3.11.2019

Sinto-me sempre incompleta. Será que ela também?

Adoro rotinas. Adoro saber com o que contar, não sou muito fã de surpresas, a não ser que signifiquem um aumento do meu rendimento e um decréscimo da quantidade do meu trabalho. De resto, sinto-me sempre ansiosa e insegura. A mudança, no imediato e na minha cabeça, nunca poderá trazer coisas boas porque “bem” estou eu agora por estar confortável.

No entanto, à medida que vou aprendendo a incluir-me na minha relação com a Irene, vou-me apercebendo que a flexibilidade não só é importante como é uma peça fulcral para - como a minha cara metade (emoji vómito) me ensinou - “deixar a vida entrar”. É preciso aceitar o que a vida nos vai trazendo, saber receber, saber adaptar e transformar o que há de menos bom no melhor possível. 

Estou a ganhar mais gosto em viver. Eu sei que escrevo tudo de uma forma muito pesada, mas não vejo - ainda - maneira diferente de escrever sobre estas coisas sem serem sempre com uma tónica existencial grande. É como as sinto. 



Nesta fotografia ela teria, talvez, dois anos. Foi no Verão. Parece que já teve umas mil e tal caras até esta que tem agora. Tenho saudades dela de quando era mais bebé. Que chatice. Isto só se resolve tendo-se outro, não é? 

Mas como estava a dizer: há que saber receber. Há que conseguir calar os instintos mais negativos e defensivos para conseguir estar disponível para a “evolução” da vida - devo ser prima do Gustavo Santos e não sei. Se for, quero muito que ele me venha pintar a casa. 

Ao longo desta semana vou ter alguns trabalhos e desafios que implicam mudar as nossas rotinas. Além de ser side-kick (uma espécie de co-apresentadora, mas que não deveria falar tanto, ahah) do Rui Unas no Maluco Beleza, também vou actuar num espectáculo de uns amigos fora de Lisboa (não posso dar mais pormenores para já que sei que já estavam por aí todas malucas a quererem saber, bem sei). 

Tendo em conta que agora a minha carreira já não é registada numa máquina de ponto das x horas às x horas, tenho mesmo de incluir maior flexibilidade. Sorte a minha que a Irene ainda não anda na primária e poderei usufruir de uma liberdadezinha maior a nível de ausências ou de atrasos - pelo menos até a educadora se passar comigo ou assim, eheh. 

A carreira do pai da Irene também é assim e, por isso, neste fim-de-semana, ela dormiu de Domingo para Segunda em casa do pai. Não me levem a mal: é fantástico ter tempo para mim, para namorar sossegadamente (ou nem por isso, eheh) e sentir como uma espécie de evasão da realidade apressada e repleta de responsabilidades, mas sinto sempre que existe uma privação. Cálculo que até possa ser química. Passar a semana inteira com ela, a adormecê-la, a olhar para ela, a dar-lhe banho, tudo e, de repente, ficar sem ela assim é... duro. 

Nem consigo pôr-me na situação das mães que têm os seus filhos num modelo de custódia partilhada, mas sei que somos capazes de tudo. Por isso força para todas as mães (e pais) que sintam ainda de forma mais aguda aquilo que estou a partilhar aqui. 

Pus-me, no entanto, no lugar dela. Quando ela me diz que tem saudades do pai e quando diz ao pai que tem saudades da mãe. Apesar de ser filha de pais divorciados, só me lembro de ter saudades do meu pai, não me lembro de ter saudades de alguém independentemente de onde estivesse. Ela sente-se incompleta também. 

Tento cada vez mais olhar para as situações (é um esforço, mas que implica cada vez menos energia) de uma perspectiva positiva e acho que estas ausências de parte a parte também farão bem à sua apreciação das presenças e também que a ajudarão a desenvolver ferramentas que lhe irão ser úteis para o resto da vida. 

Não há outra alternativa. Para quê martirizar? Esta é a melhor solução de todas e que sorte tenho eu de ter uma filha que sente saudades de ambos os pais. Que o verbaliza junto do outro e que entende o que está a sentir. Não é só sorte, também é trabalho. De todos. Até da minha cara-metade que já lhe ensinou uma verdade que ela já sua que é “há amor para todos”. 

A vida é boa. Ainda que não seja tudo ao mesmo tempo. 




09h00 e já estou cansada, pá!

São agora 09h00 e já ("já" ou será antes "ainda"?) estou cansada.

Acordei-as.

Vesti uma enquanto brincava com uns bonecos irritantes com um som demasiado alto para uma manhã.

A outra fez birra porque queria comer primeiro.

Fez birra porque eu tinha dito que podia ver um episódio dos dragões (???).

Entre respirar fundo e avisos vários de que assim não iria chegar a tempo à escola para ir ao oceanário, sentia a testa a latejar já.

A outra não queria o casaco azul aos quadrados, queria o vermelho, igual ao da irmã. Sei lá onde é que está o casaco vermelho agora.

A papa de aveia ao lume, está aqui está mais grossa que argamassa e depois mais uma birra que não está boa ou um raio me parta. Demasiada canela que saiu sei lá de onde, que o frasco tem buraquinhos pequenos mas, quando é para chatear, cai um nevão de canela. Ai comem assim, comem. Comeram. Mas o babete não era o que ela queria, claro que não. Ai vai desse que não há cá tempo para mariquices, penso para mim e sorrio enquanto lhe ponho aquilo com um sorriso cínico já: "está óptimo, é mesmo bom este babete".

Chega uma encomenda e eu a assinar no meio de um caos de uma casa de quem trouxe ontem meio mundo da casa de Santarém, que tem de ser despejada (e aqui a menina há um ano só trouxe mesmo o essencial).

