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3.25.2015

Força, suas leiteiras (#03)

... vamos a isto?

A missão de informar mamãs que optem por amamentar é complicada, mas nem A Mãe é que sabe nem a CAM Patrícia Paiva nos importamos com isso!

Aqui está o preambulo da entrevista que começou neste e que, depois, seguiu para este e agora cá estamos:
Estarmos informadas sobre a amamentação serve para podermos ser uma fonte de apoio para as mães que optem por amamentar e que possam passar por algumas dificuldades (nem sempre há problemas).

É também muito importante para não sermos repetidoras de informação incorrecta, porque tal pode ser o factor decisivo para a desistência de algumas mães.

A OMS recomenda o aleitamento materno em exclusivo até aos 6 meses. Além de estarem provados os benefícios da amamentação prolongada (com desmame natural), a OMS também sugere a amamentação até, pelos menos, os dois anos de idade.

A questão é: serão as possíveis dificuldades na amamentação que provocam tantas desistências ou será a falta de informação?

Para tentar ser mais produtiva neste assunto e com a ajuda de uma amiga (Patrícia Paiva, co-fundadora do projecto Mamar ao Peito cujo site está cheio de informação útil):

21 - Onde é que as mães podem encontrar CAMs?

Felizmente hoje em dia já há CAMs espalhadas por todo o país. E para encontrar uma é apenas necessário fazer uma pesquisa na internet. Existem vários sites com o contacto de CAMs, divididos por localidades, ou até mesmo no facebook temos grupos de apoio onde se podem encontrar esses mesmos contactos. Em alguns centros de saúde, normalmente aqueles que têm cantinho de amamentação, também há CAMs disponíveis para ajudar.

22 - Por que é que as mulheres que defendem a amamentação são sempre chamadas de fundamentalistas?

Acho que a maternidade em geral é algo que mexe muito com as mulheres e as mulheres que amamentam e que gostam muito de o fazer, querem passar a mensagem, para que outras mães descubram o quanto pode ser fantástico. Por isso podemos ser mal entendidas pela forma fervorosa como falamos do assunto, mas eu penso que não seja por mal, eu própria por vezes entusiasmo-me a falar de amamentação, porque foi algo que realmente despertou uma grande paixão em mim, mas umas das coisas que aprendemos no curso de CAM é a moderar a forma como falamos e a escutar as mães, e é isso que tento sempre fazer, algumas vezes com mais sucesso que outras.

Além disso, muitas mães acham que somos radicalmente contra determinadas coisas, como a introdução de chuchas, do suplemento ou alimentação complementar, amamentação com horários… 

A questão é que estas são coisas que podem realmente influenciar o decurso da amamentação, e algo como um simples biberão de leite antes do bebé dormir pode levar a um desmame precoce, mas não obrigamos ninguém a seguir as nossas recomendações e tentamos adoptar os nossos conselhos à realidade familiar de cada mãe.

23 - Será que, algum dia, a amamentação voltará a ser a norma?

Eu espero que sim, porque é realmente algo muito importante para os bebés e para a saúde em geral. Mas para isso é preciso que esta seja novamente normalizada, que se vejam cada vez mais bebés a mamar, quer seja no café da esquina, na televisão ou nas revistas. Porque vemos tantas vezes bebés com chucha e biberão, e desde muito pequenas essa é a imagem que nos é passada,  e infelizmente passamos a achar que isso é que é o normal. Mesmo os anúncios aos leites artificiais começam com o bebé a mamar, e depois aparece com um biberão a beber outro leite, e isso passa a mensagem de que é algo natural, que tem de acontecer obrigatoriamente a um determinado momento do seu crescimento. Mas essa não é a verdade,  há crianças que nunca beberam leite artificial, que mamaram até à altura do seu desmame fisiológico e a partir daí passaram a beber o leite da família ou nenhum.

24 - Quais são as principais dificuldades da amamentação? 

Penso que os primeiros meses serão os mais complicados, é uma adaptação muito grande e um momento de aprendizagem quer para a mãe, quer para o bebé. A adaptação à mama, a interpretação dos choros, os medos inerentes à chegada do bebé… Além disso, há as dificuldades que podem surgir, que acontecem a algumas mães, como as gretas, os ingurgitamentos ou as mastites, entre outras. Acho que todas as mulheres deviam sair do hospital com informação correcta sobre amamentação, a saber fazer uma massagem manual, e o contacto de uma CAM, caso seja necessário. 

O ideal seria que houvesse grupos de apoio, que podem ajudar muito ainda na gravidez, apenas mostrando como os bebés mamam, visto que é algo que muitas grávidas nunca viram, e explicando o que é natural e o que pode ser sinal de alerta. Antigamente essas informações passavam de mãe para filha, hoje em dia perdeu-se um pouco a sabedoria da amamentação e mesmo as avós que amamentaram dão informações erradas, baseadas em preconceitos, ou influenciadas pela publicidade que é feita aos biberões e aos leites artificiais.

Passada esta fase inicial, há os picos de crescimento, onde costumam haver desmames por falta de confiança na qualidade ou quantidade do leite, mas são apenas alturas em que o bebé precisa de mais leite e por isso pede mais vezes.

A partir daí, se a mãe conseguir ignorar os incentivos ao desmame, que podem vir de várias pessoas, quer seja da família, amigos, ou de profissionais de saúde, é só acrescentar dias, meses e anos ao decurso da amamentação.

25 - A falta de confiança própria das mulheres é um grande obstáculo. Grande parte do papel das CAM é de apoio psicológico, certo? 

Infelizmente, sim. Hoje em dia mais facilmente acreditamos em coisas artificiais do que naturais, as mulheres não vêm o leite que é produzido e não conseguem confiar no seu corpo e nos seus bebés. Temos muitos acessórios à venda para amamentação, desde suplementos para aumentar a produção, até bombas para extracção, quando o que é realmente necessário é apenas uma mama e um bebé, alguma calma e privacidade nos primeiros tempos, para que mãe e bebé consigam entrar em sintonia e aprender um com o outro. É claro que há situações em que apenas a confiança não chega, em que pode realmente ser necessária alguma ajuda especializada, mas não em tantos casos como os que aparecem. 

