9.13.2018

Já tiveram este click também?

No outro dia é que me apercebi: vou ser mãe a vida toda. Sei que isto parecerá parvo para muita gente, mas estava a pensar como é que poderia incluir uma secretária no quarto da Irene (o quarto é muito pequeno) e, enquanto procurava ideias no Pinterest, comecei a imaginar as canetas dela por lá, o dossier da escola (ou o ipad, sei lá), eu a ajudá-la no que fosse preciso. Termos de rever matérias para os testes... 



Ela tem 4 anos ainda. E já aprendemos tanto juntas. E ainda só agora está a começar. Vou ter uma miúda lá em casa - já vou tendo, vá - e isto vai durar a vida toda. Ela um dia irá sair de casa, irá trabalhar, irá... Só costumo vê-la tal como está, mas esqueço-me que ela já é um pedaço de tudo o que vai ser. 

Que click...



9.12.2018

Não lhe vou dizer que posso morrer!

Disseram-me que as histórias que leio à Irene não têm interesse. Não vou dizer que foi um dos meus irmãos e o meu padrasto nas férias que me disseram isso.  Acho que seria desagradável (olá João ;)). Reparei que "a malta" ficou decepcionada por não haver muitas aventuras nos livros da Irene (os que levei, que foram dois, vá) e isso fez-me pensar. 

Haters: 

Claro que fez pensar, algo que não te faça pensar? 

Ai, lá vem mais uma liçãozinha de moral dela em como ser melhor mãe porque os livros não sei quê?

Aposto que é para dar um abracinho a uma marca qualquer para ter mais uns quantos livros de graça. 

Ai, não tem mesmo mais nada que fazer. Se tivesse a minha vida...


Ouvi-vos a todas antes de começar, mas se vos desse mesmo ouvidos nunca escreveria nada em lado algum e, por isso, temos de aprender a seguir. Vou seguir. 

Muitos dos livros que a Irente tem, até agora, não são aqueles "clássicos" do Capuchinho Vermelho e afins. Achei que até agora, para a Irene, ainda não era a altura de a introduzir a noções de "bem e mal" e a coisas tão grotescas como "foi comida pelo lobo e o caçador abriu-lhe a barriga...". 



Agora que já está a ficar mais crescida, acho que já lhe consigo explicar melhor que o que vê nas histórias que por exemplo "o lobo não é mau só porque tem fome e precisa de comer".  Não a vou conseguir privar ou proteger de várias coisas distorcidas que a nossa cultura tem, por isso, o que posso cultivar nela é o sentido crítico.

- Não achar que por toda a gente fazer algo que é o que está certo para nós. 

- Não achar que por estar escrito que é verdade.

- Não achar que toda a gente que faz coisas erradas, é gente má.

- Não achar que por sentirmos algo como mau que é isso que merecemos... 

Etc., etc... 

As Irene leu ontem comigo dois livros: o do Capuchinho Vermelho e Hansel e Gretel. A segunda, especialmente, deixou-me mais inquieta porque a "Madrasta convenceu o pai a abandonar os filhos na floresta e ele assim fez". Mesmo apesar do final em que o pai diz à madrasta para se ir embora e fica com os filhos, não deixa de os abandonar duas vezes na floresta e deles terem assassinado uma senhora no forno que queria comer um deles. 

What the hell? Principalmente aos 4 anos quando ainda não separam bem a realidade da fantasia. Não me apetece muito lidar com medos surreais da Irene. Já lido com os fantasmas da vida, os monstros da vida... para quê introduzir como vi no outro dia no início de um filme de animação uma perseguição de pessoas armadas dentro de um carro? 

Além de que o paralelismo com a vida dela é terrível. O pai um dia poderá ter uma namorada. E onde está a mãe? Não lhe vou dizer que a mãe morreu. Não lhe vou dizer que, aos 4 anos, a mãe pode desaparecer porque não se controla nada nesta vida.

Muitas das vezes estamos em automático nestas coisas mas nem nos apercebemos das mensagens que estamos a passar aos nossos filhos. Como vejo muita gente na rua a usar t-shirts com mensagens completamente diferentes daquilo que a pessoa é. Até me tem feito rir, honestamente. Pessoas com tshirts a dizer sports, ou instagramer, ou inflluencer ou... 

Tudo passa para eles. Tudo é uma mensagem. 

Bom, seja como for, atrevi-me e li esses dois clássicos (depois de já ter dado uma olhadela antes de saber se lhe podia ler os livros) e preparei-me para responder às perguntas de forma proveitosa e também de a ir observando à medida que ia lendo. 

Não acho que compense para já a euforia da aventura de matar uma bruxa dentro do forno ou de se sentir que se pode ser comido por alguém ou que um pai nos pode abandonar se a mulher dele (má) disser. Não quero sequer que ela saiba que há quem abandone os seus filhos ou que as mães podem morrer. Ela tem 4 anos. 