Última birra porque o saco com o livro da biblioteca da escola, para devolver hoje, não era aquele, que eu tinha trocado com o da irmã (acreditem em mim: são iguais, IGUAIS!!!). O drama, o horror e uma voz de boneco animado a ser linchado a perfurar-me o tímpano.

Amo viver. 

Bom dia para vocês então.
Tenho a certeza de que alguém se irá rever. Alguém?



3.10.2019

Quem sabe mais? O Pai ou a Mãe?

Olá nossas queridas leitoras e ocasionais leitores que são tão amados como quaisquer outros. Desde que piem baixinho. Brincadeira :) Gostam da nova imagem do nosso blog? Ainda requer alguns afinamentos, mas não poderíamos deixar-de vos mostrar, principalmente na data em que foi - o Dia da Mulher.

Quando fomos ter com a Constança Ferreira ao Centro do Bebé, tivemos que lhe perguntar qual dos dois saberá mais no que toca a cuidar de um bebé. Óbvio que a resposta nunca seria "a mãe" ou "o pai", seria sempre muito na ordem dos jogos de educação física quando éramos mais novas "o importante é participar", mas não deixa de ser interessante ver que há muito mais além do "fazer as coisas" no que toca a criar uma criança com apego. 

Fica aqui o convite para ouvirem (e verem) a conversa que a Joana Paixão Brás teve com a Constança sobre isso mesmo. 




Enquanto gravava esta conversa... fiquei com muita coisa por pensar. Por exemplo: quanto de mim e da minha vontade de "controlar a situação" terá impedido que o pai da Irene tivesse entrado mais nos cuidados dela? 

Talvez seja importante partilhar este vídeo para que, algumas mães, também tenham consciência da importância de abrir espaço para não se sentirem tão assoberbadas, mas também para entregar também a quem de direito o prazer de cuidar dos filhos. 





3.08.2019

"Qual é a lenda do Dia da Mulher?", perguntou-me a minha filha de 4 anos

Antes de dormir, a Isabel perguntou-me, ao saber que hoje era o dia da mulher, qual era a lenda. E eu que podia bem ter inventado uma história qualquer de princesas fortes, contei-lhe a verdade. Ou parte dela. Disse-lhe que, há alguns anos, as mulheres não podiam usar calças. Que não podiam trabalhar no que quisessem e que tinham de ficar em casa, mesmo que tivessem jeito para outras coisas e tivessem outros sonhos. Ela ouviu tudo com muita atenção. “Nem podiam jogar à bola?”, perguntou de seguida. Disse-lhe que não. "E ainda há sítios no mundo onde não podem. Um dia vai ser diferente." Poupei-a à violência de saber que há mulheres que apanham na cara dos maridos e miúdas de 14 anos que têm medo dos namorados. Ela não precisa de saber disso, para já. Mas vai sabendo que as mulheres podem fazer tudo o que quiserem da vida, que são inteligentes, fortes e corajosas. Ela diz que quer ser jogadora de futebol do Benfica e, preferências clubísticas à parte, não sou eu quem lhe vai desfazer sonhos. E espero que ninguém o faça. Espero que ela possa ser mesmo tudo o que deseje. Que não lhe perguntem se tenciona engravidar ou o que pensa fazer quando os filhos estiverem doentes, numa entrevista de trabalho. Que lhe paguem o mesmo que pagariam a um homem pelo exercício das suas funções. Que ame e seja amada com respeito e sem violência. Que tenha a coragem e a força para nunca permitir que a menorizem, que a pisem, que a humilhem. 

Há muito caminho a fazer. Muito. Por isso este dia é tão especial. Não me faz confusão nenhuma as flores, os brindes e os elogios, desde que se fale do essencial. 

E o essencial está na origem dos preconceitos, estruturais, de que, por exemplo, a mulher que se veste assim ou assado está a pedi-las, entre tantos, tantos outros.

Além da violência verbal a que se assiste - e às vezes basta navegar nas redes sociais - as mulheres são vítimas de violência, físuca e psicológica, às mãos daqueles em quem supostamente confiavam (e muitas vezes mesmo ao nosso lado e nós não fazemos nada...).  São muitas as vítimas silenciosas; são muitas as que já não vão a tempo de se queixar sequer; são muitas (demasiadas, sempre), as que o fizeram, mas não as conseguimos proteger. E ainda houve quem lhes chamasse desleais, imorais e outras coisas que tais. A justiça falha com elas.

É preciso coragem para dizer não, basta e adeus. Muita, nem nós sabemos quanta. A vergonha, a culpa, o medo moram todos lá em casa. E às vezes uma espécie de amor, acha-se,... e esperança. Sabemos lá nós.

Feliz Dia da Mulher (que um dia seja um dia feliz para TODAS)
Com ou sem flores, com ou sem maquilhagem, mas com muita, muita coragem.


3.07.2019

O que os nossos filhos serão é o que lhes dissermos.

E mostrarmos. Que nada ou quase nada se resume apenas ao verbal. Nós funcionamos, na minha opinião, tendo como referência as pessoas mais próximas de nós e as mais marcantes que, em princípio, serão os pais ou quem terá exercido essa função. 

Eles funcionam como uma lente do mundo que nos é passada (não só geneticamente), mas em tudo o resto ao longo da vida, especialmente nos primeiros anos de vida. 

São importantes e fulcrais os rótulos que nos põem, mesmo que sem querer. São rótulos que podem durar anos e anos e que, sem consciência disso - até porque as palavra dos pais, para nós, até muito tarde, são a verdade - poderão limitar a vida e, acima de tudo, a percepção que os "filhos" têm de si. 


Concretizando: se estiver constantemente a dizer à Irene que ela é desastrada, que não tem jeito com as mãos, o mais provável é que ela venha a interiorizar o que eu disse e que não desenvolva essa capacidade por assumir o rótulo que lhe dei - injustamente já que tendo 4 anos, é natural que ainda esteja a desenvolver muitas aptidões, principalmente as que exigem minúcia. 

