11.09.2017

O que fazer ao cabelo ralinho desta miúda?

Contem-me tudo. Com quantos meses lhes cortaram o cabelo? Eu ainda só lhe pus a tesoura na franja, mas acho que está a precisar de mais qualquer coisa... 

Conta a minha mãe que eu era tal e qual (felizmente ficou mais forte com a idade e hoje tenho um cabelo encorpado e bastante). O David não tinha, em miúdo, (e não tem) o cabelo mais forte do mundo. E, pelos vistos, as duas miúdas vieram com cabelo fininho, fininho (e pouco, parece-me). O da Luísa está naquela fase que nem é carne nem é peixe. Nasceu com imenso cabelo, preto, caiu quase todo e nasceu mais claro. É castanho claro.

Devo cortar? Devo deixar crescer? Decisions, decisions...💇


Golinha - Catavento


Vai na volta e corto-lhe o cabelo a ela e a mim, que eu ando com uma vontadinha de voltar a fazer um corte deste género, ou ainda mais curto:









   
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Dá-me um desconto, filha.

A mãe nem sempre consegue lembrar-se do quão importante é fazer a transformação da Corujinha contigo. Às vezes digo-te que sim e nem ouvi o que disseste ou digo “que giro” a um desenho em vez de olhar.

Às vezes a mãe fica enervada por não lhe fazeres as vontades e nem sempre quando te apressa é mesmo assim tão necessário estar a sufocar-te já com o tempo.

Não é preciso obrigar-te a dormir a uma determinada hora se te posso ouvir falar até que adormeças, as duas debaixo do edredão na tua cama.

Eu sei que só queres dizer mais uma coisa e que vai ser “uma coisa” que me vai ajudar a conhecer-te ainda melhor como hoje.

Comprei-te calças quentinhas para o Inverno e um desses pares é o teu preferido: o que tem a Minnie e o Mickey. Perguntei-te qual querias vestir hoje e disseste as cinza.

“As cinza, Irene? As cinza quando as que tu gostas mais são as do Mickey?”

“Claro. As do Mickey ficam à espera para não usar já!”

Tens muito isto. Não vem de mim certamente. Para mim, especialmente especial por seres ainda tão bebé e por conseguires ver além do agora.

Não tenhas medo, Irene. Apesar da mãe estar a lembrar-te de 2 em 2 minutos para ires comendo ou estar a dizer-te que temos de ser rápidas por um motivo qualquer… A mãe, quando tu não estás ou quando não sente que o tempo aperta, sente.

Sente e vê e sabe que tu és o que há de melhor no mundo inteiro.


As calças do Mickey ficam à espera.



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11.08.2017

O cancro que levou a minha avó.

É a única doença da qual tenho medo. Não que viva atormentada, mas já me aconteceu estar à espera dessa notícia. Como se fosse uma inevitabilidade. Já olhei para o telefone a vibrar e esperei três segundos, respirei, e pedi "que não seja a dar-me a notícia de que está doente". Já me passou.

A minha avó Isabel morreu tinha eu 12 anos. 
Lembro-me bem demais. 
Do bom e do mau. 

Lembro-me do cheiro a café "a fingir" nas manhãs em que lá dormia, que mais tarde percebi ser cevada, das viagens de autocarro com os velhotes em que me levava, uma das quais metia piscinas e escorregas e outra uma cheia de flores de papel penduradas, que penso agora ser Campo Maior. Se fechar os olhos, recordo-me da finura dos lábios, dos óculos grossos, das pernas altas, parecidas com as minhas talvez, dos pés grandes, como os meus, da voz trémula e de uns olhos meigos mas tristes, de muita pancada da vida, de uma filha que lhe morreu ainda bebé, de operações e de uma saúde debilitada. Lembro-me dos mimos, de nos deixar saltar no sofá e brincar com aqueles bonecos de louça que eram bibelots nos armários dela, que na minha casa não havia, para muita pena minha. Lembro-me do dia em que vomitei amoras, lembro-me das mãos delas, enrugadas, grandes, a secar-me o cabelo e de me deixar dormir na mesma cama dela, a "fazer caixinha" (e não conchinha, como a maior parte das pessoas diz): curiosamente lembro-me de ser eu a meter o meu bracinho por cima da barriga dela. 

