Agora que já percebes quase tudo do que te digo e parece que foi num ápice que passaste a compreender os nossos pedidos e perguntas (vai buscar os sapatos, calça a mãe - sim, eu exploro-te um bocadinho - dá um beijinho à mãe, vamos tomar banho?, vamos à rua?, queres papa?, queres banana?, queres água?, não faz isso, faz óó com o Zezé!, deu um pum?, está a fazer cocó?, dá à mãe, entre muitas outras coisas), começo a pensar nas coisas que te quero ou não dizer. De que forma te vou pedir um favor, te vou dizer que concordo ou não com algo, como te vou expressar o meu desagrado, como te vou pedir ajuda e dizer-te o que sinto. Como vou reagir perante as tuas birras. Como me vou expressar quando estiver zangada. Se vou conseguir respirar fundo e não perder a calma e a ponderação. Se vou tentar entender-te. Para já, as boas intenções, tenho-as todas. E estas são as palavras que nunca te direi.
1) A mãe assim não gosta de ti.
Mesmo que digas que não gostas de mim, que sou chata, mesmo que faças o maior dos disparates, a mãe vai gostar sempre de ti. Posso não gostar do que fizeres, mas de ti, sempre.
2) És uma menina feia. És uma menina má.
Nunca me vais ouvir dizer isto, é que nem que caia o Carmo e a Trindade. Não és feia, nem és má. Fizeste algo errado e vamos conversar sobre isso, tentar perceber porquê e não voltar a repetir. Se te digo que és feia e má, vais acreditar nisso. E não és. Nenhuma criança é.
3) Queres que te dê uma boa razão para chorares?
Odeio, odeio, odeio. Não sei se é pior a ameaça ou o facto de se estar a desvalorizar, muitas vezes injustamente, os motivos pelos quais vocês choram. Há sempre uma razão e são sempre boas razões, porque são as vossas. Tentar perceber o motivo e ajudar-te a ultrapassar essa crise, é o meu objectivo. Incutir-te medo, nunca. Não quero que tenhas medo de mim. Sou a tua mãe, a pessoa que mais te ama no mundo.
4) Olha que vem aí a velha do saco! / Olha que chamo a polícia!
Porquê criar-te fantasmas e medos, se sou quem mais deve zelar pela tua segurança e conforto? O que conseguimos com ameaças destas? Que cumpram o que vos pedimos com base no medo? Ou queremos que cumpram o que vos pedimos com base na confiança e na relação de segurança que vamos construindo?
5) Não sejas parva, isso não é nada.
Deixaste o boneco em casa da avó e, para mim, isso não é nada. Para ti pode ser tudo. Cais e nem esfolas o joelho e, para mim, isso não é nada. Para ti pode ser tudo. Querias ter-me ajudado a fazer o bolo e eu resolvi fazê-lo enquanto dormias a sesta para adiantar. Se choras, é porque, para ti, fazer aquele bolo era tudo. Desvalorizar essa dor, isso sim, é ser parvo.
6) É para aprenderes!/ É bem feito!
Mesmo que digas que não gostas de mim, que sou chata, mesmo que faças o maior dos disparates, a mãe vai gostar sempre de ti. Posso não gostar do que fizeres, mas de ti, sempre.
2) És uma menina feia. És uma menina má.
Nunca me vais ouvir dizer isto, é que nem que caia o Carmo e a Trindade. Não és feia, nem és má. Fizeste algo errado e vamos conversar sobre isso, tentar perceber porquê e não voltar a repetir. Se te digo que és feia e má, vais acreditar nisso. E não és. Nenhuma criança é.
3) Queres que te dê uma boa razão para chorares?
Odeio, odeio, odeio. Não sei se é pior a ameaça ou o facto de se estar a desvalorizar, muitas vezes injustamente, os motivos pelos quais vocês choram. Há sempre uma razão e são sempre boas razões, porque são as vossas. Tentar perceber o motivo e ajudar-te a ultrapassar essa crise, é o meu objectivo. Incutir-te medo, nunca. Não quero que tenhas medo de mim. Sou a tua mãe, a pessoa que mais te ama no mundo.
4) Olha que vem aí a velha do saco! / Olha que chamo a polícia!
Porquê criar-te fantasmas e medos, se sou quem mais deve zelar pela tua segurança e conforto? O que conseguimos com ameaças destas? Que cumpram o que vos pedimos com base no medo? Ou queremos que cumpram o que vos pedimos com base na confiança e na relação de segurança que vamos construindo?
5) Não sejas parva, isso não é nada.
