Durante a minha infância, por causa da profissão da minha mãe, tive de mudar de casa e de terra muitas muitas vezes. Mais tarde, na minha 4ª classe, assentámos em Oeiras, numa casa com o João e com um jardim e piscina. Confesso que, como "cresci" com tudo isto, não idealizei o mesmo para a minha vida. Só visualizava a minha independência, o mais rapidamente possível.
Agora, com a Irene, sonho todos os dias em ter uma casa assim. Para estarmos de férias, quando voltar a trabalhar, todos os dias ao final da tarde. Para ela poder brincar à vontade. Para ter amigos da idade dela. Para ter fotografias bonitas. Para ir à piscina todos os dias e mandar berros irritantes.
Não sou nada de futebol, mas o João (meu padrasto) impinge-lhe sempre a boneca Kika do Benfica e, pelos vistos, adora-a. Até porque passou a semana seguinte (no dia em que a conheceu) a falar dela todos os dias: a Kaki. Ponho "K" e não "Q" não sei porquê. Deve ser ainda algum hábito de ter paxado pela faxe em que xe xcrevia axim.
É a minha mãe. A que está deitada. A outra é a minha filha (apeteceu-me).
Só nas fotografias é que tenho noção de como fico a ser mãe e de como a seguro. Além de me comover ver isto, acho que ainda ajuda o meu cérebro a meter na cabeça que sou mãe. E que adoro.
Para não ficar com os créditos: as pernas da esquerda são da minha mãe. As da direita são do meu padrasto. Posso não ser muito feminina a vestir-me, mas não vou àquele ponto.
Passou metade do passeio à volta da piscina a imitar um pavão que está sempre no jardim onde vamos.
Dantes não queria nada disto. Nem filha. Nem casa com piscina. Nem ser mãe. Agora quero tudo e para ela.