Lembro-me de me mostrar a cicatriz na zona da mama, que lhe foi retirada. Lembro-me de viver ainda algum tempo (anos?) assim, mais debilitada mas a dar a volta por cima, aparentemente. Lembro-me de piorar, porque o cancro chegara aos ossos. Lembro-me de quando me disse, no hospital, que já não me iria ver casar. Lembro-me de lhe mentir, com o sorriso maior que arranjei, que ia ver sim senhora e que para não dizer disparates. Quis tanto acreditar naquela mentira... 
Já não a vi nos últimos dias, em que o delírio e as visões da mãe faziam parte, em que já não via nem conhecia ninguém. Ainda bem, não teria tido coragem. Mas já sonhei que me tinha ido lá despedir. 

Não me lembro do momento em que recebi a notícia. Lembro-me de que o dia do funeral foi o mesmo dia em que apareci pela primeira vez na televisão, no Buereré (que era gravado) com os Onda Choc. E lembro-me dessa ambivalência. De estar triste e de estar contente e de disfarçar que estava contente porque me pareceu mal. Não me lembro de muito, depois.

Tenho saudades dela. Tenho pena de não a ter tido mais na minha vida. Tenho muita pena que ela não me tenha visto crescer, não me tenha visto namorar, estudar, ter filhas. Foi-se embora cedo. 

E a partir daí, fiquei com medo desta doença, que mina as vidas de tanta gente. Curiosamente, quando descobri um nódulo na mama que aumentou muito, depois de ter a Isabel, e cuja biópsia foi inconclusiva, quando tive de ser operada, nunca senti medo, excepto na véspera, como escrevi aqui. Achei que não seria nada de grave e que, mesmo que fosse, eu iria superar. 
Mas, a verdade é que, de forma geral, esta doença assusta-me. Vejo muita gente a passar por ela e felizmente mais, muito mais, pessoas a superá-la. Vejo muitas famílias a viver com esse fantasma. Olho para estas pessoas de uma forma absolutamente inspirada, pela força que encontram e que arranjam para acalmar e contagiar os outros. 

A doença que levou a minha avó não há de levar mais ninguém que eu ame, se Deus quiser. Que não vos falte força para enfrentá-la, caso se tenham cruzado com ela. 
E que estejamos atentos a nós, bem atentos, que façamos análises e exames regulares para que, caso nos bata à porta, seja cedo para lhe darmos um chuto.


   
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Os meus youtubers favoritos

Não sou a pessoa mais assídua no Youtube deste mundo, a não ser para ouvir música (uso mais o Youtube do que o Spotify, sim, sou dessas pessoas. Acho que tem a ver com o facto de sempre ter feito imensa pesquisa de músicas para programas de tv a partir do youtube). Não sei quem são os youtubers portugueses do momento, mas estou a par do fenómeno - vi uma reportagem sobre eles e já li algumas crónicas sobre o assunto, nomeadamente este pedido de ajuda que esta mãe/psicóloga lhes fez. 

No entanto, há alguns youtubers - nada a ver com os de cima - que vou seguindo, de vez em quando, e dos quais gosto muito! Fazem-me pensar, rir, chorar!





Adoro, adoro, adoro. Despretensiosa, inteligente, empoderada. Acho-a muito inteligente e faz aquela coisa de desromantizar a maternidade e de falar de temas tão importantes na nossa sociedade, ainda tão machista e preconceituosa. 



Foi o Renato quem ma apresentou. Fala de tudo, de todos os temas do mundo e de mais alguns, e fala de tudo com imensa simplicidade, sabedoria e algum humor. É a prova viva de que menos é mais e que o conteúdo é o mais importante (às vezes grava com a webcam mesmo e zás). Adoro-a. (ainda tenho muitooooos vídeos para pôr em dia, descobri-a "tarde", mas de vez em quando tiro meia hora para a ouvir. Vejam este que também é muito bom: Criança boa é criança quieta.


