Um dia, fui almoçar com o Frederico e estive à vontade durante 2 horas sem que a Irene me viesse pedir atenção. Sem que se irritasse, sem que precisasse de ser passeada, nada. Isto porque a Carolina, assim que chegamos (estava a estagiar no restaurante) disse: "não se preocupe, eu cuido dela". Fui dando um olhinho e confesso que me vieram as lágrimas aos olhos. Revi-me na Carolina. Tenho dois irmãos. Um mais novo que eu 10 anos e éramos os melhores amigos, uma relação muito muito próxima. Vi isso na maneira da Carolina brincar com a Irene. Pareciam irmãs. A Carolina fazia leques com as folhas que arranjava atrás do balcão, dançava com ela, foi-lhe mostrar as flores e as cores e, aqui entre nós, notava-se que estava toda contente. Sempre que ia cuscar ela dizia "não se preocupe", mas eu reparava que ela também estava a dizer "deixe-me brincar mais um bocadinho". Rapidamente me chateei com ela por me estar a tratar por você. A Irene ficou o resto do dia a falar da Carolina e a imitar as brincadeiras dela e eu, de coração cheio porque senti que tinha encontrado a solução perfeita para nós. Uma menina responsável, que adora crianças, mesmo quando não estava a ser paga para isso, que reparei que estava toda contente... estavam as duas!
Fez-se luz e propus-lhe que me passasse os contactos para quando eu quisesse sair de casa com o pai e não quisesse "chatear" os avós (vou receber mensagens a dizer "não nos chateamos, Joaninha, por amor de Deus", mas vocês percebem).
Fiquei a saber a história dela: tem 25 anos, é de Lisboa mas sempre viveu nas Caldas da Rainha. Andou a implorar por irmãos até que, aos 10 anos, lá lhe fizeram a vontade. Nasceu a irmã Maria que ela, desde sempre, teve uma imensa vontade de proteger e de cuidar. Quatro anos depois nasceu o Manel e, com o treino da Maria, já estava à vontadinha para cuidar muito bem dele.
Sempre quis estudar psicologia, mas acabou por ir para Turismo (daí estar a fazer o estágio no restaurante). Porém, a vontade de ajudar os outros, de retomar o voluntariado que fazia antes da faculdade no piso de pediatria no hospital das Caldas, mantém-se. Anda a ponderar dedicar-se novamente aos estudos para tirar psicologia infantil. Está em período de reflexão, diz ela.
A ideia é andar a tomar conta da Irene e de outros bebés e crianças para ir tirar o curso por si, para não ter que pedir nada aos pais. É bonito ou não?
Queram falar com a Carolina (digam-me se forem falar que fico toda contente por estar a ajudar)?
O mail é este.