1.21.2018

Há alguma mãe que não se sinta culpada quando eles ficam doentes?

Isto faz mesmo parte do pacote, não faz? 

Sempre que a Irene fica doente, começo a rever em câmera lenta todas as decisões que fui tomando por ser - penso eu, nestas alturas - demasiado optimista. 

Começo a duvidar se poderia estar a fazer algo diferente e ponho tudo, mas mesmo tudo em causa. E, além de estar exausta por ela estar doente e já pela vida que levamos no geral (cuidar da miúda completamente sozinha não é fácil, como muuuitas de vocês saberão), ainda me martelo toda com a culpa. 

Que parvoíce isto da culpa.

Os miúdos ficam doentes acontece por mil e uma razões, muitas delas que têm 0 que ver se os lembrámos de vestir o casaco ou não. Ou se os devíamos ter inscrito na natação... 

Vamos sempre encontrar a razão que achamos merecer. 

Fotografia por Yellow Savages 


Nota: o Facebook decidiu mudar o seu algoritmo e a partir de agora vai mostrar-vos mais posts dos vossos amigos e menos de páginas onde fizeram like. OH NÃO! Mas nós somos vossas amigas, certo? Querem saber quando publicamos coisas, certo? Então vá:
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1.19.2018

Vou me arrepender de ter publicado isto, mas pronto.

Começo a escrever o post ainda indecisa se o vá publicar ou não. Independentemente de quem terá razão ou de toda a gente que tenha e não tenha razão, estou farta de ler comentários aos berros. Grita-se muito hoje em dia tanto em assuntos importantes como em menos. Calma. 

Não é muito meu criar uma estrutura de pensamento para aquilo que escreva aqui. Escrevo conforme me sinta no momento ou baseando-me em algo que gostaria de transmitir. Aqui vai.

Quando a Irene nasceu, não a quis mostrar ao mundo. Ou melhor: quis, mas senti que não devia. Tanto o pai como eu estávamos divididos se o devíamos fazer ou não. 

Queria, na mesma, registar o momento. O meu primeiro sorriso depois dela ter nascido, ainda muito pouco recuperada do parto e de tudo o resto. 



Senti que o mundo não tinha que a conhecer e que o meu dever era protegê-la. Que era a minha bebé, a nossa e que ser mãe e internet não tinha nada que ver uma coisa com a outra. Aliás, expô-la na internet pareceu-me que iria profaná-la. E fiquei assustada por assim que publiquei esta fotografia ter surgido uma notícia sobre isso num site.

Mesmo assim não conseguimos evitar. Tanto o pai como eu, depois de termos uma conversa em que falamos sobre quais seriam os perigos práticos de expôr a Irene e não conseguimos concretizar. Cheguei a pensar nisso várias vezes, claro, até escrevi algo aqui sobre isso aqui

Apesar de ter começado a trabalhar no meio há 10 anos e de ter feito rádio em programas de destaque e também televisão, nunca me senti minimamente "conhecida". Talvez por não gostar de "aparecer" ou de não ir a sítios onde as pessoas que me reconheceriam frequentassem, mas não senti. Ter os seguidores que tinha no Facebook (e que, anos depois ainda são os mesmos que aquilo está morto), os que tinha no instagram (que eram alguns mas tão menos que tanta outra gente) apesar de serem tão menos que pessoas que eu considerasse conhecidas. Nunca me levei a sério. Nunca me vi como alguém que fosse popular nem, além da internet, fui tendo esse feedback. A minha vida era fazer rádio, sair e ir para casa. Ou rádio, televisão, casa. 

Engravidar e decidir ser mãe preencheu-me um vazio enorme. A verdade é essa. Desde que engavidei que a Irene e a nossa ligação me inspira e, mesmo antes dela nascer, escrevi um livro sobre ela, sobre a nossa gravidez. Comecei a apaixonar-me por todas as mudanças e expectativas disto da maternidade e comecei a sonhar com a Irene diariamente, connosco. 

Depois de um parto que esteve longe de ser o melhor parto possível e de um início de ligação muito desfasado entre mim e a Irene (eu não estava bem), as coisas começaram a acalmar ou, então, comecei a ter força para enfrentar o que se passava, relativizando, como sempre. Pensando: há de haver mais mães que se sintam tão sozinhas, perdidas, ansiosas e desesperadas como eu, preciso de sentir que somos mais e, provavelmente, elas também.

