Em resposta aos comentários do post "É muito por isto que mudei a vida toda", eu, marido da Joana, senti necessidade de acalmar esses tremores frios que sentiram quando perceberam que tínhamos ido viver com a minha sogra e que a Joana se tinha "anulado", por se ter despedido.
Primeiro, percebo que vos faça comichão, mas eu não tenho qualquer problema em viver com a minha sogra. Felizmente tenho uma sogra jovem e sem qualquer tipo de complexos. Respeitamo-nos, temos feitios calmos, rimo-nos, disparatamos e nunca houve um único conflito até agora.
A casa, felizmente, é grande e nem a ouço roncar. Nem ela a mim. Temos mais do que uma sala e respeitamos muito o espaço uns dos outros. Não tinha por hábito andar nu em casa, por isso, nem isso tive de mudar os meus rituais. :) Há dias em que nem nos vemos sequer, porque a sogra trabalha e muito e tem outros interesses e afazeres fora de casa.
Em segundo lugar, convido as pessoas a tentar perceber o que são os horários de uma pessoa que para além de ser repórter, tinha um cargo de enorme responsabilidade no sítio onde trabalhava. Para quem não sabe, ser repórter significa horários zero, não dá para programar ir amanhã buscar os filhos à escola, porque de repente há uma reportagem a essa hora. Não há trabalho das 9h às 17h. Não dá para ir mais cedo adiantar trabalho porque não é assim que funciona. E no caso da Joana ainda se agrava mais porque tinha de coordenar uma equipa, editar peças, fechar programas, escrever pivots, etc..., e aqui não se trata de ela gostar ou não daquilo que fazia, apenas se trata de não ser compatível com a participação que ela queria ter na vida das filhas. E agora juntem o marido que também trabalha na mesma área em que os horários também nem sempre são certos. E ainda podemos juntar o facto de a família da Joana viver em Santarém e a minha viver em Évora, não há avós por perto para ir buscar a neta à escola e poder ficar com elas.
Em terceiro lugar, eu sei que a Joana é uma pessoa extremamente inteligente e que não gosta de ficar acomodada (não que a escolha de ficar em casa a cuidar e a educar os nossos filhos seja sinónimo disso, é dos trabalhos mais merecedores de ovação de todos!) Mas o sucesso deste blog é o exemplo dessa mente em ebulição e eu acredito muito nos projectos que ela tem para o futuro.
E só para que fique bem claro, a Joana não se está a anular, ninguém se anula quando faz aquilo de que mais gosta, que é ser mãe! E a Joana é uma grande Mãe! E se ela desistiu de tudo isso para dar o melhor às minhas filhas nesta fase, eu estou com ela.
David