Deixaste o boneco em casa da avó e, para mim, isso não é nada. Para ti pode ser tudo. Cais e nem esfolas o joelho e, para mim, isso não é nada. Para ti pode ser tudo. Querias ter-me ajudado a fazer o bolo e eu resolvi fazê-lo enquanto dormias a sesta para adiantar. Se choras, é porque, para ti, fazer aquele bolo era tudo. Desvalorizar essa dor, isso sim, é ser parvo.
6) É para aprenderes!/ É bem feito!
Qual é o gozo de os vermos a aleijarem-se, depois de lhes termos dito para não fazerem isto ou aquilo, e ainda vincar bem isso? Que necessidade é esta de lhes mostrarmos que temos razão e que a culpa das consequências é todinha deles? Será que não aprenderam por eles que não o deviam ter feito? Ainda temos de lá ir mostrar que somos os maiores e que tínhamos razão?
7) Vais ali para o cantinho, pensar na vida
Li algures e fiquei a pensar nisso: por que é que estamos a ensinar-lhes que "reflectir", "pensar", estar sozinhos, é um castigo? E em que é que isto resulta? Será que as crianças têm capacidade de problematizar as situações? Não seria melhor falar com eles, explicar-lhe qual o comportamento adequado, já que "tens de te portar bem" não diz nada em concreto?
8) Se não comes, não te conto uma história.
8) Se não comes, não te conto uma história.
Em que é que uma coisa está relacionada com a outra? E por que havia de estragar ainda mais a noite - sem comida e sem história - sendo que ambas são importantes para ti? Para nós? Pode haver mil motivos para não te apetecer comer, tal como acontece tantas vezes comigo. A nossa vida não tem de se tornar num inferno por causa disto. Muita calma nesta hora.
Quero ser firme, mas quero ser paciente, quero ser compreensiva. Não quero ser bruta, estridente, não quero ter raiva de ti. Quero que aprendas os limites, as (nossas) regras, mas não quero que nada disso tenha como base frases feitas, nem medo, nem autoritarismo. Não quero ser permissiva, quero ser justa. Não me quero esquecer que és uma pessoa, que erras (na maior parte das vezes sem saber) e que tens de ser respeitada. Educar é tão difícil. Mas eu quero tentar fazê-lo sem (muitos) gritos, sem castigos ou violência. Com calma, com carinho. Vou tentar, meu amor. Prometo-te que vou tentar.
Quero ser firme, mas quero ser paciente, quero ser compreensiva. Não quero ser bruta, estridente, não quero ter raiva de ti. Quero que aprendas os limites, as (nossas) regras, mas não quero que nada disso tenha como base frases feitas, nem medo, nem autoritarismo. Não quero ser permissiva, quero ser justa. Não me quero esquecer que és uma pessoa, que erras (na maior parte das vezes sem saber) e que tens de ser respeitada. Educar é tão difícil. Mas eu quero tentar fazê-lo sem (muitos) gritos, sem castigos ou violência. Com calma, com carinho. Vou tentar, meu amor. Prometo-te que vou tentar.
... chorei num fim! Senti-me verdadeiramente retratada... Parabéns!
ResponderEliminarA minha Mícia está à porta dos 2 aninhos e a educação dela já está a ser o maior desafio da minha vida! Aprendo com ela própria todos os dias a melhor forma de a compreender. Vai ser uma missão difícil mas com amor, muita paciência e consciência do ser humano que estamos a ver crescer vai ser também motivo de um orgulho maior!
Continua a abrir o teu coração :)
Beijinhos para as 4 meninas, mães e filhas :)
Chorei
ResponderEliminarConcordo com tudo. São essas as palavras que não quero dizer ao meu príncipe, que já com 10 meses começa a desafiar e a testar os nossos limites.
ResponderEliminarEducar é difícil, mas o melhor e mais compensador trabalho do mundo
Sigo o vosso blogue há algum tempo e já varias vezes estive para comentar...hoje não resisti. Que texto maravilhoso!
ResponderEliminarAdoro a vossa honestidade, da maneira como falam do dia-a-dia sem preconceitos, nem meias palavras. Acima de tudo adoro o amor e a vontade expressa e inabalável de fazer o melhor dos melhores por um filho e como isso nos transforma todos os dias um bocadinho. Também Quero ser muito esta mãe que falas.
Beijinhos para todas
Tal e qual o que não quero dizer! Recebi no dia da mãe o livro Educar com amor, do Mário Cordeiro que adoro e vai essencialmente nessa linha. Recomendo!
ResponderEliminarCuidado que o Dr. Mário é pediatra e não especialista em parentalidade...
