O parto é o talvez o momento mais temido pelas mulheres. Nunca tinha pensado muito nisso, mas quando estava grávida adorava ouvir histórias de partos, desde que não me contassem que a criança teve de ser novamente empurrada para dentro e que tinham levado pontos até ao pescoço e coisas levezinhas do género. Adorava ver vídeos no Youtube de gente a desovar. Não sei bem o que desceu em mim, mas eu achava aquilo lindo, emocionava-me e não sentia medo nenhum. Queria estar ali, no lugar daquelas mulheres.
E no dia 15 de março, esse dia chegou. Lá fora estava um lindo dia de sol. Estava grávida de 39 semanas e três dias. Acordei cedo, fui lavar roupas da Isabel, estava a passar a ferro e senti algo diferente. Seria ruptura da bolsa?
- “David, acho que me rebentaram as águas!”
- “E posso dormir só mais um bocadinho?”, ouvi da boca do pai da criança.
- “Podes, então não podes… seu preguiçoso insensível!”
Incrível como eles absorvem só o que lhes interessa das aulas de preparação para o parto… Pelo sim pelo não, obriguei-o a levantar-se e fomos ao hospital. Parecia falso alarme. Mandaram-me caminhar e voltar lá uma hora depois. E lá fui eu, toda descontraída dar uma voltinha ao Colombo, com a pulseirinha do Hospital.
Afinal estava mesmo a perder líquido, ia ficar internada. A Isabel vinha a caminho. Eram 13h30. Até às 02h48 do dia seguinte ficámos à espera da Isabel. Não posso dizer que tenham sido horas de sofrimento, porque adorei aquele dia. Para mim, foi um parto humanizado, mesmo sendo num hospital privado. O David estava ao meu lado, as enfermeiras eram óptimas conversadoras e muito gentis, e acho, pelo menos à distância, que o tempo passou bem rápido. Quer dizer, até ao momento daquelas contrações. Aquelas… Ai! Mas eu queria continuar na bola de pilates a acelerar a dilatação, por isso adiei a epidural ao máximo.
Chegou a um momento em que não dava mais. Pensei “isto não é suportável!”. O David massajava-me as costas para que eu me distraísse da dor. “Chega, não consigo mais!” Pensei nas heroínas que aguentam tudo, até ao fim. Eu quis a epidural. Na televisão estava a dar o estoril-marítimo e demos algumas gargalhadas à conta disso. Epidural e todo o conforto do mundo, até passei pelas brasas. A espera, mas nunca o medo. Inspira, expira, inspira, expira. As dores a tornarem-se insuportáveis outra vez. Hora do reforço da epidural. Sede, tanta sede e tanta vontade de conhecer a Isabel. Nunca mais vinha. Aí sim, lembro-me do tempo ter abrandado.
A nossa médica chegou, acabada de chegar da Alemanha. Por SMS disse-me “vou fazer o seu parto”. Quase chorei de emoção. Ela era obstetra com que sempre tinha sonhado para aquele momento. Calma, doce, de sorriso fácil. A deixar-me tranquila, sempre. Nunca duvidei dela, nunca. Eu dizia piadas e estava bem disposta. O ambiente era calmo, repleto de risos. As enfermeiras eram de uma alegria, entrega e dedicação que nunca esquecerei.
Eu estava pronta. No caminho para a sala de partos, respirei fundo e pensei na sorte que tinha. Pedi para que tudo corresse bem. Foram 10 minutos, não mais. Tivemos a ajuda da ventosa, mas nada disso me assustou. Entreguei-me nas mãos da médica que 8 meses antes me tinha anunciado, numa consulta de rotina, "está grávida!". A primeira pessoa que soube que eu ia ser mãe e me viu chorar de alegria, no dia 29 de julho. Tinha a Isabel apenas 7 semanas e tanto podia ser Isabel, como Sofia, como Pedro.
