4.30.2016

Descontrolei-me toda.

Cheguei ao Alegro umas duas horas antes. Para quê, para quê? Para comprar a roupa que iria usar no lançamento do livro, na Fnac. Sim, muito previdente, sempre. Vesti uma Zara inteira e lá encontrei O macacão. Zero de fotos para vos mostrar o modelito, mas gostei. Por pouco não aparecia com a etiqueta. Onde é que me maquilhei? Na casa de banho do shopping mesmo, uns 25 minutos antes da hora. Quando acabei de me maquilhar senti que tinha perdido o cartão multibanco. Não me lembrava do momento em que o tinha deixado de ter na mão. Vai de esvaziar a mala duas vezes, de começar a escorrer em suor e de ter aqueles calores loucos das grávidas. Não pari ali por pouco. Estava na Parfois, felizmente. Isto tudo a minutos de apresentar o nosso livro. Boa, Joana. Até já estavas calma, até nem conseguiste almoçar nada de jeito, era mesmo disto que precisavas. Respira fundo. Já passou.












Adorei a experiência. Estava toda feliz por ter ali por perto as minhas "mamãs de março", a família, os amigos, gente que eu não via há imenso tempo e muitas leitoras mães, grávidas (e até quem ainda não o seja!) que se deslocaram até ali para nos dar força. A sério, que coisa boa.

O Raminhos é sempre aquela base (obrigada por teres ido apresentar o livro, no meio da tua vida caótica, pá!) e o ambiente estava descontraído, como era de esperar. Rimo-nos muito. Tinha de chegar o momento dos agradecimentos a la Oscars para aqui a chata de serviço se ter descontrolado. Não, não fiz chichi. Chorei e solucei, quando falei na minha mãe e no meu maridão. Misturado com aquele riso nervoso de quem se está a tentar controlar e a querer disfarçar. Estão a ver os maluquinhos a rir e a chorar simultaneamente? Euzinha. Mas sabem que mais? Até isso deu emoção à coisa e acabámos por "ser ali o que somos lá fora". Sim, muito como no Big Brother, mas com seios piores.

A Joana Gama enche uma sala (mesmo estando magra e linda) e eu tenho um enorme orgulho em estar neste projecto com ela e de ser amiga dela. Não, Joana, não recomecei a chorar.

A Marcador, a nossa Editora, foi incansável e pensou em pormenores giríssimos para este dia. Obrigada por terem apostado em nós! <3

E já chega. Ficava nisto mais uns 290 parágrafos, mas tenho de ir dormir, que o dia foi longo. Obrigada a todos.

Senti que o traí.

Se vai ser um post estúpido? Epá, vai. 

No outro dia, de manhã, decidi ir ao Starbucks do Rossio. Não costumo, evito ao máximo porque me vicio facilmente nas coisas e aquilo não faz bem a ninguém, de certeza. Porém, estava tão bem disposta (por nenhum motivo) que me apeteceu celebrar. 

Tinha um casaquinho de "cabedal" novo e devia estar a andar toda gingona como quando andávamos apaixonadas por um tipo novo na escola. Cheguei lá e como adoro ser confundida com uma camone (não me perguntem porquê mas gosto que achem que sou estrangeira, apesar de adorar o nosso país e tal, 'tá) esperei que fosse primeiro o barcoiso a falar comigo. 

Lá pedi um Exclusivo Tall menos quente com soja mas com natas na mesma e disse "pronto, acho que de mariquices é tudo.".

Ele riu-se e disse: "e o seu nome?". 

Calma que eu sei que perguntam o nome a toda a gente por lá. 

Depois disse: "A Joana é muito bonita.".

E eu... que RARAMENTE fico sem palavras, fiquei. Fiquei toda contente por dentro (ficamos sempre, não é?), mas muito desconfortável por raramente me sentir envergonhada e não saber mesmo como agir naquele momento. Olhei para o chão, sorri e disse "eheh... obrigada". 

"Bom dia, Joana.". 

"Eu até retribuiria se estivesse a usar uma placa com o seu nome!". 

"Sou o Ricardo". 

"Bom dia, Ricardo". 

E depois fui muito rápido para o fundo do balcão buscar a porcaria do chocolate quente a rezar que todo o betume que tinha posto na cara de manhã chegasse para encobrir o facto de estar corada até às orelhas. 

Saí, dei o meu melhor para fazer uma saída tranquila, sem tropeçar aqui ou ali e... estava tão quentinha e nervosa que tive de contar ao Frederico! hahah

"Frederico, só para te dizer... o senhor do Starbucks disse que eu era muito bonita". 

Claro que foi porque achei "melhor" contar (apesar de não ter nada que contar, que parvoíce), mas foi também para ele perceber que aqui a moça ainda se mete no mercado facilmente se quiser e, melhor, tem chocolate quente de graça!!! ;)



NÃO QUERO SABER SE JÁ LÁ FORAM E SE TODAS OUVIRAM DE UM TIPO CHAMADO RICARDO QUE SÃO MUITO BONITAS!! 

Agora sou mãe?

Não sei porque é que às vezes me sinto mal por sentir isto se, ao mesmo tempo, sinto que deve ser normal. 

Às vezes, quando a contemplo (especialmente quando está a mamar e está tudo mais calmo), a minha cabeça parece que apaga os dois últimos anos e deixa de fazer ponte entre a Joana antes de ser mãe e a que está ali, acabada de chegar do trabalho e a amamentar a filha. 

"Como é que isto me foi acontecer? Onde estou eu? Agora sou mãe? Está a correr bem?"

É como se fosse aquele choque de temperatura quando entramos de cabeça numa piscina, do nada. 

Todo o corpo congela, dizemos três asneiras para dentro (se abrirmos a boca, somos capazes de nos engasgar), mas depois sabe-nos muito bem e pensamos "estava com merdas para quê?". 

Dei um grande mergulho de cabeça nos últimos 3 anos. Casei-me quando nunca tinha pensado nisso, engravidei quando tinha passado os últimos anos a dizer que nunca na vida seria mãe e cá estamos a escrever um post num blogue de maternidade (não é "num" que este é do caraças). 

A Joana "antiga" está cá, sou a mesma. Acho que finalmente o pós parto está a acabar. Deixei de estar em modo de sobrevivência e de estar constantemente a pensar no que falta, no que posso melhorar, no "será que ela tem fome" e estou a voltar a mim aos poucos. Que "mim" é este, pergunto? Sou mãe da Irene e mais? A Joana antiga seria mãe de alguém? Ou é esta a Joana nova? 

Claro que não estou louca (acho que já não) e eu sou uma continuidade do que sempre fui, mas sinto mesmo que, aqui pelo meio, há um buraco, houve um vórtex. 

Lembro-me perfeitamente, porém, dos sonhos esquisitos que tive nos primeiros meses. O meu corpo e a minha cabeça a dizerem-me que agora tenho um bebé e que tenho de cuidar dele. Aceitei e desfruto, mas entrei agora numa nova fase. 

Quem é esta mulher que está adorar sentir-se outra mas, ao mesmo tempo, a mesma só que melhor? 

A Irene sujou-se toda a beber sumo. Achei melhor explicar que vocês reparam em tudo! 

Vocês também têm estes "choques de temperatura" ou no nosso próximo livro vamos ter que fazer um novo capítulo sobre o meu "fritanço"?