A minha filha tem 17 meses, quase 18. Em linguagem de pessoa normal tem um ano e meio mas nós, mães, falamos assim em meses embora tenhamos jurado nunca o fazer. Também prometemos não falar em semanas quando nos referíssemos à gravidez mas até hoje ninguém cumpriu e peço desculpa por isso. Em minha defesa alego a dificuldade em fazer contas aliada ao facto de os médicos falarem sempre em semanas. Transformar aquilo em meses, para mim, é como fazer uma equação: impossível. E não é a equação que é impossível, eu é que não consigo resolver equações. Ou contas de dividir com mais de um dígito. Também não sei a tabuada.
Agora perdi-me e já não sei o que ia escrever. Dêem-me um bocadinho.
Lembrei-me. A minha filha tem quase 18 meses e diz “pápá” que significa simultaneamente papá e papa; “mamã” que quer dizer mamã, bolacha, não quero dormir, tenho fome, iogurte, tenho sono; cão, que quer dizer cão, e é isso. Ora esta minha filha, disse a educadora, precisa de limites. Parece que sai da cama, a malandra, para não dormir a sesta, e não dá muitos ouvidos à malta. Acrescentaram que nesta idade eles são “muito virados para eles próprios” e eu pergunto quando é que um ser humano não é “muito virado para ele próprio”. Não sei exactamente que tipo de limites é que se podem impor a uma miúda que se farta de falar numa língua misteriosa que não consigo decifrar. Ela bem tenta, mas nada. Quem me garante que ela não explica à educadora o que pretende? A miúda diz frases completas e até as repete tin-tin por tin-tin. Ou será tim-tim por tim-tim?
Agora perdi-me e já não sei o que ia escrever. Dêem-me um bocadinho.
Lembrei-me. A minha filha tem quase 18 meses e diz “pápá” que significa simultaneamente papá e papa; “mamã” que quer dizer mamã, bolacha, não quero dormir, tenho fome, iogurte, tenho sono; cão, que quer dizer cão, e é isso. Ora esta minha filha, disse a educadora, precisa de limites. Parece que sai da cama, a malandra, para não dormir a sesta, e não dá muitos ouvidos à malta. Acrescentaram que nesta idade eles são “muito virados para eles próprios” e eu pergunto quando é que um ser humano não é “muito virado para ele próprio”. Não sei exactamente que tipo de limites é que se podem impor a uma miúda que se farta de falar numa língua misteriosa que não consigo decifrar. Ela bem tenta, mas nada. Quem me garante que ela não explica à educadora o que pretende? A miúda diz frases completas e até as repete tin-tin por tin-tin. Ou será tim-tim por tim-tim?
A verdade é que ela em casa faz o que eu mando, de uma forma ou de outra, sem grandes dramas, apenas algumas teimosias normais, por isso não sei bem o que responder à educadora além de um tímido “desenrasque-se”. Eu não estudei educação infantil por isso vou agindo por instinto. Mas não me venham dizer que a miúda precisa de limites a menos que vão dar com ela fechada na casa de banho com o Lucas ou com a faca da manteiga escondida no urso de peluche. Se for por menos que isso, não me macem.
Parece-me que esperamos constantemente que os filhos se comportem de forma irreal. Esperamos que eles partilhem os brinquedos alegremente com crianças que não conhecem de lado nenhum e que não se zanguem se algum puto lhes roubar a bolacha. Se um estranho me pedisse o carro emprestado mandava-o pastar e se me tirasse o pastel de nata da mão dava-lhe um sopapo. Esta pressão social da partilha é absurda. Querem-se crianças obedientes que nunca questionem ordens, mas que depois se tornem adultos independentes, fortes e decididos, quando os miúdos deitam coisas para o chão a olhar directamente para os olhos dos pais é porque estão a testar a paciência, são uns teimosos, torcidos, são “assim” (faz-se um ganchinho com o dedo indicador). E eu penso: mas está tudo maluco? As crianças são pessoas. Pequeninas, com dificuldade de locomoção e expressão, mas pessoas. Porque raio hão de gostar ou aceitar merdas que ninguém no seu perfeito juízo aceita? Para não envergonhar os pais no parque infantil? #deixemascriançasempazevãomasébeberumcopoqueissopassa
Leididi
Brutal assino em baixo
ResponderEliminarNo trabalho como educadora de infancia o mais dificil nao é trabalhar com as crianças, mas sim trabalhar com os pais delas!
ResponderEliminarMt bom! Felizmente não tenho razão de queixa da educadora da minha filha (se tivesse também trocava logo de infantário porque pagar quase meio ordenado mínimo custa). Faço questão de saber sempre a evolução e como correu o dia e que ela ajude nas tarefas. Agora se não dorme na sesta, se há um dia que não come tão bem... paciência, não é um drama. Também não concordo nada que eles tenham de andar sempre alinhadinhos. São crianças!! Não suporto claro faltas de educação, nem da minha filha nem de outra criança qualquer. Mas felizmente tivemos sorte (nao covem dizer isto muito alto porque geralmente a coisa comec a descambar) com a nossa princesa (tem 32 meses). Só esperemos que no mano partilhe o bom feitio :)
ResponderEliminarSó por curiosidade, a educadora tem filhos?