EliminarLamento muito pela minha pessoa de não ser mais paciente e tolerante mas confesso que já disse algumas destas coisas ao meu filho. Mas criar um filho de 18 meses sozinha desde que ele tem 1 mês tem sido o maior desafio da minha vida e tenho dias em que o cansaço depois de uma noite mal dormia, um dia exigente no trabalho e ainda as tarefas domésticas acrescida me toldam o bom senso. O meu filho é o meu maior amor, o mais genuíno e o mais incondicional e arrependo-me tanto destas coisas ditas e só pensadas depois.
ResponderEliminarNão tem de se recriminar por isso! Está numa situação complicada! Ele ainda não está numa idade de guardar rancor ou ficar guardado na memória as palavras que lhe disse!
EliminarÉ Mãe, está a criar o seu filho sozinha, faz tudo por ele, ponto! Somos humanos, erramos! Mas como boas Mães, logo a seguir dos disparates que nos saem da boca para fora, damos tantos, mas tantos beijinhos e miminhos que eles esquecem!
É muito difícil cumprir tudo à risca! Ás vezes sai-nos uns disparates pela boca fora! Ninguém é perfeito! E nos dias de hoje em que a vida é tão complicada, ui, ui!
Boa sorte!
Somos duas. Também digo coisas que não devia. Tem 15 meses. Mas choro sempre por ser parva. Bater não. Palavras sim, mas sei que palavras doem mais. Adorei o texto.
EliminarNada de se ficar a sentir mal! Errar é humano e termos consciência das nossas falhas e desculparmo-nos faz-nos olhar em frente com mais clareza. Um beijinho e muita força nesta árdua tarefa (ainda por cima, sozinha!)
ResponderEliminarEu adorei este post , mas tambem foi a primeira vez que tive medo , pois conheco-me , e sei que nao existe pessoa mais impulsiva que eu... tenho tanto medo do que me sai da boca pra fora sem pensar!! Nao queria nada um dia magoar a minha filha com as minhas palavras , e eu sei por experiencia propria o peso que as palavras tem na nossa vida ... ainda hoje me lembro das coisas más que o meu pai me dizia! Sei que muitas delas de certeza nunca as direi a minha filha!! Mas temos sempre medo de errar! Eu tenho ...
ResponderEliminarObrigado por este post maravilhoso e pela grande mae que a Joana é , houvesse mais assim no mundo!!
Adorei o post ! Sobretudo fez-me parar e refletir !! Um grande bem haja.
ResponderEliminarconcordo e subscrevo. É realmente muito importante manter o foco no que é importante - Amor e Amor e Amor. Mas nem sempre se consegue. As pressões do dia de trabalho, da relação com o marido, das tarefas diárias, etc. Tudo isso nos esgota as energias e porque somos pessoas quebramos. Os nossos filhos que tanto amamos percebem as tensões. Depois depende de cada filho - uns podem ajudar a aliviar e outros nem por isso. Lol. Crianças são mesmo assim desafiadoras e testam os pais a toda a hora. É um trabalho a tempo inteiro, dos mais difíceis mas também dos mais gratificantes. Vê-los crescer e ganharem personalidade é espectacular. Eu tenho 2 meninas e tenho dias complicados mas todos os dias são importantes. Obrigada filhas lindas da mãe. Prometo Amar-vos sempre. O resto vem. <3 <3
ResponderEliminaroh meu Deus gostei tanto deste post que tive de o partilhar, espero nunca dizer estas palavras a minha pulguinha adorada, beijinhos para as duas Patricia Monteiro
ResponderEliminarSem dúvida o que não queremos dizer. Fez-me pensar pois sou Mãe de 3 raparigas e já disse algumas.... Não é fácil educar e por vezes perdemos o rumo! Depois de ler prometo que vou me controlar quando tiver vontade de dizer pois elas são o melhor que eu tenho no Mundo. Apesar de já o ter dito, digo muito mais vezes que as amo incondicionalmente e elas sabem que podem sempre contar comigo e isso também é importante!
ResponderEliminarOla Joana. Ja leste o livro da Magda Gomes Dias? Crianças Felizes da autora de Mum`s The Boss? Se nao leste aconselho-te, é qualquer coisa de espetacular 😃 Bjinhos
ResponderEliminarNão, mas já ando para ler há séculos! Tenho de ler!!! Obrigada, beijinhos!
EliminarGostei muito do post. Às vezes é preciso respirar fundo, muito fundo. Mas com calma a coisa leva-se. Não podemos ser duas a fazer birra. ;)
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