3.06.2018

Não temos de conseguir ser boas a tudo.

Ai meninas, demorou mas finalmente consegui meter isto na minha cabeça. O peso que me saiu de cima.
Sempre fui muito perfeccionista. Além de ter toda uma esquadra de polícia dentro da minha cabeça a analisar todos os meus passos, e a castrar muitos deles, a reprimir outros tantos e a desdizer outros ainda (o que pode ser muito desgastante), sempre tive uma enorme necessidade de aceitação. Nunca consegui lidar muito bem com o facto de alguém não gostar de mim. Ficava doente. Lembro-me de ter 13 anos e de me aperceber que duas colegas da turma diziam mal de mim e daquilo me ter deixado a chorar dias sem fim. Necessitei sempre de aprovação. Era carente de alguma forma. Ou tinha pouca confiança em mim. Ainda tenho. Nem sempre, felizmente. Há dias em que o meu ego está em altas (normalmente é quando me estou a marimbar para a opinião dos outros e só me escuto a mim) e que bom que é.

Mas, o que me andava a fazer extrema confusão, principalmente desde o momento em que fui mãe e que, por isso, comecei a acumular diferentes papéis e funções, era o pensamento "não estou a dar conta". E nisso, até ali, eu era uma pessoa que controlava. Podia não saber muito bem o que queria fazer profissionalmente, ir apalpando terreno e experimentando coisas diferentes (nunca fui uma pessoa muito decidida a esse respeito, como vos contei aqui: Não sei para onde vou.), mas no que me metia, dava o meu melhor e fazia-o bem. Trabalhava bem, era criativa, acumulava funções e trabalhos, horas e horas e, apesar de cansada, era um cansaço diferente, diria até um cansaço que me dava prazer (conhecem a sensação?). Acho que era workaholic. Mas conseguia, assim mesmo, ir ao cinema, ir arranjar as unhas ou fazer uma dieta ou ir ao ginásio. Tinha tempo dentro da falta de tempo. Quando deixei de conseguir fazer tudo o que queria fazer e bem, comecei a ficar angustiada. Tinha sono, cansaço acumulado e tinha uma bebé a precisar de mim e eu a chegar na hora de fecho da creche, o trabalho a precisar de mim e eu a achar que era insubstituível e com dificuldade em delegar funções, sem grande tempo para a vida pessoal, amigos, família, filmes e tempo para mim. Foi difícil gerir esta incapacidade. Andei ainda um ano e tal a querer ser Super Mulher (ou a achar que é o que esperam que sejamos e a tentar sê-lo de boa cara). Percebi que podia baixar a guarda e mandar tudo à fava quando estava grávida da Luísa. Estava com demasiado trabalho em cima, demasiadas responsabilidades, estava a perder peso e não estava a conseguir ser mãe como gostaria. Desistir da minha carreira na televisão - ou colocá-la em standby - foi a solução mais óbvia (tomada em família).

Agora que voltei a ter um trabalho fixo, senti, a par do regresso da adrenalina, essa necessidade de conseguir dar conta de tudo. O trabalho, a casa, o blogue, as miúdas, consultas. Não queria falhar em nada. E com a minha mania para o perfeccionismo, lá veio a censura. Lá veio o meu diabinho a dizer-me que eu não era boa o suficiente a nada se não conseguia fazer o malabarismo e se já estava a falhar em algumas coisas. Mas o meu cansaço e, ao mesmo tempo, esta doença da Luísa fez-me perceber (só agora) que tenho o direito de falhar, sem estar necessariamente a falhar. Não faz mal se adormeço com as miúdas e se ignoro o despertador quando ele toca às 22h para ir trabalhar. Não faz mal se não acabo o que me comprometi (comigo mesma) a fazer à noite, extra horas. Se a louça fica por lavar ninguém morre com isso. Se comem outra vez arroz tanto lhes dá. Se eu estou dois dias sem vir aqui ao blogue, ninguém me despede (e vocês não ralham comigo). Não faz mal se eu não conseguir ser boa a tudo nem sequer faz mal se eu não for extraordinária em nada. A vida corre e vai muito além disso.

