6.09.2020

Estão tão felizes de volta à escola (e eu também)!

Disclaimer: Não quero incentivar-vos a meterem os vossos filhos na escola. Acho que esta é uma decisão muito pessoal. Não temos todos as mesmas condições, as mesmas necessidades, as mesmas estruturas familiares, as mesmas escolas, modos de funcionamento. Todos temos e tivemos de pesar os pros e os contras. 




Tomámos a decisão de irem quando se colocou a hipótese de eu recomeçar a trabalhar já em junho. Ligaram-me e talvez viesse a ter trabalho em breve em TV. Como poderia vir a saber de um dia para o outro, achámos melhor que a transição para a escola fosse uma coisa suave e que começassem a ir menos horas enquanto eu as pudesse ir buscar mais cedo. Têm ido das 10h às 16h30, mais coisa menos coisa. 

Uma coisa que me descansou foi o facto de terem um bom espaço exterior e ser lá que iriam passar a maior parte do dia. Tivemos uma reunião de quase 2 horas para ficarmos a saber como iria ser o funcionamento da escola. Percebi (já calculava) que não iria faltar mimo, que os miúdos poderiam brincar juntos (sei que algumas de vocês acharam graça àquela imagem dos helicópteros na cabeça que andou por aí a circular - a ideia era os miúdos terem umas hélices tão grandes, num suporte na cabeça, que lhes delimitavam o espaço e impedia que se aproximassem; eu não gostei mesmo nada) e, muito importante, que iriam fazer várias atividades na rua. Acho que no primeiro dia então, só foram dentro para almoçar e para a sesta. Posto isto, a confiança na escola e nas educadoras, auxiliares, etc foi um factor decisivo para mim.

Outro factor a ter em conta, para nós, foi a proximidade com pessoas de risco. Os meus pais não o são, por exemplo. Os meus sogros, sim. Por isso, agora que tomámos esta decisão, é provável que só os voltemos a ver depois de estarmos de férias e com menos contactos. Veremos.

Sossegou-me bastante ter visto uma entrevista recente a uma infeciologista pediátrica portuguesa; ter lido outros artigos e ter conseguido vencer o meu medo. 

Depois de tomada a decisão, e mesmo tendo agora a noção de que muito provavelmente só voltarei a ter trabalho em tv em julho, já não as tiro da escola tão cedo. A não ser que haja indicação para isso. 

Elas estão outras. Logo no primeiro dia, notei uma diferença tremenda. Chegam a casa e vão brincar. Mal se lembram de que têm uma TV em casa. Estão mais colaborativas. A Luísa voltou a fazer sesta. Fazem o caminho todo de carro a contar as novidades, ao que brincaram, o que comeram, sem que lhes pergunte nada. Querem partilhar as novidades e a sua felicidade comigo. As descobertas que fizeram. O balancé novo. A brincadeira às bruxas boas ao pé da árvore. O "quantos queres" que fizeram. A lanterna. 

Estão mais calmas, mais felizes, acho que precisavam muito desta rotina, destas companhias e, também, de encontrar este espaço individual. Cada uma, sozinha, com os seus amigos e educadoras. 

Para finalizar, percebo que este seja um tema que divide muita gente e eu percebo. Eu também dizia "não tendo necessidade real, elas não vão". Até cheguei a pensar que seria egoísmo meu ir pô-los na escola estando em casa, com trabalhos esporádicos. Que só deviam ir os filhos de quem não tem outra opção. Mas quem define "necessidade real"? Quem me diz que não era uma necessidade que precisava de colmatar nas minhas filhas? Uma necessidade emocional? 

E não, não temos de nos catalogar como pais extremosos e dedicados VS. pais que não têm paciência para os filhos, só porque se toma esta decisão. Ou pais medrosos VS. pais inconscientes. 

As minhas filhas não estão a ser "cobaias" de nada, como aí vi escrito sobre este assunto. Às minhas filhas foi devolvida uma rotina mais agradável, um jardim, amigos que adoram, aprendizagens e, também, uma mãe mais equilibrada, depois destes meses. Todas as decisões são legítimas, desde que feitas em consciência, pesando os prós e os contras e de acordo com cada escola e família. 



Esta foi a nossa decisão.



6.08.2020

Quando é que se conta aos filhos e ao ex que temos namorado novo?

Apesar de já ter tido uma relação séria depois do divórcio, por ter sido bastante diferente a vários níveis, o timing de contar ou não não foi algo que se tenha feito sentir. Era com uma mulher e, por isso, por ambas estarmos a descobrir muitas coisas e porque a nossa relação facilmente parecia a de melhores amigas, não era imperativo contar. Contou-se, mas tudo muito fluído, muito natural. 
Agora que namoro (ehehehheheheheh) com um rapaz, confesso que tremi com medo de contar à Irene. Por vários motivos. Sendo que um deles foi o dela já ter morado com o pai e ter deixado de morar (e no meu caso ter sido mais ou menos o mesmo quando era mais nova) e também porque não quero que a infância e adolescência dela seja um desfile de pessoas que vá conhecendo. 

A verdade é que, quando estamos apaixonadas, não vemos o fim às coisas. Eu até vejo por causa do medo, mas não o sinto. Ela já conheceu o namorado da mãe (foi apresentado como amigo) e ontem, assim que chegou da casa do pai contei-lhe. Já me tinha dito que nós devíamos ser namorados porque nos ríamos muito um para o outro e gostávamos das mesmas coisas. Na altura, disse-lhe que com os amigos também era assim, mas que gostava de namorar com ele. 