Vinha aí, agora é que era. O pai da Isabel ao meu lado e o milagre a acontecer. Eram 02h48. Senti um corpo quente e irrequieto em cima do meu corpo. Era a minha filha. Massajaram-na, chorou. Nunca esquecerei o primeiro choro. Ri-me, ri-me muito, descontroladamente. Eu que sempre fui chorona, naquele momento tive um ataque de riso. Uma adrenalina como nunca tinha sentido. Puseram-na junto a mim, no peito, estava a chorar e acalmou com o som da minha voz. Arrepiante. Emocionante. Inesquecível. Fiquei com o rosto com marcas de sangue de tanto a beijar.
3,680kg, tudo perfeito. Prontas para ir para o quarto, fizemos o trajecto juntas, foi a mamar e ficámos a olhar uma para a outra, a conhecermo-nos. Já no quarto, o pai pegou-a ao colo. Ali sim, chorei, chorei muito. Que momento lindo! O pai, o meu amor, com a Isabel nos braços. Os meus grandes amores.
E o vosso parto, como foi? Contem-nos tudo!
E no dia 15 de março, esse dia chegou. Lá fora estava um lindo dia de sol. Estava grávida de 39 semanas e três dias. Acordei cedo, fui lavar roupas da Isabel, estava a passar a ferro e senti algo diferente. Seria ruptura da bolsa?
- “David, acho que me rebentaram as águas!”
- “E posso dormir só mais um bocadinho?”, ouvi da boca do pai da criança.
- “Podes, então não podes… seu preguiçoso insensível!”
Incrível como eles absorvem só o que lhes interessa das aulas de preparação para o parto…
Afinal estava mesmo a perder líquido, ia ficar internada. A Isabel vinha a caminho. Eram 13h30.
Chegou a um momento em que não dava mais. Pensei “isto não é suportável!”. O David massajava-me as costas para que eu me distraísse da dor. “Chega, não consigo mais!” Pensei nas heroínas que aguentam tudo, até ao fim. Eu quis a epidural. Na televisão estava a dar o estoril-marítimo e demos algumas gargalhadas à conta disso. Epidural e todo o conforto do mundo, até passei pelas brasas.
A nossa médica chegou, acabada de chegar da Alemanha. Por SMS disse-me “vou fazer o seu parto”. Quase chorei de emoção. Ela era obstetra com que sempre tinha sonhado para aquele momento. Calma, doce, de sorriso fácil. A deixar-me tranquila, sempre. Nunca duvidei dela, nunca. Eu dizia piadas e estava bem disposta. O ambiente era calmo, repleto de risos. As enfermeiras eram de uma alegria, entrega e dedicação que nunca esquecerei.
Eu estava pronta.
Vinha aí, agora é que era. O pai da Isabel ao meu lado e o milagre a acontecer. Eram 02h48. Senti um corpo quente e irrequieto em cima do meu corpo. Era a minha filha. Massajaram-na, chorou. Nunca esquecerei o primeiro choro. Ri-me, ri-me muito, descontroladamente. Eu que sempre fui chorona, naquele momento tive um ataque de riso. Uma adrenalina como nunca tinha sentido. Puseram-na junto a mim, no peito, estava a chorar e acalmou com o som da minha voz. Arrepiante. Emocionante. Inesquecível. Fiquei com o rosto com marcas de sangue de tanto a beijar.
3,680kg, tudo perfeito. Prontas para ir para o quarto, fizemos o trajecto juntas, foi a mamar e ficámos a olhar uma para a outra, a conhecermo-nos. Já no quarto, o pai pegou-a ao colo. Ali sim, chorei, chorei muito. Que momento lindo! O pai, o meu amor, com a Isabel nos braços. Os meus grandes amores.
E o vosso parto, como foi? Contem-nos tudo!
lindo Joana! Adorei ler! O meu parto não foi o que eu mais desejei, mas dentro do possível correu bem. Já não me lembro das dores, lembro-me sim a cada segundo o quanto é maravilhosa a minha filha e como adoro ser mãe!
