12.22.2019

Coisas a não fazer neste Natal.

Ahhh, farta de momentos positivos em torno do Natal. Já percebemos: há luzes, família, prendas e até o nascimento de alguém que foi relevante no panorama internacional. No entanto, parece que só acontecendo uma vez por ano não nos apropriamos desta experiência para aprender e aplicar nos anos seguintes. Fica aqui uma listinha de coisas a não fazer neste Natal. Querem acrescentar alguma? 




1 - Ter a necessidade de materializar o Pai Natal. 

Às vezes, por querermos muito "brincar", pomos o pé na argola. Não nos podemos esquecer que as crianças têm uma óptima imaginação e, às vezes, quanto menos informação lhes dermos, mais à sua medida constroem o que for necessário. Isto é: não é preciso um membro da família se vestir de Pai Natal ou de fazer pegadas de neve pela a sala. Às vezes, basta o bater da porta antes de chegarem as prendas e o ar convincente dos pais. As crianças são óptimas a fazer a magia e... a descobrir maus disfarces também, especialmente se já estiverem na dúvida. 

2 - Utilizar a passivo-agressividade

Por muito que tenha piada para nós - no momento, pelo menos - e para aqueles que estejam alinhados connosco, não é muito simpático estar a enxovalhar um membro da família por ainda não ter casado, por continuar gordo, por estar a ficar careca, etc. Nem é muito porreiro pôr alguém no centro da conversa a meio do jantar e fazer um interrogatório enorme. A verdade é que se quiséssemos efectivamente saber mais sobre a vida dessa pessoa que teríamos perguntado ao longo de um ano inteiro. Talvez o Natal seja uma boa oportunidade de receber o que nos quiserem dar ao invés de iniciar a caça ao pormenor. 

3 - Despachar as prendas todas ao calhas. 

Natal tem sido muito sobre consumismo, verdade. Na minha opinião, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O que me tem feito mais confusão (até em mim) é a necessidade de não falhar com o compromisso de oferecer qualquer coisa e fazê-lo automaticamente. Dar uma "merda" qualquer. Mais depressa se oferecem umas cartas ou uns bilhetes feitos à mão, não? Até pode ser um exercício interessante, apercebermo-nos da qualidade da relação que temos com determinadas pessoas, conseguindo imaginar uma prenda engraçada, útil ou simbólica que se enquadre.

4 - Romantizar as amizades dos mais pequenos e impor o guião social. 

Não sei a partir de que idade fará sentido porque a minha filha ainda só tem 5 anos, mas lembro-me de me perguntarem constantemente se tinha namorado ou se nem por isso. Sei que é para fazer conversinha da treta e porque tem graça ver crianças a "fazerem coisas de adultos", mas não é porreiro imprimir essa pressão numa criança, podendo até - acho eu - fazer com que ela deixe de viver as suas amizades como il faut e comece a romantizá-las por achar que é o que é pretendido pela sociedade. Já chegam os desenhos animados da tanga sobre isso, não é? 

5 - Bisbilhotar

Por muito que seja tentador, por uma questão de validação de pertença na comunidade, na família. É de evitar falar das pessoas que estão presentes num grupo à parte, bisbilhotando sobre os últimos eventos da vida dela, etc. Essas energias sentem-se e acabam por estar presentes de forma menos desconectada do que está a acontecer. Talvez seja importante revermos onde e com quem queremos passar o Natal, em vez de estar em modo automático ou em modo de evitar conflitos. Se for para bisbilhotar, que seja para congeminar soluções positivas, reacções e não pelo facto de "ah... ouvi dizer que o marido a traiu e que continua com ele na mesma". 

6 - (des)Intoxicar o Natal 

Talvez não seja no Natal que devamos lavar roupa suja. Está bem que há poucas oportunidades em que a "malta" esteja toda junta, mas não é altura de falar nas partilhas, naquele episódio de há 10 anos ou no facto de um dos membros da família não estar a cumprir com aquilo que os outros consideram ser seu dever familiar. Essas coisas devem resolver-se antes, estarem esclarecidas antes do convite. Nem falo pelo desagrado geral que isso causa no próprio dia aos crescidos, mais para as crianças respirarem um ar são e positivo. 


Inicialmente era suposto ser um post mais cómico, dizendo que não se deve guardar os embrulhos dos presentes ou que fumar na janela cozinha cheira na mesma na casa toda, essas coisas, mas acabei por ser mais formal. Olhem, deve ser da época. Processem-me ;)

Feliz Natal!!!


12.19.2019

Deixo que furem as orelhas ou não?


Deixo que furem as orelhas: sim ou não? Não uma à outra, claro. Vontade às vezes não lhes faltava (andam ambas com a mão bem leve...). 

A Isabel (5 anos) disse-me esta semana que queria furar as orelhas, como eu. Perguntou - mais uma vez - se doía e eu disse-lhe a verdade. Falei-lhe de todos os cenários possíveis. Disse-lhe que iria doer no momento e depois, às vezes, durante a noite, a vestir a roupa e noutras situações. Que poderia infectar e fazer sangue. E, mesmo assim, quer arriscar. A Luísa (3 anos) disse logo que também queria. E eu fiquei a pensar que, em elas pedindo tantas vezes, talvez já não faça assim tanto sentido impedir. 
 
