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7.28.2016

Pensei que morria depois do parto

Tive o melhor parto do mundo. Pelo menos foi o que senti quando peguei na minha filha, acabada de nascer, sem grande esforço, às 20 horas em ponto, como já contei aqui. O pior - e mais inesperado - veio pouco depois. Comecei a perder sangue. No recobro, estava a perder muito, muito sangue. O útero não contraía, davam-me medicação, ocitocina, massagens dolorosas externas para o obrigar a ir ao sítio, e nada: completamente espapaçado. Comecei a ver algum rebuliço por ali, as caras, que antes me transmitiam força e alegria, já não esboçavam sorrisos e pressenti que algo não estava definitivamente a correr bem. Disse logo ao David: "tinha de ser, isto bem me estava a parecer bom demais". 

Os dois médicos, que me seguiram nas últimas semanas, de volta de mim, enfermeiras, algum nervosismo, nova perda gigantesca de sangue, ouço pedirem para retirarem a outra senhora do recobro, continuam a tentar medicações intravenosas, novos cateteres, comprimidos no ânus e nada... Pergunto se há mais alguma coisa que possa fazer para ajudar (já tinha estado a tentar obrigar o útero a ficar quietinho abaixo do umbigo, depois daquelas massagens horrorosas, mas em vão) e ainda os ouvi a pedirem sangue para transfusão, já a minha hemoglobina devia estar a 4 (imaginem, o normal é de 13 a 17...).

Senti imenso frio - espasmos incontroláveis - e começo a ouvir as vozes cada vez mais ao longe e aviso que vou desmaiar. Acho que nunca fiquei totalmente inconsciente. Já a caminho do bloco operatório, começo a chorar. Estava tudo a ser demasiado real e assustador. Imprevisível e totalmente paradoxal, depois de um parto de sonho. Vi demasiados filmes e séries e aquilo não acabava bem. E se eu morresse? Que pena não ver a Isabel a brincar com a Luísa. A Luísa não vai conhecer a mãe, não vai ter o meu embalo, ouvir a minha voz a cantar para ela, a Isabel nunca se irá lembrar de mim, irá construir memórias só através de fotografias e vídeos. Mas o David vai dar conta do recado, que sorte que as minhas filhas têm em ter um óptimo pai. Irá ele ficar a viver na mesma casa, com a minha mãe? Espero que sim, para ter ajuda. E de repente sinto que tenho de deixar este recado, entre soluços: "Se algo não correr bem, digam ao David que ele é um óptimo pai e que vai conseguir dar a volta". E, nesse momento, tenho as enfermeiras e auxiliares já de lágrimas nos olhos a pedirem-me para não dizer aquelas coisas, que tudo ia correr bem. Recebi um beijinho de uma delas. "Eu sou feliz, digam-lhes que eu sou feliz". Aí pensei que era injusto. Que não precisava de nenhuma lição, que não era necessário passar por aquilo para dar mais valor à vida. Pensei no quanto gostava de viver e que não merecia. Senti mesmo que ia morrer. Tive medo, tanto, tanto... Antes da anestesia geral, para a qual não estava preparada por achar que podiam ser os meus últimos segundos, disse, entre soluços: "Digam-lhes para não ficarem revoltados, para não perderem tempo com isso. Que sejam felizes". Lembrei-me do olhar do David, preocupado, com a nossa filha Luísa no colo, quando lhe pedi para sair do recobro, para não assistir àquilo tudo, àquelas perdas de sangue de filme da idade média.

Só nos voltámos a falar às 4 horas da manhã, através do telemóvel que uma enfermeira me emprestou. Chorámos muito, os dois. E choro agora, ao recordar o dia mais assustador da minha vida. O medo dava lugar ao alívio. O David tinha ido para casa para que a minha mãe - que estava a cuidar da Isabel - não desconfiasse de nada, não quis preocupá-la. Tive pena dele, do enorme susto que tinha apanhado, ao longo das várias horas numa operação de urgência. Chorei todas as lágrimas que tinha por não ter estado com a Luísa nas primeiras horas de vida dela e por estar longe da minha cria. Chorei por estar, afinal, cheia de pontos na barriga, depois de um parto tão simples e sem episiotomia.

Tive uma hemorragia pós-parto (acontece a aproximadamente 2% das mulheres que dão à luz e é uma das principais causas de morte materna) provocada por uma coisa chamada atonia uterina (útero não contrai e os vasos uterinos ficam abertos). Não sendo gravidez gemelar, não tendo tido muitos filhos antes, não sendo a Luísa uma bebé enorme, não tendo excesso de líquido amniótico, não tendo sido um parto prolongado, entre outros factores de risco da atonia, ainda mais raro se torna. Antes de partirem para o corte na barriga (laparotomia ou lá como se chama), ainda usaram uns quantos procedimentos via vaginal - já comigo anestesiada - para tentar resolver a atonia. Nada. O último dos procedimentos seria a histeroctomia, remoção do útero, mas felizmente, através de suturas compressivas no útero (técnica de um português, chamado Alcides Pereira) conseguiram apertar o útero, obrigando-o a ficar contraído, como um chouriço, o que fez parar finalmente a hemorragia [registei com agrado, e já com o sentido de humor reposto, o facto de não ter sido necessário corte em T na barriga por ser magra eheh]. Dentro do horrível, correu tudo muito bem, conservaram-me o útero e estou cá para contar a história e para cuidar das minhas meninas. Fiquei, claro, com a pulga atrás da orelha sobre o que poderá ter originado tudo aquilo e gostava de fazer exames ao sangue mais exaustivos para perceber se poderei ter alguma anomalia no sangue, se coagulo mal... eu sei lá. A revisão, passado um mês, correu muito bem e a médica até brincou, dizendo que eu estava pronta para outra.

Tenho muito a agradecer. A todos os profissionais, sem excepção, que me trataram com toda a simpatia e generosidade durante o parto, em todas as suas fases (até o cuidado com que a primeira trouxa da roupa foi preparada e dobrada pela enfermeira - seria antes auxiliar? - me comoveu). Foi importante todo aquele ambiente de descontracção, foi importante sentir-me bem cuidada pela médica, pelas enfermeiras e auxiliares, sempre com um sorriso na cara.

Mais importante ainda, o momento da expulsão. Nunca esquecerei a enfermeira Guadalupe, nem os olhos meigos da outra enfermeira de cabelo curtinho, Lidia, a quem vou dar um abraço se com ela me cruzar na rua..., que me encorajaram na hora h e com a ajuda das quais tudo me pareceu (ainda) mais fácil.

Mais importante ainda, o momento crítico e todo aquele sangue frio e profissionalismo misturado com lágrimas, de uns seres humanos fantásticos que se preocupam e que, nos dias seguintes, lá estavam, no quarto, prontos a dar-me palavras de conforto. Até abraços recebi. E que falta eles me faziam...  