Quero ouvir a Isabel a dizer-me de manhã que sou muito quentinha e fofinha. Quero aquele sorriso da Luísa quando me vê. Quero babar-me a ver um filme que, de tantas vezes que é recomeçado, mais parece uma série. Quero respirar fundo sem sentir o peso do mundo nos ombros. Se eu não salvo pessoas, o resto pode esperar. Posso permitir-me ser só boa a algumas coisas (ou nem sequer ser boa noutras e aprender a lidar com isso). Posso permitir-me dizer que não. Seleccionar. Filtrar.

Custou-me chegar até aqui. Não sei se a isto se chama experiência de vida se maturidade se o quê. Dantes confundia esta postura como sendo desmazelo ou desistência. Agora sinto que devo desistir de querer o mundo com a sofreguidão com que sempre o quis. Sinto que devo desistir de me pressionar a ser TUDO para conseguir uma calma que me faz mais falta em algumas coisas. Sinto que devo dormir quando o corpo me pede. E que o email fica para depois e ninguém morre por isso. Nem eu sou ISTO ou AQUILO se não corresponder às expectativas que os OUTROS têm de mim. 

Seria hipocrisia se dissesse que se chama a isto LIBERDADE, numa vida tão condicionada e tão cheia de grilhões e de normativas. Mas é um passo. É um "não faz mal" que me apazigua. É deixar só um polícia dentro da minha cabeça em vez de toda uma esquadra e ainda dar-lhe férias algumas vezes. É julgar-me menos.

Não sou boa a tudo. Não consigo fazer tudo. E não faz mal.



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Fins-de-semana da Mãe : "Amor e uma cabana"

Até fiquei meio indecisa se partilhava isto convosco ou não porque me vão ocupar os fins-de-semana que queria que fossem para nós mas, por outro lado, gosto de espalhar boas cenas. 

Já há muito tempo que me sinto muito assoberbada com o ritmo frenético de Lisboa. A Irene é acelerada como eu e é-me muito difícil ter uns segundos de silêncio durante a semana, principalmente estando sozinha com ela. Quando finalmente posso descansar é quando ela adormece e raramente consigo ficar acordada também. Precisávamos de sair. De cortar a rotina, de "dar novas histórias para os sonhos" (está entre aspas porque sei que a expressão é assim para o foleirote, mas é muito aquilo que me passa pela cabeça).



Recebi um press sobre o Badoca Park (vou falar-vos disso noutro post) e imaginei-nos durante um fim-de-semana no Alentejo. Com o mínimo ruído possível. Tudo reduzido ao básico. No que tocasse à Zara, era só a parte dos básicos da Trafaluc, vá. 

A procurar na internet dei com esta casa amorosa, pela qual me apaixonei, na Herdade do Montum.







Sem internet (a casa, porque eu tinha dados móveis, mas a fingir que não), sem televisão (sendo que poderia ter visto no computador séries da Netflix se usasse o meu telemóvel como hotspot) e sem coisas a mais (sendo que podia não ter levado duas malas para mim e para a Irene). 

A viagem em si foi calma e terapêutica. Num fim-de-semana apenas comecei a sentir o sabor a férias só de pôr as malas no carro. A Irene cantava o que costumamos cantar sempre que vamos para algum lado ("estamos de féeeerias") e lá fomos até ao Alentejo, onde já morei alguns anos quando era mais pequena. Nos CDS do carro tínhamos Sara Tavares... Estão a sentir o bom feeling?




A casa é mesmo pequena, mas perfeita. Tudo é essencial e tudo tão bem escolhido. Que sonho. Claramente tocou nas minhas teclas mais românticas do "o amor e uma cabana" mas com todas as condições necessárias: água quente (no Verão até há um chuveiro exterior), microondas, forno, loiça, jogos, livros, frigorífico, armário... Não nos faltou mesmo nada.  E o preço parece-me muito mais que justo, gente: 55 euros por noite. 

