9.03.2017

Primeiro fim-de-semana sem a minha filha.

Estou neste momento a escrever este post com uma vista soberba, a ouvir uma banda que me diz muito depois de ter visto dois vídeos que o Frederico me enviou com a Irene na casa onde estão a passar este fim-de-semana com os avós. A minha filha nua. Nua nos braços do pai, na piscina, a brincarem ao "golfinho do meco". 

Apesar de termos acordado que a Irene passaria "fim-de-semana sim", "fim-de-semana não" com cada um, temos feito as coisas devagar e podia dizer que era só para o "bem da Irene", mas acho que é para o bem de todos. 

A primeira vez em que ela dormiu na casa do pai foi a primeira vez que não dormi com ela. Este foi o primeiro fim-de-semana, as primeiras três noites sem ela. Aliás, ainda está a ser.


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Ela está fabulosa. Está feliz, irrequieta e numa nova fase: está tanto a querer ser um bebé como "mais velha". Tanto quer maminhas, como diz "não quero maminha, para ser diferente". Está a crescer, com tudo o que isso quer dizer.

Este tempo sem ela entusiasmou-me. Vai ter muito pai, um pai que dança, que mergulha, que vai cuidar dela que a vai estrafegar e partir os ossinhos. Vai ter a avó que a alimenta, que a estrafega, que lhe mostra a beleza das pequenas coisas, que a faz gostar de pedrinhas e ervinhas e que lhe diz coisas como "Necas, já viste a cor do céu?". Consigo ouvi-las daqui: os risinhos e os inícios de birra. O avô sempre um passo mais atrás para controlar a retaguarda, para ver a big picture, sempre com um olho em tudo e o outro no resto.

A Irene a ser e a ser a maestrina dos corações de todos. 

Não sinto saudades. Sinto uma contemplação distante. Sinto que daqui consigo ver a Irene que temos. A Irene que é muito feliz, sem "apesar".  Estou genuinamente feliz por esta ordem das coisas que não só permite que todos nós a amemos sem merdas como também me permite desenterrar ou redescobrir a Joana que é profunda e extensa. Os meus braços servem para me segurar a uma cama de rede ou para dançar na piscina se estiver a dar uma boa música (ou tão má que dê a volta). Os meus olhos servem para me comover com uma vista lindíssima. As minhas pernas servem para ficar dormentes de estar tanto tempo à conversa sentada à mesa de jantar. As minhas mãos podem trabalhar levando-me o vinho à boca nos momentos em que ouço.  Os meus pés podem percorrer riscas direitas no chão sem ter que olhar para os lados ou para a frente com preocupações. Posso dizer asneiras, posso cantar no carro aos berros, posso falar sobre o meu passado, posso falar sobre o que me possui e começo a sentir-me. Posso adormecer e não saber onde pus o telefone. Não tenho relógio de pulso, sequer. O pôr de sol não significa nada que eu tenha que fazer. Posso ver. Só. 

Enquanto isto está a minha filha no colo de quem lhe quer o melhor. Enquanto isso a minha filha está a fazer o "golfinho do meco" nos braços do pai que a absorve ao milímetro com os seus olhos e que tenta reproduzir a beleza dela por palavras mas que nunca conseguirá, apesar de ser dono de palavras e de as saber fazer dançar. 

O primeiro fim-de-semana sem a minha filha é o primeiro de muitos fins-de-semana comigo.

Eu sou a mãe da Irene, mas tenho um nome.



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9.02.2017

Onde anda a vossa melhor amiga?

É parte de nós. É nossa família. Esteja em que fase estivermos.

Com a Susana já tive fases de tristeza (poucas, mas intensas), fases de euforia (quase sempre) e fases de calma em que "estamos só" - como ela diz. 

Na gravidez, houve um timing em que nos afastámos. Ou terá sido quando conheci o Frederico? Cheguei a ficar zangada por a minha "irmã" não me ter visto no processo de vir a ser mãe. Queria-a comigo, mas nenhuma das duas estava pronta ou "no ponto" para isso. Bons tempos depois (faltava estarmos juntas), a zanga passou a compreensão e o amor veio ao de cima (não que alguma vez tivesse desaparecido).