Isso dos rótulos, um dia a ver se me alongo. No outro dia apercebi-me que, por sempre querer ter um namorado (sentia-me sempre muito sozinha e pouco gostada) fui alvo de rótulos atrás de rótulos, tão cedo quanto aos 10 anos. A ver se um dia refletimos todas sobre isso e no que podemos fazer para que a geração dos nossos filhos não sofra tanto e não faça sofrer tanto os outros e tão cedo.

Isso começa antes. Aquilo que lhes dizemos que eles são e que lhes mostramos que eles são para nós. Actos, palavras e vá, não omissões. Não digo para andarmos sempre hiper mega ultra conscientes de tudo o que dizemos e fazemos, mas sim, termos uma noção geral presente de que estamos a moldar e a construir não só um ser humano, mas a percepção que ele terá de si próprio e dos outros também. 

A Irene não é desastrada, ela tem quatro anos. 

Ela não é teimosa, ela quer muito algo.

Ela não é mentirosa, está a aprender a lidar com as ferramentas que nos fazem ter aquilo que achamos que precisamos. 

Ela não é birrenta para ir dormir, ela provavelmente já estará a ir para a cama fora da hora dela e todos nós, privados de sono, somos insuportáveis, principalmente se alguém estiver a dar-nos ordens. 

O primeiro instinto, o mais básico, é rotular os outros. Até os nossos filhos, tal como nós fomos rotulados. O próximo passo, difícil já que temos tanto para fazer, resolver e assegurar, é ganhar tempo a tentar perceber se tal será justo e não poderemos estar a ser parte do problema. 


"Não tens jeitinho nenhum para desenhar, dá cá que eu faço isso". 

Uma das coisas que mais gostei de aprender até hoje é que, com treino, todos melhoramos em princípio a nossa aptidão para fazer algo. Até a desenhar, cantar, escrever, saltar, correr... tudo. 

Os rótulos são uma preguicite nossa, uma defesa nossa para nos sentirmos melhores connosco, mas não é necessário que seja à custa dos outros e até dos nossos filhos. 

Não é só o não dizer. É ver. Compreender. Aceitar. Ensinar. Abraçar e... muito importante: olhar nos olhos. 

Lembro-me que o momento que mais me marcou até agora de ser mãe da Irene foi quando uma vez, a primeira vez, trocamos olhares e estavamos completamente focadas uma na outra. Esta sintonia além de trazer serotina para a família (sempre vantajosa a milhares de níveis) faz com que surja a "auto-estima" nos nossos filhos.

"Auto" não por ter sido automática mas de "estima por si". E nós somos os primeiros (mães e pais e familiares próximos) a sermos os olhos daquilo que eles são e daquilo em que eles acreditam que poderão vir a ser. 

Hoje não consigo porque só dormi 4 horas (fui actuar à Universidade de Aveiro ontem e voltei hoje de comboio, estou de rastos - espero que este post esteja a fazer sentido), mas a ver se um dia fazemos todas o exercício de pensar quem queremos que os nossos filhos sejam e de vermos aquilo em que podemos ser úteis, além das funções básicas de assegurar a alimentação, segurança e afecto. 

Eu quero que a Irene tenha muita confiança em si e que seja compreensiva e empática, para também ser consigo mesma. 

E vocês?

Conseguem pensar que parte daquilo que vocês acham que vocês são foi transmitida pelos vossos pais? Que rótulos? Que orgulhos? :)

Acho que fritei os 2 minutos de cérebro que me restavam para hoje, mas fica aqui a intenção. É o que está na minha cabeça desde ontem, no espectáculo (e conversa) em que se falou de Tabus... 





3.06.2019

“Às vezes gostava de não ter uma irmã, de ser só eu”

“Às vezes gostava de não ter uma irmã, de ser só eu”

Foi este o desabafo da Isabel, à noite, com o pai, enquanto este as estava a adormecer. E antes disso, entre lágrimas disse algo como “não quero a Luísa”.
Duas coisas: primeiro, a Isabel adora a irmã. Vê-se mesmo que se sente orgulhosa dela e até mesmo quando lhe perguntaram se ela queria outra mana, ela respondeu, da forma mais querida do mundo que não, que queria a Luísa, sem ter percebido que a pergunta era se queria ter mais uma irmã. Depois, disse que queria 5 manos.
Segundo: é muito mas mesmo muito importante que ela se expresse tão bem. Que se sinta à vontade para o fazer com os pais. É que nunca deixe de sentir que pode dizer tudo, desabafar sobre o que precisar.
Claro que nos custa ouvir algo assim; claro que pensamos logo em que é que estamos a falhar.
Quando já dormiam, conversámos sobre isto. A Isabel não parece, muitas vezes, uma miúda de 4 anos. Tem conversas e uma sensibilidade que não esperávamos tão cedo. Fala sobre a morte, tem raciocínios que nos deixam de boca aberta, confronta-nos com coisas que dissemos há meses, analisa e faz perguntas: “gostava que me explicasses, por favor, porque eu não percebi, por que é que antes disseste que a máscara era cara, mas depois compraste outra que foi mais cara do que aquela que vimos”. Sim, esta foi a última que me apanhou desprevenida. Caraças.
Posto isto, com este desabafo dela, ficámos com a certeza de que temos de ter um bocadinho mais de cuidado com a atenção que lhe damos. E em pequenos pormenores. Tentamos muitas vezes justificar com “a mana é mais pequenina, amor, ela ainda não percebe” para desculpabilizar a Luísa de algumas coisas e se calhar temos de começar a atribuir mais justiça na hora de resolver algum conflito. Peço à Isabel para deixar a Luísa chegar ao elevador ou para ser ela a desligar a luz e essas pequenas coisas acabam por lhe tirar também o prazer de ser ela a fazê-las. Claro que depois fico felicíssima quando a vejo a pegar na irmã ao colo para ela chegar ao botão do número 5, mas se calhar a Luísa terá de ficar a chorar mais vezes e ser a Isabel a fazê-lo. Eu sei que isto está ali a roçar já o “não assunto” mas eu acho que é nestes pequenos pormenores que nós vamos acumulando frustrações, até explodirmos. Foi claramente o que se passou com a Isabel. Ela acumulou e explodiu quando estava mais vulnerável, com sono e cansada.
Ainda bem que o fez. O comentário está ao nível do “não gosto da mãe. És má é feia”, não corresponde exactamente à verdade, mas pelo menos demonstra necessidade de atenção. Vou/ vamos tentar ter mais cuidado. O pai já a levou ao cinema a ver o filme do dragão entretanto e já foi com ela ao Benfica e costuma ser ela a ir às compras também, mas se calhar tem de haver mais atenção aos detalhes, no dia-a-dia.