O ideal seria que o apoio viesse das próprias mulheres, das mães, da família, mas muitas vezes esses são os primeiros a minar a confiança da mãe, com conselhos errados, ou apenas com comentários inconvenientes. Mesmo as avós que amamentaram, têm alguma dificuldade em apoiar a mãe que quer amamentar, porque são minadas por imagens de bebés a biberão, e basta o bebé chorar uma vez para dizer “Se calhar está com fome!”, e aí começa a insegurança da mãe…

26 - O que podemos fazer, enquanto mulheres, para ajudar as outras mães?

Eu acho que as mulheres deveriam juntar-se mais, criar grupos de apoio, não apenas nas redes sociais, mas também nas suas localidades. Os primeiros meses com um bebé podem ser muito complicados, e estar com outras mães que têm bebés e que podem falar um pouco da sua experiência, pode ser o suficiente para que as coisas corram melhor. Há mulheres que nunca viram um bebé a mamar, por isso acho importante que essa imagem seja cada vez mais normalizada, por isso amamentar quando o bebé pede, mesmo que seja em público é uma forma de mostrar a outras mulheres, possíveis mamãs, que é possível amamentar, de uma forma natural, sem dores.

27 - Por que é que é tão difícil aceitar, a nível social, a amamentação prolongada?

Acho que é por falta de conhecimento, a maioria das crianças que mama até mais tarde, não o faz a toda a hora nem em qualquer lugar, sendo que as mamadas normalmente ocorrem em casa, longe dos olhares de outras pessoas. Por isso quando se fala no assunto ou quando uma criança pede para mamar, as pessoas estranham, acham que não é normal. Mas do conhecimento que eu tenho é mais comum do que se pensa, simplesmente é um tema tabu, do qual não se fala nem se vê. E quando se fala, na televisão por exemplo, normalmente é para criticar ou para fazer comédia, o que piora um pouco a ideia que se tem da amamentação prolongada.

28 - Por que é que há mulheres que dizem orgulhar-se de não ter dado de mamar?

Não faço ideia, até porque não conheço nenhuma, já li alguns posts em blogs sobre o assunto, e a maioria das mulheres que decide não amamentar, ou que critica as mulheres que o fazem, tem uma ideia errada da amamentação.

29 - Há algum leite, para o bebé, que seja minimamente aproximado ao ponto de não interessar se tanto é materno ou não?

Não, é impossível criarem um leite que seja equivalente ao leite materno, até porque o leite materno adapta-se ao bebé que está a bebê-lo e à sua fase de crescimento. O leite materno tem componentes vivos, que se alteram conforme a duração da amamentação e isso é algo que não se pode imitar. Como diz o Dr. Carlos Gonzalez, o leite artificial está em constante investigação exactamente porque está longe de ser perfeito para os bebés, não se tem conhecimento de que nenhuma marca tenha encerrado os seus laboratórios por já terem descoberto a fórmula necessária para os bebés, ao contrário do leite materno.

30 - Os bebés que estão à mama, têm mais cólicas?

O leite materno é o alimento ideal e adaptado ao bebé, tem componentes que ajudam na digestão, e a mama não liberta ar, ao contrário do biberão, portanto faz sentido que este ajude na digestão e não o contrário. No entanto, as cólicas é o nome que se dá ao choro e agitação do bebé, e não há uma explicação científica comprovada que define o seu motivo. Quando a mãe indica que o bebé tem cólica, tento perceber o motivo que a leva a pensar isso, porque o bebé pode apenas precisar de mais contacto, mais mama, mais colo e a mãe entender como cólicas e não responder a esses pedidos do bebé. Em alguma situações, em que percebo que efectivamente o bebé está realmente com dificuldades na digestão, sugiro alguma massagens, andar com o bebé em posição fetal, preferencialmente com a ajuda de um porta-bebés ergonómico, e tento acalmar a mãe, o que por vezes é suficiente para acalmar o bebé. Outra situação que pode ocorrer, é que o bebé não tolere bem algo que a mãe coma e, apesar dos alimentos não influenciarem muito a composição do leite materno, algumas intolerâncias podem influencia a forma como o bebé digere o leite, sendo que a mais comum é a intolerância ao leite de vaca, mas normalmente estas intolerâncias têm mais sintomas associados além do choro.


Ainda haverá parte 4 ;)

3.22.2015

Mães que tudo sabem (#06) - Joana Gama

Chega agora aquele momento de pingue-pongue totalmente inesperado. Ela entrevistou-me, eu entrevisto-a. Nem sei como é que ela deixou passar tanto tempo desde a entrevista que me fez, sem reclamar "então e a minha entrevista?". Ela adora falar dela e eu adoro ouvi-la. Já lhe dediquei um texto mariquinhas, mas agora quero que percebam melhor (se não perceberam ainda) quem é esta mãe. Que sabe tudo, claro, ui, esta então não a contradigam, que está o caldo entornado. Hehe

01- Quando te sentiste mãe pela primeira vez?

É difícil. Senti-me muito Mãe durante a gravidez, por muito "estúpido" que possa parecer. Depois do parto, como contei, não senti nada. Não me senti nem Mãe, nem Joana, nem ninguém. Quando viemos para casa e os sogros pararam de trazer coisas (achamos brilhante a ideia de mudar de casa quando a Irene nascesse) e tudo assentou, o silêncio trouxe-me o coração de volta. Comecei a amar. Devagarinho, mas sempre a aumentar. Ainda hoje. Quando se pensa que já não dá para mais... é como dizes num post: "coração de mãe é elástico". 

02 - Mas nunca tinhas brincado com bonecas (não estou a falar das insufláveis)?

Tinha, claro. Lembro-me de ter Nenucos que faziam xixi, Barbies às quais cortava o cabelo, Barriguitas, etc. Aconteceu algo entretanto na minha vida que fez com que eu visse a maternidade como algo demasiado maior que eu. Que eu não conseguiria estar à altura de tarefa tão importante. Tinha decidido ignorar o propósito do meu útero para sempre até me apaixonar pelo meu Frederico que me faz sentir gigante (no bom sentido). 

