Nem todas levamos a vida numa de "ai, o que tiver de acontecer, acontece". "Vai correr tudo bem". Há umas quantas de nós que se enervam, que têm medo de não estar a fazer bem as coisas, que têm medo que o corpo não funcione em condições ou que toda a humanidade tenha um segredo fatal sobre isto da maternidade e que nós sejamos as únicas a não saber.
Sim. Eu era uma dessas pessoas. Achava que, além de não estar equipada para ser mãe fisicamente (não sei porquê, achava que o meu corpo talvez nunca viesse a funcionar, desde pequenina) também não seria capaz de ser a mãe que eu precisaria de ser para ser feliz (sim, tenho noção do quão egoísta parece ser esta afirmação).
A verdade? É como tirar a carta de condução. Antes de tirarmos parece (para estas algumas, claro), muito assustador e "demasiada coisa ao mesmo tempo", depois começamos a reparar nas pessoas que nos rodeiam e que têm carta e que nem todas parecem ser guardadoras de um potencial gigante para a condução e começamos a apercebermo-nos de que talvez seja possível conseguirmos.
O problema? Não há aulas para isto de ser mãe. Não andam connosco durante umas 100 e tal aulas a explicar regras (das quais nunca nos iremos lembrar - o mais próximo disto são as aulas de preparação para o parto) e depois conduzem connosco num automóvel até nos sentirmos seguras o suficiente para fazermos um exame e, se passarmos, podemos ser mães.
Neste caso, em princípio, decidimos e depois temos logo as chaves na mão para levar o bicho a passear, sendo que convém que ele sobreviva (e nós também). A parte boa é que temos 9 meses para nos habituarmos à ideia, mas temos também 9 meses para nos minarmos por dentro e para que as pessoas "da nossa vida" não nos acalmem, antes pelo contrário.
Gostava que me tivessem dito estas coisas (podem rir-se à vontade, mas teriam ajudado):
- Não és menos de que qualquer outra mulher que seja mãe.
- Lá por não seres perfeita, não quer dizer que não mereças ser mãe.
- O amor pelo teu filho encaminhar-te-á sempre para as decisões mais certas.
- Tu vais sentir o amor de que toda a gente fala. O teu coração não está morto.
- O teu medo, em ti, é sinal de que queres muito que tudo corra pelo melhor.
- Não depende tudo de ti, mas no que depender darás o teu melhor (porque amarás) e é isso que importa.
Depois de tudo isso que senti e que, de vez em quando ainda sinto - mas que quanto mais vou amando a Irene mais me vou amando a mim - cá estamos. A Irene tem praticamente três anos e é feliz e eu também.
Tudo começou naquele dia em que, numa de loucura,
achei que era capaz.
Outras leituras:
"Estás grávida se..."
"Não sou mãe galinha, sou mãe informada".
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