Hmmm... Longe de mim estar naqueles inícios de blog (apesar de estar para as bloggers de décadas - parece-me sempre que a única que já cá andava há anos era a Pipoca, haha) em que me enervava com comentários negativos ou com opiniões diferentes das minhas ou o quer que seja. Sempre que leio uma opinião (que não uma mera ofensa - e, mesmo assim, há ofensas que aprovo por achar que têm graça, confesso) tento imaginar quem está do outro lado e já sei que quando há muita "zanga" é porque há muita "tristeza" e isso acalma-me e faz-me sentir empatia.
Este comentário não vem de nenhum sítio mau. Este comentário foi alguém que se pôs no lugar dos convidados e pensou: "Epá, se fizessem isso comigo, ficaria fula!".
Mesmo assim, acho que dará uma discussão interessante. Claro que é como naquelas brincadeiras quando éramos mais novas o "todos ganham por participar" só que aqui é "toda a gente tem direito a uma opinião" e é assim que também nos diferenciamos umas das outras, não só pelo número de calças.
Isto veio a propósito do post que fiz a falar de um livro que a Irene recebeu na festa de aniversário (este livro e este post) que, por não ter prestado atenção a quem deu que embrulho, não sei quem o deu.
O comentário foi este (e, mais uma vez, não vejo nenhuma má intenção nele):
Ora, como é óbvio, não considero que seja falta de educação, senão não o teria feito. Em casa da minha mãe, raramente (ou nunca) as etiquetas vinham com o nome de quem as dava, apenas com o nome para quem eram. São todas "do Pai Natal", mesmo já quando não havia crianças pequenas, mesmo quando algum de nós perguntava "ohh, tão giro, quem deu?". Claro que depois, eventualmente, fica-se a saber quem deu o quê em conversa, mas nunca no momento de entrega há aquele spotlight em quem dá e quem recebe, parece que a atenção vai apenas para quem recebe. Ou, antes pelo contrário, até se cria - quando as prendas são boas - um clima de brincadeira de tentar descobrir mentalmente quem poderá ter sido. É giro.
No ano passado, escolhi com muito carinho uma prenda para uma festa de um colega da Irene. Fui de propósito comprar o livro preferido dela, pelo qual estávamos apaixonadas e muito feliz por poder partilhá-lo. Queria também que fosse a Irene a dar para ela dar "um pouco do que gosta a outra pessoa". Quando lá cheguei, a actividade era tanta (estavam todos a brincar num ginásio enorme cheio de colchões e trampolins) que acabei só por deixar a prenda depois num sítio onde estavam todas as prendas também por abrir. Fiquei algo desapontada porque queria explicar a história e queria que a Irene desse, mas percebi que seria só atrapalhar a brincadeira (e com algum egoísmo à mistura) ir buscar o aniversariante de 3 anos e dizer "vem cá que tenho uma prenda, agora desembrulha, gostaste?". Se todos os convidados o fizerem, o miúdo não faz nada. Além de ser apenas um espectáculo para quem dá. O miúdo não vai brincar com as prendas naquele momento e muito dificilmente terá uma reacção "à altura", a não ser que seja "a cena", tipo um Chase a sério ou assim. 30 convidados (por exemplo), 30 interrupções.
Há outra questão ainda que, na altura, pensei: será um momento agradável para a maioria dos pais? Expôr a prenda que deram assim? Há pais que não terão possibilidades para dar mais, há pais que não tiveram tempo para grande coisa ou há pais que voltaram a embrulhar prendas repetidas e que não podem dizer "depois têm aí o talão se quiser trocar". Para quê esse espectáculo todo? Para quê esse sublinhar do lado materialista da festa continuadamente se o dia só por si é especial? Sei que é uma tradição gira e eu a sério que adoro receber prendas, mas se a criança está feliz, está entretida, para quê?
Também se pode dar apenas pelo prazer de se dar, digo.
Houve uma amiga minha que, na festa, provavelmente a adivinhar o que iria acontecer ou então só para ficar como memória que assinou os dois livros que deu à Irene. Além do próprio presente de embrulho ser especial: eram os desenhos da filha. A miúda farta-se de desenhar e muitos em vez de irem para o lixo vão como "presente" - o que acho uma ideia fabulosa, by the way. Quando abrimos as prendas em casa, com mais calma, menos barulho, mais foco, soubemos que aqueles tinham sido pela Mãe, Pai e Matilde porque estavam assinados e porque o Pai tinha explicado o que era o papel de embrulho. A Irene ficou a saber de quem eram, eu também e foi bonito na mesma. Temos lido um dos livros com frequência.
No outro dia fomos jantar com o meu pai, madrasta e irmão e eles perguntaram se a Irene estava a gostar do órgão dobrável que tinham comprado de propósito para não ocupar espaço e porque sabiam que ela gostava de instrumentos musicais. Ficámos todos contentes de saber que a prenda tinha sido certeira e que era do avô. Calhou.
A minha mãe, porém, estava muito ansiosa por saber a reacção da Irene à prenda que comprou. Tinha sido eu a recomendar e, por isso, em princípio nunca seria ao lado. Então fez questão que a Irene abrisse logo à frente dela e assim foi, abriu. Não reparei na reacção. Sei que adora a máquina e que não a larga, adora tirar fotografias e fazer vídeos - a quem sairá... (aos dois, eu sei).
Agora, por princípio, não me parece oportuno abrir presentes a meio da festa, por todos estes motivos e também porque acho um showoff desnecessário para os outros miúdos. Além de que, em princípio vão abrir as prendas mas nem sequer vão brincar com elas.
Se é falta de educação, a sério que peço desculpa aos convidados da festa da Irene. Mas peço, se calhar, mais desculpas por não ter comprado talheres e, por isso, terem tido de abocanhar o bolo directamente do prato do que por causa disto. É só uma postura. Há outras.
Os familiares mais próximos, por exemplo, terão oportunidades mais especiais para dar a prenda sem ser no meio do "espectáculo". Com mais calma e até poderão brincar com elas e com o aniversariante.
Se realmente derem à Irene só papel de embrulho sem nada lá dentro... não vejo como isso possa ser negativo. Por mim até pode haver quem não leve prenda. Não reparei quem levou prendas ou não nem vejo isso como um requisito obrigatório para uma festa (apesar de levar sempre).
A Isabel da Joana Paixão Brás e a Irene. |
Sobre a festa:
Pinturas e animação: FUNtoche
Espaço e organização: Chan Events Planner
Bolos e doces: Mil Cores e Mil Sabores
Fotografia: Inês da Yellow Savages
Outros posts da festa da Irene aqui.
Pinturas e animação: FUNtoche
Espaço e organização: Chan Events Planner
Bolos e doces: Mil Cores e Mil Sabores
Fotografia: Inês da Yellow Savages
Outros posts da festa da Irene aqui.
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