O que fariam? O que acham disto?
Obrigada!






Fomos por Portugal fora de auto-caravana. ♡

Bom dia :)

Acho que ainda nem tive tempo de processar o que aconteceu. Pareceu tudo um sonho e nem por isso aconteceu assim tão rápido. A brincadeira começou há um ano e pouco, como vos disse, quando a Irene viu um episódio qualquer da porquinha Peppa em que a família ia de férias de auto-caravana. 

A Irene pediu-me, na altura, para irmos de férias de auto-caravana e eu pensei: "quem sabe, um dia". Quando estava a marcar as férias para o "ano inteiro", seguindo aquilo que partilhei convosco de me obrigar a parar mais vezes por ano, deixei logo o espaço para a "auto-bikanka". Não sei de onde veio o nome, mas ficou.

Partilhei a minha ideia com vários colegas meus até que a Sónia Santos da Renascença (uma das pessoas que me formou como locutora e animadora de rádio e que agora faz com o Renato Duarte - um dos melhores amigos da Joana Paixão Brás - o "Nunca é Tarde") me contou que ela e um amigo têm algumas auto-caravanas para alugar. Como não experimentar? 

A "nossa" Bikanka.


Experimentámos, claro. Marcamos para as férias do Carnaval. Sabíamos que não ia estar muito calor e era uma primeira experiência para ver como nos daríamos com a coisa. O roteiro foi simples: Lisboa, Ericeira, Peniche, Baleal e Nazaré. Parámos sempre ao lado de praias, de manhã fomos sempre pôr um pezinho na areia, conhecemos as vilas à noite e dormimos com aquecimento-central (nunca pensei que pudesse haver este tipo de mordomias, sinceramente). 

Tomámos banho com água quente - até tivémos de ter cuidado porque rapidamente saia a ferver - levámos internet connosco para ver uns filminhos depois da Irene adormecer, podíamos carregar os telemóveis e as máquinas fotográficas, duas camas de casal, espaço de "sala de estar" mesmo com a segunda cama aberta, tudo fechado, cortinas e afins para termos privacidade e também para não levarmos logo um chapão de sol de manhã. 

Outra coisa que me surpreendeu foi o conforto das camas. Não estava à espera que, numa auto-caravana, as camas fosse iguais às de casa. Eram mesmo. Dormimos com edredão e foi o suficiente. 

De manhã, abríamos a janela e lá estava a praia à nossa espera. 

A sorte... Fez-lhe maravilhas às vias respiratórias também... 

Fartámo-nos de comer fora, mas também cozinhamos uma refeição na bikanka. Comemos uns hambúrgueres no pão com salada e ao pequeno almoço uns ovos mexidos. 

Lembro-me de quando era mais pequenina e passeava com os meus pais de passar por parques de campismo e achar que as pessoas que iam nas auto-caravanas deviam estar super desconfortáveis, mais ainda do que a malta que ia de tendas, mas... afinal nem sempre é o caso.

Só há um problema: fiquei com o bichinho. O de querer mais. Queremos tornar isto numa tradição familiar e fazê-lo todos os anos. 

De janela aberta ao final da tarde a comer uma laranja. 


Vou escrever-vos mais posts sobre isto, quem sabe até com umas dicas para quem quiser começar - apesar de não ser NADA complicado.

Estamos tão felizes. A Irene delirou e contemplou o mar. Foi bom vê-la a sentir as coisas assim. 


Querem experimentar? 

3.04.2019

Há um antes e um depois da Isabel

Há um antes e um depois da Isabel. Antes de ser mãe, achava que ia continuar a trabalhar em televisão, a entrevistar pessoas e a gerir conteúdos, a pensar em rubricas e em programas. Depois de ser mãe, percebi que o meu tempo, gerido de outra forma, me faria mais feliz. Grávida da Luísa, tive coragem para por o plano em marcha. Era como se nada mais fizesse sentido. Queria estar com ela, pelo menos no primeiro ano. Percebi que ser “só” mãe é algo que não existe, porque continuamos a ser sempre muitas coisas ao mesmo tempo, mesmo que adiemos a carreira ou, até, a abandonemos. Contribuímos com tempo, coração e ganhamos imenso em troca. Aprendemos muito. O que não faz sentido é, nos dias de hoje, haver ainda quem estranhe isto, quem não concorde com isto e quem ache que esta escolha não se enquadra numa onda de feminismo. É precisamente o contrário. Liberdade é podermos fazer o que bem entendermos, seja continuar a progredir na carreira, seja desistir dela. Eu não faço ideia do que sou neste momento. Tenho um trabalho, por conta própria, mas sinto-me “mãe a tempo inteiro”. Acho que este termo é até redutor (não somos todas?). Mas bem, percebi que quero, neste momento (não gosto de coisas muito definitivas), ir buscar as miúdas cedo à escola e não ter uma veia a rebentar de cada vez que há trânsito. Entre casa, jantar, e-mails, um post, uma reunião ou exercício físico, o dia faz-se. O resto é delas. E eu estou feliz assim. Não sei se “para sempre”. Mas a fazer ouvidos moucos a perguntas e constatações do género: “quando é que voltas a trabalhar?” e a “alguém tem de trabalhar”. Só tenho de ouvir o meu coração. Por enquanto, ele diz-me que estou no caminho certo. O meu. ❣️