Além de me terem salvado a vida, aquelas pessoas quiseram devolver-me o coração, que ainda estava com muitas mazelas, e conseguiram-no. É possível - tenho duas provas disso, e passei por diferentes equipas nos dois partos, tanto no Hospital da Luz, como no Hospital de Santarém - ter partos "humanizados" (termo agora muito em voga), em que nos sentimos amparadas e felizes num hospital, seja ele público ou privado. Nem quero pensar no que poderia ter acontecido se tivesse tido a ideia romântica (?) de ter o parto em casa... teria havido tempo?... Estava à hora certa, no local certo.

Obrigada Dr.ª Rita e Dr. Carlos pelo cuidado e atenção e obrigada a todos os profissionais do Hospital Distrital de Santarém que se cruzaram comigo nesses dias. Há gente boa no mundo que se dedica, de corpo e alma, ao que faz.


A tentar esboçar um sorriso, no dia 1

Toda torta, coitadinha (era para condizer com a mãe)

O melhor pai do mundo (em ex aequo com o meu, pronto)

Luísa, com 3 dias de vida

*grávidas que me lerem, confiem: vai correr bem. Se não correr (o que é muito raro!), vão estar no sítio certo, à hora certa, com as pessoas certas. Desfrutem do vosso parto, os momentos bons vão prevalecer e os vossos filhotes vão compensar cada dor. 



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e o @aMaeequesabe também ;)

6.15.2016

O meu parto.

Dia 31 de maio, terça-feira. Antes de sair de casa, maquilhei-me e vesti uma roupa gira. Tirei, sem saber, a minha última fotografia grávida. Sentia-me bem, feliz. Estava pronta para receber a Luísa e o meu corpo já me dava mostras de que estava para muito breve. Além das sessões de contracções regulares desde sábado e da perda do rolhão mucoso, o meu feeling estava certo. A minha querida médica pediu-me que ficasse de repouso até 5a, dia em que já estaria de volta a Lisboa, mas não conseguimos esperar por ela. Estava no Hospital de Santarém, no ctg das 39 semanas (com 38 + 6 dias), cheia de contracções muito regulares, colo favorável e já não saí de lá. Telemóvel do David, que estava em Lisboa a trabalhar, desligado. Boa, mesmo no timing perfeito. Mãe já avisada para ir buscar as malas a casa. E a máquina. E o kit das células. E... E eu num misto de lágrimas de emoção e de sorriso nos lábios. Ia ser naquele dia.  Era real.

Já não vi a minha mãe e entretanto o David chegou, já estava eu numa daquelas batas sexy, abertas atrás. Trocámos beijinhos e risos nervosos. Íamos repetir a dose, naquele que seria o dia mais feliz das nossas vidas. Perguntei-lhe se tinha almoçado bem e suspirei só de imaginar o hambúrguer com queijo das ilhas. Lamentei ter tomado o pequeno-almoço às 9 horas e não ter feito um lanchinho entretanto. "Se for como o da Isabel, vou estar sem comer até amanhã". Desta vez, não tínhamos um quarto só para nós, estávamos acompanhados por mais um casal, apenas separados por um pano. Eu ia tendo as minhas contracções, cada vez mais e mais dolorosas, ia fazendo as minhas respirações e a grávida do lado, internada por ter pouco líquido amniótico mas sem avanços na indução do parto, a ter de "sofrer" comigo e com as minhas queixas. Demorei a pedir a epidural. Já da outra vez deixei para o limite dos limites, quando já sentia que não ia aguentar muito mais tempo naquilo, com tanto sofrimento e ainda longe de ter a dilatação feita. De 3 em 3 minutos, sentia as dores mais intensas do mundo, mas que, por incrível que pareça, têm ali qualquer coisa de bom, acho que por sabermos que não são em vão. No meio de tudo isto, fui alegremente conversando com as enfermeiras e com as técnicas, todas de uma simpatia e dedicação ao que fazem enormes. Não dei pelo tempo passar. 

Faltavam menos de dez minutos para as oito da noite quando percebemos que estava na hora. Fui a caminhar para a sala de partos, acompanhada pelas enfermeiras. O David foi logo de seguida. Pedi-lhes para, caso tudo corresse bem, ser eu a receber com as minhas mãos a minha filha e que a colocassem logo no meu peito. Fiz três vezes força na mesma contracção. Aliás, duas durante a contracção e outra logo de seguida. A Luísa nasceu e chorou, quente e escorregadia, às 20 horas em ponto. Tão bonita, tão perfeita. Não a achámos parecida com a Isabel, quando nasceu. Veio para o meu peito e soube logo o que fazer. Foi uma emoção enorme, inexplicável. Tinha a minha segunda filha nos meus braços e tinha sido tão fácil e tão bonito.




O David, trémulo, tinha entretanto cortado o cordão. Vi a placenta, perfeita. Não fui submetida a episiotomia e só tive de levar um ponto de correcção. Na da Isabel, por ter sido com ventosa, ainda tinha andado ali a penar umas semanas, com os pontos. Pensei logo "esta recuperação vai ser um luxo". Depois fui para o recobro, onde a Luisinha voltou a mamar e onde estivemos os três felizes da vida. 

Adorava contar-vos que a seguir fomos para o quarto e que este foi o dia mais feliz da minha vida. Queria muito que a história acabasse aqui. Mas não. Não foi o dia mais feliz da minha vida. Foi o mais difícil, aquele em que tive mais medo, em que senti que podia morrer, em que me despedi dos meus amores. Essa história fica para outro dia, até porque, apesar de tudo, tenho muito a agradecer. Mas hoje só me quero lembrar das coisas boas, já que afinal são essas que me habitam. Estou bem, estou feliz e o amor pelos nossos filhos cura tudo.

Na maminha

A ser vestida

6.11.2016

Apaixonada pela minha bebé

Estou completamente in love. Foi daqueles amores à primeira vista que só tinha sentido uma vez na vida. Uma paixão galopante, que nos deixa sem fôlego, que não nos deixa dormir. Fiquei a olhar para ela, sem conseguir desviar o olhar, depois das 7 horas em que nos separaram. Precisei de recuperar o tempo perdido. 
Aquelas foram horas difíceis, com muito choro à mistura, porque nem tudo correu como eu esperava. Ninguém esperava. Depois de um parto perfeito, em que fiz 3 vezes força na mesma contracção e a minha bebé veio conhecer o mundo, sem episiotomia, depois de ter agarrado nela com as minhas mãos e puxado para cima de mim, depois dela ter vindo mamar, da forma mais animal e natural possível, algo não estava afinal bem comigo, percebemos minutos mais tarde, no recobro. Apanhámos o maior susto das nossas vidas e tive de ser operada de urgência, num naqueles cenários que só vemos no Dr. House, a sentir um frio incontrolável, a ouvir as vozes já distantes e com medo, muito medo. Com direito a despedidas. Foi duro. Mas já passou. Estou a recuperar bem e já não sou assombrada pelo que aconteceu. Um dia destes conto tudo (as grávidas estão proibidas de ler, óbvio!).

