12.23.2014

Inventam tudo (#02)

Se receberem, de fininho, esta prenda no Natal, guardem o talão para trocar por outra coisa qualquer. 

Quando vimos isto (o meu rapaz e eu) na internet, ficámos malucos: "Nãaaaaao! Como é que isto não é usado por toda a gente? Isto é espectacular! Percebo que ainda não tenham inventado a cura para a rosácea, tendo-se dedicado a isto!"

Parece que estávamos enganados. 

Apresento-vos a...


Colher squirt. 
Tal como o nome indica, é uma colher que possibilita um jacto. Não parece incrível e maravilhoso? Põe-se a sopa no reservatório de silicone (ou lá o que é) e, se apertarmos, a comida sai por um orifício pequenino e enche a colher propriamente dita. 

Vantagens do conceito? Todas! Não suja um prato, ficamos com as mãos livres para afastar as mãos deles da colher ou para lhes limparmos as fuças, é só por na máquina de lavar...

Vejam lá o vídeo (ou não, podem passar à frente que só serve por motivos de curiosidade): 



Afinal, cá em casa, chegámos à conclusão de que não só a Squirt não é assim tão fabulosa, como não deveríamos ter sido garganeiros e ter afiambrado logo duas pela net e, pior, nunca deveria ter convencido a Joana Paixão Brás a comprar uma também para a Isabel. 

Desvantagens: 

  • Temos de sujar um prato na mesma porque não vamos aquecer a sopa dentro da colher no microondas. 
  • Visto que é mais indicado para bebés mais pequenos dado o tamanho da colher ser proporcional ao tamanho da boca de um bebé em idade de iniciar sólidos, a colher devia ser mole. Cheguei a magoar as gengivas da Irene com isto, numa daquelas vezes com falta de timing em que a miúda abre a boca e não cheguei a tempo. 
  • Se a sopa for um pouco mais consistente, tipo puré com alguma coisa (como é suposto ser), não passa tão bem pelo orifício. 
  • É preciso espremer com alguma força quando já há menos quantidade ou mesmo sacudir a maldita colher para que a sopa chegue toda à parte do orifício. Se não o fizermos, a colher está constantemente a espirrar o puré de legumes para cima da criança. É só estúpido. 
  • É um utensílio mais difícil de manusear por ficar pesado com a sopa. 
  • Quase metade da sopa depois fica agarrada ao silicone sem descer para a colher, por muito que apertemos. Desperdiça-se comida. 
Espero não ser processada pelos senhores que fabricam a colher, mas se forem tão bons em clipping como a fazerem colheres, não terei com que me preocupar. 

Fica a dica. 

A arte de mudar fraldas a dormir.

Claro que o título se refere a quando os bebés estão a dormir e não nós. Nós sabemos perfeitamente como mudar fraldas a dormir, basta que lhes tentemos mudar uma fralda às 2h da manhã ou às 5h ou... 

Aqui entre nós, só vou à parte "deixa ver se é a fralda", depois de já ter experimentando tudo o resto. É muito arriscado, durante a noite, estar a mexer-lhes muito, estar a por-lhes a fralda e eles com as pernas ao léu. É um pânico terrível.

Senão vejamos aqui os nossos principais inimigos

  • Luz. Parece que não há uma luz indicada para que consigamos ver bem o que estamos a ver e que não os desperte. Vou pegar na venda que temos ali no quarto e pô-la na Irene. O quê? Eu disse que temos uma venda no quarto? Ah. É porque o estore está estragado e eu não consigo dormir com luz (serviu?). 
  • Frio. Quanto mais frio, mais enchouriçado está o bebé, mais roupa temos que despir e mais briol apanha quando tem as pernas cá fora. Se, ao menos, houvesse uma maneira de por uma espécie de tubo na fralda, aspirar e não ter que os despir... Hã? Óptimas ideias aqui para vocês. Se me aparecem no Shark Tank com isto, dou-vos uma murraça.



Ora aqui vão (e de graça) algumas dicas que eu cá aprendi por sentir que estou sempre num campo minado, quando lhe mudo a fralda à noite (evitei ao máximo mudar-lhe fraldas durante a noite, sob aquela máxima do "mas na caixa diz que aguenta até 12 horas", a questão é que há mesmo uma altura em que se torna inevitável, por muito que tentemos negar e, acreditem, tentei): 

