4.28.2015

Inventam tudo!(#12)


Uma ideia brilhante à venda neste site brasileiro. Para ir a casa de amigos, a um restaurante, para umas férias, sem ter de andar com cadeirinhas atrás. Excelente.

Depois há também no Sack'n Seat com um ar que me parece mais seguro, talvez por ficarem presos como nos automóveis.


Parece-me muito bem. Alguém que tenha? Vende-se em Portugal?

4.27.2015

Até que a morte nos separe.

Ui a história do meu casamento. Ui! Vou tentar resumir e também dar a versão alargada, já agora. Leiam, leiam que tenho uma pergunta para vos fazer no fim, 'tá bem? Bigadax (estou a gozar, não escrevo assim - mas falo).




Versão alargada (que, por acaso, é um excerto do meu livro que deveriam mandar vir que é porreirito hehe): 

 "Nunca tínhamos andado numa limosina, mas foi assim que saímos do aeroporto. Estavamos todos espapaçados por causa da viagem de mais de dez horas e com escala em Londres: cheiravamos a pessoas do metro, o nosso cabelo dava para fritar rissóis, o nosso corpanzil estava a ressacar de doses normais de tabaco (visto que comprámos as pastilhas de nicotina e, só com uma na boca, parecia que tínhamos engolido dois maços e meio de SG Ventil de uma só vez …
Independentemente do nosso espapaçamento, sabíamos que estavamos a caminho de um dos melhores momentos da nossa vida. Para o meu agora marido, estávamos cada vez mais perto do restaurante de um dos chefes preferidos dele. Para mim, era porque iamos para um hotel (adoro hóteis) e também porque nos íamos casar, exacto. Chegámos ao hotel e não tivémos tempo sequer para deixar as coisas no quarto. Largámos a mala no bengaleiro e fomos numa outra espécie de limonsina para o registo. Foi ali que ficámos oficialmente casados, mas não ligámos nenhuma até porque parecia a entrada das urgências de um hospital no interior. Dali fomos conduzidos para a capela. Levamos o nosso cestinho para pôr as alianças. É um cestinho onde comemos pele de leitão frita ou lá o que era com farinheira ou alheira e polvilhada com açúcar no restaurante onde fui pedida em casamento. Tenho tanta capacidade para descrever comida como para depenar soummiers por isso aconselho falar com o chef Vitor Claro do restaurante "Claro!" para se saber ao certo o que ele põe no tal cestinho e que roça o divino (que bem podia ser o nome de um porteiro de uma discoteca) - esta é uma crónica sobre o dia do nosso casamento e falei de leitão, não deve ser surpresa nenhuma para quem souber com quem estou casada.
Tínhamos o tal cestinho, mas não tinhamos alianças. Como não era o que mais importava, escolhemos as mais baratas de todas. Eram gordas (as alianças) e de leitão… Ai, não é leitão! É latão! Eram gordas e de latão, pelo que sabíamos que não iam durar para sempre, ao contrário do nosso matrimónio, claro (ohhhhhhhhhhhhhhh). Depois de compradas as alianças, lá ficámos encostados, de braço dado, à porta da sala onde casam os bêbados de álcool e de amor (ohhhhhhhhhhh), à espera que pusessem a tocar a música “do costume” (para eles, não para nós que não casamos por desporto). Como é que estava vestida? Com a roupa que levei para a viagem. Estava de calças de ganga, umas botas de salto-alto rafeirinhas que comprámos no Alegro, uma camisola da Zara, um lencinho com borboletas que a minha tia de Paris me ofereceu há uns anos e, obviamente, roupa interior. É uma coisa que gosto de fazer: usar roupa interior.  O meu marido estava todo charmoso como é costume: uma camisa às riscas azuis que lhe realça a cor dos olhos (que não são azuis), umas calças de… A roupa do homem não interessa, pois não? Não. Nem a minha interessava. Queríamos lá saber da roupa.
Interessa muito mais dizer que a capela era tão pequena que mesmo a música de casamento editada ao máximo era demasiado longa para os quarto ou cinco passos que tinhamos de dar até ao altar. Assim que a música começou, andámos dois passos, esperámos dez segundos e só aí chegámos ao sítio suposto: ao pé do “minister” e do homem que carregou no rec da handycam que estava num tripé ao lado dele.
O minister, dotado de uma intensidade característica da sua especialidade, começou a falar umas coisas em inglês sobre amor e compromisso. Foi breve. Estávamos tão contentes e felizes que nos concentrámos em apertar a mão um do outro. Eu chorava. O meu namorado estava todo orgulhoso e com uma expressão e uma linguagem corporal que, certamente, se irá repetir no dia em que a nossa filha nascer. Nunca esteve tão bonito.
Repetimos aquelas palavras em inglês um para o outro. Ele disse tudo correctamente, mesmo com os nervosos e as mãos a suar. Eu troquei-me nalgumas coisas e chamei-lhe meu “wedding husband” nos votos. Não foi por nervosismo, não. Uma curiosidade sobre mim: gosto de acrescentar ditongos aleatoriamente (para mim, “ditongos”, faria mais sentido se fosse dintongos, mas tudo bem). A minha filha há de crescer a dizer que tem vontade de ir fazer “xin-xin”.
Naquele momento oficializámo-nos como um. Nenhum dos dois alguma vez quis casar. Foram precisos uns copos de vinho para ser pedida em casamento, mas não o obriguei a nada. No dia a seguir ainda não se tinha arrependido e nem eu. E agora, estamos ainda mais casados por já só faltar um mês e meio para sermos três.
Claro que, depois da capela, fomos para o hotel, fazer o que toda a gente está a imaginar. Achei que o meu marido merecia ter um momento daquilo que ele considera verdadeiramente erótico: jantar.
Ficámos três noites em Las Vegas e há um ano. O início do início deste teu início que está quase a começar.
Sinceramente, deixo ficar a última frase porque, apesar de não fazer grande sentido, há de haver alguém que descobre um significado bonito e que faça dela uma citação sentimental bimbalhota. Gosto de terminar assim: terminando o que nunca termina pois terminar trata-se de um começo que o coração envolve nas asas da criatividade.
Pumba, mais uma. Nicholas Sparks, aqui vou eu!
Parabéns, “wedding husband”. Ah! O meu marido disse-me agora que o que comemos no cestinho no "Claro!" é massa de coscorões com açúcar e canela, em vez de pele de leitão. Pronto."
GAMA, Joana. Estou Toda Grávida, Chiado Editora, Lisboa.
Versão Curta: 