Agora, é tempo de vê-la crescer, devagarinho. De ver na Isabel uma irmã mais velha cheia de amor para dar. De nos habituarmos a estar juntos, os quatro. A conhecermo-nos, a ajudarmo-nos, a partilhar tudo. Os momentos de puro amor, as birras, os ajustes à nova realidade. Não é fácil. Mas está a ser tão, mas tão bom.




nome madeira: Molde Design Weddings
tapa-fraldas: colecção de inverno da Cosythings, agora Coth
sapatinhos: Lovely Things

bebé: a coisa mais calminha e mamona à face da terra ;)

6.05.2016

Olá, sou a Luísa!

Olá! Eu sou a Luísa, sou muito calminha, mamo muito e durmo muito também (por enquanto, os meus pais que não se ponham já a dar graças aos céus). 


Nasci no dia 31 de maio às 20 horas em ponto, de parto natural, com 3,450kg e 50 centímetros. A minha mãe é que me puxou cá para fora e pôs-me logo em cima do corpo dela e ali ficámos, que tempos, as duas juntinhas. Mamei logo, ficámos pele com pele e fiz a mamã chorar de emoção (ela um dia vem cá contar tudo). 

Infelizmente depois as coisas com a minha mãe não correram exactamente como previsto e ficámos todos muito aflitos, principalmente o meu papá. E é por isso que a mãe não tem dado novidades, não pensem que ela se esqueceu de vocês e do vosso carinho! O susto já passou, ela está a recuperar e agora estamos todos a aproveitar todos os segundos. Tem sido incrível o amor que tenho recebido da Isabel. Ela é a melhor irmã do mundo! Tenho muita sorte! 


Pronto, agora vou ali fazer mais um cocó molinho e sujar mais um body para eles também não andarem a pensar que eu não dou trabalho nenhum. Até um dia destes, pessoas! 

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E, já agora, a mim @JoanaGama.




4.18.2016

Vou ficar tão sexy!


Não vou? E ainda vou ficar mais do que esta senhora, com aquela barriga mole do pós-parto e com uma hérnia umbilical.

(Vai de meter uma mala fofinha aqui pelo meio para embelezar a imagem)
 

Naquele momento, queremos lá saber disso. Queremos é que o bebé esteja bem, mame em condições, que não tenhamos os mamilos em ferida, que os pontos - em havendo - não infectem e que não tenhamos dores. De resto, cuecas - com rendados ou com três andares - não interessa nada.

São estas as cuecas/fralda que vos recomendo para o pós-parto. 

Antes da Isabel nascer, numa ida à farmácia para comprar coisinhas que me faltavam na lista do hospital, a senhora, daquelas mesmo simpáticas e prestáveis, sugeriu-me isto em vez dos pensos higiénicos XXL. Olhei para a embalagem, por dentro cuspi um "really?", mas pareceu-me perfeita a ideia. Macias, confortáveis e que, para nos livrarmos delas, não temos de nos baixar (rasgam-se de lado). Não há cá pensos higiénicos que fogem para um lado ou para o outro, não há cuecas de rede manhosas, que experimentei e não gostei. Nos primeiros tempos (acho que uma semana) usei disto. Foi assim o único investimento de jeito que fiz (isso e material para as mamas). De resto, soutiens de amamentação emprestados, camisas de dormir da Primark e tudo do mais barato que houvesse no mercado. 

Fica a dica (se houver dicas daí, são bem-vindas!).

2.06.2016

Tocofobia: fobia ao parto.

Desconhecia por completo e muitas mulheres sofrem desta fobia.

É normal ter-se receio do parto, ter medo, ficar assustada. Mas isto é muito mais que isso: é um medo tão intenso que pode levar à depressão. Uma fobia tão grande que chega a levar mulheres, que querem ser mães, a interromper a gravidez. Um medo tão descontrolado que faz com que algumas mulheres tenham muito medo de engravidar, vivam numa ansiedade constante, e que partam para a esterilização.

Há dois tipos de tocofobia: primária e secundária. A primária refere-se às mulheres que nunca tiveram filhos, a secundária às mulheres que ficaram traumatizadas após o parto e que evitam a todo o custo um segundo. Reflecte-se em pesadelos, dificuldade em concentrar-se, ansiedade, ataques de pânico, náuseas, depressão... e pode minar uma vida. Mulheres que têm medo até de ter relações sexuais, com medo de engravidar.

Há tratamentos psicoterapêuticos, claro, mas nem sempre resultam. Li um comentário de uma rapariga que tinha esta fobia, que se agravou com uma gravidez planeada. Tomava antidepressivos, que foram interrompidos aquando da gravidez. Tudo aquilo lhe fez tão mal que ela já só pensava em suicídio e não dormiu durante duas semanas. Decidiram que seria melhor pôr fim à gravidez. A relação de 18 anos acabou em divórcio e hoje em dia o ex-marido é pai e ela continua a sofrer com esta doença.


Estima-se que 1 em cada 6 mulheres sofram desta fobia. Achei uma enormidade, será? Conheciam, conhecem alguém ou sofrem de tocofobia? (podem comentar como anónimo e força para ultrapassar esta valente porcaria! O nosso cérebro é tramado)

1.16.2016

Vamos falar de partos?

Vamos. Falo eu, vá. Alguém ainda desse lado? Acredito que sim, pelo menos as pessoas que, como eu, se entusiasmam com o tema. Ou as que gostam mesmo é de filmes de terror. 

Estava eu grávida da Isabel e tinha especial prazer, no terceiro trimestre, em ir ver partos no Youtube. Sonhava com o meu parto. Estive sempre super calma. Achei que ia descer em mim a qualquer momento o pânico, mas nunca esse momento chegou. Levei a epidural com vontade de rir (porque estava a dar um jogo de futebol na televisão e pensei "porra! Nem no MEU parto o homem dá descanso a esta m*rda!"). Entrei na sala de partos a dizer piadas. Pari a rir. Gargalhei, gargalhei. Depois no dia a seguir desmaiei e desmaiei, mas essa é outra história. O parto foi maravilhoso. Ainda na última consulta com a minha obstetra do coração (já vos disse que tenho um fraquinho por ela, aqui), ela recebeu uma chamada do hospital, de uma grávida que estava a entrar em trabalho de parto e ela a dizer para aguentarem um bocadinho, que ela ia... e tudo aquilo me deu uma adrenalina do caraças. Disse-lhe logo "adorei o meu parto, já tenho saudades!". Sim, talvez esteja senil. Haha 

Agora, dispenso bem as histórias em que tiveram de empurrar o bebé outra vez para dentro ou estava com 40 circulares no pescoço e estiveram 305 horas em trabalho de parto. Há sempre alguém, quando já estamos quase, quase no final da gravidez que faz questão de nos desejar uma hora pequenina, para logo depois acrescentar um "é que eu..." ou um "é que a minha cunhada"... Já sabemos que não vem lá coisa boa. Há até quem comece com um "eu nem vou contar." Mas contam. Contam sempre. Estão desertinhas para ser o Correio da Manhã das Parturientes.