03 - No que é que sentes que já superaste todas as expectativas?

Ser Mãe tem sido uma aprendizagem de fora para dentro e de dentro para fora. Aprendo mais sobre mim ao cuidar dela e aprendo muito sobre ela, olhando para mim. Superei as minhas expectativas porque, afinal, sou capaz de amar tanto quanto uma mãe ama. Tenho em mim o material necessário para ser uma mãe do caraças e tenho tomado todas as decisões nesse sentido. Tudo o que gostaria que, um dia, a Irene soubesse da Mãe, é o que eu estou a fazer. Quero que ela se sinta amada agora e quando se recordar, mais tarde, da sua infância.


04 - O que é mais difícil nisto da maternidade?

Maturidade. Auto-controlo. Relativização. Capacidade de respirar. A luta contra a privação de sono. Não endoidecer. Ter vontade de brincar quando temos o corpo cheio de dores e morto por dentro, de cansaço. Deixamos de nos alimentar de hidratos de carbono e de "energia" para vivermos do coração.

05 - Se pudesses mudar alguma coisa em ti como mãe, o que mudarias?

As mamas.
Vá: mudaria a minha ansiedade. Não gostava que a Irene crescesse a achar que a forma urgente que a mãe tem de sentir tudo fosse normal. Gostava que ela fosse livre e que nada a prendesse de sonhar e de alcançar. 

06 - Queres ter mais filhos, mas primeiro queres degustar e engolir a Irene todinha, com tempo?

Sim. Por mim, passaria a vida a parir. Quero muito dar mais seres fenomenais como a Irene ao mundo. E hei de dar. Calma, entidade patronal! Fui filha única durante 10 anos e adorei a experiência de me sentir mãe do meu irmão. Quero que a Irene receba o máximo de amor dos pais, que não encontre uma mãe cansada de acordar 20 vezes por noite por causa do irmão mais novo e, portanto, sem vontade para ir ao Jardim Zoológico com ela. Quero brincar com ela. Quero ser amiga dela e ter tempo, vontade.


07  - A Irene é mais bonita do que imaginaste? 

Nem tinha imaginado nada, acreditas? Não sou como tu, dócil e visual entrevistadora. Mas sim, qualquer coisa que eu pudesse imaginar estaria longe disto. E sei que não é por amor de Mãe. Ela é mesmo muito bonita mas, mais importante que isso (e não estou a ser só politicamente correcta), é muito palhaça, o que me enche de orgulho.

08 - És capaz de devorar agora um pacote de bolachas ou porcarias várias. Quando a Irene quiser, o que vais fazer? Esconder-te na cozinha a comer?

Ainda não pensei nisso. Não creio que o peso da Irene vá ser minha preocupação a não ser num caso extremo. Irá sempre ser incentivada a praticar desporto e a ter uma alimentação saudável. Não acho produtivo não deixar que eles (nós) matem determinados apetites e fazer desses snacks o "fruto proibido". Quer comer? Come. A vida também tem de ser gozada com esses faux-pas. Há quem fume, há quem coma bolachas. No dia a seguir tem natação, não faz mal. :)


 09 - Quando a Irene for para o jardim de infância, vais chorar durante quantos dias?

Por ser ansiosa (depois pago-te a consulta), tenho o dom do sofrimento por antecipação. Quando a Irene for para o infantário será igual a quando fui trabalhar depois da licença de maternidade: não gostei, fez-me confusão, mas lidei com isso. A  minha decisão de vir para casa durante um ano foi racional, graças a ter andado a pensar no que iria sofrer durante três meses, todos os dias, antes de regressar à rádio. Não me matei, mas sim, vim para casa. 

10 - Tu não és muito de sair de casa. Tens feito um esforço enorme para que a tua filha não esteja num Big Brother ou até já te sabe bem fazer programas com ela fora do casulo?

Eu moldar-me-ei a ela. No início fiz um esforço enorme para sair com ela de casa. Ainda para mais não tive o andamento de muitas mães porque a nossa pediatra recomendou não sairmos de casa para sítios públicos durante os primeiros três meses (por causa das vacinas) e, portanto, pouco saiu a Irene. Os problemas de amamentação que houve também não me deixavam confortável com saídas. Ter episódios de recusa de mama em que ela chorava, gritava e esperneava (e eu também), faziam com que não fossemos uma família portátil a não ser na hora imediatamente a seguir à mamada. Sair com contador não é agradável. Ainda para mais, para mim.

Saio com ela sempre que ela está em condições para sair. Mesmo que não me apeteça. Se estiver dormida e comida temos de ir passear. Não me perdoaria se não fosse.


11 - A mãe é que sabe?

Sinto que a Mãe é quem tem mais interesse em tudo saber. E, portanto, em princípio será a mais informada além da que mais tem o coração na boca. Não desfazendo o pai que tem o papel de equilibrar tudo isto, claro.

12 - Vives bem com o facto de eu ser muita mais linda? (Ahahah esta foi a gozar, obviamente)

Vivo muito bem com o facto de achares que és muito linda. Gosto de humor. 



3.21.2015

Afinal Havia Outra (#15) - O cheiro dos bebés

Quando estamos grávidas e começamos a falar do assunto com outras mães há um assunto que vem sempre à baila: o cheiro dos bebés.
Todas, sem excepção, deliram com o cheiro dos bebés recém-nascidos ou mesmo dos bebés em geral. Todas falam do cheiro suave e quente da pele de bebé, do bafo leitoso que se sente quando se encosta o nariz junto à boca deles, do aroma adocicado nos refegos das pernas ou na curva especial do pescoço. E quando se pega num bebé que acabou de tomar banho? Ui, então aí o mulherio derrete-se em suspiros e até sente fraqueza nas pernas. Sim, o cheiro dos bebés é bestial e devia vender-se em frasquinhos para podermos snifar sempre que nos apetecesse... 