- Paizinho, vírgula

Já vos falei dele aqui. Se querem aprender alguns truques de disciplina positiva para contornar o estalo e os gritos, é segui-lo. Além disso, tem reflexões maravilhosas, com a maior boa onda e piada. É fácil ouvi-lo e percebê-lo.


- Marcos Piangers (o Pai é Pop)

Se querem chorar, rir e ganhar um quentinho no peito, é segui-lo. Ficamos com pele de galinha, queremos ser melhores mães e pais, queremos aproveitar cada segundinho dos nossos filhos, de forma plena. Ele não teve pai e quis ser o melhor pai do mundo para as suas filhas. Absolutamente inspirador.



São estes. Querem partilhar os vossos, please! (não que vá ter tempo para seguir mais, mas quem sabe...) eheh
 
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Erros que cometo com a minha filha.

E que não devia. Ou que não são erros. São o que me apetece fazer ou, melhor, o que faz sentido para nós.

Às vezes jantamos sentadas no chão da cozinha. 

Enquanto cozinho, a Irene vai brincando perto de mim com o que lhe apetecer na altura. Às vezes está a fazer comida para os bebés dela, noutras está a dar concertos... Acabo de cozinhar, dou-lhe a provar e acabamos por comer sentadas no chão da cozinha. Não creio que a mesa seja assim tão importante, nem acho que, por jantarmos na cozinha, ela um dia não saiba jantar à mesa - como se isso não se pudesse comunicar na altura. 

Durante a semana, toma o pequeno-almoço na minha cama. 

O meu quarto é uma suite e, dá-me jeito, enquanto me arranjo, ir estando com um olho nela e a conversar com ela. É um momento nosso, calmo, em que vamos pondo a conversa em dia e, já agora, também consigo ir explicando qualquer coisa nos desenhos animados que ela vá vendo. De manhã costumamos ver o Zig Zag na RTP2 que tem boa curadoria mas, mesmo assim há, às vezes, alguns temas que requerem acompanhamento. 




Adormeço-a abanando-lhe o rabo e a cantar e já tem 3 anos.

Seja qual for o motivo pelo qual isto agrade às duas (eu sei que o meu é sentir que, de alguma maneira, estarei a apressar o adormecimento - mesmo que seja tanga) não me incomoda que tenha 3 anos e não adormeça sozinha. Eu tenho 31 e, por mim, se pudesse escolher também não adormeceria sozinha, para quê exigir-lhe isso? Se nem sempre me apetece? Se muitas vezes desespero? Sim, mas é isto. Faz parte. 

Não costumo dizer que não lhe compro algo que peça

Ela farta-se de pedir que lhe compre coisas. Não costumo comprar-lhe nada. Até porque, sendo blogger, como vocês sabem, vamos recebendo sempre umas coisas aqui e ali e, por isso, sinto que a minha quota de "presentes" até é excedida. Costumo dizer - não é totalmente mentira - "'Tá bem, se a mãe vir, se calhar a mãe compra!". A verdade é que não devo ver. Faço compras online e, por isso, só veria os brinquedos se fosse procurá-los mas, se os vir, um dia, se calhar até compro. Nem sempre me apetece dizer que não, raramente, até. A não ser quando tenho que "dar lições" que é como tenho explicado a importância dos "nãos" cá em casa.

Amamento-a e tem 3 anos. 

Ainda tenho de escrever um post sobre isto. Sobre amamentar aos 3 anos e quem me faz sentir "pior" com isso serem mulheres. Nós. Umas com as outras. São outros 500. Amamento-a. Tem 3 anos. Faz parte da nossa rotina de adormecimento. Ela pede e eu dou. Faz parte. É assim. E será enquanto fizer sentido para ambas. 


Usa fralda para dormir à noite e tem 3 anos.

I don't care. Está conversado entre as duas que o objectivo será deixar de ter a fralda molhada quando acorda e ir fazer xixi. O preço a pagar dessa conversa é chamar-me muito aflita de manhã e eu ter de sair da cama a correr para a ir por na sanita, por isso está tudo encaminhado, mas sem pressas. Não quero que haja o peso do fracasso nem ter de andar a trocar roupa de cama a meio da noite. Está tudo a ir com calma. 