Agora lembrei-me do parto da Joana Gama, pobrezinha (texto não aconselhável a grávidas, aviso já!). Está aqui: O meu partão. Se ficaram mal dispostas, leiam agora o meu: O dia em que desovei a Isabel.



Mais fotos aqui: O segundo em que conheci a Isabel.

10.30.2015

Aula de Preparação para o Parto à la Mãe é que sabe (#02)

AULA NÚMERO DOIS

A primeira foi sobre o corte no pipi ou episiotomia, neste link.

Vamos agora falar de uma rolha que sai disparada no final da gravidez e não é a do champanhe. Vão a tempo de sair do blogue, vou dar-vos tempo. Vá, 3, 2, 1.

Estamos a falar do rolhão mucoso. Não, não vou deixar aqui uma imagem sugestiva, que podem estar a jantar. Ora o rolhão mucoso, gelatinoso ou mais líquido (depende de mulher para mulher), branco ou raiado é um muco que impede a entrada de bactérias.

Quando ele sai, o parto pode estar para breve (horas, um ou dois dias), mas também há casos em que chega a semanas. Há algumas mulheres que não se apercebem sequer da saída do rolhão mucoso porque durante a gravidez há muito corrimento e o aspecto poderá ser parecido.

Ainda aí estão ou são enojadinhas? É a vida, tal como ela é. :)


Comemorei com a saída do meu, mas depois tive de esperar uns dias... Toma para aprenderes a não celebrar antes da festa!

E vocês, como foi? Dispenso saber o aspecto, OKAY?! :)

10.18.2015

Como ficarem ainda piores da cabeça no pós parto.

Simples. 



1 - Aceitar as visitas de toda a gente e ser incapaz de dizer que não às pessoas. 

É agora. É agora que temos de começar. Está tudo louco? Vêm cheios de micróbios besuntar a criança que ainda tem restos do útero da mamã em cima? Pior! A mãe passou por uma experiência que exigiu muito dela tanto fisicamente como psicologicamente e, sim, o que se precisa é mesmo de uma conversinha para saber a "última" lá do trabalho.

2 - Preocupar-se demasiado com tudo e querer ser perfeccionista. 

Não. Toda a gente tem prioridades por um motivo: é impossível ser perfeito. Temos mesmo de escolher o que é mais importante para nós e onde vamos pôr o nosso "dinheiro". Importa mais descansarmos ou termos uma cozinha limpa que se vai sujar outra vez dali a menos de um dia?

3- Ter horas para as mamadas do bebé.

Não há pior. Não se amamenta com horas. O bebé precisa da mãe e a mãe dá mama. Mama é colo. É mimo. Lembro-me de olhar para o relógio, contar três horas e reger-me por aí. Era terrível, não podia fazer a minha vida. Claro que, no início, segundo os pediatras, temos de os acordar de três em três horas até ganharem o "peso normal" e acordá-los até pode ajudar a prevenir a morte-súbita nos primeiros dois meses ou lá o que é. O ideal é não ter horas para a mama. É estar disponível para eles sem fazer considerações lógicas  como "não pode ter já fome!". Pode não ser fome. Pode ser sede. Pode ser mimo. Se há uma maneira de os ajudar, para quê tentar negar?

4 - Ficarmos demasiado agarradas ao "antes" de ter o bebé.

Estarmos sempre a queixarmo-nos (principalmente a nós mesmas) de que a noite foi terrível. De que já não dormimos 3 horas seguidas há mais de 2 meses (sem contar com o final da gravidez). Convém aceitarmos que as coisas funcionam como funcionam porque eles precisam de nós, em vez de estarmos constantemente insatisfeitas com a nova realidade. É assim. E já toda a gente nos tinha avisado.



5 - Querermos ter a casa limpa.

Claro. Muita bem. Queremos ser as super-mulheres, não é? A mãe que tem o recém-nascido, que limpa, que não dorme, que o marido chega a casa e ainda lhe damos uma traulitada. Não. Priorizar, sff. É sinal de inteligência e, mesmo com a casa suja, todos ficam a ganhar com uma mãe melhor da cabeça. 

6 - Não querermos pedir ajuda.

Qual é o mal de admitir que não conseguimos fazer tudo? Por que é que tantas pensamos assim? Que já estamos a falhar no nosso dever de "mulheres" e de mães se pedirmos ajuda? 

7 - Não aceitarmos ajuda.

O mesmo da de cima só que com pessoas próximas. Se não deixamos que a nossa mãe, sogra, irmã... nos ajude... o que pretendemos com isto? Lamentarmo-nos de nos sentirmos sozinhas por escolha? Esquisito, não é?

8 - Não dormirmos quando eles dormem.

Temos imensa vontade de ter tempo para nós, mas não chegamos a aproveitar por estarmos tão casadas. Sempre que eles acordam e escolhemos não dormir, chegamos à mesma conclusão: "devia ter ido dormir logo, que estúpida". Tentemos aprender com os "erros". Descansarmos é importantíssimo para todos. Para nós, bebé, pai... para as maminhas porque é quando descansamos que a hormona da produção de leite trabalha mais... 




9 - Não tomarmos banho frequentemente.

Sentirmo-nos sujas e a cheirar a leite azedo faz-nos pior à cabeça do que se possa imaginar. Tomar banho com um recém-nascido em  é tarefa muito complicada, mas pede-se ajuda ou é-se criativo. 

10 - Tentarmos arranjar explicações para tudo sem tentarmos informarmo-nos.

Acho que ele não dormiu bem porque lhe dói a barriga e metade do ouvido... Convém estarmos atentas, que estamos, claro, mas há coisas que simplesmente são do mais básico que há: ao bebé precisa da mãe. Precisa de mimo. Precisa de colo. Precisa de beijinhos. Nos primeiros três meses é mais importante que tudo o resto. Há quem diga que mais de metade das "cólicas" que os pais e profissionais de saúde dizem que os bebés sentem, não passa da maneira deles de expressarem que se sentem inseguros. Precisam de nós.

11 - Darmos ouvidos a toda a gente que não tem informações credíveis.

A sogra punha o filho a dormir a fazer o pino e punha-lhe um nabo na testa para respirar melhor? Por favor. A mãe é que sabe e, se não sabe, faz por saber, num sítio credível. 

12 - Questionarmo-nos "por que é que o nosso bebé é diferente"? 

O da Sara dorme a noite toda? É o da Sara. O nosso bebé não é filho da Sara e do coiso. O nosso bebé é diferente, sim. Porque tem tudo de diferente dos outros bebés. Ainda bem, senão era um Nenuco e eles têm um buraco para fazer xixi muito esquisito. 


13 - Querer "recuperar" a vida antiga rapidamente.

Não é que tenha acabado, mas sofreu uma mudança. Aceitemos isso. Abracemos a novidade sempre com olhos postos numa altura em que já consigamos ter estabelecido uma sintonia com o bebé, com a família, connosco. Cada dia que passa é menos um para estar tudo equilibrado. 