Isto se os bebés de que estamos a falar não forem os meus bebés.

Como saberão o cocó dos bebés recém-nascidos não tem propriamente cheiro e as quantidades de xixi são tão pequenas que ainda permitem que o dito fique devidamente retido nas fraldas. A crosta láctea nestas minhas criaturas é inexistente por isso também não temos cheiro vindo daí. A roupa deles cheira sempre bem, obrigada amaciador, e a chucha é pouco usada por isso também não acumula cheiros. Ainda não usam aqueles bonecos dos quais nunca se separam e que são como um terceiro braço, por isso também não levamos com o cheiro estagnado de um peluche que já foi fofinho e novo e agora é encardido e amorfo. Do que é que eu estou a falar, então?

Do cheiro a bolçado.
Esse cheiro meio azedo, meio fresco, que os meus filhos teimam em manter durante o(s) primeiro(s) mese(s). Os gaiatos mamam muito bem, aliás, nasceram ensinados e sempre correu tudo bem no que toca à amamentação, no sentido lato de alimentação e garantia de sobrevivência de um ser vivo minúsculo. Estou muito grata por isso. O que me aborrece, não, é mais forte que um aborrecimento, o que me chateia mesmo, que me lixa o juízo e me consome os neurónios é a reacção automática que eles têm assim que são colocados a arrotar após a mamada e que é deitar cá para fora todo o leite que estiveram a sacar da mãe.

Vá, eu sei que não é toooodo o leite, até porque se assim fosse não cresciam a olhos vistos e também sei que é normal isto acontecer dada a imaturidade da válvula que regula a entrada do estômago, a cárdia, e que impede que a comida volte para a boca. Também sei que uma pequena colher de café cheia e derramada numa toalha faz estragos, sim, já fiz este teste recomendado pelos pediatras para perceber que a quantidade de leite bolçada pode ser uma ilusão de óptica. E antes que perguntem, sim, já verifiquei que a pega e a posição de amamentar estão correctas e dormem numa cama inclinada. 
Não sei porque é que isto acontece, sei que vai melhorando com os dias, vá, com as semanas e meses, mas que fico com nervos fico. É roupa molhada, é babete ensopado, é mais uma fralda para lavar e é, muitas vezes, um fio de leite a escorrer pelo meu peito até à barriga. O que é sempre agradável, principalmente no inverno! Quem te manda ter filhos no inverno, pá? 

Eu até gosto de natas azedas e de queijo fresco (que é como o pai chama ao bolçado mais denso que às vezes aparece), mas prefiro tê-los no meu prato e não na minha roupa! E gostava muito de poder cheirar os meus filhos à vontade, com aquele ar enamorado e derretido, sempre que me apetecesse, sem me deparar com um pijama húmido ou um babete cheio de manchas amarelas. 

Os putos até são fixes, dormem bem, comem bem e são calminhos, mas podiam ter esta cena controlada para a mãe puder sacar-lhes o cheirinho bom a toda a hora e o pai, que nem gosta de queijo, gostar de os pegar ao colo.

Joana David e Silva
mãe do João, de dois anos, e do Francisco, de três meses

3.14.2015

Afinal Havia outra (#14) - Nunca mais fui a mesma.

É muito estranho dizer que engravidei às 23 horas do dia 23 de Outubro de 2012. Mas foi. E no dia 5 de Novembro senti com toda a certeza que estava grávida. Toda eu era fogo-de-artifício, arco-íris e haagen-dazs de felicidade.

E depois caiu-me a ficha. Ai Virgem Santa, e agora? Não que achasse que não dava conta do recado, mas porque queria dar conta da melhor forma possível. E antes que as hormonas do sétimo círculo do Inferno se apoderassem, decidi fazer as coisas como sei: em grande.

E assim começou.

Primeiro foram os livros sobre a gravidez, daqueles com fotos de grávidas giras com ar de quem só engoliu a criança e não em modo “os meus pés só cabem em havaianas e mesmo assim…”.

Depois foram os livros da moda como o do Dr. Oz, que me dizia para comer semente de linhaça quando me apetecesse um chocolate. Foi exatamente isso que fiz. Quando comia um snickers, imaginava um campo de linhaças ao vento.

E segui com os livros técnicos de desenvolvimento psicológico, psico-motor e comportamental das crianças, com nomes esdrúxulos e impercetíveis. E com um dicionário ao lado.

E, claro, o Brazelton e o Cordeiro, que passaram a ser meus companheiros de cama e sofá. (Até hoje juro que o meu marido tinha ciúmes!)

Preparações para o parto foram logo três. Assim de enfiada! Uma de ioga, para ela ter as energias equilibradas e porque me dava a desculpa perfeita para usar as únicas calças que me serviam. Uma aquática, não fosse a “piquena” ser meia peixe. E ainda uma teórica, onde me sentava na fila da frente, a apontar tudo com esmero e com sublinhados às cores. Sim, mesmo à totó!

E mesmo sendo naba nabíssima com as tecnologias, inscrevi-me no BabyCenter - coisa maravilhosa que ainda hoje tanto jeito me dá -, em blogs, em grupos de facebook e tudo o mais mamã-internético;

Ele foi tudo e mais alguma coisa. Papei tudo.

E quando a Maria do Carmo nasceu, a 24 de Julho de 2013, estava de facto calma e preparada. Preparada para a amamentação, para o mecónio, para as alterações hormonais e para todas as outras três mil coisas que acontecem com a maternidade.

Só não estava preparada para uma coisa: nunca mais ser a mesma pessoa.

Nunca mais ser o centro do meu mundo.

Nunca mais ser a pessoa que mais amo (imensamente egocêntrica, eu sei).

Nunca mais conseguir ver um telejornal sem chorar pelo menos 3 vezes.

Nunca mais conseguir ver qualquer reportagem sobre fome, maus-tratos ou negligência infantis. Não consigo simplesmente.

