Ontem fui correr, um ano e meio depois. Não que dantes corresse regularmente, muito menos que treinasse para maratonas, pelo contrário. Nunca fui muito fã de correr, mas a verdade é que andava com vontade de fazê-lo há uns quatro meses. O meu corpo andava a pedir-me! (incrível...) Ora, ontem consegui que o meu pai ficasse meia hora com as miúdas, às 18h30, e lá fui eu aldeia fora.
Nos primeiros 5 minutos, comecei a sentir o ar frio a gelar-me a garganta e desejei pisar cocó para ter uma desculpa qualquer para voltar a casa. Quis que o meu pai telefonasse a dizer que estavam descontroladas, que o jantar tinha queimado, sei lá (levei o telemóvel num daqueles kits que se põem no braço).
Aos 10 minutos, começou a saber-me bem. Vi as casas, ouvi os cães a ladrar à minha passagem, os vizinhos curiosos, senti o cheiro das plantas e senti-me feliz (como é possível?).
Aos 15 minutos pensei que afinal se calhar até aguentava 30 minutos a correr porque, apesar de já estar cansada, sentia-me bem. Mas lembrei-me que àquela hora - a hora da crise lá em casa - era melhor voltar, porque ainda tinha banho por tomar.
Decidi fazer 20 minutos e "já está bom". Passei a terceira vez na mesma rua, onde continuava uma velhota na penumbra, à espera de me ver passar, que me diz tão somente isto, com um sorriso enorme: "PERNOCA MAIS BOA! DEUS AS CONSERVE!".
E senti-me um maratonista naqueles últimos metros a precisar daquele forcing das pessoas da assistência. Só que com mais pêlos nas pernas.
Claro que estas não me pertencem. Deus as conserve... |
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