À noite, por estarmos no meio de nada (a 15 minutos do centro mais próximo) tivémos direito a um céu que me prefurou. Atingiu-me como se fosse o reencontro com as minhas origens (nasci na Damaia, mas não é bem disso que estou a falar). 

Levámos jantar para sexta-feira, para não haver stress. No sábado almoçámos no Badoca e acabámos por passar em Santo André para comprar salmão para o jantar. Enquanto o salmão estava a ser feito no forno, brincávamos com plasticina a tentar reproduzir a girafa Niassa que tínhamos alimentado no Safari. No domingo almoçamos no Museu do Arroz ali na Comporta e não pudemos deixar de dar um pézinho na praia. Depois, ao final da tarde, em menos de duas horas estávamos em casa. 

Com tanta fome de aproveitar o fim-de-semana, ficou a faltar um pouco de espaço para a calma e também por isso quero voltar e talvez sem a Irene.




Com o máximo de privacidade, uns anfitriões que nos receberam de forma tão meiga e calorosa e que estiveram sempre disponíveis para quaisquer dúvidas, apesar de ter muita vontade de fazer fins-de-semana pelo país inteiro, vou "ganhar" mais um fim-de-semana em repetir este, certamente. 

Acordar no meio do campo, adormecer com a casa aquecida pela salamandra, ter direito a tanto ar puro e ter, perto de mim, tudo o que me preenche (agora que escrevi "preenche", lembrei-me que tenho de tratar do IRS).















Apanhar pauzinhos com a Irene, andar um pouco para ver as vacas, vê-la a andar descalça e poder mostrar-lhe as várias cores do céu no pôr-do-sol, fez-me sentir assustadoramente viva. E agora, desde aí que vivo os meus dias sabendo que tenho um sítio (não só físico, mas também em mim) para onde posso voltar. 


Mais informações e marcações aqui

Re-co-men-do. 


Camisola das maçãs - Boboli 
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Preciso do vosso bitaite!

Bem sei que no outro dia a Joana escreveu o post "Larguem as mães", mas eu cá hoje preciso do vosso bitaite. 


A Irene quer muito uma bicicleta no aniversário e eu quero muito dá-la. Não vejo melhor prenda possível para uma miúda da idade dela. Já estou a imaginar (e a sonhar) com as tardes no Monsanto com ela a andar de bicicleta e eu a poder gomas às escondidas, hmmm. 

Porém, sei que o meu irmão mais novo, o Tiago, começou a andar de bicicleta com uma bicicleta "evolutiva", sem pedais e que, segundo a minha madrasta e pai, aprendeu rapidamente a ter equiíbrio ali e que a passagem para a bicicleta normal foi muito rápida. 

Ontem, quando fui a uma loja que tem TUUUUDO para o desporto (ahah), vi as reacções da Irene às bicicletas e obviamente que perdeu paciência com aquela sem pedais e sem rodinhas e quis logo ir para a de pedais e rodinhas. 

Estou muito tentada em borrifar-me para a "evolução da coisa" e comprar uma de "rodinhas". Tiro-lhas quando ela fizer 60, vá. Sempre é melhor que comprar uma evolutiva e ficar a apodrecer lá em casa, encostada ao bengaleiro ou dentro do armário da "negação" de todas as tentativas minhas de compra de equipamento motor: trotinetes, patins, etc. 

Portanto, para o aniversário da Irene: bicicleta evolutiva ou com rodinhas ?





E das duas bicicletas de rodinhas, ela preferiu a que tinha um monstrinho e era azul e não a cor-de-rosa. 

Quero cada vez mais ar livre com ela, ainda tneho o nosso fim-de-semana no Alentejo na cabeça (tenho que partilhar convosco... ainda não tive tempo, mas quero muito). 



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