4.30.2017

Estás grávida? Bem-vinda à maior aventura da tua vida.

Inspira.
Expira.
É mesmo verdade.
Estás grávida.
É normal teres medo.
É normal estares com borboletas na barriga.
É normal não saberes bem no que te meteste.
E ao mesmo tempo estares a viver um sonho.
É desejado. Muito. Tinhas a certeza de que querias um filho.
Mas mesmo assim tens incertezas.

Vais sentir aquele amor que dizem ser maior que tudo?
Vais, mesmo que não o sintas logo, como estás à espera, vais sentir esse amor incondicional. Dá-te tempo.

Vais dar conta?
Vais. Mesmo que pareça que não sabes bem o que estás a fazer, confia. Sono? Fome? Frio? Aconchego? Pouco a pouco vais perceber. Vais saber ouvir o teu bebé. Vais perceber que às vezes o colo resolve tudo. E compras um pano ou uma mochila ergonómica. Ou ambas. E o teu calor, o bater do teu coração vai acalmá-lo. Se não acalmar, pede ao teu coração para se acalmar. Respira fundo. Sai de cena e volta a entrar. Está a chorar. Muito. Mas vai passar.

Vais ter sono e endoidecer?
Vais. Vais sentir-te um zombie. Vais desesperar. Vais achar que estás a enlouquecer. Se calhar vais ter de pedir ajuda. E pedes. Se calhar vais achar que não vais sobreviver. E vais. E aguentas. Mais um dia. E outro. E arranjas as melhores formas de dar a volta. Dormes uma sesta. E outra. Deixas o bebé meia hora com o pai. Ou a avó. Ou alguém em quem confies. E dormes um bocadinho. Enches a banheira e relaxas. Esses 10 minutos vão fazer milagres. Aquele cheirinho, aqueles esgares, boquinhas e sons perfeitos também.

Por agora desfruta.
Dessa barriguinha.
Desse tempo de espera.
Vê uma série se não adormeceres.
Faz amor se te apetecer.
Passeia se os pés não ficarem tamanho 45.
Compra uma roupinha tamanho 1 e delicia-te.
Se tiveres de estar na cama, lê Carlos Ruiz Zafón, vê um bom filme, aproveita agora (é uma seca, sim, é fácil falar, sim, mas é temporário).
Se trabalhares, vai passar num instante e ao mesmo tempo sentes que demora (que coisa mais estranha, mas habitua-te a este sentimento dúbio: vai acontecer com todas as fases do teu bebé).

Prepara essa cabeça e esse coração.
Para ouvires bitaites de todo o lado, até de quem até agora não conhecias a voz.
Para teres de fazer ouvir-te perante tantas dicas e contradições. Sê humilde mas filtra. És tu - e o pai - quem decidem.
Para quereres chorar e logo a seguir sorrires. É uma montanha russa de emoções difíceis de controlar. Deixa-a subir e descer e fazer loopings. Logo, logo, vais relativizar tudo. E até ter saudades dos primeiros tempos. Que loucura.

Cala internamente as vozes que dizem que o estás a mimar demais com colo. Cala internamente as vozes que dizem que o teu leite é fraco. Cala internamente as vozes que dizem que ele tem de dormir na caminha dele.
Não duvides do teu instinto animal, de protecção. Não duvides que o teu cheiro cura tudo (e não estou a falar desse bolçado no pijama). Não duvides que os teus braços dormentes são em vão. Ele esteve 9 meses no teu corpo a sentir-te. A serem um só. Ele quer-te. Pele a pele. E tu também vais querer esse mimo todo. Também tu precisas daquele cheirinho viciante e daquela pele macia por perto, colada à tua.

Estás grávida e ainda falta tanto, mesmo não faltando.
Queres conhecê-lo. Queres conhecê-la. Queres conhecê-los (ui! plural, coragem a dobrar!).
Está quase. E vai ser difícil para algumas, mais fácil para outras.
Mas bom. Muito, muito bom. No momento ou à distância. Mas intenso. 
E depois de passado o turbilhão, ficarão a restar as saudades.

Estás grávida. Bem-vinda à maior aventura da tua vida.

À minha grávida preferida do momento (e a todas as outras)

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4.29.2017

Posso dar mais uma? ;)

Como a Joana vos deu umas dicas para lidar com a fase dos "dentinhos", lembrei-me do nosso segredo: o fio do robot em silicone. É óptimo para eles deixarem o nosso cabelo em paz, se focarem em algo enquanto estão naquelas fases da amamentação em que se distraem com tudo e mesmo até para ser um mordedor. Além de ser muito giro, gosto mesmo!