14 - Afastar o parceiro.

Muitas mulheres não se sentem compreendidas ou ajudadas pelo parceiro. Há muitos que não as compreendem ou que não as ajudam. Temos de aprender a ajudar-nos. Se queremos ajuda, podemos pedir-lhes. Se sentimos que precisamos de chorar, choremos com eles. Não podemos estar à espera que eles adivinhem do que precisamos, especialmente agora. Quem fica a perder são... todos!

Querem ajudar a completar?

10.16.2015

Mas, afinal, o que se sente com uma contracção?

Sempre foi uma coisa que me meteu imensa confusão. Toda a gente falava das contracções falsas (as Braxton-coiso) e das contracções verdadeiras e dos intervalos entre as contracções para ser sinal de parto e para irmos para o hospital, mas havia várias coisas...

1 - Não conseguia perceber, afinal, o que é que iria sentir com uma contracção. Ninguém o explicava de forma que eu percebesse nos livros. Agora já consigo explicar da minha maneira. Sabem aqueles choques que apanhamos no braço todo quando batemos com o cotovelo? Pronto. Imaginem isso na barriga toda e que dure um minuto. Depois percebi o que era isso das contracções.

2 - Não me imaginei com paciência para estar a anotar uma coisa dolorosa num papel ou de estar a olhar para o relógio. E, então, saquei logo uma aplicação para isso. Esta aqui em baixo - nome mais óbvio não poderia ter. Esta foi do dia em que dei entrada no hospital, dia 20 de Março de 2014. 



3 - O que chamam de contracções falsas são, pronto, mini desconfortos ocasionais, são chatos, é verdade, mas são falsas e completamente diferentes. Pelo menos, no meu caso. 

Já repararam como está tudo muito bem feito? Por volta desta altura já estamos tão fartas de estar grávidas que as dores, apesar de muitas, são bem-vindas! :) Está tudo muito bem feito, não haja dúvidas. 

Como descreveriam vocês as vossas? Ainda se lembram?

10.10.2015

Querem ajudar as recém mamãs, é?

Toda a gente (ou quase) é muito bem intencionada quando nasce um bebé de um familiar próximo ou de uma amiga. 

Engraçado que também há precisamente o oposto: as pessoas que, de repente, desaparecem como se tivéssemos apanhado herpes na cara toda.




- Se puderem não visitar nos primeiros dias, agradecemos. 

Quando chegamos a casa, temos de encontrar a nossa sintonia com os bebés, com o sono, com tudo e, por isso, se se puderem juntar à manada de gente que vai ao hospital, melhor. Depois só dali a 3 meses. E com prendas sff. Para a mãe.

- Se levarem sopa ou se forem limpar a casa, podem e DEVEM visitar. 

Façam-no é sem mandar grandes bitaites sobre se o bebé devia estar a dormir de barriga para cima ou de pés para o lado, se cheiramos a leite azedo ou se devíamos pôr um pozinho para não parecer que fomos violentadas por um Sagui obeso.

- Não temos nada para contar. 

Não. Não, não temos. Podemos contar a história do parto outra vez, mas não nos apetece, ainda para mais se ainda tivermos o pipi todo cosido. Sim, podemos continuar a acenar com a cabeça a dizer que o miúdo é bonito, mas no fundo, no fundo, queríamos era estar a dormir ou sem estar a fazer conversa de xaxa. Sejam rápidos. Sejam tão rápidos como o desaparecimento do subsídio de férias da conta.

- Levem flores ou chocolates ou qualquer coisa para as mães.

Não que odiemos os nossos bebés, mas vai saber tão bem sentir que ainda importamos e que temos ali algo para nos deixar ainda mais felizes quando as pessoas sairem.

- Ofereçam-se para dar uma olhadela no bebé para irmos tomar banho. 

Sim. Sim. Sim. Sim. Sim. Tomar banho é um direito. Tomar banho com calma também. É do que precisamos mais. Mais disso do mais um par de sapatos para um bebé que ainda nem respirar decentemente sabe.

- Informem-se um bocadinho sobre amamentação ou qualquer coisa que seja útil. 

Assim também oferecem outro tipo de apoio à mãe. Um que ela precise. Principalmente não vão encher a cabeça da mãe (tão susceptível nesta hora) de coisas palermas que podem vir a fazer-lhe mal e, ainda para mais, totalmente bem intencionados, claro.

- Lavem as mãos. 

O bebé pode fazer imenso cocó mas, não é um corrimão das escadas rolantes do Colombo. Não é para toda a gente por lá a mão e pronto. É lavar para tocar no bebé. 

- Não venham a cheirar a tabaco.

Fumo passivo. Sim, eu sei que as fumadoras estão a rolar os olhos para cima. Eu sou ex-fumadora e esta conversa também me irritava, mas a verdade é que faz mesmo mal aos bebés e os pulmões ainda estão a maturar.

- Não nos digam se estamos feias ou com um aspecto horrível.

Alguma mulher que vocês conheçam desconhece quando está mal? Nós sabemos quando parecemos um ralo. Não digam coisas desagradáveis, porque vão ser multiplicadas por mil na cabeça da mãe.

- SEJAM RÁPIDOS.

Não venham para cá passar o sábado nem o domingo. Não venham ver a bola. Venham "dar um beijinho". A mãe e a nova família precisam de calma e de descanso. Depois o forrobodó. Depois podemos ter o mesmo nível de energia que o João Baião. Para já, não. 

E mais? ;)



8.23.2015

Aula de Preparação para o Parto à la Mãe é que sabe (#01)

Episiotomia, rolhão mucoso, APGAR, DPP, um sem número de termos novos que vão fazer parte das vossas vidas.

Aconselhamos aulas de preparação para o parto, aconselhamos sim, senhora. Mas quem não estiver muito para aí virado, fica com umas aulas grátis a la Mãe é que sabe, com parvoíce incluída e sem que o pai da criança tenha que adormecer ao vosso lado e fazer-vos passar a maior das vergonhas. O que não impede que os pais leiam isto, estão a ouvir?!! Também estiveram na hora H, não estiveram? Acham vocês.

Bem... vamos lá a isto.



AULA NÚMERO UM - começamos pelo fim.
Há um bebé na vossa barriga. Ou dois. Ou três. Já chega, não? Esse bebé agora está do tamanho de uma azeitona ou de uma manga. Mas quando estiver pronto a sair do forno vai estar do tamanho de uma melancia, mas com mãos e bracinhos, que no momento podem estar a dançar o Mila, do Netinho. Ora, poderão ter de levar um corte no pipi, a que se chama episiotomia. Ou apenas corte no pipi, se quiserem facilitar. Mas, na verdade, é um corte na zona do períneo, entre a vagina e o ânus.

- Os pontos caem por si, em princípio (fiquei com um a chatear mais uns tempos...)