Não tenho a mínima vontade de que furem as orelhas, atenção. Não acho que fique nem mais bonito nem mais feio nestas idades. Confesso que mais novas é muito raro gostar, tendo a achar piroso. Mas, estando numa sociedade em que é bastante comum e culturalmente aceite e sendo elas a pedir, não sei se os meus argumentos continuarão a ser válidos. Incentivei a usarem outra vez autocolantes, mas, desta vez, a Isabel disse logo que não, que caiam e que se perdiam. Perguntou-me se poderíamos ir no sábado fazer os furos e eu disse que ía pensar e falar com o pai.
Poder, podemos. Mas qual o risco real de infecção? E se nos “estraga” o Natal? E se ela se arrepende ao sentir a dor, no momento? E se sentir que não a protegi? E a Luísa, não será nova? 
 
Estou a pensar demasiado, eu sei. 
 
Já nem me lembro que idade tinha quando furei as orelhas, mas também fui eu a pedir. Lembro-me de uns brincos, lindos, em forma de morango, de madeira. Lembro-me de me sentir vaidosa com eles e gosto de ver as fotografias da altura.
 
E agora? Não queria nada que elas sofressem.  São as orelhas das minhas pessoas preferidas  (ainda custa mais). Uma amiga nossa caiu e a orelha infectou, antibiotico e uma grande chatice. Não me apetecia nada passar por tudo isso, desnecessariamente.
 
Sim ou não? Como resolveram estes pedidos?  

 

12.18.2019

Um elogio à Saúde 24.

A Irene está doente neste momento, está a beber um chá de mel com limão enquanto vê os desenhos animados. Está com febre e com uma amigdala inflamada. Estou mais preocupada porque a educadora disse que havia alguns miúdos da escola que estiveram escarlatina - que, apesar do nome, não é assim tão grave, mas ainda assim..

Propunha que se mudassem os nomes das doenças para coisas menos preocupantes, só para aligeirar a ansiedade parental. Em vez de escarlatina ser "a doença do morango", etc. Vou criar uma petição para isso. Assinavam?

Quem já acompanhe o blog há algum tempo, sabe que a Irene sofre de convulsões febris e que isso é algo aterrador que acontece com frequência em algumas crianças mas que, ainda assim, são as convulsões mais benignas possível. De certa forma, apesar de todo o aparato, sinto-me muito grata por ser só o que são. E já que o herdou de mim,  consigo normalizar no sentido de que eu até nem cresci mal, vá. 

Morando sozinha com a Irene e passando eu com ela a maior parte do tempo, quando está doente, a responsabilidade cai por inteiro em mim (enquanto não vai para a casa do pai ou dos avós) e é difícil gerir os cuidados, o cansaço e a preocupação. Nisto, já dei por mim a ligar várias vezes (até há umas semanas quando uma amiga se magoou muito no pé) à saúde 24. Devem conhecer, é uma linha de atendimento telefónico do Serviço Nacional de Saúde e totalmente gratuita.



Somos atendidas por uma equipa de rastreio (não me lembro do nome técnico de momento) e, depois, encaminhadas para um enfermeiro e até, quando justificável, para um médico ou podem providenciar-nos um parecer no mesmo. Às vezes, há doenças que não requerem observação imediata e que poderá ser útil ter este feedback para saber que profilaxia implementar ou até medir o grau de gravidade. 

Muitas vezes - quando necessário - encaminham a criança para ser vista e, quando assim é, o hospital que a recebe já tem informação da sua chegada e, se não me engano, é vista com alguma celeridade. 

Ontem, fui atendida por uma enfermeira maravilhosa. Muito calma, bem disposta e cuidadosa. Quando estou no auge da adrenalina por não saber o que se passa com a minha filha e cruzando com o facto de estar sozinha, fez-me bem ouvir a voz calma e carinhosa da enfermeira. Além de ter feito uma série de perguntas e de ter ajudado com os sinais a que devo estar atenta, etc (sempre é melhor do que fazer aquela pesquisa no Google), também me deu algumas mezinhas para por em prática e para aumentar o conforto dela. Sinto que fez o papel da minha mãe, mas com uma credibilidade acrescida da minha parte por, enfim, ser especialista. 

Claro que também me descansa a minha mãe ter um andamento gigante de doenças e afins com dois filhos no bucho, mas os tempos vão mudando e, por exemplo, o histerismo com a febre já mudou um pouco, até numa criança com propensão a convulsões febris. 

Passado algumas horas, voltam a ligar de novo para saber como está o paciente o que nos deixa sentir verdadeiramente acompanhados. 

Não sei quem teve esta ideia, se é comum na maior parte dos países como o nosso, mas queria deixar o meu elogio ao mesmo. E, em particular, à enfermeira de ontem da qual não me lembro do nome (com os nervos), mas que não deixei de lhe dizer que tinha sido óptima connosco. 

Têm boas experiências com este serviço? 

Se precisarem, fica aqui o número: 808 24 24 24.