Lembro-me de estar grávida e de ter o maior susto da minha vida, até ali. Vi sangue. Saí, em pânico, a correr da casa de banho e fui às urgências. Fui o caminho todo a chorar e a suplicar para que tudo não passasse de um pesadelo. Lembro-me da culpa. Que não devia ter feito tanto esforço, tantas horas a trabalhar, quem é que eu pensava que era? Uma super-mulher? Que mãe ia ser eu? Assim que ouvi aquele coraçãozinho a bater, desfiz-me em lágrimas à frente de todos e soube: coração de mãe vai andar nisto a vida toda. Entre a alegria e a tristeza. Entre a euforia e a preocupação. Entre o cuidado e a culpa.
A culpa, essa maldita que nos assola nos momentos em que algo não corre bem. Voltei a senti-la na semana passada. Quando fui três dias para Praga e a Isabel ficou com a avó. No Facetime, deu um pulo quando me viu e eu senti culpa. Quando a minha mãe me ligou a dizer que ela estava bem, mas queria muito colinho e chucha, senti culpa. Ela estava com saudades minhas. Quando dei por mim feliz, a namorar, senti culpa.
Mas o pior ainda estava para vir. Quando cheguei a casa, a minha mãe disse-me que tinha tido febre nesse dia e vomitado o almoço. Tentei engolir o choro. Depois, quando adormeceu no meu colo e vi que a respiração dela não estava bem, a culpa apoderou-se de mim. A minha filha está doente e eu andei no bem-bom a passear e a dormir? Hospital, já.
No hospital, ouvi o que não esperava ouvir: pneumonia.
-"Há quanto tempo está assim com tosse?"
-"Há um mês e tal, doutora".
- Mas só agora...
- Só agora fez febre. Fui ao Centro de Saúde com ela há um mês, auscultaram-na e disseram-me para continuar a fazer aerossóis, mais nada. Fui à pediatra há uma semana e meia e disse-me que a expecturação estava alta e que não se fazia nada por enquanto, continuar a limpar com soro, aspirar pontualmente e aerossóis só com soro", tentava esquivar-me ao olhar da médica e ao meu sentimento de culpa.
Eu sabia que a minha filha tinha tosse. Eu fui com ela ao Centro de Saúde. Eu enviei várias SMS à pediatra. Eu fui com ela à pediatra. Que mais poderia eu ter feito? Será que o meu instinto não funcionou? Por que é que não a consegui proteger daquela bronquiolite que se transformou em pneumonia? Fui má mãe? Fui negligente? Estas questões atropelaram-se na minha cabeça vezes sem conta. Quis trocar com ela. Quis que ela me perdoasse. Senti culpa, muita culpa, mesmo fazendo um esforço para racionalizar tudo aquilo.
Será que estando cá teria notado que ela estava mesmo doente, sem ter febre? Ou teria esperado pela febre para ir com ela às urgências? Tenho quase a certeza que só assim teria tomado esse passo. Então por que é que a minha consciência me continuava a perseguir?
Digam-me, mães experientes, vai ser sempre assim vida fora? Vamos achar que podíamos ter feito sempre mais alguma coisa? A culpa é sempre da mãe?
Na 1º constipaçao do pedro senti me a pior mae deste mundo só me apetecia bater em mim mesma e pensava que o devia ter agasalhado melhor etc... e com os meus outros filhotes é a mesma coisa, mas acho que quando são ainda bebés é pior! mãe é mãe e acho que vamos sempre achar que poderiamos ter feito mais alguma coisa!
ResponderEliminarSou mãe há apenas 2 anos e não tenho muito boas notícias... acho que vai ser sempre assim, sim! Até quando eles pisarem cocó de cão no caminho escola-casa, vamos pensar "ok, não deviamos ter vindo morar para este bairro!". Ser mãe é isto.
ResponderEliminarNão sou mãe mas acredito que irá ser sempre assim.
ResponderEliminarNão vale a pena culpares-te nem te martirizares.
Ser mãe é tentar proteger os filhos de tudo e todos... se tivéssemos super poderes colocavamos uma bolha à volta dos miúdos...
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