Nunca mais passar por uma criança sem lhe sorrir, meter conversa, perguntar a idade e o nome e todas as outras coisas absurdas que via os outros fazerem. Mas (ainda) não cheguei ao bilu bilu.

Nunca mais ver filmes parvos como o “Pai da Noiva” sem carpir este mundo e o outro.

Nunca mais acordar de mau humor, porque acordo com um doce “mamã” que já me faz ganhar o dia.

Nunca mais ter a mala maior quando vamos de fim de semana.

Nunca mais passar horas a preocupar-me com a nova coleção, com as tendências e com os coordenados. Pelo menos não em ponto grande…

Nunca mais ter um péssimo dia que um abraço tão pequeno não cure.

Nunca mais não ser mãe.

Felizmente.


Filipa Caroto Escórcio, mãe da Maria do Carmo, de 18 meses
Mãe Patinha

a Mãe sugere (#04) - Plasticina Caseira

Não sei se se lembram mas há uns tempos fui com a Irene a uma actividade de tintas comestíveis (aqui). Deu-me imensa vontade de começar a fazer estas coisas em casa, até porque acho parvo pagar tanto dinheiro por uma coisa que até eu consigo fazer. 

Pesquisei por plasticina caseira no Google e fui dar a um site do caraças! Não conhecia e além de ser muito giro (acho que todas vemos isso primeiro), parece-me ser óptimo! Está aqui a receita e o site. 

Tinha pedido à minha querida sogra, no dia anterior, para me trazer os corantes mas, sinceramente, acho que para primeiras experiências, eles estão a borrifar-se se a "massa" tem cores ou não. 

É tão giro vê-los a experimentarem uma textura nova. No caso da Irene arrepia-se toda enquanto faz cara de nojo. :) 

Não tinha também um dos ingredientes, aquele esquisito que só se compra em farmácias, mas também não me pareceu fazer muita falta. 

O único inconveniente é que, seguindo esta receita, é preciso por muito sal e assim não fico confortável que a Irene a coma... Que, claro, foi logo das primeiras coisas a fazer...








Vão experimentar?

3.13.2015

A mãe dá (#14) - Laços e touca Little i

Já repararam certamente que cabelo é coisa que não falta às nossas filhas. A Isabel já tem cabelo até à ponta do nariz e a Irene tem uma juba indomável que já é imagem de marca. A Isabel não dispensa laços para conseguir ver alguma coisa - e porque a mãe dela é muito vaidosa - e a Irene não dispensa laços para compensar as calças de fato de treino que a mãe lhe veste. Não aqui, que o momento era solene:

Foto José Sérgio/SOL
Na entrevista à revista do semanário SOL, os laços das miúdas não passaram despercebidos, até porque ocupavam dois terços da fotografia. Pronto, era essa a ideia. Ou é ou não é.
Ora, para mães viciadas em laços como nós, que gostamos que fiquem a fazer pendant (ou pandan ou como queiram) com a roupa, nada como a Little i que tem uma paleta de cores que alguém-me-acuda-quero-todos!








Do azul bebé ao rosa salmão, do rosa velho ao bordeaux... preparem-se para escolher 5 LAÇOS, porque a Mãe dá!




E como a Mãe é generosa, além dos lacinhos, no cabaz entra também uma touca daquelas mesmo à betinha como a Isabel é obrigada a usar. E fica de se comer! (Parecia mesmo uma beta agora a falar, não é?)




Para participar é preciso:
1) Fazer like na página Little i
2) Fazer like na página a Mãe é que sabe
3) Partilhar publicamente este link no vosso perfil do Facebook
4) Preencher o formulário em baixo

Condições:
O vencedor será anunciado no dia 20 de março de 2015, sendo aceites inscrições até às 23h59 de dia 19 do mesmo mês.
O vencedor será escolhido aleatoriamente através de random.org.
Só é válida uma participação por endereço de e-mail.

Boa sorte!

3.09.2015

Afinal Havia Outra (#13) - Desculpem lá o desabafo!

Vou entrando assim, no vosso dia, sem pedir licença nem nada, mas preciso de desabafar. As últimas semanas da minha vida têm sido caóticas. As “Joanas que sabem” estão à espera de um texto meu e eu nem sei o que escrever, porque não tenho tempo sequer para pensar.

A minha filha de dois anos teve varicela. Dez dias em casa da avó, pomadas para aqui, mais xaropes para ali, ir buscar uma à avó, a outra à creche, chegar a casa, dar banho com farinha Maizena – sim, ajuda a secar as borbulhas e é ótimo - dar jantar, deitar as miúdas e adormecer toda torta com elas, vestida e tudo e perceber que são quatro da manhã e a televisão lá em baixo ainda está ligada.

A varicela vai-se, vem uma infeção urinária, antibiótico e a miúda lá fica boa e regressa à creche. Eis senão quando aparecem as primeiras borbulhas na mais velha. Deixar uma na creche, outra na avó e por aí em diante - que eu preciso de desabafar mas escuso de estar a repetir-me porque vocês não têm culpa nenhuma. Eu cheia de trabalho, o pai cheio de trabalho e é ver um e o outro a adormecer em qualquer lado – tipo zombies – ao mesmo tempo que a roupa para lavar quase chega ao teto da casa de banho e a loiça nem sempre chega à máquina.

Depois de tudo isto - e livres da varicela - a mais velha fica com gripe, com direito a uma ida para as urgências a meio da noite e tudo. “Devíamos marcar um fim-de-semana em qualquer lado”, diz ele. Mas como, se as avós também estão as duas doentes? (Ainda não vos tinha contado estar parte, pois não?) Pois. E fica assim a possibilidade de ir substituída pela vontade de ir. Parecendo que não, sempre fica o coração mais quentinho por sabermos que ambos queríamos muito ir. Só que não dá.

Para ser sincera, acho que esta canseira toda já vem de muito antes das varicelas. Acho mesmo que a última vez que descansei a sério foi no dia de Natal. De lá para cá foram semanas desenfreadas atrás de semanas desenfreadas. Combinações de almoços com as amigas adiados, baldas a jantares de aniversário, duas peças de teatro que queria muito ter visto e não vi, já para não falar dos filmes que entram e saem do cinema e eu nada! Pela primeira vez na minha vida, não vi um único filme nomeado para os Óscares...  