Uma das coisas em que penso mais é que em todas as evoluções há quem se sinta mais confortável na maneira anterior de viver o mundo e há quem se adapte mais facilmente (e automaticamente, sem pensar tanto, como preferirem) aos tempos actuais. Lembro-me quando usar o nome verdadeiro nas redes sociais ou onde quer que fosse na internet era impensável, mas praticamente toda a gente usa o seu nome verdadeiro (e apelidos!!) no Facebook. Praticamente toda a gente terá fotografias suas nas fotografias de perfil e até já há muitas mais pessoas a sentirem-se confortáveis a fazerem compras online sem medo que nos esvaziem os cartões de crédito. Também já não respondemos ou abrimos mails esquisitos da Nigéria... As coisas têm vindo a mudar. 

E, com a minha ingenuidade, o que me tem servido até hoje para acalmar a minha "mãe leoa" - que chatice, só associo isto a reality shows - em mim é que hoje isto não parece normal porque é "o começo". Da mesma maneira que vender os meus CDs todos por ter tudo em mp3 também me pareceu horrível, mas a verdade é que nunca os iria usar e agora nem tenho leitor. No futuro, da mesma maneira que partilhamos as nossas localizações, os nossos estados de alma, os nosso quartos, a nossa comida, a nossa roupa, os nossos beijos na boca à pessoa com quem estamos, os Natais, os pais, os irmãos, os filhos, os netos farão parte do conjunto de infinitas imagens na internet de todas as pessoas do mundo. Depois, provavelmente, voltaremos a coom éramos antes. Não partilhar nada. Usarmos nomes a fingir e avatares para não darmos informações nenhumas sobre nós. Uns de nós vão rejeitar chips que passem informações sobre o nosso organismo ao médico, outros vão adorar (muito Black Mirror). 

O meu ponto de partida não é errado. É um ponto de partida. É válido, mas falta aqui o que realmente importa: e o direito da criança à privacidade? Tenho vindo a reflectir mais sobre isso, por causa do programa, mas também por todos os berros em comentários aqui e noutros sítios... Eu não sou só "uma mãe" que mostra a criança para umas 100 pessoas (sendo que, às vezes, é até no seio mais próximo que acontecem as desgraças). As pessoas reconhecem-me e à Irene. E temos recebido imenso carinho, imensos sorrisos, até dos filhos dessas pessoas que vêm na Irene uma amiga. 

Como vejo o Mundo actualmente, não imagino ninguém, muito menos mães que me odeiem (que as há pelas minhas opiniões e pelas suas maneiras de verem as coisas) a fazer mal à minha filha. Não sei como poderiam fazê-lo, sequer. As mães fazem isso aos filhos dos outros? No meu mundo as mães não fazem isso. Não fazem mal aos seus filhos nem aos dos outros e não decidem fazer ainda pior a uma miúda por ser filha de uma mãe que tem um blog onde o principal intuito é conversar sobre maternidade e que reflictamos em conjunto sobre as pressões a que estamos sujeitas e a dificuldade da questão, mas também o amor. 

A Irene e o seu direito à privacidade. Afastando-me do lado concreto da questão (os artigos dos códigos) porque lá por estarem em livros não quer dizer que não pensemos sobre eles. É a lei, mas a lei pode ser mudada, ou não. Ou podem estar a ler - como se alguém lesse até aqui - sobre a blogger que vai mudar de opinião e vai deixar de publicar fotografias da filha na internet. Ainda não sei. Estou a escrever, como vos disse, em directo. 

Na adolescência vivi um episódio muito difícil (vivemos todas, bem sei) em que senti o que era a minha privacidade ter sido grandemente violada e a um nível bastante intimidante. Por isso, posso deduzir que provavelmente o meu espectro para avaliar esta questão da privacidade da minha filha não será o "normal". Não me parece minimamente grave ela ter um blog, ou até mesmo um livro ou dois, em que a mãe fale diariamente do que sente por ela, das suas dificuldades e virtudes e em que publique fotografias lindíssimas dela. A mãe que gosta de olhar para ela, de a fotografar e que quer mostrar ao mundo o quanto é bela. A mãe que tem o cuidado - mesmo quando não tinha uma máquina de jeito - porque a ama, que ela não apareça em condições que não a favoreçam. Aparece bonita, feliz ou triste a fingir. Vejo o que tenho feito da minha maternidade pública com a Irene uma enorme declaração de amor diária, um diário que me ajuda a sistematizar pensamentos e sentimentos e também uma fonte de inspiração para muitas mães (parece presunçoso da minha parte, mas tenho de começar a assumi-lo tantas que são as vossas mensagens de carinho). 

