Com apenas 18 meses, a Maria Rita recebeu a notícia: “Filha, vais ter uma mana!”. Não queríamos só uma, por isso decidimos lançar-nos à aventura, sem medos – com alguns, na verdade.
Ela reagiu com alguma indiferença, e foi também com indiferença que começou a ver a barriga da mãe crescer. Só nos últimos meses é que ficava mais colada ao meu umbigo e chamava pela “Minês” – na esperança de receber alguma mensagem vinda do interior daquele enorme balão (estão a ver as fotos? Ainda faltavam dois meses inteirinhos…).
Mas o balão rebentou, tinha a Maria Rita dois anos, e aí é que foram elas. Quando regressei a casa com a mana bebé nos braços, os olhos dela pareciam os de um cachorrinho abandonado e só lhe faltou fazer o pino para chamar a atenção. Aí eu percebi claramente que dar-lhe uma irmã foi, ao mesmo tempo, a melhor e a pior que coisa que lhe podíamos ter feito. Mas, caramba, eu também tive duas irmãs e só me fez bem. Ninguém morre por causa dos irmãos – quer dizer, tirando Abel e Caim…
No meio das mazelas resultantes de um parto natural de um bebé de quase 4,5 quilos (não, não me enganei a escrever, a miúda parecia mesmo um bezerrinho), das fissuras nos mamilos e da desregulação hormonal - céus, que quadro de terror! - eu deparei-me com mais um drama. E agora? Como é que vamos fazer isto?
Mas atenção “mães de primeira viagem com vontade de se lançarem na segunda”, é mais cansativo do que difícil. Com as tarefas bem partilhadas a coisa dá-se. A mãe dá de mamar, o pai põe a arrotar e chama-se a filhota mais velha para o colo da mãe. Ou então, na ausência do pai, dá-se a maminha a uma e conta-se uma história acabadinha de inventar à outra.
Não há cá super-mães nem super-mulheres, não me venham com tretas! Nos primeiros meses temos de olhar à volta, ver a sala num estado de calamidade e pensar: “que arrumadinho que isto está!”. Ou então comer frango de churrasco três vezes na mesma semana e pensar que é importante variar a alimentação e por isso “hoje vai de arroz porque da outra vez foram batatas de pacote”. Isso e sabermos dar desconto a nós próprias – confesso que demorei algum tempo a pôr isto em prática...
Ainda hoje não sei se o que fiz nesses primeiros meses é o mais acertado - provavelmente porque isso não existe. E não sei se não acabei por dar mais atenção à mais velha, por saber que estava mais atenta a tudo, mais sensível. Mas à medida que o tempo foi passando fui – fomos – tentando equilibrar as coisas tranquilamente, de forma natural.
A verdade é que elas dão-se bem, da forma como os irmãos se dão bem: não podem viver uma sem a outra, nem uma com a outra. Lutam – literalmente – pelas mesmas bonecas, lápis de cor, casacos, bolachas... Mas brincam muito as duas, têm grandes conversas e olhar para elas é maravilhoso. A mais velha finge que sabe ler e conta histórias à mais nova, que ouve muito atentamente (durante os dois minutos que são o limite máximo de paciência dela para qualquer tarefa). Dão beijos uma à outra, abraçam-se muito e dizem que gostam da outra. E o meu coração de mãe acredita que, por agora, isto é capaz de chegar…
Catarina Fernandes Raminhos, 34 anos, tem duas filhas, a Maria Rita, 4 anos, e a Maria Inês, 2 anos. É casada com António Raminhos, humorista, coisa que às vezes não deve ter gracinha nenhuma. Assim que engravidou, foram viver para o campo, onde querem criar as filhas no meio das galinhas, salvo seja, e receber sacos de laranjas (sabem pouco...). É a mais recente colaboradora do blogue "A Mãe é que sabe", com a rubrica "Catarina e as Marias".
Pois é, é mesmo mais cansativo mas não impossível. Cá por casa aconteceu o mesmo. O Daniel nasceu 4 dias antes de a Adriana fazer 2 anos e foram muitas as vezes em que lhe dava mama a ele e a sopa a ela ou em que ela estava empoleirada nos meus joelhos enquanto ele mamava. Dão-se muito bem e dão-se muito mal, depende dos dias e das horas. Mas apesar das brigas (ainda ontem ela lhe atirou com o comando da televisão à cabeça...) e de muitas vezes dizerem que não gostam um do outro, de uma coisa tenho eu a certeza. Demos aos dois o melhor que os pais podem dar: um irmão!
ResponderEliminarque novidade maravilhosa! bem-vinda, Cat, a este que é também um espaço meu <3
ResponderEliminarDe facto é de coragem ter dois filhos com essa diferença de idades, é a minha convicção... Mas por outro lado acho que da maneira que eu fiz, também não foi a melhor opção, mas foi o que deu para se arranjar. A minha C tinha 5 anos e meio quando o meu R nasceu, e ainda que não tenha regredido no que toca a fraldas e chuchas, foi dificil para ela e acho que ainda mais para mim. Ela ia para a nova escola e eu ficava em casa com o bebé e ela que costumava ser uma miúda super sociável e que sempre se adaptou lindamente nos colégios, aqui não foi bem assim... ela chorava, chorava eu... e chorava o R, mas por outros motivos! :)
ResponderEliminarPor isso, e para concluir, parabéns!
Vou seguir esta rubrica com atenção! Adorava mandar vir o número 2, já que o o João Maria está com 13 meses, mas infelizmente não tenho €€€ para ter dois miúdos na creche.
ResponderEliminarEu tenho uma irmã com precisamente 13 meses de diferença, que veio de surpresa! Agora que tenho um bebé dessa idade é que dou valor à minha mãe! E no tempo das fraldas de pano...a loucura! Eram dois bebés a pedir atenção e mimos, muito complicado! E a minha mãe professora...devia chegar ao fim do dia com vontade de se ir atirar ao rio ali em frente à janela (morávamos em VFX mesmo de frente para a ponte sobre o Tejo!). Quando éramos miudas éramos cão e gato...um horror. Depois na adolescência começámos a ser as melhores amigas! Temos ainda um irmão com 5,5 anos e meio. Ai sim, foi um boneco nas nossas mãos!
Os meus têm diferença de 21 meses e senti exatamente o mesmo. Enquanto estava na barriga, não havia qualquer problema. Quando saiu cá para fora, também foi difícil (mas não impossível)! Agora que ele está quase a fazer 2 anos e ela 4, só me apetece ter outro 😁
ResponderEliminarRealmente não é fácil, também passei pelo mesmo. Quando a minha 2ª filha nasceu a minha mais velha tinha 4 anos e queria imenso ter uma mana, foi fantástica a gravidez mas assim que a mana apareceu em casa, as coisas mudaram. Neste momento tem 6 anos e diz que não quer ter filhos e se eu lhe der mais um bébe vai viver com a avó! Adora a irmã, brinca com ela ao faz de conta (ela a mãe e a pequena a filha), adormecem agarradas e são muito lamechas uma com a outra, mas assim que a pequena chora a mais velha desaparece. Mas enfim, é adorável olhar para as minhas princesas, vê-las crescer e serem crianças felizes.
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