Ele viu-me a actuar numa noite de stand-up comedy e achou-me piada. Começamos a falar, começamos a namorar, pouco tempo depois casamos em Las Vegas, transcrevemos o casamento para Portugal e decidimos ter a Irene. Tudo isto em menos de 3 anos. Deve fazer agora três anos, não sabemos.


Questão: 

Neste momento (e já há um ano) estamos os dois 24 horas por dia em casa juntos. Eu tive o privilégio de poder gozar uma licença sem vencimento durante um ano e ele é argumentista freelancer. Somos muito felizes, adoramos estar juntos, a nossa compatibilidade não está em causa. Acho que desafio mais complicado que este, só o da distância intercontinental. Penso muito nas mães que ficam em casa com os filhos e que não têm ninguém para as ajudar. No meu caso, parece-me dificultar muitas vezes o meu "trabalho". O meu marido não tem paciência para ler as coisas que eu leio, a maior parte das coisas que lhe digo "parecem não fazer sentido algum" e sou muito ansiosa, coisa que o deixa enervado. Quando, por acaso, está um de nós sozinho com a Irene, as coisas correm muito mais smoothly. Sou muito muito chata e ele é muito pouco tolerante ao meu índice de "chatemento" se não lhe fizer sentido. E, apesar de me respeitar sempre nas minhas decisões no que toca à Irene (és o maior, amor), é muito difícil tê-lo de coração nas coisas que lhe peço para fazer que, para ele, não tenham lógica. Desde a não aquecer leite materno no microondas (que pode ser aquecido, mas que mata algumas das propriedades por isso, no meu entender, não se deve aquecer), enfim, sou muito comichosa. 

E gostaria de saber se somos todas em relação aos nossos maridos ou se devo poupar uns tostões e internar-me algures (desde que tenha wireless, senão faleço). 



Afinal Havia Outra (#22) - Tive o meu filho numa banheira

Há um ano e meio mudamo-nos para a Escócia. Passados poucos meses, assim como tínhamos planeado, foi com grande felicidade e entusiasmo que descobrimos que estava grávida. O tão esperado momento havia chegado!

Tive uma gravidez tranquila, sempre acompanhada com excelentes profissionais de saúde, que me transmitiam a cada consulta uma confiança que qualquer mãe de primeira viagem precisa.

Não hesitei assim que soube que na maternidade onde o meu filho ia nascer, havia a hipótese de que o parto fosse na água.