Foi por um mau motivo, mas eu sei (ou parece-me) que o "bullying" acompanha pessoas da mesma geração (quem lê este blog são as mães e não as crianças). Daqui a uns anos - se eu continuar a publicar fotografias dela - quando a Irene já não quiser aparecer, não aparece e os colegas dela não saberão quem ela é. A não ser, talvez, pelo nome. Não há muitas Irenes por aí, mas não iria eu escolher um nome normal para a miúda para ninguém saber que ela é minha filha, não é? Ou criar uma espécie de clima de segredo sempre que falasse nela e dissesse a Baby I e mostrasse só uma mão ou um pedaço do pescoço. Não sei. Parece-me tudo demasiado longe de mim e da minha realidade, mesmo respeitando a 100% quem escolha essa opção porque na minha linha de pensamento eu corro o risco da Irene odiar que eu tenha feito isto, mas nunca correria risco se não a expusesse. Nem violava um direito dela. Sei. 

Pondo-me no lugar dela, eu tal como sou e não a leitora anónima como é e que já está a fervilhar), eu ficaria muito feliz se a minha mãe me tivesse feito isto. Tal como fiquei muito feliz com as fotografias que ela tem minhas e com o album da cegonha que ela fez de mim quando eu era bebé. Uma coisa é privada e a outra é pública, bem sei, mas passaram 31 anos desde aquele álbum. O privado e o público terão ganho também outras dimensões. 

Como o que conto aqui. Inibo-me praticamente de forma muito natural a partilhar coisas da minha vida que possam perturbar terceiros. Não venho para aqui lavar roupa suja da minha relação com o pai da Irene, não faço aqui queixinhas de escolas antigas (posso dizer que me enganei na escolha), etc. Aqui partilho o que não me importo que se saiba o que todas nós sabemos que é verdade, caramba: o lado bom e lado mau disto. 

Independentemente do que venha a decidir - ainda estou a pensar e reflectir e até lá continuarei a agir como tenho agido até agora porque se nunca tivesse pensado a sério nisto é que seria grave e já pensei o suficiente para ter chegado à conclusão anterior - este momento já serve para trazer mais food for thought e, nem que seja, para pensar ainda melhor nas parcerias e na publicidade que fazemos no nosso blog usando as nossas filhas. 

E, por acaso, mesmo reflectindo tenho bastante vaidade na forma como temos conduzido o blog nesse aspecto. Temos recusado muitas muitas propostas de marcas com as quais não queremos que nem as as nossas filhas nem nós estejamos associadas. Tirando uma situação (acho que foi só uma e nem as envolveu), não me lembro de nada que me tenha deixado desconfortável, mesmo pensando na Irene. Há dias em que, quando olho para a conta, e vejo o saldo que tenho agora e quantos dias ainda me faltam para o fim do mês, me vem à cabeça os milhares de euros que já perdemos por termos os critérios que temos, mas a frutração passa rapidamente. 

O que vou começar a fazer e também por causa disto é criar uma conta-poupança para a Irene, mesmo que o dinheiro que faço daqui vá praticamente para ela, é mais justo assim. 

E agora espeto uma fotografia, uma daquelas que acho que a Irene irá adorar pela fotografia e também pela declaração pública de afecto. Digo eu, sei lá. Vou pensar.


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1.16.2018

As nossas brincadeiras.

# jogo do silêncio

Começamos a brincar a isto as duas. Não sei como terá começado - acho que fui eu, mas não tenho a certeza. O jogo do silêncio é, basicamente, lermos nos lábios uma da outra o animal que a outra está a dizer. Ela adora. E eu também. Hi-pó-pó-ta-mo. Divertimo-nos imenso. 


Estou apaixonada por estas fotos da Yellow Savages.

