7.27.2015

Em contagem decrescente para as férias

Falta menos de uma semana e eu já estou que nem posso. Vamos ter duas semanas, muito aguardadas, de férias. Uma semana no campo, a norte de portugal, outra na praia, a sul. Mal posso esperar por ter tempo para os três, para fazer castelos na areia, pelo cheiro do creme espalhado na pele salgada, pelos sorrisos incontáveis de quem está feliz.
Tenho de começar a pensar nas roupas, na mercearia, ir buscar o chapéu de sol que emprestei, ir buscar a chave da casa emprestada no norte, pensar nos brinquedos, ir comprar o repelente, os protectores solares... quero ver se desta vez não deixo tudo para a última. E se não deixo a nossa mala em casa, já agora. Sou muito má nesta coisa de fazer as malas, acabo por levar muitas coisas desnecessárias e deixar em casa sempre uma coisa ou outra que teria dado muito jeito. É a vida. 

Está quase! Está quase! 

E vocês, já foram? Vão ou não vai dar? São todas organizadinhas com as malas ou são como eu e deixam tudo para a véspera? 


Coisas que vão, de certezinha:

Balde - Primark
Almofada Pingi ao Cubo
(tenho esperança de poder usá-la)
Fato de Banho Pulguinhas

As crianças não fazem birras!

Acabei de ler um artigo na nossa parceira Up To Kids sobre as crianças e sobre as birras, escrito por M.J.Silva

Saltou-me à vista, até por estar em bold a seguinte afirmação: 

As crianças são crianças. Onde é que, ao longo do caminho, nos esquecemos que fomos nós que as quisemos?

E isso fez-me lembrar de algo que ouvi muitas vezes dirigido a crianças: 

"És muito mal-educado(a)". 

Nem quando pais dizem isto se apercebem da sua responsabilidade.

É muito difícil pararmos padrões, parar o automatismo, quebrar com a nossa educação, revermos valores. É mesmo muito difícil. Mais ainda do que deixar de fumar ou que fazer dieta, mas talvez porque não tenhamos a certeza de que as coisas funcionem ou não acreditemos em nós. Se acreditarmos nos resultados e se os quisermos, conseguimos.  Conseguimos, claro. 

Temos é de largar um bocadinho o telemóvel. De passar mais tempo na sanita. De levarmos o nosso tempo a adormecer no escuro. Temos de ter tempo para pensar e vontade. Às vezes o tempo que demoramos a adormecê-los podia ser usado para isso. Eu uso para isso e para ver se me lembro de posts para o blogue.

Eu quero muito educar a minha filha de uma maneira diferente da qual eu fui educada. Sempre o disse. Desde pequena. Sinto que sei o que não quero fazer com ela, mas que preciso de criatividade e de tempo (e, vá, admito, de estudar um bocadinho para ter ideias) para conseguir sair dos padrões que me estão na cabeça. Quero mesmo criar uma base saudável para a Irene, para ela sentir amor-próprio e ser autónoma ao ponto de tomar boas decisões para si, mas também, confesso, quero muito ter uma relação próxima e de amor com ela. 

Não quero uma relação de conflitos. Quero uma relação de respeito mútuo. Sou mãe, sou quem tem a autoridade, mas isso não faz com que tenha de a impôr com um chinelo na mão. Um bom chefe é aquele que tem os seus a seguirem-no, sem provocar o medo, sem ser agressivo... Tudo o resto são artimanhas de quem não merece "o poder". Violência, a meu ver, é resultado de uma má gestão emocional, incapacidade comunicativa, cansaço e falta de respeito. 

Para mim, "agora que penso nisso", as crianças são pessoas pequenas. Não é por serem pequenas que merecem menos respeito. Não é por não saberem falar tão bem quanto nós julgamos saber falar que não merecem que as escutemos ou que tentemos que elas compreendam as coisas. Elas têm de compreender as coisas. Elas são racionais. 

Como disse o pediatra duma amiga minha (sim, Margarida ;)), eles agora estão numa fase em que eles "compreendem tudo" o que se passa e nós não sabemos nada do que se passa com eles. 