A nossa química mantém-se. Temos crescido as duas, mesmo que nalguns anos (meses), tenhamos estado menos perto. Ninguém mais do que nós sabe do que a outra é feita e do caminho que fizemos. Creio que nunca tenhamos sido tão transparentes com ninguém como somos connosco. Sendo que este "connosco" somos nós e nós mesmas. 

Agora já nos encaixamos de novo. De outra maneira. Uma maneira adulta que fez com que levássemos uma caipirinha e uma piña colada no outro dia para o quarto de hotel às 10h da noite enquanto a Irene dormia, mas a maneira adulta de quem já balança entre o momento e outras coisas que o enriquecem. 

Ela esteve sempre aqui, só que na vida dela. Tal como eu na minha. 

Fomos passar 4 dias de férias ao Vila Galé Clube de Campo com a Irene. Houve alguns momentos, há uns meses, em que senti tristeza por passarmos a ter estas idas de férias sem a família completa, isto é: a Irene ter férias de Verão com a mãe e depois com o pai. Mas acabaram por ser algo... fenomenal. 

Nós as três temos algo que se chama "O Clube das Amigas". Já não sei como surgiu. Começou com um hi-five por estarmos as três contentes por estarmos juntas e passou para fazermos voz grossa, afastando as pernas tipo lutadoras de sumo, fingindo que temos um bigode com o indicador. 

A Tia Susana não é daquelas Tias que se chama assim não sei porquê. É mesmo Tia. A Irene gosta quando a Tia lhe lava os dentes, quando dá a sopa, quando tomou banho com ela, quando fica horas com a Tia na piscina (mesmo que eu desapareça - tão bom) e já quis que a Tia lhe abanasse o rabo para adormecer. 


Fotografia que a Irene tirou à Susana enquanto ela nos fotografava.


Sinto que a Irene me ensinou a amar melhor. O meu peito é dela (literalmente), mas ensinou-me uma linguagem que, quando transposta para a "vida real", torna tudo muito mais lento, denso, simples e adorável. 

Ter estes sentimentos tridimensionais pelas pessoas que mais amamos faz com que uma meia semana em Beja se tenha transformado numa espécie de Natal, naquilo que sempre quis que o Natal fosse. 

Uma parte de mim feita em mim e uma parte de mim que encontrei no liceu. 

Onde anda a vossa melhor amiga? Em que fase estão?


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9.01.2017

8 Coisas Inesquecíveis

Ah que isto me soube pela vida. Até à minha amiga Susana que, pelo que viu no telemóvel, o stress dela desceu ao ponto de até se esquecer de ver o stress no telemóvel outra vez - há um sistema de medir isso e outras coisas nalguns telemóveis com o dedo e tal. 

Até a minha rosácea foi recuando aos poucos, com calma, fazendo com que eu voltasse a parecer os 16 anos que tenho. Isto sim, foram umas férias como deve ser, mesmo com filha. Se levar a Tia Susana  fez com que não me tivesse de esmifrar 65% das vezes na piscina nem que tivesse de ser eu a contar 34878423 histórias de baratas porque a Irene teve esse apetite? Yup. Mas não foi só a companhia que fez destas férias das melhores de sempre. 

Eis o que fizémos de inesquecível no Vila Galé Clube de Campo e em Beja (se escrever Braga lá mais para a frente ignorem que tenho uma pequena disléxai - de propósito que sou muito divertida): 


Dar "o comer" aos animais

Não há melhor do que ouvir esta expressão. Vem normalmente de alguém que gosta de dar "o comer" aos outros. No próprio Clube de Campo tínhamos uma quinta pedagógica onde a Irene pôde dar pêras Rocha (da herdade) aos animais e também algumas folhagens à socapa. Imaginam o que é terem uma quinta ali à mão para irem sempre que vos apetecer com os miúdos? Nestas fotos que vêem foi ali "um bocadinho" antes do jantar. Que privilégio. 







Vá, já espeto isto num grupo de amamentação no facebook (esse mesmo), mas vocês levam com esta fotografia na mesma que está adorável.


Passear e tirar fotografias do camandro ao pôr-do-sol 



Parecem fotografias de gente profissional, apesar de a Susana ter tanto jeito para a fotografia como eu tenho para fazer embrulhos de embalagens não rectangulares.

Manhãs passadas no Jacuzzi a intimidar pessoas com este olhar da Irene para ficarmos à vontade. 


Adoro esta "Who farted?" face.