E tantas outras coisas que na volta nem tenho consciência. Seja como for, estas somos nós por agora e estamos bem. E vocês? "Erros" que cometam? 


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11.06.2017

Faço terapia.

Nem toda a gente precisa, mas acho que toda a gente iria beneficiar.

Nem toda a gente pode, mas acho que toda a gente deveria poder ir.

Eu faço terapia. 

Faço porque lá porque as coisas me surgem na cabeça ou porque os meus comportamentos me pareçam espontâneos, não quer dizer que sejam os melhores. Tudo é passível de ser trabalhado, depois de compreendido ou, por ser compreendido é trabalhado.

(se nunca tivesse parado para pensar, a Irene era corrida à estalada e ao berro)

Faço por mim, sim. Por mim que estive farta durante muito tempo de viver e sentir as coisas sem qualquer sabor ou cor e, acreditem - muitas de vocês saberão - navegar em mar alto sem saber onde se está ou para onde se quer ir, dá lugar a náufragos, muitos. 

(se nunca tivesse parado para pensar, o resto da vida seria "fazer tempo" para que algo surgisse que me acordasse)

Faço-o por mim e pela Irene, sim. Pelas duas. Para que ela sinta (que ainda iremos a tempo para muito) que o amor flui entre as duas e a que sabe o amor, no corpo e na cabeça.

(se nunca tivesse parado para pensar, a minha filha cresceria e não conseguiria relacionar-se comigo, apesar de algures sentir que me ama)

Faço-o pela Irene e pelos filhos da Irene. No meio de uma fila enorme nalgum lado onde nos colocamos por parecer o sítio onde se deve estar por toda a gente está, alguém tem de ir ver o que se passa lá a frente e parar. Para pensar. Encaixar. Dói.




(se nunca tivesse parado para pensar, teria de ser a Irene, um dia, a fazê-lo e com uma intensidade avassaladora de anos e gerações de trampa por processar)



Doí sabermos que mandamos muito pouco nisto e que somos uma migalha, mas é essa a verdade. Somos tão pequenos e os nossos problemas têm metade de nós ou têm o tamanho que "quisermos" que tenham. 

(se nunca tivesse parado para pensar, achar-me-ia sempre o centro do universo e tudo pareceria uma perseguição para que eu me sentisse infeliz em vez de todos os dias serem uma oportunidade de viver mais e espalhar amor)

Coisas em que a terapia me tem ajudado: 

- Diminuir a ansiedade de um modo geral 

E, portanto, tudo o que daí advém: irritabilidade, hipersensibilidade, falta de produtividade, sarcasmo, bullying, mau dormir, não conseguir estar disponível emocionalmente para a Irene, rotinas muito apertadas, etc. 

- Duplicado a intensidade das coisas boas

Já não as destruo na minha cabeça. As coisas boas são mesmo boas e o fim-de-semana é mesmo fim-de-semana. Faço mesmo o que quero e preciso que seja feito e a vida deixa de parecer um carrossel com muitas luzes e barulho mas sem que nada nos atravesse o corpo ou nos faça querer sair para ver a paisagem.

- Melhorado a disponibilidade para crescer

Quanto melhor compreendo as coisas, mais tudo me sai certo. A minha vida já me pareceu toda ela apenas e só um dia mau em que depois de apanhar uma molha, encontro o guarda chuva. Ou, depois de cair numa poça enorme de lama, é-me apresentado o Primeiro Ministro. Os acontecimentos não nos governam. É o contrário.

- Crio coisas boas

Não fico à espera que as coisas que quero (porque já sei o que quero e gosto) aconteçam. Já crio oportunidades para que elas aconteçam. De repente, o que dantes parecia uma espera, agora parece uma escada com treats pelo caminho. 

- Vejo melhor a Irene. 

Já sei que quando parte algo ou grita que não é o que eu sinto quando ela o fez, mas sim o que ela sentirá. E quem diz Irene, diz toda a gente, mesmo toda a gente. Até as haters anónimas. Estou em paz. 



