2.24.2016

Hacks de uma mãe despachada (#01)

Eu não sou a mãe mais despachada à face da terra, longe disso. Porém, com o tempo lá vamos arranjando uma maneira mais fácil (para nós) de fazer as coisas.

A Irene tem pele atópica e reage mal a toalhitas e a produtos para limpar o rabinho. Borrifei-me (literalmente) para tudo e agora uso só água. Até passei por uma fase em que pus um bocadinho de bicarbonato de sódio nessa água (só para contrabalançar o PH porque ela estava muito assada), mas água parece ser mesmo a melhor solução. 

Usamos, então, um borrifador que comprei na Tiger (1 euro) e as compressas de tecido não tecido mas de tecido que afinal não são de tecido porque não sei quê. É tipo este que está aqui em baixo mas um pouco mais giro, claro. 




Partilhem aqui como comentário os vossos hacks que nos próximos posts até posso divulgar as vossas ideias e os vossos hacks para passarmos todas a ter o trabalho mais facilitado ;)

Tive de disfarçar que estava a chorar.

Tive mesmo. Não queria mesmo que a Irene percebesse que a mãe estava a chorar porque iria entender mal a situação.

Estava a adormecê-la ontem, no registo dos miminhos que vos falei - tenho adorado (aqui) e, como queria ver se ela se começava a acalmar disse:

- A mãe está cansada, podes, por favor, tentar fazer ó-ó?

- A mãe está triste?

- Não, a mãe está sempre contente, sabes porquê?

- Porquê?

- Porque gosta muito muito de ti. 

Ela sorriu e abraçou-me com muita força ao mesmo tempo que fazia aquele barulho que fazemos quando apertamos alguém...

Tive de disfarçar, mas caíram-me lágrimas... ;) E sabem o melhor? Adormeceu. Virou-se de barriga para baixo, ainda mexeu um bocadinho as perninhas e isso, mas adormeceu.




Parece a gozar, mas não é...

Agora, o que é a gozar é que o diálogo tivesse sido exactamente assim. A versão verdadeira é esta:

- A mãe está cansada, podes, por favor, tentar fazer ó-ó?

- Tite, mamã!

- Não, a mãe está sempre contente, sabes porquê?

- Sim. 

- Porque gosta muito muito de ti. 

Ser mãe é estar apaixonada todos os dias.

Última semana na creche de sempre

Ui. Como vos explicar o quão pequenino o meu coração está?

Imaginem terem de deixar a vossa filha, tão bebé, com desconhecidos. Imaginem que a vossa filha conheceu estas pessoas com 5 meses e meio (aqui). Imaginem que, no meio de tantas inseguranças (normais de mãe) com leitinho, depois sopas, colo, sestas, amor, atenção, doenças, tudo corre bem. Que a vossa filha se habituou de uma forma fácil ao ambiente e às pessoas (aqui). Que tem uma amiguinha, a Laura, com umas bochechas maravilhosas e um sorriso lindo, que está com ela desde o início.


Nem precisa de legenda. Foi a 1 de setembro de 2014.

Imaginem que aquele bocado de coração que vos foi roubado no início, voltou a crescer e que se apercebem que a vossa filha gosta de lá estar, que é feliz, que foi bem tratada, estimulada, acarinhada. Que lhe deram muito colinho. E regras. E que por lá come sempre sopa (coisa que em casa é quando o rei faz anos...). Que sabe de cor o nome de todas as educadoras e auxiliares (chateia-me chamar-lhes auxiliares, por mim ficam todas educadoras!). Que não gosta muito quando a vamos buscar mais cedo. Que corre para a aula de música às terças feiras (mesmo que vá sempre atrasada, pais desnaturados!) e que em casa pede para lhe pôr as músicas da Vera (professora de música), que já sabe trautear. Que já consegue fazer um resumo do que fez no dia, que me conta se fez cocó ou xixi na sanita, toda orgulhosa.
Imaginem agora que este ano e meio foi bem melhor do que esperaram no início. Que tudo se fez, que a bebé se tornou numa criança traquinas (e que faz moche aos colegas...) mas também carinhosa, que dá beijinhos à Ana e à Guida e que adora a Lola e a Ana e a Fátima e "todaaaas", como ela diz. Sinto-a feliz ali. E vai acabar.

"Obrigada por me terem ajudado a crescer" é a frase que mais se vê por aí escrita nas lembranças que se oferece às educadoras.

Eu agradeço por terem ajudado a Isabel a crescer. Mas também por terem ajudado esta mãe e este pai a sentirem-se um bocadinho menos culpados, quando se atrasam a ir buscá-la, por saberem que ela está bem entregue. Por estarem lá, quando nós não estamos. Por terem sido a segunda casa dela, numa fase tão importante no seu desenvolvimento. Por terem passado mais horas com ela do que nós e por terem dado tanto de vós. Reconheço que o vosso trabalho é muito, mas muito cansativo e de uma enorme paciência e responsabilidade, mas tenho a certeza de que também compensador. Que se lembrem sempre do sorriso da Isabel, das caretas e disparates. Ela não se vai lembrar de vocês daqui a uns anos, mas eu farei questão de lhe contar que foi muito feliz aí.

Obrigada.