ResponderEliminarO meu foi ainda melhor do que esperava, é verdade, mas o dia seguinte, por exemplo, não foi assim tão bom: desmaiei três vezes e acabou por ser o David a dar banhinho, a mudar as fraldas, etc. A verdade é que nós filtramos muito bem o que nos interessa reter do que não vale a pena cá ficar. :) e sim, ser mãe é maravilhoso!
EliminarQue lindo Joana!!! Maravilhoso mesmo! E tudo a ver contigo :) Ainda bem que foi tudo com que sonhaste! Já o meu tudo menos romântico, mas um dia eu conto!
ResponderEliminarO meu foi a 3 meses de cesariana,sim a temível,mas para mim foi excelente tudo correu tão bem mesmo o pós operatório que dizem ser terrível,só me custou o dia seguinte,que mesmo estando um pouco mais debilitada assisti ao banho,filmei,tudo a que tinha direito...o que me custou mais foram as visitas como tive no privado e ela nasceu num sábado, no domingo foi muita gente ufaaa nunca mais permito tal coisa
ResponderEliminarO meu parto foi mil vez melhor que aquilo que algum dia imaginei. A Maria Leonor nasceu no dia 04 de março às 16h49, desde a primeira consulta que a médica me disse "Ana o parto está previsto para dia 04 que é quando completa as 40 semanas", e a miúda muito certinha veio ao mundo nesse dia. Nessa manhã as contracções eram semelhantes a um filme de terror, mas fiz-me de forte, andei pela casa, e já quando não aguentava mais fui ter com o Papá, "Henrique estou com muitas contracções, mas, escusado será de dizer que não quero ir para a maternidade, portanto, vou tomar banho". Hoje rio-me às gargalhadas e ele também, mas na altura o medo , o pânico era tanto que nem pensei no que estava a dizer. Fomos para a maternidade, aguentei até à última só depois é que levei a epidural, maravilha ! Subi ao paraíso naquele momento. Passado algum tempo desci ao inferno e levei o reforço. 30 minutos depois a enfermeira diz-me "Mãe, as águas rebentaram, está na hora". "Como assim? Como assim está na hora? Não! Não está a perceber eu tenho 22 anos, sou terapeuta da fala, tenho pacientes, tenho muita coisa para gerir e não estou preparada". Valeu-me a calma da enfermeira que olhou para mim e disse "Vá, não custa nada, é só respirar e já está" . HENRIQUE !!!! Faz alguma coisa ! Pobre Homem que esteve o dia todo a segurar-me a mão, a meter músicas e a tentar distrair-me enquanto lhe apertava a mão e resmungava com tudo. Verdade seja dita, que assim que iniciaram o trabalho de parto foram uns 20 minutos e já tinha a Leonor em cima de mim. Não ri, não chorei. Fiquei bloqueada. Tinha acabado de ser Mãe e só pensava " Eu quero água, eu vou morrer de sede ". Quando trouxeram a Maria Leonor, aí sim senti um frio na barriga, tão linda, tão perfeita, tão pequenina, 49 centímetros e 3,180 gramas. Tive uma equipa extraordinária a apoiar-me e ajudar-me, um namorado maravilhoso, consegui reunir todos os ingredientes para que fosse um parto bem sucedido.Obrigada miúda por me teres facilitado a vida. <3
ResponderEliminarOs meus partos foram os que todas desejariam ter!
ResponderEliminarO Francisco nasceu na Holanda,faz 16 anos no dia 20 de Dezembro,tudo natural sem epidural,sem soro,e pontos nada,nasceu a um domingo e no dia seguinte fomos para casa.A Maria Rita nasceu a 24/10/2013 em Beja,cheguei ao hospital com 5 cm de delitaçao às 11h,levei epidural e às 14:34 nasceu mais uma vez um parto muito fácil e sem pontos.Em Maio nasce o Manuel espero ter a sorte dos anteriores partos.
