1.02.2015

O pânico com a porcaria da mala da maternidade

Lembro-me de ficar em pânico com isto quando estava grávida. Havia imensas listas por todo o lado na internet (porque eu as procurava, é verdade) e cada item que lá estava ou que, por comparação, faltava, deixava-me cheia de nervos. Pior: as listas podem mudar de hospital para hospital. Pior: nas aulas de preparação para o parto do meu hospital, avisaram-me que podia nem haver compressas... pelo que me apeteceu transportar uma farmácia para lá no dia do parto. 

Não precisa de ser nenhuma mala em especial, por amor de Deus. Claro que há mães (como a outra Joana) que gostam de caprichar em tudo o que levam e usam por serem muito visuais e por tudo ficar bem numa fotografia para depois comover os próprios filhos quando as revirem ou as mães porque "dantes ainda tinham paciência para isso". 

Eu levei a minha mala normal de viagem. Sim, nada romântica. Ao menos tem umas riscas cor-de-rosa, já não parecia propriamente que ia para um treino de futebol feminino (e que tinha engolido a bola). Não interessa o que levei lá dentro. Interessa, sim, o que levaria hoje, já com a experiência de uma estadia anterior.


Duas dicas importantes :

- O pai, ou os avós podem muito bem ir e voltar todos os dias e trazer o que precisamos. Não é necessário enfardarmos a mala de tralhas como se fossemos para uma zona recôndita no Alentejo onde nem há bomba de gasolina. 

- Está um calor só estúpido na maternidade. Só para terem noção, tinha as maminhas todas carcomidas da Irene ser uma parvalhona a mamar e eu não ter jeito nenhum, estavam besuntadas de pomada (a Purelan da Medela - muito peganhenta, quase nem saia da roupa ao lavar) e ao léu. Sem frio. Zero. 


Chata da minha mãe

Mãe, tenho uns pedidos a fazer-te para este novo ano. Vê lá o que achas.

Gostava que parasses um segundo de me tirar fotografias. Eu sei que sou absolutamente espetacular mas podes deixar-me em paz de vez em quando? É que - olha que curioso - eu não mudo assim tanto de segunda para terça-feira! 

Gostava que parasses de me enfeitar como se eu fosse uma dançarina de CanCan do século XIX. Ele é folhos e laços e golas e rendas. Conheces as t-shirts e os pullovers? São umas coisas que inventaram entretanto e - vê só como eles pensam em tudo - também fazem números pequenos!

Gostava que parasses um segundo de fazer de mim uma artista de circo. Se me pedes palminhas, tenta logo a seguir não me dizer "adeus" e "dá à mãe" e perguntar-me "onde a galinha põe o ovo?", seguido de um "carapau fresquinho" e "dá cá beijinho". Tens algum problema de hiperactividade

Gostava que parasses de me chacoalhar no teu colo quando eu não quero dormir. Eu até quero, mas não estou a conseguir e a abanares-me como se estivesses a fazer um milkshake não me vai acalmar e acho que é fácil perceber porquê. E, já agora, não cantes. Consigo perceber a raiva na tua voz e o Vitinho fica a parecer uma música dos Rammstein.

Gostava que parasses de te espantar quando me vês louca para agarrar o teu telemóvel ou tablet. Juras que não sabes por que é que isso acontece? Pensa comigo: será porque te vejo 60% do teu tempo agarrada a eles?

Gostava que parasses de dar desculpas aos teus amigos para não fazer o que fazias antes. Se não vais ao cinema há meses e tens a minha avó disponível para ficar comigo, é simplesmente porque não te apetece! Podes não por as culpas sempre em mim?

Gostava que parasses de fazer o avião, "truztruz", de abrir a boca feita parva e cantar quando queres que eu continue a comer a sopa. Já fiz o esforço de comer 15 colheres dessa coisa nojenta a que chamas carinhosamente "sopinha da mamã". Se é da mamã por que não a comes tu?

Vá, 'cá beijinho. Queres umas palminhas?