Pensei muitas vezes se deveria escrever este título. É um bocadinho clickbait, é certo, porque sei que este é um tema que nos interessa a todas. E ainda continuamos a gostar muito de falar em kgs, mesmo que eles, por si, possam ser relativos.
No meu caso, não os vejo como a maior das minhas preocupações no momento, mas acabam por ser mais uma coisa a acrescentar à lista de mudanças na minha vida.
Primeiro: o meu ponto de partida para estes 15 kgs são uma época em que treinava 3 vezes por semana, fazia pilates e ioga, tinha os meus horários, as miúdas andavam felizes na escola, não havia cá pandemia, podia viajar e andava feliz (com as minhas oscilações normais, mas bem). Depois seguiu-se um período menos bom, mas não deixei de treinar (até pelo bem que me fazia à cabeça) e de estar o mais "seca" que estive, com 64. Estava com menos 6 kgs (e bastante mais massa muscular) do que o meu peso "de toda a vida", que ronda ali os 70kgs. Nunca me senti tão bem fisicamente.
Comecei a trabalhar em TV em dezembro desse ano - 2019 - e começou o "descalabro". Sem grande tempo para treinar, petiscar a toda a hora no escritório enquanto editava, um Continente mesmo ali em baixo para ir comprar rebuçados... puff ganhar 5 kgs foi bem fácil. Depois pandemia, filhas em casa, teletrabalho no início, sem trabalho uns 3 meses, pães e bolos dia sim-dia sim, pumbas... mais uns quantos. Nessa altura já nem me pesava, só via a roupa a ficar cada vez mais apertada e a ter de comprar calças novas. Estes últimos meses fizeram o resto: ansiedade, separação, stress, confinamento, Covid e muito tempo deitada, vício do açúcar e de estar sempre a morder alguma coisa, cozinha ali mesmo ao lado... nem preciso de dizer mais nada, não é?
Não tenho um discurso nem de vitimização nem de culpabilização. É o que é. As nossas circunstâncias, aquilo que somos em cada momento, as nossas dores e falta de tempo para tudo - e disponibilidade mental - levam-nos a estes períodos e nem sempre temos forças para mudar. A mim, acontece-me muito aquele "perdida por cem"...
Quando acho que estou pronta para a mudança, para voltar a comer bem (de forma balanceada) e a fazer mais exercício, acontece qualquer coisa - neste caso, a minha última doença.
Esta semana, comecei por comer bem, muitas saladas e legumes no forno, proteína, alguma fruta... e ontem já cedi aos doces. Não descansei enquanto não estraçalhei um bolo enorme que enviaram cá para casa (tive de o deitar o resto fora - que odeio - para não continuar a comê-lo quase de forma compulsiva, imaginem. Iria comê-lo inteiro sozinha, eu conheço-me).
Tinha recomeçado a correr 5kms e andava toda contente, mas agora não me sinto nem com força anímica nem com vontade. Queria tanto reconquistar essa vontade! Como se faz? Como se dá o clique? Já nem me lembro.
Não tenho propriamente uma meta que envolva números: "perder x kgs" - o que acho que facilita, mas não queria ir por aí. A minha meta é: ficar mais saudável, ter menos sono (também não ajudam os anti-histamínicos que ando a tomar, está quase a acabaaaaar, yeah), ter uma pele menos flácida... Às vezes olho para as minhas pernas e vejo nelas o corpo da minha avó Isabel: herdei muito a estrutura dela, era alta, como eu, cintura alta - ou quase sem cintura também-, pés e mãos muito parecidos. Curioso, agora que me lembrei dela, as pernas flácidas são mesmo irrelevantes. Que saudades!
E é muito isto. Claro que procuramos a melhor aparência possível, claro que andamos a correr todos um bocado atrás de um ideal qualquer que alguém se lembrou de criar... mas o que importa mesmo é cuidarmos de nós, como um todo, sem cobranças loucas e ideais irreais.
A teoria está lá e prática?...
Como estão vocês? O que têm feito por vocês e o que querem fazer?