Também há pulseiras do género aqui e olhem que dá mesmo jeito :)




Mordedor/colar - Rebento 

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4.28.2017

Mas que jogo macabro (da baleia) é este? Medo.

Não sei o que me espanta mais: se a porcaria de um jogo assustador, carregado de bullying e chantagens, com desafios arrepiantes que culminam com a morte de jovens (soube-se hoje de uma adolescente no Algarve que alegadamente se mandou de um viaduto e que estaria a participar neste jogo com vários níveis e que já estaria auto-mutilada numa perna) se as caixas de mensagens a estas notícias em que se sugere que o que estes adolescentes precisam é de um enxerto de porrada e que o que lhes faltou foram palmadas na hora certa ou, ainda, que assim se faz uma seleção natural.


Vamos por partes. 

Assim que li a primeira notícia sobre este "jogo" fiquei cheia de medo. Foi inevitável pensar que daqui a uns anos este mundo em rede pode estar ainda mais apurado (e mais estúpido), que com as novas tecnologias a toda a hora e desde tenra idade se pode tornar cada vez mais difícil controlar os passos deles, que a adolescência é tramada e que (Deus nos livre e guarde) por mais seguros que possamos estar relativamente aos nossos filhos, não conseguimos prever tudo (muitos destes adolescentes são ameaçados de que irão ver as suas informações mais secretas espalhadas por aí ou de que os pais e família vai ser morta, por exemplo, e vêem-se cercados pelos "mentores" e obrigados a seguir com os níveis do jogo) e que até os corações mais puros e frágeis se poderão ver encurralados nesta armadilha. Não são (só) os miúdos "estúpidos e parvalhões", como li por aí, que se metem nisto. Podem ser os filhos mais doces, numa fase mais introspectiva, destrutiva, melancólica (quem nunca duvidou de si na adolescência ou se sentiu desamparado, sem saber o seu lugar no mundo, que atire a primeira pedra!). 



De repente surgem os super heróis que trabalharam logo com 12 anos e que levavam na fuça dos pais a dizer que é isso que falta a estes jovens. Não, não é. Os desafios que se colocam são outros (e ainda bem). Ainda bem que já há mais consciência de que o lugar de uma criança e adolescente é a brincar e a estudar e ainda bem que maus tratos são crime. 

O que falta a esta jovem do Algarve agora não é um enxerto de porrada, como li - é um abraço, um "estou aqui", um "vai ficar tudo bem", um "eu vou proteger-te". Compreensão, amor e coragem para enfrentar os dias que se seguem. O que falta aos jovens de hoje não são ameaças e olhares assustadores à mesa de jantar. São olhares atentos, conversas francas, amor, disponibilidade dos pais. Algum controlo do que andam a fazer na internet, sim, sem dúvida. Mas também muitos autos de fé e deixá-los fazer escolhas, dar-lhes autonomia para conseguirem lidar com consequências naturais das suas escolhas (e isso trabalha-se desde pequenino). O resto... o resto é imprevisível e por isso deveremos estar muito atentos - acho que se houver abertura e cumplicidade mais fácil será esta gestão. Na adolescência há geralmente a procura do risco, da aventura e isso não é tão controlável assim: tem a ver com os circuitos internos e com o cérebro. Alguns disparates fazem-se. Todos os fizemos. Menos os tais super heróis. Uma vez apanhei boleia de estranhos, uns miúdos mais velhos acabados de conhecer nas piscinas do Cartaxo, por exemplo. Eu, boa aluna e certinha que voltaria a casa supostamente de autocarro. E se eu, que passei por uma fase mais negra da adolescência, mas tinha uns alicerces muito fortes que eram os meus pais que não me deixaram vergar; imaginemos que não os tem? Quem anda por aí ao deus-dará, sozinhos com os seus pensamentos obscuros, mais permeáveis a lavagens, a desafios parvos ou até a estas pressões? 

Acho mesquinho acharmos que só acontece aos parvos, acho presunçoso acharmos que só aos outros é que pode acontecer e que controlamos tudo o que se passa debaixo do nosso tecto. 

Por isso, sim, tenho medo. Mas espero dar às minhas filhas todas as ferramentas para que se sintam fortes, seguras e protegidas. Estar lá, aberta e atenta. O resto? É entregar a Deus, aos astros, à sorte, sei lá.
Leiam aqui mais sobre este assunto e como prevenir:

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