de casa para saber se tinham o que eu precisava. Já que ia sair à rua, que saísse só para um sítio e com a certeza que não faltaria nada, não é?
Atendeu o Ricardo. Conhecemos o Ricardo desde sempre - moramos nesta casa desde que ela nasceu - e sempre que vamos à farmácia é ele quem nos atende ou está por lá e acaba sempre por meter conversa com a Irene. Visto ser a Farmácia Portuguesa do bairro também já aconteceu encontrarmo-nos no jardim dos baloiços aqui perto e ter conhecido a sua família, muito simpáticas. :)
Foi sempre muito simpático e atencioso. Além de farmacêutico e de poder contar com a sua formação, por ser pai de uma menina mais ou menos da idade da Irene, também conta com a experiência dele e da filha. Ouvir "com a minha filha resultou mais assim" ajuda-nos sempre nem que seja a ter mais um pouco de fé na solução.
Acaba por ser uma espécie de histórico de saúde da Irene. Ele já sabe que ela fica ranhosa no Inverno e porquê, já sabe o que geralmente vou comprar quando preciso e tem assistido ao crescimento da Irene e até às minhas várias fases. Foi naquela farmácia que uma vez apareci desesperada a dizer que não estava a conseguir amamentar a minha filha e o Ricardo acalmou-me. Foi naquela farmácia que contei que já não sabia como estava o Frederico quando me perguntava porque nos tínhamos divorciado, etc.
O Ricardo tem sido uma constante na nossa vida e alguém que está por perto.
Nesse dia em que nos faltaram coisas básicas mas importantíssimas para melhorar o estado de saúde e de conforto da Irene desabafei ao telefone que não sabia quando lá iria visto não ser muito prático e sabem o que ele fez?
Veio trazer-nos o que precisávamos a casa.
É ainda mais do que o tipo da Farmácia Portuguesa do outro lado da estação. É alguém que adora o que faz, que gosta de cuidar, que sabe que pode ajudar e que faz o que puder.
Escusam de estar com esse ar que não é ele o meu namorado, ahah. É um amigo que sei que estará ali à frente quando precisarmos.
A Irene quer sempre ir à farmácia do Ricardo e, apesar de ficar envergonhada, adora as brincadeiras dele.