E, de repente, esta semana lá se arranjou quem ficasse com elas e fomos jantar fora no dia do 16º aniversário de namoro. Vesti uma camisa preta que já não saía do armário há séculos e pus um risquinho nos olhos para “disfarçar”. Quando íamos a sair de casa até julgo ter sentido borboletas na barriga e não sei se era por estar a sair com o namorado ou simplesmente por estar a sair. O que eu sei é que foi tão bom conversar como dantes, com tempo para acabar todas as frases sem interrupções. Recordar os primeiros tempos de namoro – chiça, foi há tanto tempo, caraças! E renovar vontades: “Catarina, temos mesmo de ir os dois de fim-de-semana um dia destes senão caímos para o lado”. E aí, nesse pequeno oásis num deserto de cansaço e de tarefas para cumprir, percebemos que, mesmo cansados e muitas vezes desencontrados dentro de quatro paredes, estamos na mesma. E “na mesma” não é mau, é bom. É muito bom. Acho mesmo que era isto que o Kundera queria dizer quando definiu a felicidade como “o desejo de repetição”.

E pronto, agora que já desabafei, saio de fininho para ver se me lembro de alguma coisa para o texto que tenho de entregar...

Catarina Raminhos, mãe da Maria Rita e da Maria Inês

3.05.2015

Afinal Havia Outra (#12) - Quando o final não é o esperado.

Após um início conturbado, a minha gravidez foi decorrendo normalmente. Às 19 semanas uma indisposição e algumas dores na zona dos rins levaram-me à urgência. Análises, exames, ecografias… e as palavras mágicas: está tudo bem com o bebé, é uma criança saudável e as dores significam que a mãe tem que abrandar o ritmo. Saí do hospital naquele dia levíssima… tive a certeza naquele dia que ia ser mãe de um menino, estava tudo bem com o bebé e prometi a mim mesma que teria mais calma. Isto passou-se num domingo, e na sexta-feira seguinte tinha marcado a ecografia morfológica no Centro de Entrecampos. Desta vez nem ia nervosa, pelo contrário, ia extremamente confiante…

Mais ou menos 40 minutos depois de ter começado a ecografia o médico pede à assistente para ligar para Santa Marta para falar com o médico de serviço e em simultâneo pede-me para mudar para outra sala, porque havia qualquer coisa que não conseguia ver bem no bebé com aquele aparelho. Ok! Deve ser normal este procedimento, enquanto me instalo ele trata de outros assuntos, pensei para comigo! Entretanto começo a ouvir a conversa do médico com Santa Marta: “Podes atender uma paciente que aqui tenho… ela não é de Lisboa… sim, há qualquer coisa no coração do bebé que eu não consigo ver…. “Hããã? Como? Coração? Do meu bebé???? O quê?... (escusado será dizer que nesta época a minha ignorância levava-me a pensar que problemas de coração eram só para maiores de 50!!!). O meu coração parou com o choque, para a seguir disparar desenfreadamente. A minha vida ficou suspensa naquele momento, os meus sonhos desmoronavam-se, as palavras do médico ecoavam-me na mente, as lágrimas corriam livremente… o meu bebé tinha um problema, e agora?

Já passava das 22 horas daquele dia 14 de Março quando segui para o Hospital de Santa Marta onde tinha o Dr. Macedo à minha espera. Após um ecocardiograma e muitas perguntas saí sem um diagnóstico definido, o bebé estava atravessado e não era possível afirmar com certeza qual era o problema, voltaria daí a 15 dias para confirmar. Estava tão mal nesse dia que pedi ao médico que me adiantasse os diagnósticos possíveis e mesmo contrariado ele lá avançou as hipóteses: poderia ser uma CIV (comunicação intraventricular) – era o melhor diagnóstico – ou uma Tetralogia de Fallot, (levei semanas para fixar este nome) que seria a situação mais grave. Isto implicava que o bebé teria que ser operado ao coração pelo menos uma vez, ou mais, dependendo como a situação fosse evoluindo.

Foram 15 dias angustiantes… interiormente só pedia para não me perguntarem pelo bebé, estava de rastos e não conseguia perceber o que tinha corrido mal, e não era isto que esperava quando engravidei. Não sabia como lidar com tudo o que estava a acontecer, até que num desses dias o meu marido disse-me: “Estás grávida de 22 semanas e não há nada que possamos fazer, temos que o aceitar e que o amar independentemente de como ele vier!”. Acho que era aquilo que eu precisava ouvir.

No dia 27 de Março tive a confirmação… o meu bebé tinha uma Tetralogia de Fallot! Repeti-lhe todos os dias que ele seria um lutador e que nós estaríamos sempre lá para ele.

Passei a ser seguida na Maternidade Alfredo da Costa, nas consultas de alto risco e em simultâneo no Hospital de Santa Marta. No dia 20 de Maio, um mês antes da data prevista, entrei em trabalho de parto. Fui internada na MAC, onde ele nasceu no dia 21 de Maio. Foi para os cuidados intensivos de onde teve alta dois dias depois.

Passaram quase 18 anos, ele foi operado aos 2 meses, fez a cirurgia correctiva aos 16 meses, e teve que fazer nova cirurgia há cerca de dois anos. Prevê-se que daqui a 15 anos a válvula tenha que ser novamente substituída.

Ele é um menino extraordinário e muito especial. Não tem grandes limitações e faz a sua vida normalmente como qualquer jovem da sua idade. E é muito mais do que aquilo que eu sonhei... Com ele aprendi a ser mãe... a mãe que ele precisa... (Quatro anos após o seu nascimento demos-lhe um irmão, que nasceu sem problemas de maior!)

Quando o final não é aquele que esperamos e a mãe não sabe, a mãe aprende… e a uma velocidade surpreendente!