Fomos nós que as quisemos. As crianças. São pessoas, não são projectos. Não são um acessório. Não são só companhia. Não são só um cartão de visita para num novo grupo na nossa sociedade. Não são um ponto obrigatório na nossa maturidade, na nossa identidade. 

Ter uma criança implica saber que tal exige dedicação. Muita. Muita além daquela que somos capazes de ter. São extra-miles atrás de extra-miles. É continuar o treino, mesmo depois dos alongamentos, se for preciso. 

As crianças não fazem "birras". 

Nós fazemos.

Estamos numa posição muito difícil, muitos de nós. Fomos educados de uma maneira que nos silencia a nossa própria voz interior. Que a torna mais pequena. Sabemos o que não queremos para os nossos filhos, mas ainda não sabemos o que queremos. 

Temos de descobrir. Com paciência. Com amor. 

Oiçamos, sem medos, o que achamos que está bem e não o que "deveria ser feito". 

a Mãe é que sabe. 

7.26.2015

És feia, Isabel

(Para leres quando fores crescida)

Filha, vão dizer-te que és feia. Vai haver sempre alguém que o acha. Até aí tudo normal, o bonito é subjectivo, e pouco importante, vais perceber, porque vais ser inteligente, vejo aqui na minha bola de cristal. Mas vai haver quem acha que deve verbalizá-lo, para tentar atingir-te, magoar-te. Já mo disseram também, na escola e em adulta. Há pessoas que ficam contentes com a tristeza dos outros e que se alimentam disso. Tu não. Tu não vais ser assim. Sabes porquê? Porque tens amor e sempre terás. Porque vais perceber que não se pode perder tempo com o ódio, quando o amor nos traz amor e colhes o que semeias. Porque vais ter um coração grande e meigo, capaz de dar.

Filha, quando tinhas um ano, disseram-me que todas as crianças eram amorosas e que para os pais todas as crianças eram lindas, mas tu eras feiosa. Que tinhas um nariz abatatado, como a tua mãe, credo. Usaram a expressão credo. Primeiro dei uma gargalhada, porque eu adoro o teu nariz, é que adoro mesmo. Das coisas mais fofas que tu tens, além dos olhos grandes e pestanudos, expressivos e doces. Além do sorriso enorme e desses dentinhos de coelho e da boca pequenina, com os lábios fininhos em que revejo o teu pai. As sobrancelhas, quase unidas, como eu tinha, e para as quais inventaram uma solução, imagina, filha, chamada cera depilatória! Tens orelhas de abanico, sobre as quais já falei aqui. Olho para ti e não vejo sobrancelhas nem orelhas, vejo-te, uma pessoa, linda, linda.
Depois da gargalhada, as minhas garras afiaram-se e fiquei de pêlo eriçado. A leoa que há em mim, que te quer proteger de tudo e de todos, rugiu. Preocupei-me com o mundo em que vais viver. Preocupei-me com os momentos em que eu não possa estar lá para te proteger. Preocupei-me que seja difícil demais para ti lidar com pessoas com tanta falta de amor-próprio que tentam fazer os outros menos felizes, de forma totalmente gratuita, para se sentirem melhores com elas próprias. Eles não sabem o que fazem, Isabel. Eles não são felizes e não lidam bem com a felicidade dos outros, amor. Tens de ser forte e confiante e não deixo que guardes rancor nesse coração bom. Essa menina que é a líder na tua escola e que decidiu dizer-te coisas feias, amor, ela está muito enganada. Foi provavelmente educada por aquela adulta, que há muitos anos atrás, escreveu coisas feias no blogue que a tua mãe tinha. Mas a tua colega ainda é nova, ainda tem hipótese de crescer e de mudar. Pode ser que conheça pessoas boas, íntegras, e que se deixe contagiar por elas. Pode ser que tenha sorte na vida e que aprenda que a beleza física não é o nosso principal bem. É o menos importante de todos.

A mãe dela já não vai a tempo. Quando perceber que perdeu a vida dela a tentar puxar os outros para baixo, sem sucesso, em vez de fazer algo por ela... quando perceber que, em vez de educar a tua colega com amor, compaixão e respeito, a educou para o fútil... já vai ser tarde. A vida já passou. E ela colheu o que plantou.

Hoje, a matar saudades do tio Frederico <3