Às 38 semanas e 3 dias, pela manhã ao acordar, as águas rebentaram. Mantive-me sempre calma e liguei para o hospital, duas horas depois tive a visita da parteira em casa. Ainda não tinha contracções e recebi alguns conselhos para tentar acelerar o trabalho de parto.
Liguei para o meu marido que estava já pronto para deixar o trabalho a qualquer momento para me acompanhar. Almoçamos juntos e logo a seguir ao almoço, sentamos-nos no sofá. De repente deu-me um click: "Não posso ficar aqui parada!" Saltei do sofá e comecei a seguir todos os conselhos da parteira. Ao longo do dia foram vários os banhos de imersão com o chuveiro a apontar para a barriga, subir e descer escadas, alguns squats e ao fim de uma longa caminhada com o meu marido, já as contracções faziam prever que estava mesmo quase o momento que tanto ansiavamos.

Dei entrada no hospital às 19h, já com dilatação e contrações muito próximas. Só tive tempo de pedir para encherem a banheira e baixar as luzes. Aguardei que o meu marido viesse com as malas do carro para entrar na água. A música que tocava era da rádio. Entrei na água devagar e tentava relaxar entre as contracções. Cá fora, tinha de um lado a parteira, do outro lado um pai ansioso e aflito. A cada contracção dávamos a mãos e o olhar de um e outro reconfortava-me e dava-me energia para quando fosse a hora de fazer força. Num momento de dor e algum desespero perguntei à parteira o que devia fazer, ela olhou-me nos olhos e disse apenas para seguir os meus instintos. São momentos em que nos tornamos animais, agi de forma puramente instintiva, movia o meu corpo livremente na água, e por vezes de forma brusca pois assim tinha que ser. A temperatura era medida regularmente e ao meu lado tinha uma botija de gás nitroso que inalava entre as contracções, pois ajudava a relaxar os músculos e atenuar as dores. Não tive epidural por opção. Entre voltas e reviravoltas na água, pude levantar-me e consegui ter controle total sobre o meu corpo. O momento estava cada vez mais perto. A parteira usava um espelho debaixo de água para ver os avanços. Algum tempo depois já era possível ver a cabeça. Fui convidada por ela a tocar na cabecinha bem cabeluda do meu filho. Foi uma sensação única e indiscritível tocar naquele cabelinho tão macio e sedoso debaixo de água. Na verdade acho que foi isso que me ajudou a fazer o “push” que o meu filho aguardava para vir para os meus braços.

Foi às 22:31 que o meu maior tesouro emergiu da água, o cordão estava enrolado no pescoço o que lhe deu um tom roxinho. Com saudáveis 3,110kg foi directamente para o meu colo e ali ficou por 15 minutos. Foi a única exigência que referi na parte do livro da grávida, em que teria que preencher os espaços relacionados com as espectativas e desejos para o parto. “Quero ter o meu filho ao peito o máximo de tempo quanto possível antes de sairmos da água”. E assim foi. O pai do lado de fora, molhava o seu corpinho enrugado para manter a temperatura e esperava ansioso a hora de também poder pegar no filho. Pudemos juntos sentir o pulsar do cordão e apreciar o milagre da vida. Foram minutos mágicos e muito especiais. O cordão foi cordado pelas mãos do pai que logo de seguida tirou a blusa para pegar no filho “skin to skin”. A expulsão da placenta deu-se ainda na banheira, já sem água. Ao sair, fui logo examinada e permaneci em repouso na cama. Ali ao meu lado foram feitos os primeiros procedimentos ao bebé e nem por um momento o meu filho foi levado para longe do meu campo de visão. O pai acompanhava atento os passos da enfermeira e eu aguardava para voltar a ter o meu filho nos braços. A primeira vez em que ele mamou ainda com poucos minutos de vida, foi um momento indiscritível.

Numa só palavra a experiência de ter sido Mãe na água foi fantástica!

Desde que entrei na água até ter o meu filho nos braços foram apenas 3 horas, as mais intensas da minha vida!

Tivemos alta ao meio dia, do dia seguinte e nos primeiros 15 dias recebemos visitas diárias das enfermeiras/parteiras para sermos examinados. Ajudaram-nos a tirar dúvidas e mais uma vez recebemos a cada visita, aquela dose de confiança que tanto precisávamos.

Os primeiros banhos do meu filho foram no meu colo no chuveiro, dormia sempre relaxado e aninhado a mim. Continuamos assim a ter uma relação muito especial com a água.


Bruna Viegas
Mãe do William