3.03.2019

As 5 piores coisas que já me disseram


Quando nos tornamos mães, ouvimos muitos, mas mesmo muitos comentários, vindos até de onde menos esperamos. Nem sempre são mal intencionados, às vezes são de pessoas que nos querem bem e apenas não percebem que, naquele momento, queremos apenas desabafar. As crianças "são do mundo" e toda a gente acha que pode mandar um bitaite para o ar, sem que isso afecte ninguém.
E, caso seja tudo uma novidade, estejamos cansadas e estejamos a viajar bastante entre baby blues e uma magia absolutamente aterradora (sim, é mesmo isto), pode cair muito mal.
Há quem seja absolutamente confiante e se esteja a marimbar para o que ouve, mas há também quem fique um bocadinho melindrado ou, ainda, que essa opinião confirme mais suspeitas e medos dessa mãe.

Eis as coisas mais estranhas que me disseram e como reagi perante elas:

#05
"Tem tanto pelinho, parece um macaquinho"
Foi na maternidade, acabadinha de nascer. Então... sim. Eu já tinha reparado que a minha filhota tinha muito pelinho que, felizmente, o acto de parir não me arrancou os olhinhos (só o pipi, quase). O que fazer com essa informação? Pô-la numa jaula? Pedir à Sparkl para passar pelo Hospital da Luz para  lhe fazer uma depilação completa? Sorrir e agradecer o carinho? Chorar? 
Falámos sobre o que fazer nas visitas à maternidade neste vídeo. Se calhar algumas pessoas deviam ver. :) 


#04
"Está tão magrinha, não está?"
Desabafei sobre isso aqui, na altura. Houve uma fase em que a saga começou: "oh! perdeu as bochechas", "a minha com essa idade pesava o dobro", "tão levezinha!", "está magrita, não está?", "ainda dás mama?". Ora, para uma pessoa que é mãe pela primeira vez, isto é das piores coisinhas que lhe podem dizer. Até eu chegava a duvidar de que ela estivesse bem, tal é pressão para os bebés serem gordinhos e obedecerem ao padrão dos percentis. Mas a pediatra sempre disse: ela está óptima, não se preocupe, é normal eles oscilarem nas curvas dos percentis. Mesmo assim, na hora da balança eu já estremecia, com medo que me sugerisse começar com as papas para a engorda e dar leite de fórmula. Logo eu, que comecei a tirar leite com máquina desde o segundo mês todo o santo dia para garantir que ela tivesse sempre do meu leite enquanto estava a trabalhar, não queria ouvir que a minha filha andava a passar fome! Felizmente uma pessoa acaba por ganhar confiança. Está óptima.  Vai fazer 5 anos e pesa 16 kgs. É dela e sempre foi <3.



#03 
"Eles não sabem educar a filha"
Esta foi daquelas que me fez sentir uma raivinha misturada com vontade de rir, apesar de, claro, não me ter sido dirigida. Vindo de quem vinha, dava-me até pena. Alguém sem filhos, claro, e alguém que estava a falar de uma miúda de dois anos. Com zero conhecimento de psicologia e muito menos de pedagogia. E, pior ainda, sem bom senso. Uma criança com dois anos dificilmente será "mal-educada". Tem uma rebeldia própria, está numa fase de enorme confrontação com o mundo, com a frustração, e não é por acaso que essa fase é chamada de "terrible two". É o período das birras por excelência. E, muito provavelmente, ainda há muita gente que espera que todos os pais resolvam tudo com umas boas palmadas. Essa pessoa era uma delas: "Coitada, pensei". 


#02 
"Ela vai ser muito anti-social depois"
Isto relativamente à decisão de ficar em casa com a minha segunda filha nos primeiros tempos. Fiquei 1 ano e meio. É das crianças mais felizes, dadas e simpáticas com as quais se poderão cruzar (sim, muita baba, o que é que querem? ahah). Quando não se estava a adaptar nada bem à primeira creche, essa frase descia até mim e dava-lhe razão. "Foi muito tempo comigo, apegou-se muito..." Mas eu, no fundo, sabia. Não, o problema foi mesmo da forma como a escola funcionava: não nos deixaram fazer adaptação. Tinha de estar lá as horas definidas (bastantes) e os pais não podiam entrar na sala nem lá ficar uns minutos. Mudámos de escola e foi o que se viu: em menos de uma semana estava a adaptação feita, com muita calma e amor.

* Foto: Isabel Saldanha
#01 
"A sua filha é feia!" e "Assim só se estraga uma casa".
Não tem sequer piada e só seria desculpável se dito por uma criança de 5 anos. Adultos não podem expressar tanto ódio, muito menos relativamente a crianças, e nem mesmo atrás de um computador. Foi algo que me fez pensar se deveria manter o blogue, imaginem. Tanta violência, totalmente gratuita. Uma coisa é atacarem-me a mim, como já o fizeram, outra, muito diferente, é dizer mal de crianças, os seres mais puros e inofensivos à face da terra. Nunca se deseja mal a uma criança, nunca se diz coisas feias acerca de uma criança. Se se sente necessidade de dizer, psicólogos poderão ajudar a controlar esse impulso. 
Começámos a moderar comentários e, engraçado, as haters deixaram de sentir que tinham tanto protagonismo. Problema resolvido.