Tirar fotografias do camandro ao pôr do sol mas em cenários que davam para a capa da Pais e Filhos 



Isto se ela não estivesse a usar 85% de roupa de hipermercados ou equivalente. 

Escusado será dizer que renovei os wallpapers todos aqui da menina...


 Segundo consta, fui jantar "ao melhor restaurante da minha cidade". 

Apaixonámo-nos por esta Vovó Joaquina. Foi o Google quem sugeriu, a Susana e eu achámos que era instagram friendly, vimos que tinha comida para mim (sou muito esquisita, tenho um paladar alargado ao nível do de um puto americano) e fomos. Além da decoração ter sido no ponto (fez-me lembrar um pouco o Fábulas no Chiado), a simpatia dos empregados deu-me quase vontade de pedir o número de telefone a um ahah. Além disso, a comida estava maravilhosa, a carne estava bem selada e tenra, tudo optimamente bem temperado e pensado ao nível das texturas também. Uma boa forma de servir comida portuguesa, regional, sem reinventar ao ponto de parecer totó, mas tratando-a com carinho e amor - mais ou menos o que o empregado me sugeria ahah. Recomendo vivamente. Ah! Deu Doors. 







Bem em frente à Vovó havia esta casa criativa tão bonita, cheia de Origamis ou de filhotes da não-queimada.




Depois voltei para o restaurante que estava com medo que a Irene marchasse o pão quentinho todo. Raio da miúda.




Passeámos de Jipe com o Rúben 


Inscrevemo-nos no balcão da Emotion lá no Vila Galé Clube de Campo e como não havia bom tempo para vôos de balão (yyyyyuuuppppp), contentámo-nos (e bem) com uma viagem de Jipe com o Rúben. Um bom moço que nos presenteou com imenso conhecimento sobre as aves dali e outros animais, além de umas pêras acabadas de apanhar. 

Ora, sobre aves: 

Há a Poupa que é muito bonita mas que todo o ninho dela é feito com cocó. Até há a expressão "poupa, poupa, mas o ninho é feito de merda". São muito bonitas, apesar de porquinhas - que é o que penso de algumas miúdas com 20 anos que por aí andam (ressabiamento puro haha). 

Há outro pássaro que, quando quer impressionar, faz uma dança esquisita, arranca penas do peito e as lança no ar tipo "make it rain". Acho que elas ficam doidas e depois é ir aviando o aviário todo. 

Sobre cavalos: 

Eles têm um garanhão que se chama Ruby da Broa que passa alguns meses de fomeca de amor à séria. Depois possuem várias fêmeas que já não sabem o que hão de fazer mais à sua vida. Quando o garanhão chega ao grupo está todo peitinho para fora e cheio de saúde, mas quando volta está esmifradinho, magrinho e a ter que repousar. Como um stripper malandro numa despedida de solteira de uma cinquentona (não sei o que quero dizer com isto). 

Fomos à capela pelo que se poderão casar por lá se acreditarem no amor e na "igreja". É gira e fresca - comentário mais extenso possível haha. 

O Rúben disse imensa coisa, mas o resto não teve tanta piada. Rúben, foste o funcionário destacado no questionário do hotel. Espero que pingue qualquer coisa. 








A Irene andou no Colombo em Beja.

É o nome do burrito querido que fez com que a Irene sorrisse desta forma. Inscrevi-me no balcão da Emotion também (fica logo na recepção, para quem for). 






Tivémos tempo para ter tempo.

Ler a apanhar um solzinho, ali enquanto não chegam as sopas ou enquanto se seca da piscina. Tão simples. Só ler. Levei os livros que a Irene escolheu no site da Maria Minho, todos portugueses e confesso que me entusiasmo com capas (além do conteúdo) e a maior parte é lindíssima. 




Ela estava a fotografar a Susana que nos estava a fotografar. 
Não me lembrei da útima vez que me sentei com ela no chão só porque sim, para estar ali um bocadinho à sombra. Viva Alentejo. 


Houve ainda mais coisas boas destas férias em Beja que vos irei contando. Estas foram aquelas que vocês poderão repetir, tranquilamente, a menos de duas horas de Lisboa (por exemplo) e, por isso, mesmo que já tenham queimado as férias todas, têm sempre os fins-de-semana. É Beja, vai estar calor até Dezembro ;) 




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