# ela fingir que é outra pessoa 

Por muito que às vezes me passe pela cabeça se isto é normal, cada vez mais entro na brincadeira. Preocupar-me-ia se ela se perdesse na fantasia, mas nem por isso. Eu sou a Joana Paixão Brás e ela é a Isabel e temos um Nenuco que é a Luisinha. 

# tem uma irmã que é um Nenuco

Deixa-me muito feliz vê-la a brincar com a bebé. É a brincar que consigo ver o que é que se passa na cabeça dela, qual é a percepção dela das relações e onde manifesta as suas preocupações do momento. A melhor maneira de saber o que se passa com ela é vê-la e ouvi-la a brincar. 

# somos a Selena Gomez e Jennifer Lopez

E damos um espectáculo num palco que é o tapete que agora pus no chão do quarto dela. Ela segura no microfone e eu numa garrafa de água. Ela canta no seu melhor inglês a "Wolves" da Selena Gomez e eu delicio-me a vê-la. 

# macaco de imitação

É tão simples quanto isso. A miúda adora que a imite. Estamos as duas sentadas na cama - dá-lhe mais para isto antes de ir dormir - e imitamo-nos. 



# nhecs

Lembram-se da brincadeira de há uns bons anos? A miúda adora e faz-me isso e eu a ela. Divertimo-nos muito. Ela já percebe mais ou menos o conceito e farto-me de rir. 


São algumas das brincadeiras do momento, além das outras coias que, quando tenho tempo, tento fazer com ela como já vos mostrei aqui nas 60 actividades para fazermos em casa


📷 Fotografias: Yellow Savages


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Não tenho uma casa de revista, mas...

Mudámos de casa há um mês e meio. Esta já é a nossa casa, aliás, já o é desde a primeira noite, porque depressa a sentimos nossa. Está longe de ser uma casa espaçosa e bem decorada, digna de revista. Trouxemos muito pouca coisa (também não temos muitas mobílias nem grandes pertences de valor), mas cada vez estou mais contente com este exercício: ter o menos possível de tralha em casa, para que nos centremos no mais importante. Até porque, como vos contei no sábado, odeio limpezas!

No entanto, fiz questão de decorar a sala para o Natal com pequenos detalhes; o quarto delas está lindo, com a caminha em forma de casa verde água e as paredes com autocolantes às bolinhas; no meu quarto impera o branco e está muito minimalista mas acolhedor (e tem uma luz fantástica!); e a sala tem sofá, móvel com televisão, mesinha e cadeiras e pouco mais.

Normalmente não andam calçadas em casa, mas já estávamos de saída :) 


O "pouco mais" é um tapete bonito mas muito funcional - que vai à máquina de lavar assim que tiver restos de papa de aveia e outros brindes. Isso para mim é obrigatório, uma vez que as minhas filhas vivem a casa e eu não tenho uma casa-museu, tal como vos falei aqui. É da Lorena Canals que, além de tapetes, tem também almofadas, cestas e outros objectos de decoração para a parede, muito bonitos, meio étnicos ou para todos os gostos. São tecidos de qualidade, feitos de forma artesanal e amigos do ambiente (as cores são resultantes de corantes naturais, por exemplo). O processo é ecológico e isso agrada-me muito nesta marca, além de toda a preocupação humanitária (com projectos que garantem a escolaridade de muitas crianças na Índia, o país com maior taxa de analfabetismo do mundo). A senhora dona Lorena está de parabéns, por todas as razões.

O meu tapete da sala é este, mas encontram muitos mais aqui, na página principal, que tem saldos até ao dia 31 de janeiro, mas também já tem alguns elementos da nova coleção (linda!), que vai ser apresentada dia 19 na Maison&Objet em Paris. 


Beijoqueira até mais não.

Deliciosa com a roupa da Tsuru, uma marca que acompanhamos desde o início.

Adora coreografias.

Muito dança ela! 

Adivinhem: Panda e os Caricas ou Panda e os Caricas?

Deixa-me lá aqui ser querida para o meu pai e pisar discretamente a obra de arte da minha irmã

Sou eu, a Luísa e a Isabel (e o pai que se lixe eheh)

Adoro esta foto, adoro, adoro.



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1.15.2018

E deixar de ter vergonha de ser blogger?