Poderá haver outras aventuras, outro tipo de livros, mas ela tem gostado dos que lhe leio e muito. E eu também os leio com prazer. Os clássicos ontem que lemos, são livros lindos e maravilhosos - refiro-me às ilustrações, à paginação, ao feel das páginas... - e tenho mais uns quantos clássicos arquivados que lhe quero ler um dia. mas now its not the time. 


Haters: 

Um texto todo deste tamanho para dizer que não lê alguns livros - que afinal até leu - à miúda?

E um texto mais confuso, Joana, não há?

Ai, não vou ler isto tudo, deve estar mas é louca.

É a Joana Gama que está a escrever? Só gosto da outra. Caguei.


Isto é, mesmo aos 4 anos da Irene, mesmo com 4 anos (haters: 4 anos e acha que sabe alguma coisa disto), ainda estou sujeita a repensar tudo o que faço com comentários alheios (nem foram nada de mal, nem nada, imaginem se fossem ahah). Ouvir comentários e tê-los em conta é bom porque às vezes poderei estar a fazer algo com o qual não concorde, mas agora sei que lá por o que eu faço ser "contra" o que me foram dito, não quer dizer que esteja errado. É só diferente. E faz sentido que seja. Quero que seja assim.

Eu não sou totó. Sei que há aventuras que não metam abandonos e homicídios, mas acho que perceberam o que quis dizer. 

Haters: 

Não, não percebemos. Nunca percebemos. 


Seja como for, no que toque à Irene e enquanto ela precisar que assim o seja (e eu), as mães são imortais. 

'Tá. 






Estou grávida. O que preciso de comprar para o meu bebé?

É preciso comprar tudo? Não. Já vos falámos aqui várias vezes que as mães (as famílias em geral) exageram nas compras para o bebé e tudo começa logo na barriga. Há um desejo de fazer o ninho e de que nada lhe falte e que nada nos falte e, de repente, achamos até uma colher (uma colher!!!) maravilhosa, o último grito e TEMOS DE TER, mesmo a criança só vá comer dali a 6 meses.

Depois, com os anos a passar, vamo-nos apercebendo de que é (quase) tudo um exagero. Quase nada é mesmo, mesmo, essencial. Contei-vos que tive muita coisa emprestada na primeira filha (o carrinho da minha tia, o berço que era da família do Raminhos (obrigada, Catarina e António), a banheira, etc, etc), comprei coisas em segunda mão (o roupeiro para o quarto dela, por exemplo), herdei algumas roupas das primas mais velhas, etc. A minha segunda filha pouco dormiu na cama de grades por exemplo: passou do berço para a nossa cama com barras laterais e depois para o chão. Cada família verá quais as melhores soluções mas uma coisa aprendi: não vale a pena adquirir coisas com muita antecedência e algumas delas mais vale experimentar primeiro (e, com sorte, emprestadas).

Não queremos sequer incentivar por aqui ao consumo desenfreado e seria excelente que cada um de nós fizesse escolhas cada vez mais ponderadas e mais amigas do ambiente também. Contra mim falo (mas já bem melhor e mais consciente). 

No entanto, também não sou careta e acho que há espaço para tudo, com ponderação: uns miminhos, uns objectos para decoração, uns brinquedos (poucos!), umas roupas especiais.
E há coisas que vêm ajudar-nos e facilitar as nossas vidas e são muito bem-vindas: babywearing! Da primeira filha não estava informada e usei, além de um ring sling emprestado pela Rita Ferro Alvim (obrigada!) - serei muito crava? LOL - , um marsúpio (os marsúpios não são bons para eles nem para nós). Depois, mais tarde, descobri o fantástico mundo das mochilas ergonómicas e dos panos. Com a segunda filha usei e abusei deles - se há investimento que se deva fazer, é este (ver em segunda mão se não puderem fazer o esforço; pedir emprestado LOL; quando perguntarem o que queremos ou precisamos, ver se não dá para fazer uma vaquinha entre vários amigos e familiares)... Ainda uso com a Isabel e ela já tem 4 anos, imaginem.

Descobri na feira Puericultura Madrid, a que fui na semana passada para conhecer as novidades das marcas, que agora a Boba já tem mochila para toddlers, com extensores (com fecho) para maior conforto das perninhas, acompanhando-os no crescimento. Boa ideia! Era o único senão que apontava quando usava com a Isabel, ficava marcada.

Por isso, fica a dica (mas experimentem várias opções antes: peçam ajuda no grupo do FB, Babywearing Portugal, vão a lojas experimentar mesmo já com o bebé e vejam de qual gostam mais e qual poderiam adquirir).  

Não faço ideia se é esta a Boba X, mas a que estou a falar dá para aumentar ali na zona das pernas até aos joelhos quando este bebé for mais crescido

Boas compras! E calma, muita calma quando vos perguntam: "então e já tens isto? E aquilo? E aquilo?" Filtrem, informem-se e não pirem. :)


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