9.28.2017

A Mãe não veste Prada - #08 - Em Santarém

Como assim chegar à oitava edição desta rubrica de auto-contemplação e nenhuma ainda em Santarém? Que erro crasso! Desta vez, vestida - salvo seja, que eu visto-me sozinha e por acaso até acerto no pé dos sapatos e tudo, já ultrapassei a fase da Isabel - pela Ivens, também de Santarém, of course, que o que é scalabitano é bom. Aproveitei para me emperiquitar toda no Cut by Kate. Combino sessão com a Joana do The Love Project e depois vai de roçar-me toda no mercado municipal, que em quase 100 anos nunca aquele azulejo deve ter sentido tanto tecido. Sim, porque a pessoa tem de fingir que foi ali apanhada super desprevenida à espera da caminete. E o que fazer às mãos senhores, o que fazer às mãos? Quando estava na Sic tinha o microfone numa delas, pronto. Quando tenho filhas, tenho-as a elas no colo ou tralhas para agarrar. Agora assim sozinha? Tenho de ir ver tutoriais ao Youtube, não sei que faça com as mãos.

Mas vá, algumas ficaram giras. :) Outras ficaram engraçadas pelo esforço, que se torna cómico, que eu estou a fazer para parecer natural. Obrigada Joana Sepulveda Bandeira, pela paciência :)

















Olha, desencostei-me!!!


Pumbas, rabo na porta, para variar, e porque estar à espera do disparo da máquina cansa imeeeenso.





A rezar ou lá o que foi este tique que me deu. O que fazer às mãos, senhores?!

"Mexe no cabelo, Joana", disse-me a minha voz interior, mesmo com muita vontade de rir.

Aquela dorzinha de barriga básica.

Se encostasse ali a cabeça nos joelhos, juro que adormecia (a Luísa anda a acordar de duas em duas horas, máximo).

Mas estão mega disfarçadas as olheiras!

A pensar no que ia tirar para o jantar. Mentira.

E agora novo encosto: uma árvore, mas...

... não quero saber se é cliché, adoro esta fotografia, o vestido, tudo!!!


Vestido e colete - Ivens
Relógio (smartwatch) - Fossil (este)
Óculos - Tiwi


Cabelo e maquilhagem - Cut by Kate

 Fotografias - The Love Project

 
www.instagram.com/joanapaixaobras

Por que é importante desromantizar a maternidade?

Eu, Joana Paixão Brás, uma eterna romântica, apaixonada pela vida, pelas minhas filhas, pelo meu namorado, pelos meus - todinhos -, uma miúda que canta no carro, que dança descalça enquanto rega as flores do jardim e molha as filhas com a mangueira, até todas acabarmos a rir na banheira a tentar tirar a sujidade das unhas, que gosta de apanhar amoras e figos e comê-los em os lavar, que adora vestidos e frufrus, que largou o trabalho um ano e tal para estar mais tempo com as filhas, que enche bem o peito de ar e suspira de cada vez que sente que tudo faz sentido quando estamos os quatro, digo-vos por que é que É IMPORTANTE DESROMANTIZAR A MATERNIDADE.

Porque a vida de mãe não é nem tem de ser perfeita. 
Não temos de nos sentir sempre felizes, responder que estamos bem, podemos admitir que estamos cansadas ou que há dias em que não nos apetece ser mães, apesar de amarmos aqueles pequenos seres mais que tudo nesta vida. 
Longe vão os tempos em que as mães comiam e calavam. Em que tinham de cumprir o papel, estabelecido pela sociedade patriarcal, machista, e sorrir. Em que achavam que não faziam mais do que a sua obrigação, que tinha de ser assim: os filhos eram da sua responsabilidade, "a mãe é que sabia" e, portanto, tinham de ser exímias nessa arte, enquanto os maridos trabalhavam e punham dinheiro em casa. Estavam separadas as águas. 
Agora sabemos que não tem de ser assim. E que para que todos possam ser felizes, é no equilíbrio que está a chave. É na diversidade, nas escolhas de cada um(a), no respeito por essas escolhas, que a sociedade se poderá tornar mais igualitária e mais justa. Os nossos sonhos podem ir (ou devem ir) além de ser mãe e, para isso, é importante dizer que a maternidade pode não ser fácil e pode não ser a única coisa a que queiramos dedicar-nos, nem que a iremos abraçar sempre, todos os dias, com entusiasmo. É importante, desde o primeiro instante, desabafar, delegar, pedir ajuda, partilhar. 
É importante deixarmos de dizer exclusivamente "a mãe é que sabe" porque é óbvio que o pai também sabe, se não sabe passa a saber e é melhor para todos (crianças então nem se fala) se todos souberem. É importante exigir que todos saibam ou queiram saber.
É importante deixarmos de comparar o nosso grau de envolvimento na maternidade com o tempo que cada uma passa com os filhos como se apenas tempo fosse qualidade. É importante deixarmos de nos sentir mal se tivermos necessidade (por que razão for) de voltar a trabalhar. Ou se nos sentirmos de férias no trabalho. É importante deixar a culpa de lado quando queremos ter um tempo só para nós. É importante falarmos em depressão pós-parto. É importante dizer que eles dão muito trabalho e que a privação de sono é do pior que há. É importante termos ajuda e buscarmos soluções. E vermos a educação de um filho como algo colectivo.

É importante que haja cada vez mais pais a falar de paternidade e de maternidade. Paizinho, vírgula. Cenas e coisas de um pai. Marcos Piangers. Duas para um. À paisana (que saudades!). A Pitada do Pai. 
Rir com a paternidade, falar de educação, de parentalidade consciente, do amor pela filha e pela mulher, desenhar os episódios mais caricatos ou mais comoventes ou mais duros, falar de comida saudável... enfim, ver pais a envolverem-se em várias frentes da criação e da educação de um filho é essencial! É importante espicaçar um "pai de selfie", como lhe chama o Piangers, para o acordar e fazer dele um pai Pai, participativo. É importante desromantizar a maternidade, pararmos de achar que só nós, mães, conhecemos os nossos filhos ou damos conta (colocando a pressão toda em cima de nós), é importante voltarmos vezes sem conta àquele provérbio nigeriano de que "é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança".

É. É preciso pararmos de achar que os filhos são tarefa da mãe, para que a mãe possa ser o que quiser ser, para que a mãe possa ter trabalho depois de ser mãe, para que possa realizar-se da forma que mais desejar. Para que o pai, em querendo, possa ter a licença, sem represálias. Ou faltar ao trabalho quando eles estão doentes. Ou não ter reuniões marcadas para o final do dia. E a mãe possa deixar de ser olhada com julgamentos, quer opte por ficar em casa ou por ir trabalhar, quer se queixe ou não. E, sobretudo, para que os nossos filhos sejam criados com esta noção de liberdade, de igualdade, de escolha.  
Que os sonhos deles, sejam eles quais forem, não tenham um travão.


 
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