Não há que ter vergonha de sair da manada e interrogarmo-nos sobre aquilo que nos parece crucial e que nos faz sentir unos. Mesmo um cocó de cão está inteiro e é uma bela mer**. Pode parecer inalcançável e doloroso (e é), mas é para isto que cá estamos. Para um aperfeiçoamente constante que nos permita amar com tranquilidade e sermos amados em segurança. 

A Eugénia ajudou-me bastante como vos contei neste post, neste momento o meu caminho não passa por ela, mas não posso deixar de vos sugerir que conheçam esta pessoa que toda ela é amor e brisa da ponta dos seus lindos cabelos até aos pés (a página dela é esta que, sempre que falo dela, recebo alguns e-mails a pedir o contacto, fica já arrumado).

Só para descansar quem não tenha possibilidades para fazer terapia, mesmo aconselhando-se com a médica de família (há também excelentes profissionais nos centros de saúde), há quem consiga fazer este exercício sozinho, estando mais atento a tudo que na vida não espelhe amor e faça para que mude. 

Não há que ter vergonha. Fazer terapia é o ginásio da cabeça. Será moda um dia. ;)



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11.05.2017

Tenho pena das crianças que não vão à rua (e dos pais delas).

Andamos a negligenciar isto. Às vezes por opção, na maior parte das vezes sem possibilidade de escolha. As crianças passam menos tempo ao ar livre na rua do que um recluso. Isto devia fazer-nos pensar. Aceitamos, sem muito a fazer, já que o tempo não estica entre o corridinho trabalho-casa, que a rua fique reservada para o fim-de-semana (e às vezes só quando não chove...). Aceitamos que, nas escolas, isso não seja uma prioridade. As crianças vêem a luz da rua no trajecto casa-escola e na maior parte das vezes dentro de um carro ou de um transporte público. Achamos normal que, em muitas creches, os miúdos não vão à rua antes de terem 2 anos, com a desculpa de que nem todos andam pelo próprio pé ou de que "alguns pais não querem, porque podem constipar-se (what?!)".


Às vezes, num país ainda por cima, com um clima convidativo, há escolas em que os miúdos só saem à rua, ao recreio, lá para o fim da primavera. Continuamos a sacudir a água do capote, a achar que é um problema menor, quando todos os estudos indicam que é muitíssimo importante! E É PRECISAMENTE O CONTRÁRIO! "A brincadeira no exterior, nomeadamente em contacto com a natureza, tem implicações ao nível de neurotransmissores como a serotonina. “As emoções positivas que advêm de brincar nestas condições estimulam até o sistema imunitário, em vez de o enfraquecer como muitos pensam”, afirma, explicando que “a serotonina está associada a este brincar no exterior, sujar e desorganizar a arrumação da vida certinha e limpinha” ", como explica Helena Águeda Marujo neste artigo do Observador.
Segundo um estudo feito na Universidade de Bristol, no Reino Unido, brincar na natureza tem efeitos benéficos uma vez que uma bactéria presente na terra (a Mycobacterium vaccae) ajuda a ativar a serotonina , contribuindo para a regulação do humor, sono e apetite.


Sem contar com o facto de cerca de metade dos portugueses ter falta de vitamina D, "essencial ao desenvolvimento dos ossos e dentes, mas que também ajuda na melhoria do humor e consequente diminuição da depressão."

Sem contar que a luz do dia é fundamental para o ritmo cicardiano, que, por sua vez, influencia todos os ritmos fisiológicos do corpo humano, a digestão, o crescimento, o sono, a renovação de células, etc, etc, etc. Se há problemas a nível do sono, é possível que uma das causas seja a privação de luz da rua (e esta?). "Para que tenhamos reservas satisfatórias de melatonina durante a noite, temos que aumentar a nossa exposição à luz durante o dia. Uma caminhada de uma hora ao sol da manhã, por exemplo, já garante um bom índice de produção de melatonina durante a noite, a luz controla tanto o desencadear do sinal como sua duração. (POVOA, 1996) in "Luz, sono e saúde", de Sílvia Maria Carneiro de Campos - artigo completo aqui.