- Vai custar-vos sentarem-se numa cadeira nos primeiros dias, ou semanas... (ajudava-me sentar-me com uma perna por baixo, tipo à chinês, mas perneta)

- Depois do banho, secar muito bem com uma toalha

- Gelo, muito gelo. O preservativo que não usaram quando estavam a brincar aos médicos e às enfermeiras, usam-no agora. Verdade! Repeti a técnica do hospital. Enchem o preservativo de água, põem-no a congelar e depois voilà. NÃOOO! Não é para enfiarem... (tosse, tosse). Acreditem que nada vai entrar nesse local sagrado nos próximos dias (semanas). Fica cá fora, mas ali coladinho.

- Se fizerem exercícios de Kegel antes do parto, ajuda depois na recuperação dessa zona - ver aqui o que são (eu já fazia anos antes, é muito importante, para prevenir a incontinência e para melhorar o desempenho sexual - nunca ouviram falar daqueles ovos/bolas de Kegel, muito popularizadas na China?)



Mães que já tiveram o prazer de saber o que é esta coisa da episiotomia, mais algum conselho?

7.01.2015

Afinal Havia Outra (#26) - Às vezes os milagres acontecem aos pares

O meu grande sonho sempre foi ser mãe. Imaginei tantas vezes como seria sentir um bebé a crescer na barriga, estar 9 meses a receber miminhos do marido, família, amigos; cantar, falar e mimar o meu bebé dentro da barriga, ter muitos desejos de doces e não ligar nenhuma à balança, sorrir todos os dias apenas porque ter um bebé nos faz ser melhores, nos faz ser a pessoa mais feliz do mundo, nos faz sonhar, nos faz tanto mas tanto bem. Imaginei muitas vezes a minha gravidez, o meu parto, o meu pós parto, o meu bebé, até o meu possível baby blues… mas nada foi como imaginei. A minha viagem ao mundo da maternidade foi difícil, atribulada, uma autêntica montanha russa de sentimentos e emoções.


Este meu sonho de ser mãe juntou-se ao sonho do meu marido de ser pai e assim resolvemos tentar engravidar. Estava de tal maneira ansiosa que fiz o teste dois ou três dias depois da ausência da menstruação. Quando vi o “grávida” o meu coração parecia que ia rebentar com tanta alegria, o meu marido agarrou-me ao colo e ficámos os dois a aproveitar o momento e a sonhar com o nosso bebé… mas mal sabíamos nós que não era um bebé mas sim dois que estavam a caminho. Estávamos muito longe de imaginar. Na primeira ecografia apenas se via um saquinho e uma sementinha, mas eu juro que via duas, mas como o meu marido (que até é médico) juntamente com a minha Obstetra não comentaram nada eu fiquei caladinha. Passados uns dias a minha barriga crescia a olhos vistos (mais do que o “normal”) e os vómitos e enjoos eram constantes e não conseguia aguentar nada no estômago. Lá se ia o meu sonho de comer muito na gravidez.

Finalmente tinha chegado o dia da segunda ecografia e afinal eu tinha razão, as mães nunca se enganam… eram mesmo dois bebés! Fiquei duplamente feliz e duplamente ansiosa. Quando contei às pessoas mais próximas ninguém acreditava pois sempre dissera a brincar que iria ter gémeos, ou melhor, trigémeos! A sorte foi que Deus teve pena de mim e só me deu duas de uma vez, nem quero imaginar como seria com três.

O primeiro trimestre foi vivido com muitas náuseas e vómitos, era quase impossível aumentar de peso, tomava os meus milagrosos comprimidos para o enjoo que me davam um sono horrível, tive de deixar o trabalho e ficar em casa, ou melhor dizendo, no sofá, pois foi esta a minha companhia durante muitos dias. Comecei a sentir os bebés muito cedo, com umas 18 semanas sabia que tinha um ou uma que não parava quieto e outro ou outra mais calmo pois não se mexia tanto. Também as contrações chegaram mais cedo, o que obrigou a mais e mais repouso. A barriga estava a aumentar a olhos vistos e pensava muitas vezes como ia ficar com 38 semanas de gravidez. Estava com alguns receios como é normal de mãe de primeira viagem e ainda por cima logo de duas bebés, mas a alegria superava todos os receios. No dia que soube que iam ser duas meninas foi um dia mágico, sempre quis tanto ter meninas. Engraçado que o meu marido desde o início que disse que eram meninas… mal ele sabia que estava tramado com três mulheres em casa.

A gravidez estava a ser super vigiada, consultas e ecografias semanais, estava longe de imaginar o que iria acontecer. Às 25 semanas de gestação o nosso mundo parou com a notícia de que as meninas podiam nascer a qualquer momento. Da notícia até elas nascerem nem passaram 24 horas, não tive tempo para reagir, para pensar no que estava a acontecer. A alegria deu espaço ao medo ao desespero, à dor, à angústia. E de um momento para o outro, as Marias nasceram. Sem grande aviso, sem preparação. O parto foi complicado pois uma já estava a meio caminho e a outra deitada sem querer sair, foi tudo muito rápido mas para mim foi uma eternidade. Adormeci a olhar para a anestesista e como aquele olhar me tranquilizou e me deu esperança. Não sei explicar mas acreditei sempre. Mas mesmo antes de adormecer falei-lhes em pensamento para terem força e que as amava muito. E quando acordei já tinha um sorriso nervoso do meu marido e umas fotografias das nossas “meio quilo de gente” mais lindas do mundo. Só as pude conhecer no dia seguinte. Tão pequeninas em tamanho e tão grandes no coração, que força de viver… e de repente já estavam elas a ensinar-nos a força e o poder do amor, quando éramos nós que pensávamos que lhes íamos ensinar tudo isso. 



Conheci as minhas filhas tão cedo… ainda não sabiam respirar, tinham os olhos fechados, orelhas mal definidas, pele vermelha (nem sei se podemos chamar pele), tinham uma mini fralda, estavam rodeadas de tubos e eram picadas e aspiradas de hora a hora. Vi o primeiro olhar e o primeiro sorriso, mas o choro só o ouvi ao fim de 26 dias, quando tiraram o ventilador.

Um xixi, um cocó, tudo era uma vitória, e coisas tão banais para a maioria dos bebés, para mim era como ganhar o euromilhões. Era tudo muito lento mas tudo mágico, e apesar de todos os tubos e de estarem a viver numa caixinha mágica (como lhe chamava), estavam rodeadas de tanto mas tanto amor!! O amor cura tudo e curou as nossas princesas!