Ela ficou contente e obviamente que, por ela (do pouco que ela sabe, claro) tinha um irmão já hoje. 

"Vou ter um irmão?"
"Não sei filha, a ter não é já que a mãe ainda se lembra de muita coisa, está bem? "

Esta foi uma das fotografias que me tirou neste fim-de-semana,
ainda não levou workshop de namorado de instagram, mas está a ir aos poucos. ;)

Talvez haja timings, estratégias... mas decidi borrifar-me para isso. Estou com os dois pés nisto. Quero e quererei sempre proteger a minha filha de instabilidade: não quero que ela se tenha de adaptar aos percalços da vida emocional da mãe, mas a vida também acontece, não é? 

Cada uma de nós é uma, mas somos as duas uma dupla e, por isso, a vida de uma está tão ligada à da outra... Não há nada que se possa fazer (e ainda bem). 

Fico feliz pela Irene vir a assistir a uma dinâmica bonita. Que venha a ter uma referência maravilhosa de alguém na sua vida que lhe quer dar muito amor e à mãe e que, tal como ela quer, nos veja a dar beijinhos na boca (não irei dar linguadões, que ela veja - e, mesmo assim, sei lá - , mas vai ser interessante porque ela não o vê em lado algum). 

É bom sentir que há quem aceite tudo isto. Ontem li que "é uma situação diferente, mas não para pior". E a verdade é essa. Tenho uma filha do meu ex-marido mas ela é espectacular e eu também. Até é um bónus ou não? 

Contei também ontem ao ex que tinha namorado. Como somos muito amigos, sempre fomos partilhando um com o outro as nossas esperanças e paixões. Ele ficou genuinamente feliz por mim. E abraçamo-nos, comovidos, sabendo que é mais um grande passo para a nossa família e que, aconteça o que acontecer sabemos que poderemos sempre contar um com o outro e que todos os erros que cometamos serão sempre por termos o coração no sítio certo. 

Sinto que a vida (re)começa agora. 






6.02.2020

Tenho novidades. Ficam contentes por mim?


Ando calmamente histérica com isto. Não quero dizer que encontrei “a” pessoa, mas é o feeling que me tem percorrido o corpo todo. 
Claro que me falta conhecê-lo melhor e no início é tudo muito lindo, mas sinto mesmo que a vida me preparou - e talvez também o tenha preparado - para este momento. 

Ao longo de décadas fui tentando diminuir-me, moldar-me ou “corrigir-me” para me encaixar nas pessoas que ia conhecendo. Tinha a tendência para pensar que se alguém não lidasse bem com as minhas características, que tinha que as mudar. 

Isso foi um erro (que fez parte da aprendizagem). 

Uma espécie de falta de fé na abundância de pessoas neste planeta e, acima de tudo, no meu valor. Aquele slogan da L’Óreal faz sentido: “porque eu mereço”. 
E mereço. 

Hoje, entre beijos, saiu-me um “eu mereço-te, caramba”. Bem, talvez não tenha sido caramba que na vida real não sou tão polida como aqui. E é verdadeiramente isso que sinto. Não segundo a segundo, mas senti e vou sentindo. 

Conheci uma pessoa que gosta de tudo o que já fez confusão a outras. E arrisco-me a dizer que gosta de tudo o que me torna especial, aquilo que me sublinha em vez de me rasurar. Que me vê como uma relíquia e não como potencial. 



Claro que o amor não existe só por gostarem de nós. Como vos disse, estou apaixonada. E tinha deixado de “tentar”, de procurar. Senti que estava cansada e que a minha vida já é preenchida o suficiente e que já me dá cabo dos nervos o suficiente para estar a adicionar mais problemas mas, ao que parece, o amor não é isso. 

Correndo o risco de parecer muito “Os Maias”, descubro que sim, o amor é uma espécie de irmandade, de dupla, de equipa em que existe respeito, admiração, carinho, fé e vontade de crescer. 

Ao longo dos anos fui fazendo uma lista (ainda que, por vezes, inconsciente) do que é importante que alguém que faça parte da minha vida tenha e tive a sorte de ter encontrado quem não só preencha tudo o que quis, como ainda mais. Mesmo que isto não resulte, mesmo que o rapaz fuja (que está no seu direito), sentir o que estou a sentir, estas emoções todas e esta vontade de viver (parece o nome de uma telenovela merdosa), já valeu a pena. A Irene fica grata por ter uma mãe mais feliz, mais saudável e sabem que mais? Estou cada vez mais bonita. 

Escrevo-vos este post porque me apetece falar sobre isto, porque me apetece ostentar, mas também porque gostava muito de não me ter agarrado tanto a relações/pessoas que não me faziam bem. Não por serem más pessoas ou más namorados(as), mas sim por causa da dinâmica, timing, o que for. 

Há realmente quem nos queira e que talvez esteja pronto para nós tal como somos e estamos. Não tem mal que não resulte. Não tem mal que a vida mude. 

Desde que escrevo aqui no blog, algumas de vocês terão testemunhado as minhas mudanças de humor, a minha história e... reparem agora nisto! 

A minha ex-namorada ensinou-me e, também por isso agora consigo vivê-lo (obrigada): A VIDA É BOA. 

Talvez tenhamos é de ter fé e de fazer o que eu faço antes de entrar em palco: “que se fo*a”. E isto, principalmente, quando não sabemos o que vem por aí. 

Estou cheia de sorte. 
E mereço. 
Quis partilhar. 

Ficam contentes por mim?