Sem falar no sedentarismo, da ligação clara entre o estar activo na rua e o estar concentrado dentro da sala (um potencia o outro), da importância do exercício físico e motor e da coordenação para o desenvolvimento neurológico, para a autoestima e para a autoregulação. E também para a autonomia, para a mobilidade, para a felicidade.

Por todas estas razões, tenho pena das crianças que não vão à rua. E dos pais delas que, muitas vezes, não têm outra hipótese e que transportam esse peso (transportei-o durante o primeiro ano da Isabel na creche, quando nem sempre dava tempo de a levar a passear durante a semana).
Lamento também pelos que não permitem que os filhos vão à rua, na hora do recreio, por receios pouco informados, na minha opinião, e que, por isso, limitam que os filhos dos outros vão [mas também não percebo por que razão não há alternativa para que uns vão com uma responsável e outros fiquem na sala, com outra].


Temos muito a aprender com a cultura nórdica. "Nos países nórdicos, que têm um clima muito mais austero, as crianças andam na rua faça chuva faça sol, faça neve. Em Portugal, cai um pingo e a criança é posta numa estrutura interior. Vou repetir: temos de aprender e ensinar as nossas crianças a serem capazes de lutar contra a adversidade e nós temos uma cultura ultra protetora, superprotetora", pode ler-se nesta entrevista interessantíssima do Observador ao professor da FMH Carlos Neto, que já partilhámos em tempos, em que se fala de estarmos a criar crianças "totós".



As minhas filhas, nesta fase das nossas vidas, têm muita rua. Vivemos no campo, temos cães, fruta para apanhar e flores para regar. Com roupas arranjadinhas ou fatos de treino, têm toda a liberdade para se sujarem. A Isabel lixou o nariz todo a brincar na rua, que assim seja, bom sinal.
Além disso, eu tenho horários privilegiados, por isso, posso levá-las ao parque depois da escola.  
Mas e se/quando deixar de ter? 
O que posso fazer para que elas não respirem ar puro só ao fim-de-semana?!
O que podemos, todos juntos, fazer em relação a isto para mudar mentalidades e exigir que o ensino veja como premente e extremamente importante a vida ao ar livre, a brincadeira ao ar livre?!

[Não são perguntas retóricas, ajudem-me a pensar. Ajudemo-nos].
















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Golinha - Catavento
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FORBES - A Mãe é que Sabe no TOP5 de blogues de família! OBRIGADA!

Há 3 anos, por estes dias, estávamos a escrever os primeiros textos daquele que viria a ser o nosso blogue, o a Mãe é que sabe. No meio de tantos blogues de família, não sabíamos bem no que iria dar, mas tínhamos sonhos. Talvez o nosso maior sonho fosse chegar a muitas pessoas e fazer a diferença, de alguma forma, na forma como se encara a maternidade. Mais do que um diário, tocar em assuntos que não víamos ser tocados em mais lado nenhum, ou não da forma que achávamos que mereciam, ou não da nossa forma. Quisemos, desde o primeiro instante, mostrar-nos como somos: felizes, infelizes, vulneráveis, fortes, despudoradas, mais ou menos românticas, parvas. Quisemos, desde o primeiro instante, falar de nós, das nossas dúvidas, das nossas certezas. Quisemos, desde o primeiro instante, comunicar. Não negamos (não negámos nunca) que, a par do puro prazer em escrever, em emocionar (e emocionarmo-nos), da necessidade em desabafar e em ter desse lado carinho e compreensão, de ajudar, da vontade de fazer rir, divertir, da vontade de debater e de informar, queríamos também deixar a nossa marca. Fazer uma marca. Criar. Sermos reconhecidas pelo nosso esforço. Sermos pagas para que pudéssemos investir neste cantinho, dar de nós, ver recompensadas as horas e os minutos que lhe dedicamos e em que podíamos estar a fazer outras coisas.