É o que também somos e temos de assumir, sem vergonhas. Como em tudo, há com quem nos identifiquemos e há com quem nem por isso. Não me sinto minimamente blogger como "achava" que era ser blogger, mas há blogs de tudo e de todas as maneiras, caramba. Da mesma maneira que "sou" loira e nem por isso sou muito imbecil. Preconceitos. 

Somos tudo o que quisermos ser nestes dias. Já lá vai o tempo em que nos queríamos fechar numa gaveta - quanto mais pequenina, melhor - e que nos limitavamos assim. 

A Joana Paixão Brás e eu fomos entrevistadas para um artigo na Sábado sobre "isto" dos Blogs em Portugal e tivemos a sorte de termos sido fotografadas pela Raquel Wise (obrigada, Raquel). 

A Joana Paixão Brás a pensar:
Fui eu quem pariu duas e ela é que parece ter o corpo de pós-parto. Estou aqui impecável, ainda levanto o pézinho para verem que a minha coxa tem metade da grossura de um tornozelo aqui da miss-faço-uma-careta-porque-sou-tímida-mas-não-quero-que-ninguém-saiba.

Eu, Joana Gama, a pensar:
A outra que está toda magra, mamou-me metade do saco de gomas da Hussel que comprei hoje no Colombo, a vida é muito injusta. Ainda por icma nem precisa de fazer bainha nas calças. A minha saia é uma mini-saia para uma pessoa de altura normal, enfim. 

A Joana Paixão Brás a lembrar-se que talvez se tivesse esquecido de pôr alguma das filhas na escola e eu a pensar se a minha papada seria evidente neste ângulo. 

Joana já a pensar se aquelas 12 fraldas darão para ter um quarto filho e logo se vê porque a vida é linda e é preciso é ouvir os passarinhos e sessões fotográficas com bolos.

Eu que me assemelho à filha que Herman José não terá. Ou isso ou tenho sangue de pelicano e não sei como. Talvez tenha meia garopa no pescoço para um dia em que tenha mais fome (para também não roubar as gomas das outras).

Eu, Joana Gama, a dar o meu melhor para chegar com as mãos aos pés. A minha flexibilidade sempre foi uma skill que atraiu parceiros. Joana a por a camisolinha para dentro das calças para se ver porque é que ela já foi fecundada duas vezes e eu não.



Eu a pensar no quanto o coelho custou à Avó da Irene na Zara Home. Ou como iria explicar o seu desaparecimento. Joana a duvidar que a cor dos meus collants fosse a certa para uma pessoa que não estivesse falecida. 

Ahaha Não consigo não achar que não daríamos um óptimo casal, sendo eu a camiona, claro. 

Este coelho nunca esteve tão feliz na vida.

A fotografia que a Joana Paixão Brás vai cortar para por como foto de perfil no Facebook porque é muito boa pessoa e abraça a criança que tem dentro de si. Eu que encarnei um tasqueiro malandro a ver uma rapariga numas push-up.

Eu a mostrar o meu lado lunar e a Joana a decidir se gosta. 

Vocês já estão a regir a estas fotografias como a boneca decidiu deixar de viver e atirar-se para cima da máquina, mas eu e a Joana estamos supé manas a fingir que lemos um livro sbre sentimentos. 



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Então e soluções para as "mães não perfeitas"?

É frequente e "sem querer" que nos esquecemos destas três dinâmicas essenciais e sempre presentes nas nossas relações: nós, nós com eles e eles. Quanto mais em "modo sobrevivência" estivermos, menor é a capacidade para distribuirmos pensamentos, para a sensatez, para a empatia. Deslocamo-nos rapidamente para "a culpa" é deles ou "a culpa" é minha. Também serve quando se aponta os dedos aos outros: "a culpa é dela que é uma mãe que não impõe limites" ou  "a culpa é da miúda que é um monstro". A culpa que tanto funciona com a palmada que se dará à criança como as palmadas que se dão na nossa consciência depois de as termosdado -  enquanto ainda não a [consciência] tivermos adormecido para não suportarmos tanta dor. 

As coisas fluem, são dinâmicas. A culpa é algo, nestas situações, primário, de sobrevivência, imediato, infantil. É difícil e parece "totó" reconstruirmos a realidade, fazendo um moonwalk cuidado no que nos levou até ali, mas uma vivência mais consciente ajuda-nos a termos capacidade para que nos surja amor com mais frequência quando olhamos para nós, para eles ou para nós e eles. 