ResponderEliminarA foto está espectáculo. Ela está linda e tão crescida!
sim as crianças precisam de limites!!! precisam que se lhes diga o que devem ou não fazer, que se lhes explique porque! tenho uma filha da mesma idade, e aos poucos já vai percebendo o que deve ou não fazer, limites, sim, com muito afecto, muita calma, mas sempre em consonância com aquilo que pretendo educar, respeitar coisas e pessoas, e aos poucos vejo que dá frutos! sim, limites, sem gritos, ou palmadas (como já vim muita gente fazer) sem egoismos, do "agora não me dá jeito que te apeteça fazer isso". porque elas são de facto pessoas que um dia mais tarde serão adultos, e enquanto pessoas pequeninas que vão crescendo, vão aprendendo a comportar-se, e a viver o mundo a sua volta! limites, sim, concordo com essa opinião sobre a partilha que me põe doente! "deixa a prima brincar que ela é mais pequenina!" ou " tens de aprender a partilhar, ainda agora pegas-te nesse brinquedo, mas está na hora de o emprestares ao teu irmão!" Enfim....é só uma opinião!!!
ResponderEliminarLimites sempre, desde que adequados à idade. A educaçao começa desde que uma criança nasce, nao é como os politicos que consideram que educaçao é só a partir dos 3 anos. Crianças sem limites são crianças inseguras. Os limites, as regras e as rotinas são fundamentais desde sempre. Cada vez mais se vêm crianças que mandam nos pais...infelizmente passamos do 8 ao 80... somos assim em tudo! As crianças não são de porcelana e nascem a saber mais do que aquilo que pensamos!
ResponderEliminarTodas as crianças precisam de limites. Desde que nascem. Limites físico e todos os outros que nós pais devemos impor. Não me choca que uma educadora diga isso. Choca-me sim que alguns pais não saibam/consigam entender isso.
ResponderEliminarPessoalmente achei este texto dos mais fracos que li aqui. Não ajuda em nada as mães ou futuras mães e parece-me um bocado forçado para introduzir as reflexões de um artigo acerca de obrigarmos os nossos filhos a emprestar ou não as suas coisas.
Não gostei.
Pois eu gostei do texto! Não discordo do que diz a educadora acerca dos limites, mas acho que a questão aqui é outra. Ora, se ela em casa tem limites, aparte das teimosias típicas da idade, e só não os tem na creche, então o busílis da questão (deseducacão) estará na forma como estão a lidar com ela na creche!..
ResponderEliminarMas e depois há a parte de não partilhar brinquedos! Que absurdo! Qualquer pessoa saberá -se a isso se der ao trabalho - que as crianças não são seres verdadeiramente sociais até aos 2 anos - 24 meses em linguagem de mãe ;) - o que implicará uma dificuldade na partilha. Certo que temos de ir ensinando e moldando, mas esperar que isso seja natural... Give me a break! O ser humano é intrinsecamente egoísta e só com a experiencia social se pode (e bem) aperfeiçoar!
Esperar que uma criança de 17 meses partilhe por natureza é esperar ter em casa, em vez de uma criança, uma banana..e sem casca!
Beijo da Patinha *
Nem mais. Inacreditáveis as coisas que tenho lido sobre miúdos tão pequeninos. Please. Deixem as crianças ser crianças e sim, ser pessoas!
ResponderEliminarps - em lado nenhum esta mãe diz que é contra limites. Ela deixa aliás bem frisado que os impõe em casa.
ResponderEliminaradorei---muito bem dito
ResponderEliminarPercebo perfeitamente o que dizes e percebo perfeitamente o que diz a educadora. Embora todas as educadores digam que a criança X precisa de limites e normas, é uma espécie de lenga-lenga que elas aprendem para dizer aos pais e parecer que estão muito implicadas na educação de cada criança.
ResponderEliminarProooonto. Mais um tipo de mãe em que o filho pode fazer tudo o que quer e bem lhe apetece e continua a ser perfeito e se faz coisas menos boas é só porque é criança, coitadinho. Como diz alguém lá em cima, por vezes é mais difícil lidar com os pais do que com as crianças.
ResponderEliminarOnde leu que o filho pode fazer tudo o que quiser? Li que em casa a criança faz o que a mãe manda. Só me pareceu que a mãe não sabe como lhe impôr limites... na creche! Como é que esta mãe vai "obrigar" a filha a ficar deitada na cama da creche? A questão também é um bocado essa!
EliminarPor exemplo, a minha filha dorme bem as sestas em casa (chega a dormir 3 horas seguidas), e não dorme na creche. De que forma é que eu posso fazer com que ela durma na creche?... Percebe a ideia? E não me poderiam nunca dizer que a minha filha precisa de limites e regras, porque se os tem em casa...