Olho para trás com alguma tristeza por não ter chegado a viver um terceiro trimestre de gravidez, não ter tido um chá de bebé, mala de maternidade, enxoval, aulas de preparação para o parto, visitas ou mensagens de parabéns no dia em que nasceram, flores ou prendas, sorrisos, até dores pós parto (pois estava ocupada com outras dores maiores). Não tive aquela sensação mágica de tanta felicidade que a maioria das mães refere quando nascem os filhos, mas sim um medo enorme de as perder. Apesar desse medo, sempre acreditei nelas mesmo quando os médicos diziam o contrário. Não pude abraçar as minhas filhas (só ao fim de 26 dias), não era mãe a tempo inteiro, apenas umas horas (e isto doía tanto), tocava nelas apenas quando permitiam, cantava para elas sempre que podia, tirava leite pela bomba numa sala com outras mães à qual chamava sala de partilha da dor, pois ali éramos um pouco mães de todos. Tive duas mastites mas mesmo assim continuei a tirar leite (para o bem delas fazia qualquer coisa). E no fim do dia, regressava a casa, com uma dor horrorosa, uma sensação de vazio, de medo, de angústia, de não querer estar longe delas. Mas ao mesmo tempo sabia que tinha de descansar para estar bem perto delas. Chegava a casa tão triste, tão vazia, uma solidão. Olhava para os berços e não as via, olhava para a barriga e não as sentia, e recordava tudo o que aconteceu novamente, e rezava para conseguir dormir. Tinha a sensação de que estava a viver um sonho ou pesadelo (nem sei bem) e que nunca mais acordava. Tinha pânico que o telefone tocasse, não conseguia ligar para o serviço, não queria chorar perto delas mas também não queria deixá-las quando elas não estavam bem. Mas às vezes bastava olhar para elas para saber se estavam bem ou não. Tantas vezes me senti a desmaiar, sem força, com vontade de desaparecer. Mas o amor salvou-nos aos 4, sempre esteve presente, sempre deu esperança, força, coragem.

As Marias deram-me as maiores lições de vida. Ensinaram-me a amar, acreditar, a sonhar, a ter esperança, a ter fé e a ser uma pessoa melhor.  Lutámos juntos com muito amor, durante 109 dias, e apesar de terem sido dias de uma autêntica montanha russa de emoções, acreditámos sempre!!! 
 

Desde 27 de Junho de 2014 que estamos em casa todos juntos com muitos cuidados extra pois a prematuridade nos primeiros meses após alta requer mais vigilância, mais cuidados com possíveis infeções, menos idas a rua (no inverno quase nenhumas), mínimo de visitas. Mas apesar disso e agora que está a fazer um ano de alta delas, valeu tudo a pena. Este ano que passou foi sem dúvida uma grande aventura. Cuidar de gémeas, pais de primeira viagem e com muito poucas ajudas, pois os nossos familiares estão longe, não tem sido uma tarefa fácil mas prometemos escrever um dia sobre as aventuras e desventuras de pais de duas gémeas. Aliás, vou antes deixar para o pai escrever que ele tem muito mais jeito que eu.


Débora Barroso

Envie-nos a sua história para amaeequesabeblog@gmail.com para nos poupar um bocado os teclados do computador, se faz favor. E porque queremos dar a conhecer histórias diferentes.

6.26.2015

Esta mãe quer que o filho veja o pai quando nascer!

Ou que o pai veja o filho...

Nem consigo imaginar o meu parto sem o David ao meu lado, a dizer piadas, a acalmar-me, a dar-me força e a ver a nossa filha no primeiro segundo da vida dela. Ouvindo-a chorar e acalmar-se no meu peito, vendo-a mamar pela primeira vez, pegando-a ao colo pouco tempo depois. São momentos de grande vínculo, inesquecíveis, que tornam um parto num momento emocionante, em família, humanizado.

Já Mónica nunca soube o que era ter o marido ao seu lado, nos momentos mais importantes das suas vidas. Vai ter, em breve, o terceiro filho, o Martim, e quer que, pela primeira vez, o pai possa assistir ao nascimento. É que Mónica vai, pela terceira vez, ter um parto por cesariana, no público, e a presença do pai sempre lhe foi vedada.

Inconformada, o que é esta mulher decidiu fazer? Com a ajuda de uma enfermeira, criou uma petição para que os pais possam assistir às cesarianas, para assinar aqui! É mesmo, mesmo importante que até dia 2 de Julho se consigam reunir 4000 mil assinaturas, para que a discussão ocorra em Plenário da República.

Estamos a falar de cesarianas programadas, em que não é necessário intervir de forma rápida ou com suspeitas de sofrimento fetal ou materno.

Assinei a petição. E o David também assinou, porque este é um direito deles.
Vão assinar?! Já falta pouco, força!

Para saber mais sobre as incongruências entre o que está na lei e o que se argumenta nos hospitais públicos, leiam este artigo do Público.


6.15.2015

Lista de Essenciais para o Bebé (e para nós)

Tenho uma amiga que tem uma amiga que está grávida. (A sério que estás a começar este texto assim?, pergunta o grilinho dentro da minha cabeça.) E essa amiga da amiga, a Carla, pediu-me que a ajudasse com a lista de essenciais para o bebé. "Mas queres a lista para a maternidade ou para ter em casa?" "Tudo, por favor." Vou dar o meu melhor.

Já vos fomos dando algumas dicas, aqui e aqui. Mas cá fica a minha lista:

MALA DE MATERNIDADE DO(A) FILHO(A)

- Três babygrows fáceis de vestir (nada destes para os quais a Joana Gama chamou a atenção aqui que, por sinal, eram do género do primeiro que a Isabel vestiu e tive as enfermeiras em stress a tentarem vestir-lhe aquilo). Acho que, no verão, de algodão serão suficientes.
A primeira roupa da Isabel
- Três bodies de manga comprida, de algodão (compro os interiores e os pijamas todos na Primark)

- Três calças interiores ou collants

- Um casaquinho de malha

- Um gorro (perdem muito calor pela cabeça), mas depende muito do calor do hospital (o meu era uma estufa e só usou na primeira noite).

- Quatro pares de meias

- Fraldas q.b. (alguns hospitais dão as fraldas. E mesmo que sejam precisas mais, há sempre um pai ou um avô para ir buscar mais). Eu comprei Dodot, mas dizem que as Libero para recém-nascido são muito boas.

- Compressas (não usei toalhitas nos primeiros meses), limpava apenas com compressas com água quente

- Fraldas de pano (uma ou duas): no meu caso, fiz uns envelopes com as fraldas de pano para cada uma das mudas de roupa, selados com alfinetes de ama.

- Toalha para o banho

Não é necessário:

- Chucha (para não atrapalhar a amamentação) nem biberon
- Sapatos nem gangas e coisas desconfortáveis

Eu sou betinha, por isso levei uns conjuntos todos mariquinhas - mas práticos - com cueiros, divididos por dias, mas duvido que haja por aqui muita gente com paciência para isso, daí ter simplificado a coisa


MALA DE MATERNIDADE DA MÃE

- Três camisas de dormir (ou aquilo que for mais confortável para vocês, equacionando que têm de  despir para dar mama)

- Chinelos (de banho e de quarto, ou só de banho)

- Kit higiene + cremes 

- Soutiens de amamentação (dois ou três)

- Discos absorventes para pôr no soutien (caso tenham a subida do leite logo lá)

- Purelan, da Medela - pomada para os mamilos - os primeiros tempos da amamentação podem não ser a coisa mais maravilhosa do mundo, porque nem sempre a pega está a ser bem feita, por isso, usar Purelan ajudou-me bastante.