Porque é que nos deixamos de perguntar, quando crescem mais um pouco, o que terá a criança? Quando são bebés, perguntamo-nos se têm fome, sono, sede, necessidade de mimo... mas, depois, passamos para o tribunal das manhãs e das tiranices. Foi o que terá sido feito connosco e o que terá sido feito com quem nos fez, a culpa não interessa. 


Interessa muito aqui por-mo-nos no lugar da criança, pomo-nos no nosso próprio lugar quando tínhamos a idade dela também ou até mesmo deixando-nos estar na nossa. O que sentíamos quando gritavam connosco? Quando nos punham de castigo? Quando nos portavamos "mal" era porquê? O que sentimos agora quando nos fazem o mesmo?  

Quando, na nossa vida, andamos mais amargurados, respondões, zangados, com "mau feitio" é porquê? Será aleatório? Porque "somos tiranos"? 

O que há antes do que se vê e ouve? O que há antes do fazer? 

A mãe chora quando a criança está a ser castigada porque lhe dói. Dói-lhe "ter que chegar a esse ponto". Também eu chorei quando, por desespero, numa vez em que tentei deixar a Irene chorar no berço porque "não devia mimá-la". 

O que nos faz chorar assim, "indo contra nós" (até a mãe disse isso no episódio -  a estreia do formato Super Nanny em Portugal) é porque não está bem. Ir contra nós nunca será a solução, digo. 

Impedirmo-nos de comer o que nos apetece, sem percebermos porque é que nos apetece. Impedirmo-nos de mexer tanto no telemóvel, sem perceber porque é que o fazemos. Impedirmo-nos de abraçar as nossas filhas quando elas, depois de se portarem mal, pedem colo sem perecber porque é que elas pedem e porque é que nós, mesmo depois do que aconteceu, as queremos abraçar... 

A comida que nos aparece no prato vem de algum lado. O dinheiro que sai do Multibanco também. Aquela colega que resmunga tem também ela uma vida, não "saiu assim por defeito". A criança grita, chora, bate porque não sabe expressar de outra forma o que sente. 

Aqui sim, cabe-nos a nós ter o trabalho de ver o que se passa. O panorama geral, ver além de nós e do nosso ego. Senão são duas pessoas a fazer birra. Sendo que uma delas tem a responsabilidade de tentar ser capaz de reconstruir, de fazer o moonwalk: o adulto. O adulto que além de crescido também tem algures uma criança que não se sabe expressar e que não consegue falar consigo. É tudo. 

Gostava muito de apresentar soluções concretas para cada caso. Ainda estou a descobrir muitas com a Irene no dia a dia. E as que funcionam vão mudando. Sei sempre que as melhores são quando me forço a pensar nela, em mim e nela e em mim. 

Parece que não temos tempo. Parece que não temos coração. Que nos caiu tudo em cima e que, pior que tudo, que nos deram um filho imperfeito. Esse filho que terá uma mãe imperfeita que, outrora, já esteve no lugar dele... 

Amor. Mais. Porque amor gera amor. 


Muito sobre aquilo em que acreditamos e soluções aqui:
disciplina positiva, parentalidade consciente, ...

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Às vezes ainda acho que sou uma adolescente.

Juro que não sei como isto foi acontecer. Juro que ainda tenho 16 anos, cheia de sonhos. Juro que ainda estou ali a lamber o ombro, discretamente, para sorver o sal, da pele morena e quente do sol. Juro que ainda estou ali, cheia de dúvidas, mas cheia de esperanças. O mundo nas minhas mãos. Possibilidades infinitas. Posso ser jornalista. Posso ser cantora. Posso ser actriz e fazer só musicais. Posso viajar pelo mundo. Posso ser mãe de quatro filhos. Aos dezasseis anos pode-se tudo ainda. Aos 31, se calhar já não se pode tanto, mas ainda se quer muito.

Ou será que não é assim? Será que sou demasiado sonhadora? Ou serei demasiado intensa? Porque não assento, porque não acalmo, porque não consigo ser completamente feliz com o que tenho e com o que sou? Por que é que tenho uma cabeça de adolescente num corpo de adulta? Por que é que, nem já mãe, consigo render-me à passagem dos dias, ao conforto da rotina, à estabilidade de saber o dia de amanhã?