Alzira Maia Ferreira

3.01.2015

a Mãe sugere (#03) - Prendas para o Dia do Pai

Estas sugestões foram baseadas, claro, no meu marido e nos seus gostos. Acho que a partir daqui ficam a saber quase tudo sobre ele. :)

Espero que gostem de alguma coisa, depois contem se ajudei.



Só precisamos de saber que é um jogo de tiros e que eles gostam.




"É um óptimo cruzamento entre um gelado e um doce tradicional" - Frederico Pombares (meu homem) dixit.




Massagem Gin&Tonic no RitualSpa
(vamos ter uma para vocês oferecerem, querem? Agora já está.)





Carregador de comandos wireless da playstation
Comprámos na FNAC o nosso. Tentei procurar por vocês no site e da nossa marca já não há. É óptimo porque carrega sem fios e o carregador pode estar ao lado do sofá e, por isso, não é preciso levantar-se nem para ir buscar a porra do comando.



É, no fundo, para quem ainda não tem daquelas televisões espalhatosas com Internet. Assim dá para irem à net na televisão (apesar de ser uma seca por não terem teclado) mas, acima de tudo, transmitir aquilo que têm nos portáteis para o ecrã. Se forem Mac e só nalguns modelos, atenção. Nada como perguntar ao tipo da FNAC.




Auscultadores wireless
Imaginem um mundo em que estão na mesma sala que eles e não têm que ouvir as claques dos jogos de futebol a gritar quando é golo ou quando é um "ganda roubo"? Imaginem só. Pronto. Isto liga-se à televisão (não sei se são os da imagem, perguntem, lá está, ao senhor da FNAC) e, sem fios, eles ouvem o que quiserem sem nos aborrecerem a "molécula".

Assinatura SportTv
É uma sugestão periogosa, verifiquem se a saúde da vossa relação amorosa está boa antes de se meterem nisto. Aconselhada apenas se houver mais do que uma televisão em casa e os tais phones de que falei ali em cima.



"Esta e a Intermagazine são das melhores revistas de gastronomia" - Frederico Pombares dixit.




Ele desaparece durante meses se lhe derem isto. Pode ser bom ou mau. Atentem sempre ao modelo da consola para depois não terem de ir trocar.


Se quiserem um prolongamento do desaparecimento anterior. Atenção se ele tem PC ou Mac.


Voucher de Sexo
Um papel que diz sexo. Podem usá-lo quando quiserem, mesmo que estejamos a meio de uma conversa interessante, só para nós.


Ténis Newbalance
Têm um status diferente das outras marcas. É giro para acrescentar ao armário deles (e nosso também, há muito giros para nós, podemos sempre ficar à espera que se lembrem disso para o dia da mãe, mas o melhor é sempre sermos directas que eles não são lá muito espertos...). 




Uma nova máquina de barbear
Há quanto tempo têm a deles? Já imaginaram se ainda usássemos a mesma depiladora de há 15 anos? Se calhar agora até já inventaram uma que nos dá apalpadelas no rabo enquanto nos depila e não sabemos. O mesmo para eles.


Ficam com um hálito semelhante ao da sanita quando têm bebés em casa a dormir, mas é aperitivo de homem tuga. Para comerem no sofá.



Uma carteira que deixa que ponham tudo lá dentro (calma, Taveira) sem ficarem com grandes enchumaços nas calças ou que tenham de levá-la sempre na mão. Esta frase é só ordinária, mas não era para ser, ok? 

2.28.2015

Afinal havia outra (#11) - Ter um filho em Angola

Estava eu entretida a ler o vosso post fantástico quando começo a sentir uma certa vontade de escrever qualquer coisa com impacto suficiente para ir parar ao vosso blog.
 

"Vou escrever sobre o terror do meu parto!!!!
Hummm
É tão negativo e isto (a maternidade, leia-se) até é uma coisa bem fixe."

...

"Vou escrever sobre os primeiros meses!!!!!
Fraldas. Biberões. Choros indecifráveis. Entreter bebé que não dá feedback. Hormonas ainda meio loucas e deprimidas.
BOOOOOOOORIIIIIING!"

...

"Vou mas'é ter juízo, curtir o meu tempo livre a ver mais blogs e facebook (oh yeah!!!!! Cultura para cima!!!!) com o terrorista a dormir e deixar de me sentir a Shakespeare do momento."

Mas foi mais forte do que eu!!!!

"Calmaaaaa! Vou escrever sobre ter um filho em Angola!!!!"

Pois... é o caso!
Será suficientemente interessante?

Por aqui vive-se sem luz a maior parte dos dias, dependente do tanque de água, com medo das picadas dos mosquitos e a rezar para que as diarreias (porque as há de tempos a tempos) sejam ligeiras e pacíficas.

Então como é que é viver em Angola com um bebé desde os 4 meses?

Vive-se...

A primeira vez que pus a rede mosquiteira no meu filho fiquei em pânico. "Ai porque vai dormir mal! Vai-se sentir preso! Vai acordar e berrar porque vai ficar assustado com a rede!" Mimimimimi...
Nada. Pacífico.
Dormiu tranquilo. A rede mantém-se. Já tem uns valentes buracos graças a um gatinho maravilhoso que achou que era uma brincadeira gira, mas todos em lugares estrategicamente bem colocados para poderem ser "tapados".

O repelente... esse chateia-me um bocadinho porque a maior parte dos repelentes não faz porcariazinha nenhuma. Aliás, estive mesmo para empregar a outra palavra pior que porcariazinha, mas o vosso blog é tão mimoso que achei que não ia ficar bem. Continuando...
Os repelentes que repelem realmente os mosquitos dizem que é para maiores de 2 anos. Os outros... dá-me a sensação que os mosquitos ainda se lambuzam depois da picada. O ideal? Não sair com o puto depois das 17h. É! Não dá, não dá! Paciência. Mas tentamos manter este horário à risca.