O meu maior desejo é, e sempre foi, partilhar. Emoções, ideias, descobertas. Partilhar amor. Desconstruir mitos. Crescer com a maternidade, tocar em feridas, desconstruir ideias românticas que às vezes fazem com que exijamos mais e mais da vida ou de nós e que nos fazem achar que somos más mães. Exorcizar demónios. Fazer um registo dos nossos dias, guardar memórias. Falar com humor das coisas mais corriqueiras. Falar a sério. Fazer listas parvas de coisas que observamos. Mostrar coisas de que gostamos, que compramos ou que gostaríamos de comprar, ou coisas que nos oferecem e achamos que merecem ser vistas, de marcas giras, de marcas pequenas, de marcas portuguesas, de marcas sustentáveis, de marcas grandes com as quais nos identificamos. Já fomos pagas para escrever. Já fizemos parcerias. Continuaremos a fazer. Sendo fiéis ao nosso estilo, aos nossos gostos. Já recusámos muita coisa com a qual não nos identificamos ou não consumimos ou não queremos que as nossas filhas consumam, nem aconselhamos que os vossos filhos o façam.
Já errámos, já dissemos disparates, já pedimos desculpas, já voltámos atrás, evoluímos e desejamos continuar a evoluir, como bloggers mas principalmente enquanto pessoas. Com a vossa ajuda, também. Quantas vezes já aprendi coisas com os vossos comentários ou com os vossos emails? Quantas vezes me deram coragem e força? Quantas vezes me emocionaram e fizeram chorar? Quantas vezes já corei na rua quando me abordaram e me disseram que gostam de nos ler? Quantas pessoas espectaculares já conheci à custa do a Mãe é que sabe? É impagável. Além de escrever ser altamente catártico, receber abraços em troca, perceber que de alguma forma ajudámos alguém, é a melhor sensação do mundo.

Temos responsabilidade também. Influenciamos. E não me refiro só às pessoas que começaram a fazer desporto impulsionadas por um post ou que foram fazer bolinhos de côco ontem depois da receita que sugeri nos stories do instagram. Ou que fizeram esgotar uns lápis que sugerimos ou um macacão que vesti. Influenciamos na forma como encaramos a vida, os afectos, de como gerimos as birras ou como resolvemos assuntos pessoais, que expomos aqui. É um peso enorme ler que, afastada de casa e dos amigos, somos as únicas pessoas em quem uma mãe emigrada confia. Isto tornou-se ENORME. 

E as coisas enormes às vezes também se tornam difíceis de levar ao colo. Ficam pesadas. Parecem maiores do que nós. Para o bem e para o mal, ter um projecto grande, que chega a tanta gente, é difícil. O escrutínio a que nos expomos, a dureza com que às vezes nos tratam, as palavras que nos dirigem vindas de almas a quem não conseguimos chegar e que se escudam atrás de um teclado, no anonimato, com a simples vontade de nos atacar para se sentirem superiores, sem nos conhecerem intimamente, sem saberem como estamos e de que forma algo nos pode afectar, é um jogo difícil de jogar. Já foi mais difícil, vai-se ganhando calo, criando uma capa, dizendo para nós próprias que aquilo que disseram sobre nós não nos define e diz mais de quem escreve do que de quem é alvo. É um processo. E faz parte. Assumir que nunca agradaremos a todos faz parte do crescimento. O lado positivo de ter o a Mãe é que sabe é mais forte. 

Eu, Joana Paixão Brás, e a Joana Gama, fazemos parte do Top 5 de bloggers de família mais influentes de Portugal, pela revista Forbes. Foi com uma enorme alegria e satisfação que recebemos esta notícia e este reconhecimento. Estar numa lista de bloggers, influenciadores, comunicadores tão experientes e conceituados soube-me a pato [Parabéns à Rita Ferro Alvim pelo primeiro lugar na categoria família, ela merece!]. É uma conquista que nunca imaginei ser possível em tão pouco tempo. É bom, mas bom. Deu-me vontade de sambar. É um "vale a pena", mesmo com todas as dores de parto, com todas as dúvidas e com todos os dias em que a inspiração demora a chegar.

Obrigada, Forbes.
Obrigada, Joaninha (Gama) por seres a melhor parceira [e amiga] que eu poderia ter.
Mas principalmente obrigada a vocês, que nos seguem, que nos lêem, que nos partilham, que nos motivam. 
São 3 anos muito bons. 

2018, nos aguarde.










 
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