3.22.2021

Afinal as mães ficam doentes.


Acho que se contam pelos dedos de uma mão as vezes em que fiquei doente nos últimos 7 anos. Aconteceu algumas vezes toda a família ter gastro e a mim nada pegava. Tinha um quase-orgulho em ter uma saúde de ferro, confesso. E era um alívio.

Agora, são raros os meses em que não tenho alguma doença, algum vírus, alguma bactéria. 

Claro que foram muitas as transformações neste último ano. Primeiro, ficámos em quarentena; depois, fiquei sem trabalho uns meses. Para compensar, desde a primeira semana de agosto que não tenho férias, a somar ao facto de ter ficado em isolamento com crianças em casa, zooms, desgaste e stress. Separação, mudança de casa, de rotinas, de tudo. Nem por isso andei a comer melhor ou a praticar mais desporto, a dormir bem, a fazer meditação e afins. Nada. Piloto automático e a parar só quando sou obrigada a isso: quando estou doente. 

Eu sei: é uma resposta do meu corpo à forma como o tenho tratado. Foi infecção urinária no final do ano, seguida de covid em janeiro e agora herpes zoner. 

Se não tivesse sido uma seguidora a alertar-me para a possível zona (fui à farmácia e não souberam dizer-me o que eu teria - parecia picadas de inseto, mas estava a alastrar), mais tarde teria atuado. Liguei para a Saúde 24 e o médico arriscou logo dizer que era zona, mesmo sem ver (tais eram as coincidências com a listagem de sintomas), e reencaminhou-me para as urgências. Às 2h e tal da manhã estava a levar corticoides e mais não sei o quê para acalmar as dores e as comichões. 

A zona (conhecida como cobreiro em algumas zonas do país) é uma doença infecciosa, da família da varicela. Não terei apanhado com ninguém, mas simplesmente "reativei" o vírus da varicela que tinha apanhado em miúda (o vírus invade as terminações nervosas da pele e migra até algumas cadeias de gânglios localizadas próximo à medula espinhal e ao cérebro, conseguindo, assim, permanecer “escondido” do sistema imunológico por períodos que podem durar décadas). Na semana passada, deixou de se esconder. Dá dores fortes, nevrálgicas, ardor, sensação de queimado, comichão... uma série de coisas que não matam, mas moem. Eu achava que tinha sido picada e feito alergia e que estava com um torcicolo, mas afinal era tudo a mesma coisa. Peito, costas/ombro, pescoço, cor cabeludo, tudo se encheu de borbulhas e de dores. Felizmente, a tomar 5 coisas diferentes e ao fim de 5 dias, os sintomas melhoraram e muito. 

Psicologicamente, estou melhor. No início, perguntava-me "porquê eu?", desabafava "outra vez" e achava que não ia ter coragem de enfrentar tantas dores de novo. Tive e tenho, para muito mais. Tenho de ter, que outra hipótese há?


Agora tenho enchido o meu corpo de sopas e vegetais, nutrientes com fartura, para ver se reforço este sistema imunológico, que anda mesmo em baixo. 

Afinal, as mães também ficam doentes. É pena só sabermos parar e olhar para dentro quando algo de maior nos abala e nos obriga a isso. O nosso corpo vai dando tantos sinais, mas só com um grande abanão percebemos que temos de MUDAR. Mudar a forma como comemos, mudar a forma como andamos a pensar, a falar para nós próprios, a forma como nos damos aos outros, a forma como andamos a trabalhar, o stress, que deixamos apoderar-se de nós... 

Quero voltar a fazer exercício, pelo menos 3 vezes por semana, voltar a meditar e exigir menos de mim noutras matérias. Quero estar melhor, menos doente, quero ser uma mãe melhor e mais forte. Deixar de tapar o sol com a peneira e só pedir ajuda quando já é tarde.

Afinal, as mães ficam doentes. 



1 comentário:

  1. Tive isso há muitos anos atrás. Não foi tão forte, mas ia alastrando em linha reta, como se quisesse dar a volta ao corpo. A médica desvalorizou, uma picada, uma pomada. As colegas de trabalho, mais velhas, disseram que era cobrão e receitaram uma mezinha caseira. Funcionou ou foi coincidência? Não sei mas passou.
    As melhoras.

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