Claro que entretanto tenho um artista que para além de saber fazer o som de não sei quantos animais sabe como se afastam moscas e mosquitos. A seguir ao "Então como é que faz a vaca?!" vem logo o "Então como é que se mata um mosquito?". É. Qualquer criança que cresça em Angola sabe como se mata um mosquito. (palmada no ar caso não saibam)

E qualquer criança que cresça em Angola sabe como é que se dança. Mas dançar a sério. Não são esses saltinhos e ondulações dos bebés normais. O meu filho levanta a perna e dança kuduro na perfeição. "Não faz isso Bela, não faz isso Bela, não faz isso B-B-B-Bela!" e é vê-lo a levantar a perna e a girar. Uma delícia.

E quando falta a luz?! "Lú lú lú lú!" E lá trepa ele por mim acima só para ter mais uma viagem ao quintal para ir ligar o gerador. E como é que se explica a uma criança de 1 ano que o gerador às vezes avaria e não há mesmo luz? Nem televisão? Nem Panda???!!!! Não conseguimos explicar. É escusado.

E a água? A água é um problema porque não é potável. No meu caso instalei uns super mega filtros, mas... a maior parte das pessoas não tem. Como é que fazem com bebés que adoram beber toda a água do banho? Dão com água fervida. Ou água engarrafada. Ou...
Não. É mesmo só uma destas opções.
Ou então já têm filhos com estômagos de aço como o meu que no outro dia ligou a mangueira (sem água filtrada) que estava apontadinha para ele e bebeu ali umas valentes litradas de água cheia de bichinhos e girinos e porcariazinhas que rimam com cólera, mas safou-se bem. Valente do miúdo que nem um cocó mole teve (sim, qualquer post de maternidade deve ter a palavra cocó incluída! Desculpem lá!)

E vais passear com ele onde?
Pois... é um problema. Nós cá em casa não somos muito fãs de praia. E as escolhas são praia, restaurantes, praia, esplanadas na praia, e.... ah, praia! Pois...
Havia um jardim fantástico, com escorregas, árvores, casinhas de plástico, baloiços, carrinhos, bicicletas, dava para todas as idades e tinha segurança. Sim pagava-se mas... ok. Faz parte. Fechou. Fechou! Assim. De repente. Sem aviso. Sem backup. Centenas de mães anti-praia ou fartinhas de praia sem opção.

Por aqui montámos uma mini piscina no quintal comprada num hipermercado qualquer e olha... tem resolvido o assunto "entretenimento" por uns tempos. Mas a piscina é mesmo mini. E esta malta cresce muuuuuito. E rápido. Por isso, acho que as Playstation vão ser uma opção aqui por estes lados.

Escola e cresches?
Tem e muitas. Mas caras! Caríssimas!!!! Com preços de fazer corar.
Eu fui burra: pus-me a pesquisar... a ver as fotos nos sites e no facebook, a apreciação de algumas mães... e fui excluindo uns, pondo de lado outros... depois via o horário, o tipo de ensino, as actividades extracurriculares... até que cheguei a 3: uma que muita gente fala mal, uma que é de uma língua que ninguém fala aqui em casa e outra que são 1800 dolares por mês.
Por isso este assunto tem sido tabu nos últimos tempos pois põe-me valentemente mal disposta.
O que é que vou fazer? Não sei. Ponto final!


E onde é que ele fica durante o dia?
Com uma babá. Que é muito comum por estes lados. O meu filho não tem avós cá. Tem uma babá a quem ele trata por mã. Que é muito carinhosa. Que vem trabalhar sempre de sorriso na cara. Mas que à primeira fralda que trocou quando o Gui tinha 4 meses se virou para mim e disse "o Gui si cagó". E eu fiquei verde. Roxa. Rosa flurescente. E depois voltei à minha cor amarelita normal e disse-lhe muito calmamente "fez cocó... O Gui fez cocó".
E assim tem sido ao longo deste ano e alguns meses: lutar contra o "si mijó", o "estou à vi", "o Gui não querO", "o Gui si páncou" e coisas do género. Mas sim... eu sei que mais cedo ou mais tarde, daquela boquinha fofinha do meu bebé, há-de sair uma atrocidade qualquer destas. É a vida. Paciência.

Por outro lado tem a vantagem de nunca ter posto um casaco mais quente do que um casaco de algodão ao meu filho. Vivemos no calor e vamos de férias ver a família em época quente. Se tudo correr bem neste próximo natal vai sentir o que é o frio. Calorento como é acho que vai gostar.

E a saúde?
Bem... eu trabalho na área da saúde. Tenho a vida facilitada e alguns conhecimentos. Mas quando ele partiu a cabeça (sim, ele é um pequeno terror com duas pernas e dois braços!), e nem houve discernimento para pensar a quem telefonar ou onde ir, fomos parar a uma primeira clínica que... "Ah, pois... aqui não damos pontos". Ok. Boa. Então e agora?
Lá fomos nós para uma segunda clínica.
Depois de passar por 4 médicos e um enfermeiro lá decidiram passar à acção. E não havia recursos materiais. Faltavam aqueles pensos que evitam dar pontos "Não temos!". E só foram à procura daquela linha absorvível porque eu fiz uma birra horrorosa a bater o pé que não voltava com o míudo para tirar pontos que não me apanhavam ali tão cedo.

Mas é o calcanhar de aquiles. A saúde. E depois ouvimos histórias... daquele e do outro que "estavam bem", "vê lá, era só uma apendicite e morreu coitadinho do pequenino", "não souberam ver que ele tinha uma sepsis"... QUERO FUGIRRRRRRRR! Mas não... depois ficamos... benzemo-nos... pedimos que seja só com os outros... e continuamos a nossa vida a pensar "quando voltarmos A CASA vai ser tudo tão mais fácil!"

(será que isto já vai na ordem do argumento do Benur?!...)

Depois tem coisas boas... bem boas. Há mais união entre o grupo de amigos. Estamos mais presentes. Temos mais tempo para saídas. Para lanches. Para conviverem as crianças todas. Há mais apoio. Passamos todos pelo mesmo. Uns com mais experiência que outros. Mas somos família. Família emprestada.

Voltar a casa vai ser bom. Mas enquanto não voltamos vamos vivendo felizes.

Ana Feijão