Queres mesmo que conte? Podia resumir isto dizendo que foi com ventosa (3 ventosas foram usadas), apanhei uma estagiária, estive 3 dias de epidural espetada nas costas à espera da dilatação, foi tudo menos humanizado, mas eu e a Lara ficámos bem. O que me valeu foi mesmo o sentido de humor, que não me largava nem quando estava sozinha, de noite, na cama do hospital e via mulheres a despacharem-se com 3 grito e eu ali há 3 dias... Como a história é mesmo grande e só posso escrever 4000 caracteres aqui, deixo o link: vhttp://www.vinilepurpurina.com/2015/07/09/o-meu-parto-por-ventosa/
ResponderEliminarPorque é que quem aguenta tudo sem epidural e heroína? Para mim, é masoquista :) ninguém tira um dente sem anestesia, certo? Porque sofrer se a ciência nos ajuda... Isto de endeusar as adeptas do parto natural face às restantes é algo que me faz confusão...
ResponderEliminarSim, para mim, quem não quer, quem não pode e quem quer mas já não vai a tempo de levar, ou casos em que não há sequer anestesista disponível... qualquer um dos casos, são heroínas para mim. Dava todo um novo post. E, fica já com a minha opinião, para mim não me faz confusão nenhuma a escolha de não levar epidural. E sim, continuo a ficar boquiaberta com a força dessas mulheres. Não quer dizer que me sinta menos mulher ou menos mãe por não querer sofrer as dores naturais do parto.
EliminarTambém não tenho nada contra, claro. É uma escolha de cada uma. Como poderia ser contra algo que não me diz respeito e não prejudica ninguém? Mas para mim, herói e quem sofre por algo que vale a pena, não quem sofre por opção... Como não considero heróis quem sofre para ir a Fátima a pé. Penso que deus, existindo, seria melhor servido por algum acto com utilidade pratica, de ajuda ao próximo... Mas claro e só e apenas a minha opinião...
ResponderEliminarÓbvio que o meu comentário so faz sentido para recusas, havendo opção... Todos os outros casos que referiu, não se enquadram aqui. Quem queria epidural e não teve, além de heroínas, são vítimas do nosso distem de saúde, no qual cada vez menos se pode confiar...
ResponderEliminarEu nao esperava que o meu fosse como foi... eu tinha pavor daquele momento... e no final pensei "venha o proximo, estou pronta para outro"... estive em casa com contracoes desde as 03h00 ate as 07h00, por volta das 05h00 ligo para a maternidade e dizem me que ainda era cedo para ir, pois tinha contracoes de 10 em 10 mimutos e tinha que esperar ate que as contracoes fossem de 5 em 5 minutos mas teriam de ser assim durante 2horas... cheguei a maternidade por volta das 07h30 ja com 7cm de dilatação, so me diziam para eu respirar como tinha aprendido nas sessoes de preparação para o parto, tretas, eu nao conseguia com tantas dores, eu so dizia que ia morrer, mas depois da epidural tudo mudou o meu namorado diz que a minha cara mudou completamente... depois disso so esperamos ate as 09h57 para conhecer a nossa princesa... mas antes de ir para a maternidade oiço da boca do meu namorado "nao é nada é so para a semana" quando lhe disse é hoje que a mathilde vai nascer...
ResponderEliminarTania
"- Luís, acho que me rebentaram as águas!
ResponderEliminar- Deita-te que isso passa."
:)
50kms depois, em plena ponte da Arrábida em hora de ponta, eu estava com contracções de 5 em 5 minutos e dizia 'talvez fosse melhor ligares as luzes de emergência, que isto está a ficar complicado.' Ele estava preocupado em mudar a estação de rádio.
(e continuou neste 'blasé', até ser chamado para fazer a minha ficha na maternidade, porque eu já estava sem condições! Aí nem o meu nome completo sabia!)
Moral da história: a A Mãe é que sabe!!! :D