Se isto fosse um programa de televisão, além de estarmos as duas besuntadas em base e rímeis que demoram uma eternidade a sair, o que gostarias que estivesse no teu oráculo? Luísa Barbosa... apresentadora?
Luísa Barbosa: Eu gostava que dissesse 'milionária' mas já percebi que não é uma opção. Como 'apresentadora de televisão e animadora de rádio' é muito longo, pode ficar 'Apresentadora'.
Cada vez mais reparamos que ninguém é "só" uma coisa. Associamo-nos a uma área e, depois, vamos explorando as várias plataformas e aproximações. Já trabalhaste como atriz, apresentadora de televisão, já fizeste stand-up comedy, fazes rádio... Qual é que não poderia estar de fora da tua lápide?
LB: Provavelmente 'apresentadora de televisão' porque sem essa, acho que não surgiriam as outras.
Eras das meninas que brincava com bonecas e aos pais e às mães? Desde sempre que esperavas ser mãe?
LB: Nada disso. Adorava a ideia de ter uma Barbie por causa da publicidade mas mal tive uma, desiludi-me logo. Eu estava feliz com os meus bloquinhos, canetas e lápis, especialmente os de cor. Quanto à maternidade: eu sabia que era algo que se não surgisse na minha vida, eu ia ter pena de não ter essa experiência mas nunca foi um sonho. Nunca achei que só estaria completa se fosse mãe. Sabia que era um passo que só me fazia sentido dar se encontrasse a pessoa certa para partilhar as alegrias e as dificuldades de ter um filho e educá-lo. Sempre foi algo muito claro na minha mente: só ser mãe com alguém que partilhasse os mesmos valores em relação à educação que queria dar a uma criança. E tive a sorte de encontrar essa pessoa.
Qual é o teu maior receio nesta aventura de "primeira viagem"?
LB: Tenho medo do medo, acho eu. Do medo que vou ter pelo bem-estar da minha filha, do medo de me conformar em determinadas coisas na minha vida, por agora ser mãe... Mas não tenho medo de nada em concreto. A parte boa de ser mãe com 36 anos é que não entras nesta aventura com grandes ilusões. Sabes que há dificuldades e que as coisas mudam radicalmente. Mas tomaste esta decisão sabendo isso, por isso não te preocupas com aquilo que já sabes que é inevitável. E, mais uma vez, sem que tenho alguém ao meu lado para o que der e vier.
És modelo. Tens receio que o teu corpo mude? Estás atenta a isso ou "seja o que for, logo lido com isso"?
LB: Oh, és querida! Mas sim, trabalhei como modelo e continuo a trabalhar com a minha imagem. Claro que sei que o meu corpo vai mudar. Tenho os cuidados normais numa gravidez - alimentação, creme anti-estrias e algum exercício (devia fazer mais, mas não dá para tudo) - mas também sei que não tenho a genética nem a disciplina da Carolina Patrocínio (alguém que admiro). Neste momento, o meu corpo alberga outro ser, e ela é a minha prioridade. Quando estiver cá fora e as coisas acalmarem - sim, porque sei que a amamentação vai ser outra aventura - então aí tenho de fazer o trabalho de recuperação. Sei que é algo que para mim vai ser importante porque fiz exercício a vida toda e quando não faço, trepo paredes. Faz-me mesmo bem, fisicamente e mentalmente. E uma primeira gravidez aos 36 não é a mesma coisa que aos 26 anos.
O que é que te têm dito imenso por estares grávida e já estás "cheia de ouvir"?
LB: Se mais alguém me diz que 'tenho de comer por 2', obrigo-os a comerem 20 pastéis de bacalhau!!! Mas, a sério, o mais chato é perceberes a falta de coerência e a incrível convicção de que todos percebem imenso disto menos tu. Como se andasses nisto de forma completamente irresponsável, sem te informares e sem cuidares de ti e do bebé. Mas enfim, é sorrir e acenar.
Há algum momento na tua vida em que te tenhas arrependido de continuar com o curso de Direito?
LB: De continuar? Não! A era de tirar cursos para ter uma profissão para a vida já acabou e o curso de Direito prepara-te para imensa coisa, não apenas saídas profissionais mas também para a vida em geral e no teu papel de cidadã. Até me preparou para ser apresentadora de televisão!
O que te deu para ires para Direito (com essas curvas... ah... ah...)?
LB: Estava entre Comunicação e Direito e, bem ao modo 'Luísa Barbosa', escolhi o caminho mais difícil e menos óbvio. Na altura, os cursos de comunicação eram mais teóricos. E nas saídas profissionais de Direito incluíam-se as de Comunicação. Na altura, foi um 2 em 1. Claro que eu também tinha uma noção romântica do exercício do Direito e da profissão de advogada. Mas o estágio mostrou-me que aquilo não era para mim. No entanto, acho que foi o curso que me deu mais conhecimentos. Por isso, nunca me arrependi. mas também não sou dada a arrependimentos.
Achas que vais ser do tipo de mãe que investiga tudo ou das que vai mais com o flow?
LB: Acho que vai depender do que se trata. Acho que há coisas que vão ser instintivas e há outras que vou fazer pesquisa intensiva. Vamos ver...
De tanto que se ouve falar hoje em dia de maternidade, o que é que já aprendeste?
LB: Tanta coisa!! Como disse, esta não era uma temática que estivesse no meu radar. Acho que vai ser uma aprendizagem constante na nossa vida, daqui para a frente. Mas posso dizer-te que já aprendi algo sobre mim, porque sempre achei que iria ser mais stressada e controladora do que estou a ser. Parece que ficas mais em sintonia contigo e com o que te rodeia, nesta fase, e tornei-me muito boa a priorizar e a relativizar. Ando na fase 'meh'!, como lhe chamo. 'Tenho 324 coisas para fazer! - Meh! - se não as fizer todas, paciência'. 'O jantar queimou e os 12 convidados estão a chegar! - Meh! - Olha, encomenda-se.' Há uma calma de que eu não estava à espera.
Falas com o teu bebé? Já interiorizaste que tens aí um ser?
LB: Sem dúvida, até porque ela gosta de se fazer notar. A julgar pela actividade no meu útero, temos campeã de kickboxing! Até já acho que tem personalidade. A nossa técnica das ecografias diz sempre que ela tem mau feitio e eu adoro! Além disso, herdou dos pais o monstro da fome: quando começo a sentir fome é quando ela mais dá pontapés! E sim, claro que falo com ela e ralho com ela quando se põe a dar pontapés na minha já cheia bexiga.
Tens medo do parto ou não sofres por antecipação?
LB: Acho que ainda não cheguei aí. Talvez quando estiver mais próxima da data. Agora faltam-nos uns 2 meses. Mas ando a tentar não ter um plano muito fechado do que quero porque sei que tudo pode acontecer. Tenho preferências em relação ao meu parto, sim, mas acho que, se for de ideias muito fechadas, há mais hipóteses de stressar caso algo não corra conforme planeado. E acho que, manter a calma, vai ser vital.
Algum plano para uma ninhada ou vão vendo?
LB: Gostávamos de ir ao segundo, mas é algo que vamos andando e vendo.
A mãe é que sabe?
LB: Sempre! Mas não digam ao pai senão ele fica triste
Adoras o nosso blog e é o único blog que lês desde pequenina?
LB: É o vosso blog e a tabuada! Mais a sério, gosto da dinâmica 'das Joanas' e do humor que conseguem ver nalgumas situações. E, claro, a honestidade com que abordam algumas questões. Parabéns!
Thank you, Luísa e... "uma horinha pequenina", ahah.
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