2.17.2020

Ter uma filha é bom para o engate.

Desta é que não estava à espera!

Depois de me ter divorciado, quase imediatamente a seguir (credo, até parece que houve falcatrua, mas não houve), entrei numa relação de dois anos com alguém que conhecia desde sempre (assim parece ainda mais, mas não). E, assim sendo, não tive aí grande tempo no "engate" nem a ver o que pingava ou não.

Na minha cabeça - como já aconteceu tantas outras vezes relativamente a tantas outras coisas - abracei-me a um raciocínio que, afinal, não veio a verificar-se muito verosímil: achei que, por ser mãe (e divorciada) que o meu tempo de mercado já tinha acabado. 

Ao que parece, nem por isso.
E, se calhar, até antes pelo contrário?

Longe de mim querer dizer que ter uma criança é igual a ver um rapaz a passear um cão de forma amorosa num parque, não estou a dizer que seja... um isco poderoso, mas talvez seja algo que até funcione a nosso favor. Um bocadinho, vá. 

A conversar com um rapaz, daqueles que se conhecem nas aplicações mas, que por acaso, muito simpático e até que sabe escrever e pensar (choque total), ele disse-me que abaixo dos 30 as miúdas ainda lhe parecem muito imaturas e que, acima dos 30, parece que está tudo com pressa para ter filhos. 

Perceberam onde quero chegar? Ah, pois! Isto é: já estamos despachadinhas e, portanto, em princípio, o nosso relógio biológico não fará muito parte da equação. 

Por outro lado - isto já ele não me disse - acho que verem-nos a sermos mães ou saberem que o somos, activa ali o complexo de Édipo e desejam sentirem-se os nossos meninos. Ou, numa perspectiva menos patológica (ahah), vêem-nos como viáveis para procriação e criação de família, o que será atractivo para a maior parte da malta, tendo uma perspectiva relacional, claro. 


De facto, ainda ninguém fugiu quando disse que sou mãe de uma menina de 6 anos. Mas também não tenho tido engates que se tenham transformado em algo mais, não tenho apresentado ninguém à Irene nesse modelo.

Talvez o problema seja depois, quando for para começar a apresentar e as dificuldades na dinâmica, já que se atalham ali uns anos e algumas decisões e se acaba por receber o filho "de outra pessoa" que, depois, também acaba por ser um bocadinho nosso...

O meu principal desafio é encaixar vida social no meio de uma custódia não (muito) partilhada. Acabo por ter só fim-de-semana sim, fim-de-semana não para estar mais à solta (se é que me entendem).

Qual tem sido o vosso feedback? Ser mãe é tesudo ou não?



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Fica também aqui um dos nossos vídeos da semana no instagram, aqui falei sobre como comuniquei (ou não) à Irene sobre o final da minha última relação:


2.06.2020

Adormece-me, por favor.

Saí de ti. 

Estive contigo naqueles nove meses e, antes disso, a pairar na tua cabeça e na do pai. 

Quando nasci conheci a tua pele, o teu calor, o teu cheiro e a tua voz. Quando me abraçavas e quando o pai me dava colo. 

Às vezes continuava a chorar porque podia e queria e precisava. 

Às vezes parava porque eras tudo o que precisava. 

Aprendi o que era bom e mau através dos teus olhos, mãe e dos teus também, pai. 

Aprendi o que posso e não posso fazer e ainda estou a aprender. 

Agora já sou crescida, já vou para a escola. 

Custa-me a acordar, mas sei que tem de ser. Gosto de estar com os meus amigos e gosto muito de aprender coisas novas, mas sinto a vossa falta. 

Quando me vais buscar, estou deserta para que tenhamos tempo para brincar, para que matemos saudades, mas há sempre coisas para fazer. 

Vocês estão cansados - e eu também - e o tempo passa a correr. Parece que o dia é repleto de intervalos em que há pressa e em que não há e que só há tempo para nós nos fins-de-semana. Não deveria ser ao contrário? 5 dias de fim-de-semana e dois de semana? 



Há quanto tempo não adormeço ao teu colo? 
Já não sou bebé, não choro para ter o vosso colo, mas não quer dizer que não queira. 
Sinto a falta da pele, do calor, do cheiro...

Se os adultos também gostam de abraços, também gostam de dormir acompanhados, de fazer conchinha, por que tenho de adormecer sozinha? Sei que consigo, às vezes faço-o, mas tem mesmo de ser? 

É a melhor maneira de acabar o meu dia. 
Saber que apesar de ter o corpo cansado e de ter a cabeça cheia de informação nova, que acabo o dia tal como comecei a vida: enroscada em quem me ama mais. 

Mesmo que não nos enrosquemos, ter-te ali perto faz-me sentir que ainda que o dia seja com cada um de nós a viver as suas vidas, que à noite temo-nos sempre uns aos outros. Ainda que tenha de adormecer rápido, posso adormecer nos teus braços ou aquecer os meus pés no meio das tuas pernas. 

O que está errado aqui? 
Continuo a precisar de ti, ainda que pareça crescida. 
Porque os crescidos também precisam de mimos e de abraços ou não? 




PS - A Irene tem praticamente 6 anos e adormecemo-la todas as noites. Sem vergonha. Ela precisa e nós também.

2.03.2020

E fazer queixinhas? É feio?

Tal como explicamos no vídeo, a ideia surgiu por ter ouvido uns amigos meus a explicarem aos filhos que não se deve fazer queixinhas, que é feio.

Não tenho feito referência "em directo" a isso porque a Irene já sabe o que a mãe pensa. Porém, como sempre, achámos que foi um bom pretexto para reflectir sobre o tema. Porque, seja como for, hão-de haver coisas que façam sentido para pessoas diferentes em ambas as abordagens e queremos ouvir-vos. Querem conversar connosco?




Entretanto saiu ontem o nosso podcast, que podem ouvir aqui, mas também nos Apple Podcasts, caso prefiram: