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8.02.2017

A minha filha tinha fome e não comia.

Sei que o título sugere que a Irene tenha voltado a ter mais uma convulsão, mas ainda não. Não é disso que vos quero falar  hoje. Como devem saber, estamos na semana do aleitamento materno e isso pôs-me a pensar um bocadinho no que foi a nossa experiência inicial e lembrei-me. Lembrei-me que aos 3 meses passamos por uma fase horrível porque a Irene não queria mais mama. A Irene sempre que a punha na posição clássica para amamentar, chorava e chorava. Esperneava muito irritada e revoltada como se tivesse um trauma. 

Foi muito angustiante para ambas. A minha filha poderia estar com fome e havia algo que eu não percebia que estava a impedir que o "natural" acontecesse. Agora que já me tinham deixado de doer os mamilos, que já não dizia (para dentro) fo**-se, sempre que ela abocanhava e iniciava a sucção (não tem que ser assim e não é assim com todas as mães), estava a acontecer algo que eu não percebia e que me deixava de rastos. 

A Irene não fazia as mamadas do costume e começou a rejeitar-me (à mama, mas vocês sabem que o que sentimos é o que escrevi). Falei com a "minha" pediatra, em busca de algum acompanhamento, recebi a indicação de tentar tirar com a bomba e dar no biberão que, com a minha ansiedade (além das dificuldades inerentes a conseguir extrair leite com a bomba que é sempre inferior à capacidade de sucção de um bebé), fazia com que a ejecção de leite não acontecesse, ainda para mais com ela a chorar desalmadamente. 



Desisti e fui comprar o leite de lata à farmácia. Chorei pelo caminho porque não era aquilo que eu queria para nós as duas, mas não podia correr o risco da minha filha eventualmente estar a passar fome só por teimosia minha, fundamentalismo ou necessidade de validação pessoal. 

Fui. Preparei o leite e quando lhe pus a tetina na boca (numa posição esquisita), não o aceitou. Sorri, fiquei aliviada e percebi talvez não fosse fome. Descobri que, durante a noite, continuava a mamar como "deve ser" e que não estava a perder peso. Talvez os nanossegundos que ela mamava até reparar que estava na posição para ser amamentada (seria um torcicolo? - pensava eu) chegassem para não ter fome. 

Li. Li. Li. Li. Falei com especialistas (em amamentação, não pediatras porque tanto podem sê-lo como não ser e o normal é não o serem) e percebi que ia passar. 

Lá me deram a recomendação do "fazer muita pele com pele" e foi demasiado tempo até passar, a descobrir "truques", com muita ansiedade à mistura, muita dor de braços por ter descoberto que até aceitava ser amamentada ao colo, mas comigo de pé e a cantar, mas já está. 

Isto tudo para vos dizer que a amamentação - tal como tudo na vida, parece-me - tem coisas boas e coisas menos boas, mas que poderá haver uma possibilidade de ultrapassar as más com o devido acompanhamento.

Li que havia uma "crise dos três meses" que coincide com um salto de desenvolvimento o que me ajudou a perceber que todo aquele caos e desordem, até era sinal que estava tudo a correr como esperado. 

3 anos depois cá estamos. 

Força.

Procurem ajuda junto da Amamentos ou na Rede Amamenta, por exemplo. 


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