Não sei quanto a vocês, mas para mim a "barriga" sempre foi algo com o qual lidei mal. No início, achava que era barriguda porque tinha engolido demasiado ar para arrotar e que nunca tinha saído. Depois, sempre que usava tops ou que tinha coragem nesse dia, passava o dia todo a encolher a barriga ou, quando me sentava, a tapar com camisolas.
Nunca gostei de me ver de tops, mas queria muito gostar e sentir-me capaz. Agora que vou ver as fotografias da altura, claramente existia (e ainda deverá existir) um desfasamento muito grande entre aquilo que eu sentia e "como estava".
Não conheci ainda nenhuma mulher para quem a questão do "peso" não a atormentasse de alguma forma. Sabemos todas, mesmo que não saibamos explicar, de onde isso tudo vem. Dos media, claro, das nossas mães e também de uma necessidade normal de querermos sentir-nos atraentes por sabermos que isso é uma característica importante para atrair os pares.
Novembro de 2017 - quando ainda não me irritava tirar fotografias em que corte os pés às pessoas. |
A Irene sempre teve uma barriga grande. Quando acabava de mamar parecia um balão daqueles das feiras. Mais tarde viemos a fazer alguns exames e também era por ter o baço (espero não estar enganada - será o fígado?) com um volume no limite máximo da normalidade.
Entretanto parece que, depois de "apalpada" pela médica, já voltou tudo ao normal, mas continua barriguda. Até a professora dela fala com carinho da barriguinha "de bebé" que ela tem.
Depois da consulta com a médica, fomos chamados à atenção para o percentil dela, que tinha havido uma subida de dois no espaço de um ano. Muito se pode dizer sobre estes percentis, mas devem servir como... "guia" ou apenas como um sublinhar de algumas atitudes, diria. Vamos ter mais atenção à qualidade da alimentação da Irene e nomeadamente aos açúcares como a Dra. apontou.
Entretanto, a Irene tem querido usar tops. Lá lhe comprei uns tops, daquelas t-shirts mais curtas da Zara e lá vai ela toda contente de vez em quando para a escola, com a barriga para fora toda orgulhosa. Aquilo, confesso, que me dá alguma satisfação de ver. A forma como a Irene ainda não foi afectada pela "noção geral de estética" em que uma barriga grandinha não é para se mostrar ou que as mulheres têm de ter todos aqueles corpos de tábua de engomar (atenção que adoraria ter, faço parte da massa - aliás, o meu problema é AMAR massa, até ;)).
Que bom que ela (ainda) se sente assim. Claro que daria para pensar onde é que ela foi buscar a ideia de que os crop tops isto ou aquilo, da mesma maneira que tem adorado camisolas de alças, mas são as referências que ela tem. Acho-a tão querida.
Que sorte que ela tem em ter uma mãe que não a faz sentir-se mal com o corpo dela. E de aos 5 anos ainda ter este espaço para se sentir segura sobre si, sobre a sua imagem e usar o que lhe apetecer e como lhe apetecer.
Quero muito que ela cresça mais confiante e menos espartilhada. Vocês preocupam-se com estas coisas?
Eu não deixo a minha usar e não tem a ver com o tipo de corpo, que neste caso é magro. Não gosto de ver crianças a mostrar a barriga, verdade seja dita é uma moda que não gosto em nenhuma idade lol
ResponderEliminarMas por ex na praia usa bikini.
Acho que tudo depende da maneira como apresentamos as coisas, há uma distância entre explicar que uma roupa não é conveniente e fazer uma criança sentir-se mal com o corpo que tem.
Sinceramente em meninas (crianças) não gosto de ver. Não tenho filhas mas acho que se tivesse não deixava usar nessa idade. Acho muito "sexualizado" meninas com 5 anos usarem crop tops e calções super justos e curtos. Acho optimo que ela nao tenha complexos com o corpo, eu é que nao deixaria (ou tentaria desencorajar) porque acho que ficam a parecer umas Miley Cyrus , nao acho nada que fiquem "fofinhas"... Estamos a vestir meninas de 5 anos como se vestiam adolescentes nos anos 90; e as adolescentes de hoje vestem-se com 12 ou 13 anos como se vestiam as mulheres adultas há 30 anos .... onde vai isto parar nao sei.
ResponderEliminarA principal solução para ela se sentir bem com o seu corpo é tu também te sentires. Eles aprendem com o exemplo. Aprende isso para ti e ela vai seguir o teu exemplo. E podes ter um longo caminho a percorrer (não temos todas?) mas tenho a certeza que só pôr esse objetivo na cabeça é suficiente para elas (mais elas que eles porque elas indetificam se mais connosco) sentirem. Estás no bom caminho Joana.
ResponderEliminarQuando ouço comentários do género: "aquela rapariga devia ter noção do corpo que tem e não usar aquela roupa", eu fico a pensar: nem todos podemos usar tudo? existem roupas apropriadas para cada tipo de corpo? ou podemos tudo, desde que gostemos e nos sintamos bem? Aonde colocamos os limites? No meu caso, a minha filha não tem barriga e não pede para usar tops. Mas sejam os tops, ou outra coisa qualquer, acredito que a mensagem importante a passar-lhe é a de gostar do seu corpo e usar aquilo com que se sente confortável. Porquê não haveria usar um top? Porquê não mostrar a barriga? Acho importante naturalizar o corpo. Um corpo é isso, um corpo. Com diferentes formas, feitios, mas no fim é sempre um corpo.
ResponderEliminarDas imagens que publica da Irene dá-me a sensação que ela tem uma respiração maioritariamente bocal... patologia adenoamigdalina?
ResponderEliminarAssim sendo,ou seja respirando essencialmente pela boca, esse abdómen globoso é muito à custa do ar que engole.