1.03.2019

Não escolheriam outra família

Acho bonito uma mãe que diz aos filhos que vai trabalhar porque gosta e isso a faz feliz. Acho bonito uma mãe que decide abdicar de uma carreira para ver os filhos crescer mais de perto porque foi isso que sentiu que devia fazer. Acho bonito quando uma mãe vai trabalhar porque tem de ser e que aproveita todos os segundos que tem com os filhos, que deita a cabeça na almofada a achar que podia ter feito mais quando já fez tanto. Já fez tudo. Acho bonito quando uma família se une e pensa e repensa que voltas pode dar para equilibrar mais a equação. Acho bonito quando ambos trabalham no duro para poder ser um exemplo, para serem felizes, dar férias aos filhos, escolas com poucos alunos e maior atenção. E quando dão no duro para poder dar o básico então... 
Há várias formas de criar filhos. Nenhuma está certa para todos. Algumas estão certas para algumas famílias. Outras vezes não há hipóteses de mudar as regras do jogo sequer. Às vezes há oportunidades à espreita; noutras não há. Há quem tenha mais sorte do que os outros e já tenha nascido com um mar de oportunidades, há quem corra atrás e consiga e há quem corra atrás e não consiga. E há quem não corra atrás porque nunca ninguém lhe soube dizer: “corre, vai valer a pena, e mesmo que não chegues a lado algum, saíste do lugar de sempre e viste coisas novas no caminho”. Mas há até quem não possa sair do lugar nem arriscar-se a correr. E é nessas pessoas que eu penso especialmente. Ouço muitas vezes: “quem me dera poder fazer como tu, mas não posso”. Comove-me quem não pode ser outra coisa, mas que, sem saber, já é tanto. Já lhes dá tanto. Já lhes dá tudo. Tudo o que tem para dar. Arriscaria a dizer que mesmo que eles pudessem escolher, não escolheriam outra família.

Bom ano!



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