- Carregador telemóvel + máquina fotográfica (com cartão e bateria carregada)

EXTRAS QUE ME SALVARAM A VIDA:

- Elástico para o cabelo (parece ridículo, mas depois esquecem-se e dá tanto jeito!)

- Spray de água termal da Vichy - naquelas longas horas de espera em trabalho de parto em que não se pode comer nem beber, borrifar-me foi o que me safou, palavra! Sentia a cara e os lábios sempre hidratados.

- Tena Pants - Ah, pois é, minhas amigas, também eu pensava que me ia guardar lá para os 70 anos, mas segui o conselho não sei de quem, experimentei e não quis outra coisa (quer dizer, quis, quis outra coisa, mas enfim, teve de ser). Ainda experimentei uma vez um penso numa daquelas cuecas de rede que nos dão no hospital e não tem nada a ver, deslocam-se, saem de sítio e é desconfortável. Com estas cuecas-penso não há risco de nada sair de sítio, ajustam-se bem e estamos sempre confortáveis. Além de que se rasgam para despir, não tendo de fazer grande esforço para nos baixarmos. Recomendo, sem dúvida! 


COISAS QUE ME SALVARAM AS MAMAS EM CASA:

Além do Purelan e do leitinho materno aplicado nos mamilos, as almofadas de hidrogel (que vão ao micro-ondas e ao congelador) e as conchas colectoras foram tão minhas amigas! Andar com as mamas ao ar-livre também. Aconselho, aconselho, aconselho (mesmo que pinguem LOL).



EM CASA:

- Berço para estar coladinho à nossa cama: nos primeiros meses, pelo menos, o lugar do bebé é bem pertinho de nós. Emprestaram-me um antigo, de verga, lindão, mas há já imensa oferta por aí. Gostei deste da Chicco, por exemplo. Se quiserem poupar uns trocos, ou não puderem meter-se em mais despesas, a cama de grades colada à nossa também funciona, claro.

- Cama de grades: comprei a cama no IKEA e adoro. Barata e bonita. O colchão também é do IKEA, mas investi no melhorzinho que lá havia. Vão precisar também de resgardo para a cama, lençóis e uma manta. Ou um saco-cama, como preferirem.


- Trocador: é dispensável, se tiverem um armário de gavetas com uma largura considerável, onde possam pôr um muda-fraldas. Eu comprei o trocador no IKEA (Gulliver), com 3 prateleiras, que além do apoio à higiene (com fraldas e produtos dentro de cestas de vime da Zara Home), tem também, ao nível da Isabel, a biblioteca dela.
Como não apreciei as forras do muda-fraldas do IKEA, comprei uma linda da Blu Home.  Além desta forra de tecido, apercebi-me que teria de ter resguardos descartáveis, que se mudam assim que há alguém que decide mexer-se um bocadinho e “borrar a pintura” durante a muda da fralda. 

- Cadeira/ poltrona para amamentar e dar colinho.
Andei meses à procura de uma poltrona para o quarto dela, mas acabei por comprar uma cadeira de balouço branca que “forrei” com almofadas. Não sabia se seria prática, mas é! Era onde amamentava quando a mudei de quarto e onde lhe conto histórias e onde a embalo, nos dias em que se torna impossível adormecê-la na cama. 

- Tapete: quis o mais simples possível e encontrei na Quadrinhos da Mó um creme, fácil de lavar, que é só pôr na máquina.

- Almofada de amamentação: deu-me um jeitaço nos primeiros meses para a amamentar na minha cama e no sofá da sala

- Banheira: como não tínhamos espaço na casa de banho, pusemos uma banheira à nossa altura (acho fundamental para as nossas costas), que era simultaneamente trocador, no nosso quarto. Comprámos em segunda mão. Quando começou a nadar na banheira, e a molhar o chão todo, mudámos só a banheira (sem a estrutura alta) para o nosso WC, encaixando-a na nossa banheira.

CASA/RUA:

- Ovo para o automóvel: usei o do carrinho da Chicco que me emprestaram, mas nunca fui fã (comprei uma forra também na Blue Home, na imagem acima).
- Carrinho (se fosse agora, teria o que ando sempre a apregoar, porque é leve e prático, da Greentom)
- Espreguiçadeira (para quando precisamos de ir fazer um xixi, comer ou tomar banho e tê-los sempre debaixo de olho)
- Sling/pano/marsúpio: emprestaram-me um sling de argolas e adorei tê-la sempre pertinho de mim, levá-la a passear e até para fazer algumas coisas em casa
- Pano para Swaddle (neste vídeo mostra como fazê-lo: garanto-vos que os acalma muito!)

Não é necessário: esterilizador, biberons, leite adaptado, brinquedos (no primeiro mês não ligam e vão oferecer-vos também).

Mais alguma coisa a acrescentar à lista? O que tirariam da lista? ;)

5.30.2015

Também têm dores esquisitas?

Preciso mesmo de vocês. A sério que sim. E nem é para vos pedir dinheiro, vejam lá o quanto eu estou a ser honesta e transparente. Estou a ser tão transparente quanto o vestido daquelas meninas que não têm maminhas e acham que não precisam de usar soutien e, portanto, fica a ver-se as maminhas. Lembrei-me agora que a Joana já me contou que, às vezes, não usava soutien. Espero que sejamos mesmo mais mulheres que homens aqui, senão este post seria provavelmente o primeiro post pornográfico num blogue de maternidade. Ah! E mães das maminhas sem soutien, existem "tapa-bicos", só para que saibam. Agora já podem andar assim com eles à mostra, não me importa. A amamentação fez milagres aos meus e passei a ter uns, mas dantes ficava importada e invejosa. 

A fingir que as pernas são minhas, já que tenho uns ténis quase iguais. 


Preciso mesmo de vocês! Desde que a Irene nasceu que ocasionalmente fico com a perna direita muito esquisita. Parece que tenho um garrote na virilha e que o resto da perna incha, mas sem inchar. Como se estivesse dormente, mas sem estar. Dói-me a coxa, o pé, o calcanhar... Já tomei Ben-u-Ron, voltaren e nada. Deduzo que não seja muscular. Agora estou a tomar uma trampa dum suplemento  (não estou a falar de leite artificial muhahah) que me deram na farmácia na última vez que tive isto e que, por acaso, coincidência ou não, ajudou a passar. 

Alguém já passou por isto? Ou está a passar por isto? Ou sabe o que é? A que especialidade devo ir já que só vi a minha médica de família uma vez e foi no Oeiras Park? 

Help!

Terá sido das 40 epidurais? Há efeitos assim a tãaaaao longo prazo?


PS - Custa-me tanto a adormecer. Estou o dia inteiro focada nisto porque a perna faz questão de mostrar que está constantemente presente. Como se estivesse a ferver.