Mas uma coisa é certa: aquilo que nos dizem ou que dizem sobre nós, revela mais de quem diz do que nós.

E vocês? Quais as coisas mais idiotas que já vos disseram dos vossos filhos ou de vocês, enquanto mães, e como as ultrapassaram?
Coragem. Já só faltam 60 anos para nos livrarmos dos opinanços. :)



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Temos dois cursos - pré-parto e pós-parto - para vos oferecer!

Esta é uma notícia mesmo, mesmo, mesmo boa e que estávamos em pulgas para vos contar. Não só vamos ter uma série de vídeos com a nossa Constança (!!!), como vos vamos oferecer:

1 CURSO PRÉ-PARTO COMPLETO 
e
1 CURSO PÓS-PARTO NO 

mas primeiro, não sejam lambonas, vejam o vídeo, 'tsa?

Eu - Joana Paixão Brás - procurei a Constança quando, aos 8 meses, a Luísa acordava muitas vezes durante a noite, era esse o meu/nosso principal calcanhar de Aquiles. A Joana Gama também já lá tinha ido uns anos antes, com a Irene. E agora, quisemos saber quais são os principais receios dos pais e os motivos pelos quais procuram a Constança Cordeiro Ferreira ou o Centro do Bebé. 
Revêem-se nestes pais? 



Agora que chegaram ao fim do vídeo (viram todo, não foi?! uhm uhm), vamos lá detalhar o que temos aqui para vos oferecer e as razões pelas quais devem fazer estes cursos, mesmo que não vençam os passatempos. :) 

No Facebook, vamos oferecer um 
CURSO PRÉ PARTO COMPLETO 
"Preparação Para a Parentalidade"

Este curso destina-se aos casais na gravidez para os preparar de forma completa para o parto e – muito importante - para a vida real com o bebé. A ideia é que tenham uma experiência que deixe pais e mães completamente descansados e preparados para a chegada dos bebés, mas sempre com profundo respeito pelo projecto único de cada família. 
Os cursos têm sempre grupos pequenos que são acompanhados bem de perto pela Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica que traça, com cada casal, a viagem sobre todas as questões relacionadas com o parto. O curso tem uma sessão com um pediatra neonatologista (uau!) que explica tudo sobre os sinais normais e os sinais de alerta do recém-nascido e que ensina a fazer as manobras correctas, caso o bebé se engasgue, por exemplo. 

E há uma coisa que me faz mesmo, mesmo sentido que é: uma sessão só para os pais – a Tertúlia dos Pais - com um psicólogo, o Dr. Nuno Reis, sobre as dúvidas que o pai tem e o sobre o próprio processo de se tornarem pais. (FANTÁSTICO!)



Os casais aprendem ainda muita coisa sobre o cuidado, segurança no sono, amamentação, estratégias para o choro, as cólicas, segurança infantil rodoviária... tudo, no fundo. 

E, muito mas muito importante, este curso não acaba umas semanas antes do parto, não! Termina só após o nascimento do bebé, porque integra uma sessão com a Terapeuta de Bebés, Constança Cordeiro Ferreira, a nossa entrevistada, onde os pais podem esclarecer todas as dúvidas reais que só temos depois do nosso bebé ter nascido. Isto teria sido tão mas tão importante para mim. Snif!

A SABER:
- Podem realizar o curso de preparação para o nascimento a partir das 23 semanas, idealmente devem iniciar por volta das 29 semanas;
- Os conteúdos do curso e a carga horária é sempre a mesma, mas para comodidade dos casais e tendo em conta se a gestação está mais ou menos adiantada, o Centro do Bebé tem vários formatos de duração do curso para que os casais tenham sempre resposta para o que mais se adequa a eles (formato de curso ao longo de seis semanas com uma sessão por semana em pós-laboral; formato de duas sessões pós laboral por semana, ao longo de três semanas; formato intensivo de três manhãs de sábado, formato super intensivo de um só fim de semana – sábado e  domingo)
- O curso pode ser realizado no Centro do Bebé Lisboa ou no Centro do Bebé Cascais    
- O curso é pensado para uma experiência do casal. Caso a grávida não tenha o pai/companheiro/a presente pode vir acompanhada da sua mãe, da irmã, ou de alguém próximo. Mas também pode frequentar sozinha se preferir.
- O passatempo envolve a oferta de curso, sujeito às datas e vagas existentes no momento de contacto da vencedora com o Centro do Bebé
- A oferta não é transmissível a outra pessoa

Agora que já sabem TUDOOOO sobre este curso, vamos às regras. Têm de:

💗identificar - no vídeo no Facebook - duas amigas, grávidas de preferência, para que também elas tenham oportunidade de participar (não sejam egoístas LOL) . ESTE:



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💗 seguir a Mãe É que Sabe e o Centro do Bebé no Facebook


E como somos umas mãos largas... tchan tchan tchan...


 No nosso Instagram, vamos oferecer um 

1 CURSO PÓS-PARTO 

Este é um curso novo e diferenciador, que pretende colocar toda a experiência do Centro do Bebé no objectivo de tornar a experiência das mães e pais muito mais fácil e tranquila nas semanas após o parto.


Num ambiente intimista, tranquilo e muito experiente, as mães vão ser acompanhadas ao longo de quatro semanas, por uma  Enfermeira Especialista, nos seus desafios das primeiras semanas com os seus bebés. Cólicas, choro, amamentação, dúvidas sobre o peso do bebé, os cocós, o sono… tudo isto será respondido ao longo de quatro semanas em que as mães vão ter também espaço para observar e descodificar cada vez melhor os seus bebés, aprendendo estratégias para os confortar, para os tocar e relaxar, mas também vão ser elas próprias mimadas, vão ser ouvidas e vão aprender estratégias para a sua própria confiança e bem-estar.  
Só para terem uma noção do mimo e do ambiente que por lá se vive, as sessões começam com um cházinho reconfortante.

