10.23.2017

Caiu das escadas (mas está bem).

Vocês vêem tudo em câmara lenta quando eles estão a cair? Eu vi. Vi a parvoíce toda e ainda nem ela tinha caído, já me estava a culpar e a odiar. 

Fomos aos correios e, para a entreter, levei bolinhas de sabão - para dizer a verdade vão sempre na mala dela que vai para a escola. Estávamos a fazer bolas de sabão quando, com o vento, começam a ir para mais longe. A Irene, feliz, atrás delas para as rebentar. O chão passou a escadaria e, quando dei por mim, estava ela prestes a cair. 

Claro que houve uma senhora querida que conseguiu chegar lá primeiro e que a levantou antes de mim (obrigada!), mas custou caramba. Ainda eram umas quantas escadas e estou sempre a avisá-la para coisas tão parvas e improváveis que me esqueci desta possibilidade. 

Não controlamos tudo, não dá. 

Ela está bem. Foi a primeira queda grande sem ser nos joelhos, mas caramba. Que parvoíce sendo "evitável". 


Serve este post para vos lembrar quando estiverem a fazer bolinhas de sabão para verem se há escadas por perto. 


Isabelinha e a Necas há um ano e tal (é, Joana?)
Ainda nem sabia andar, que amor.


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Quando mudá-los da cama de grades para uma cama "de crescido"?

É uma daquelas dúvidas que se instala a determinada altura. Tenho uma amiga que arriscou para logo voltar a colocar a filha numa cama de grades - correu muito mal, era ali que a miúda se sentia protegida, não estava preparada e tornou-se um tormento para a adormecer e durante a noite acordava desorientada.

Eu decidi arriscar quando a Isabel tinha ano e meio (o sono da Isabel: já não aguentava mais), influenciada - e ainda bem - pela Joana Gama (ela estava cheia de nódoas negras), que uns 15 dias antes tinha experimentado com a Irene e que explica neste post -  Ela dorme no chão - as vantagens da cama montessoriana.

Correu muitíssimo bem. Na altura pusemos o colchão directamente sobre o chão, de forma provisória. Quando mudámos de casa, acabámos por meter um estrado no chão e o colchão, já de corpo e meio, por cima. Para que ambos respirassem melhor - agora o estrado fica a uns cms do chão - e para que o quarto ficasse mais acolhedor, encomendámos esta caminha linda em forma de casa(aqui). 



Para mim, faz sentido esta abordagem (com ou sem cama de casinha), sinto que nos ajudou imenso na hora de a adormecer, tornando-a mais prazenteira, ela passou a dormir melhor, com mais espaço, e também segura - se cair, a mazela não será grande (só aconteceu uma vez e tinha almofada no chão). Deu-lhe ali um clique qualquer de "menina crescida" e raramente nos fez visitas ao quarto, como costumam perguntar [quando faz são bem-vindas, desde que não acorde a irmã rrrrrrr]. 

Por isso, nada como experimentarem. Há quem aconselhe a ter as duas camas em simultâneo no quarto e esperar que a criança se acostume à ideia e queira ser ela a mudar, depois de lhe irmos mostrando as vantagens e incentivando. Se tiverem espaço no quarto, por que não? 

Há pediatras que dizem não haver calendário, mas sim olhar para a maturidade física e psíquica da criança e consideram também estes factores: saber andar; conseguir subir e descer da cama sem dificuldades ou então caso saltassem, dançassem, segurando-se nas grades da cama ou já medissem mais de 80 cms. [sinceramente não sei se tem de haver estas condições reunidas necessariamente - há pessoas que optam mesmo por uma cama no chão em vez de cama de grades, ainda o bebé não tem um ano...]. 

Connosco foi assim.







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10.22.2017

Tenho saudades tuas, mãe

[A carta que sonho que me escrevas, filha]

Tenho saudades tuas, mãe
Saudades daqueles tempos em que me passavas a mão pelo cabelo até eu adormecer. Ou de quando me fazias cócegas com beijos nos pés. De quando me lias histórias, à noite. Às vezes pedia-te só mais uma, para continuar a ouvir o som da tua voz, calma e alegre. Do teu cheiro inconfundível. Deixaste de pôr perfume quando eu nasci, quando muito usavas o meu, por isso ainda hoje sei de cor a que cheira aquela camisola creme de lã que usavas quando me pegavas ao colo.

Tenho saudades, mãe
De quando tudo era uma festa. Vestíamos um casaco quente e íamos à rua pisar as folhas amarelas. Cantávamos uma música inventada no momento nas nossas viagens de carro. Tudo era permitido. Misturar numa frase "pão" com "balão", para rimar. Rias-te, rias-te bem alto. E eu fazia a minha melhor careta só para te ver feliz.

Tenho saudades, mãe
De quando me deixavas pintar-te a ponta do nariz com a tinta vermelha e nem sequer ralhavas comigo. De quando me ajudavas a fazer bonecos com plasticina que improvisaste no momento. De quando os fins-de-semana não acabavam nunca, entre livros, cambalhotas no colchão e bolas de sabão.

Tenho saudades, mãe
Até de quando ralhavas comigo. Porque até aí eu vi uns olhos meigos, que me queriam bem. Nunca senti raiva vinda de ti. Só amor. Sinto saudades até dos momentos em que fiquei doente, para poder estar no conforto do teu colo horas a fio.

Tenho tantas saudades, mãe
De olhar os passarinhos com a maior das alegrias e de ver em ti a mesma satisfação por me mostrares o mundo. De quando me deixavas saltar nas poças de água e até saltaste comigo. De quando me deixavas ajudar-te a fazer o jantar.

Oh mãe, tenho saudades
Da nossa cumplicidade, do nosso apego, das horas que tardavam enquanto não nos reencontrássemos. Quando me ias buscar à escola, mostrava-te que estava feliz, mas nada, nada me deixava mais feliz do que ver-te. Sabia que as próximas horas iam ser nossas.

Tenho saudades tuas, mãe, e daqueles primeiros anos da minha vida. E dos que se seguiram.

Tu não sabes, mas eu lembro-me de tudo. Ficou-me gravado no peito, na pele e em tudo aquilo que eu sou hoje. Mesmo quando te vi errar, mostraste-me o que era real e humano. Um dia vi-te chorar e, assim que me viste, limpaste as lágrimas. Ali, a reergueres-te, por mim.

E tu sempre achaste que não estavas a dar tudo, sempre te culpabilizaste, sempre quiseste ser mais. Mãe, garanto-te que não podias ser mais. Foste tudo. Ainda o és, por detrás dessas rugas e dessas mãos de veias em socalco, por onde corre o sangue de toda uma vida. Tenho tantas saudades, mãe.

Da tua filha, Isabel
2055


Fotografia: CV Love
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