Às vezes ainda acho que sou uma adolescente, na forma como escolho não olhar para alguns problemas, na forma como escolho não saber fazer o IRS ou enfrentar outras tantas dores de cabeça. Às vezes sou mimada. Às vezes sou ingénua e confio demasiado nos outros. Às vezes tenho expectativas surreais do mundo.

Ainda sofro com o que se diz, com a forma como se diz, odeio discussões, odeio ver pessoas zangarem-se. Nem sempre consigo desvalorizar, não sentir, não me revoltar.

Às vezes ainda acho que sou uma adolescente, pela forma como sinto e como me sinto.

Às vezes quero alcançar a serenidade que dizem que a idade nos dá. Outras vezes não quero perder a loucura que a adolescência nos deixa viver. E ser.

Não sei, mas às vezes ainda acho que sou uma adolescente.




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1.14.2018

Os perigos da SuperNanny, da SIC

Hoje ficámos a conhecer a Margarida e a mãe e a avó da Margarida. A Margarida tem uma atitude tirana perante a mãe. A Margarida bate e faz birras. A mãe da Margarida não tem autoridade nem é consistente. Palavras usadas no programa, SuperNanny, no qual uma psicóloga vai a casa desta família ajudá-las a controlar a rebeldia da filha e a superar esta crise. 

Este programa tem problemas. Muitos, diria.

1) A exposição de crianças em situações frágeis. Custa-me imaginar as repercussões que este episódio poderá ter na vida desta criança. "Ah! Mas ajudou-a." Tenho as minhas dúvidas. O programa é um reality show, não é um documentário, um estudo científico, uma reportagem. É encenado. Nos momentos de "birra", os tambores rufam. Nos momentos de serenidade, vem a pianada. É um programa de televisão, é uma história. Além disso, o que dirão os colegas da Margarida amanhã na escola? Ou daqui a uns anos, se lhe quiserem fazer bullying? Preocupa-me. Preocupa-me a auto-percepção com que a Margarida fica de si.

2) Os conselhos da SuperNanny. Gostei de ver que não recomenda a palmada, em situação alguma. De resto, pouco mais consegui aproveitar. Não concordo com o canto do castigo (ou da reflexão ou que outro eufemismo lhe derem). Não concordo com as recompensas. Não concordo com muitas das avaliações ali feitas, as expressões usadas. Achei que ficou tudo muito pela rama (e ainda bem, não queria saber mais da intimidade desta família escarrapachada num programa de televisão). As técnicas e a consistência simplesmente alicerçadas na ordem e na obediência, com a ajuda de castigos e recompensas. Ali o que é importante é acabar com alguns comportamentos, repor a ordem, mas sem uma visão a longo prazo. E mais, sem o entendimento e análise das principais razões para os comportamentos. Sem um processo que assente na dignidade da criança.

3) Vamos continuar a veicular, nos meios de comunicação social, esta forma de educação, que vê as crianças como animais a domesticar, a todo o custo, de forma behaviourista, para instaurar a calma, mas sem reflectirmos sobre os processos e sem vermos que poderá haver outras formas de chegar a bons resultados, sem rotularmos as crianças como "tiranas" e os pais como "soberanos", que estão a falhar e a ser permissivos. Há outras formas de lhes transmitir regras, mas sem que eles se esqueçam que os amamos incondicionalmente.

"Esse tipo de programa eleva a arte de manipular os espectadores para um nível nunca antes imaginado. Para começar, a escolha de crianças incrivelmente “mal-comportadas” dá-nos um certo sentimento de sucesso: “Pelo menos meus filhos – e minha capacidade enquanto pai ou mãe – não são tão maus!” Indo directo ao ponto, estas famílias problemáticas fazem-nos torcer por soluções totalitárias. Qualquer coisa para acabar com o tumulto." Alfie Kohn
Este artigo sobre o programa americano está muito bom. 

Leiam sobre disciplina positiva, caso se interessem, leiam sobre parentalidade consciente, e espalhem amor, muito amor (e regras e disciplina, que nada disto tem a ver com ser permissivo). 




 O que acharam?

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