A SABER:
- Pode ser frequentado por bebés desde as 3 semanas até às 10 semanas de vida
- Pode ser frequentado pela mãe e pai ou só pela mãe e o bebé
- Vai ser um espaço intimista em que pais e bebés vão aprender a conhecer-se profundamente
- É orientado por Enfermeira Especialista
- Realiza-se às quartas-feiras de manhã, com sessões de 1h30 cada uma, ao longo de 4 semanas
- A vencedora pode utilizar a sua vaga numa das datas existentes e em que ainda existam vagas disponíveis no momento do contacto com a nossa recepção
- O curso é totalmente novo vai estar disponível no Centro do Bebé em Lisboa (a partir de Março) e no Centro do Bebé em Cascais (a partir de Abril) 

Agora que já sabem TUDOOOO sobre este curso, têm de:
💗 identificar - no vídeo do Instagram - duas amigas, grávidas ou recém recém-mamãs, para que também elas tenham oportunidade de participar (não sejam egoístas LOL)
💗 fazer like na publicação
💗 seguir a A Mãe É que Sabe e o Centro do Bebé no Facebook

Aqui está ele:



As vencedoras serão apuradas de forma random, de hoje a oito dias, 
porque acreditamos que TODAS merecem.

BOA SORTE!

Se precisarem de mais informação sobre o Centro do Bebé ou sobre os cursos podem sempre contactar o centro através do 📧 info@centrodobebe.pt, pelo FacebookInstagram ou ainda através do site.



3.01.2019

Dormiu pela primeira vez em casa de uma amiga

Não estava à espera que me pedisse tão cedo.


Quando aceitei, abraçou-se à mãe da amiga, ficou histérica e a dizer que estava muito “ansiosa”, mas acho que queria dizer entusiasmada. Se calhar, quem deveria estar ansiosa era eu. Mas nem por isso. Até já me estava a fazer um bocadinho confusão a minha despreocupação, confesso. Seria suposto ficar preocupada? Com medos?

Pensei: ela já dorme bem, já se expressa tão bem, os pais da amiga parecem-me boas pessoas, a amiga um amor, uma miúda muito doce e feliz; a casa deles é relativamente próxima (alguma coisa, combinamos e vou buscar), vai ser só uma noite e vou buscar a seguir ao pequeno-almoço, ela está habituada a dormir fora de casa (ganhou andamento com as primas), não dá muito trabalho, é uma miúda tranquila, acho que não há muito a temer. Depois, como ainda faltavam uns dias, pensei melhor, avisei a Isabel de que se calhar iria brincar e jantar e eu depois iria buscar. Logo se via. Mas afinal ficou.

Há uns anos, eu acharia impossível ter decidido o que decidi, ou nunca tão cedo, mas agora não senti receio algum. Só sinto dores de crescimento, delas. Toda uma esperteza, uma desenvoltura, uma autonomia, que parece que me começam a escapar por entre os dedos... 

Correu tudo muito bem. Quando a fui buscar, estava feliz da vida, no jardim a brincar com a amiga dela. Adorou. Tão cedo não deve repetir, que eu também sou pessoa de sentir saudades e quero-a pertinho, mas foi mais uma lição. Olhei para a minha filha e percebi que, se não estivesse preparada, não me teria pedido para ir.

Não sei se estão por aí mães de miúdos mais velhos ou até de adolescentes, mas quando foi a primeira vez que os vossos filhos dormiram fora de casa, sem ser com família?

(A Isabel já tinha acampado na escola, mas assim em casa de alguém foi uma estreia).






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2.28.2019

Sabem para onde vamos de férias?

Querem saber? 

Há uns tempos disse-vos aqui que uma das minhas resoluções para ser mais feliz era fazer pausas mais frequentemente. Mas nem por isso o dinheiro abunda. Tive de ser criativa - e de puxar uns cordelinhos a uns amigos (ou a uma amiga, neste caso) - e optar por planos menos tradicionais mas, nem por isso, menos agradáveis :).

Vamos de sábado a terça-feira, a três, dar um passeio de auto-caravana por aí. Era uma coisa que a Irene queria muito desde que viu um episódio qualquer da porquinha Peppa (ainda bem que a porca não foi ao Dubai) e achei que o timing era perfeito. 

Têm dicas? Estou muito entusiasmada, mas tenho uma visão muito cor-de-rosa disto. Acho que vai ser só natureza, calma e passeios. A ver se não estacionamos muito perto de um penhasco (sim, sei que há regras que proíbem isso mesmo). 



Estou tão entusiasmadaaaaa. 

E nervosa. Porque no dia em que volto, vou logo actuar a Aveiro às 21h30 nas Living Room Sessions. Alguém por aí de Aveiro? Que pergunta parva, bem sei que sim que isto tem estatísticas e tal ;)

Pode ser fantástico e querermos fazer o sul da Europa daqui a uns aninhos ou pode ser terrível e ser a última vez que nos chegamos perto de uma. Querem ir acompanhando a viagem?

Podem ser sobre as outras resoluções por aqui: "Quero ser mais feliz que isto!"


Já podem andar sem collants?

Não sei quanto a vocês, mas nunca sei bem a quantidade de roupa que lhe devo vestir. Ela acaba por ser uma pessoa diferente de mim (ahah "acaba") e, por isso não temos a mesma reacção à temperatura.

Estamos a 28 de Fevereiro e há uma colega da Irene que... pelos vistos não só "já anda" sem collants como talvez nunca os tenha usado porque "ela é eléctrica, nunca tem frio". E o que é que aconteceu? Lançou uma moda. Já há duas ou três miúdas, a Irene é uma delas. 

A Irene a 28 de Fevereiro quer ir com aquelas perninhas rechonchudinhas (sai à mãe ou, se calhar, é porque come o que lhe dou... também pode ser por isso) quer expô-las ao briol e arriscar-se a apanhar uma pneumoniazinha a entrar-lhe pelos joelhos ou até por ter o rabo muito mais exposto que o suposto nesta altura do ano. 

Não sei. Se ela tiver frio, não é tonta e, no dia seguinte, quererá ir de collants, certo? É uma reflexão imbecil, há coisas muito mais importantes a acontecer no mundo mas, na verdade, é muito isto que anda pela minha cabeça no momento. 

Os miúdos não usam collants, usam? As mães de rapazes já lhes põem calções e meias? E aquelas miúdas que andam em colégios com farda e meias pelo joelho, isso também é no Inverno? 


Está frio, pá. Por mim andaria sempre de collants, pelo sim, pelo não...

2.25.2019

Já não há maminha para ninguém.

Há, mas é para mim. Agora, passados uns bons meses do desmame total da Irene, já consigo falar mais à vontade disto. Não porque tenha custado imenso, mas sim porque há sempre um período de recobro depois de cada acontecimento marcante antes de ter vontade de escrever sobre isso no blog. 

Quem geralmente fica chocado com a "falta de privacidade" que as pessoas como eu têm ao exporem tanto as suas vidas, talvez percebam assim que é um processo muito transparente mas nem sempre tão descontrolado quanto parece. Porém, já houve alturas em que escrevi aqui sem pensar ou achando que tinha pensado, mas nem dormia, estava bêbada de hormonas, acontece. Não sou jornalista (ehehe). 

Foram quatro anos e meio a dar de mamar. Começo terrível. Continuação terrível e cansativa, mas com tantos e óptimos momentos pelo meio. Tomei boas decisões. Tive de ter muita força de vontade, muita determinação e a minha dose habitual de loucura, mas não me imagino a agir de outra forma. Foi a melhor maneira para nós. Estou feliz.

Um bebé não vai deixando de mamar progressivamente de forma linear. Há fases em que mama mais outras menos, até que, quando é maior, já se poderá negociar com ele quando e quantas vezes se dá. A Irene e eu aprendemos assim também a falar uma com a outra. Aos poucos, com carinho e empatia indo delimitando o que é o corpo da mãe e o da Irene, o que são vontades da mãe e as vontades da Irene.

Ajudou-nos a ultrapassar a separação uma da outra quando começou a dormir em casa do pai.

Aconteceu aos 3 anos dela. De certa forma, a mama, depois de dormimos a primeira vez separadas e a segunda e a terceira, assegurava que a nossa ligação continuava idêntica, uma segurança importante para ambas. 

Agora que olho para ela... lembrei-me de vocês. E tantas de vocês que nos lêem há já tanto tempo. Ainda a Irene tinha as perninhas assim. Obrigada por fazerem parte das nossas vidas. A todas, mesmo aquelas que não comentam mas que torcem por nós, tal como nós torcemos por vocês. 

Claro que essa segurança, para as mães que não amamentem é seguramente feita de outras formas, no nosso caso, tendo em conta a nossa história. Era esta. 

Lembrei-me de vos escrever este post, porque o fim-de-semana passado era fim-de-semana "do pai" e apesar de ter aproveitado esses 2 dias para "arejar" e passear (nem por isso, passei o fim-de-semana a trabalhar e muito aqui no blog, até, eheh), estava a morrer de saudades dela. 

Estamos a entrar agora numa fase mais fácil. Estamos mais sintonizadas. Não há birras de manhã, não há levantar a voz da parte de nenhuma... tem sido tudo maravilhoso, por enquanto. Tal como a mama, nada nisto é linear. Talvez apenas distanciando-nos uns 10 anos dos eventos, ahah. 

Estava cheia de saudades dela e, para a adormecer, sugeri dar-lhe um pouco de colo já com a luz apagada. Pu-la na antiga posição que antes era a de dar mama (mesmo nas alturas em que ela rejeitava estridentemente a mama como poderá acontecer frequentemente por volta dos 3 meses ou até em desmames precoces). Ainda não o tinha feito porque não sabia se ela já se via a si própria como uma criança não amamentada e não queria criar mais uma situação em que tivesse de lhe dizer que não iria dar-lhe maminha. O colo ganhou, atrevi-me. E dei-lhe colo durante uns bons minutos, as duas de luz apagada, na primeira noite que dormia cá em casa depois do fim-de-semana com o pai.

Amamentamo-nos de certa forma (não se ponham já a ligar aos serviços sociais, sff).  A Irene não é muito fã de abraços e beijinhos (ainda, ahah) e, também por isso, este colo soube-nos pela vida a ambas. Não nos queríamos largar e foi super importante para nós. Tal como no outro dia ter-lhe dito que sim a tomar banho com ela e tê-la deitada de barriga para cima em cima de mim. Houve até alguns minutos de silêncio. Imaginem... 

Foram quatro anos e meio. Um curso muito intensivo para mim de maturidade e maternidade. Nunca se sabe tudo, nunca acaba, mas confesso que foi uma tareia de amor, persistência e "sacrifício" voluntário ;)

Há coisas que vos deixem curiosas sobre o percurso de 4 anos e meio a amamentar? Ou como aconteceu o desmame? Deixem nos comentários que poderei responder num próximo post, why not?

Já escrevemos MUUUUUITO sobre amamentação neste blog, artigos e desabafos muito úteis para quem esteja a amamentar ou queira amamentar. Leiam-nos e partilhem-nos por quem achem que beneficie.