  • Mudar a fralda na cama. Ter tudo à mão, claro. Não nos podemos dar ao luxo de, ainda por cima, termos que mudar os lençóis por ficarem sujos. Temos de ser rápidas como os chefs quando cortam vegetais daquela maneira sexy. Os especialistas dizem que o caldo está entornado (para voltarem a adormecer) se os pegarmos ao colo, por isso, visto que dá para mudar a fralda na cama...
  • Não usar babygrows armados em finos. Quanto mais práticos forem os babygrows, melhor. Se forem daqueles com molinhas no rabo, é complicado porque temos de os virar do avesso para por as pernas de fora.  Pijamas. Os pijamas são nossos amigos. É só baixar as calças e já está. Estou há meia hora para pegar na última frase ("É só baixar as calças e já está) e acrescentar-lhe a seguir: "mais ou menos como comer a - inserir nome de porca famosa aqui -", mas não tenho coragem. Até tenho, mas um dia, sei lá, posso vir a trabalhar com elas, sei lá. Pronto. Fica Elsa Raposo.
  • Tirar o bolo e pronto.  Temos de pensar que eles já têm muita sorte em que estejamos a arriscar a nossa vida (noite) em lhes estarmos a mudar a fralda. Por isso, não hão de falecer se retirarmos só o "bolo" e trocarmos a fralda (por "bolo", entendam "cocó", acho que mais vale explicar do que acharem que guardo um mil folhas nas fraldas da Irene). Sinto sempre que ela desperta com o facto das toalhitas estarem frias. Eu sei que existem aquecedores de toalhitas, mas por favor, já comprei um aquecedor de biberões à parva, já chega. 
  • Guardar a fralda suja no dia seguinte. Se tiverem um cesto do lixo com tampa no quarto, não arrisquem. Enrolem a fralda e arrumem-na de manhã. Ninguém falece por ficar ali encostada a um canto (desde que fechada). Quanto menos barulho, melhor.
  • Tentar não ter as mãos muito frias. Eu berraria se, a meio da noite, me passassem uma posta de pescada congelada nas pernas. Deve ser isso que eles sentem.
  • Fazer tudo com o mínimo de luz possível, se chegar a luz do despertador do quarto do bebé ou da luz de presença, melhor.  Eu sigo-me pela luz do intercomunicador (que só usamos durante o dia), nem preciso de mais nenhuma. 
  • Por-lhes o dou-dou (aqueles bonecos para dormir, tipo umas fraldas com cabeças de bonecos) nos olhos. Se não conseguirem fazer tudo quase às escuras, experimentem por-lhes o coelhinho ou o boneco com o qual eles dormem, em cima dos olhos. Pode ser que adormeçam outra vez ou, pelo menos, ganham tempo em que eles não estão a levar com a luz nas trombas e tentam ser supersónicas a mudar-lhes a fralda. 
Fica aqui tudo o que aprendi na arte de mudar fraldas à noite nos últimos nove meses. Temos de ser umas para as outras! Depois digam que se funcionou ou se "rebentou a bolha"

Querem que a primeira palavra seja mamã?

Adoramos que os pais se dediquem aos bebés, adoramos que se adorem mas, por dentro, ai dos nossos filhos que não digam primeiro "mamã". 

Estou convosco, mães cujos filhos, depois de tanto mês a depender só e somente da mamã, são ingratos ao ponto de começarem a balbuciar primeiro um "papá" ou, pior, "papapapapapapapapa". Que dor. É aqui que, mais uma vez, a nossa capacidade de representação é posta à prova: 

"Oh meu amor, que querido! Fico tão contente que a primeira palavra dela seja papá. É mesmo comovente, olha para mim a chorar e tudo, amo-vos tanto." - lágrimas caem, mas de nervos e por estar a fazer um esforço enorme para não enfiar os dedos com uma camada de gelinho antiga nas pálpebras do pai





Truques para que o bebé aprenda primeiro a dizer o que interessa (mamã, portanto): 

  • Assim que consigamos perceber que gostam de nos ouvir cantar (ou a tentar cantar), cantarmos todos os dias durante meia hora a música "Mamã, eu quero" sempre no máximo da nossa expressividade e, se possível, com coreografia a acompanhar. É cansativo? É. Ouvir "papá" primeiro, depois de termos feito com que aquele perímetro cefálico saísse do nosso perímetro vaginal também. 
  • Sempre que o pai apareça ou fale com o bebé, referirmo-nos a ele como o "eutdgihfkjn". "Olha, quem é ele, é o uridfjksx, gostas do gruekjdf"? Sim, é intencional ir variando. Se a miúda nunca ouvir a palavra papá e, se o nome do pai for super complexo e for mudando, estamos a ganhar território à grande. Vale tudo, meninas. Vale tudo. 
  • Quando desconfiarem que o bebé tem fome, provoquem-no dizendo (no tom mais agudo possível, vocês sabem como é) "quer maminhas? quer maminhas?" e depois dêem-lhe de mamar. Se possível, acompanhem esta provocação sonora com o por mesmo os seios de fora. Assim, o bebé começa a associar o som "mam...mam..." a coisas que ele gosta e/ou precisa e/ou o consolam. O pai agradece mais uma oportunidade para nos ver as nossas chuchinhas (ou então, como o meu, diz que, para ele, já nem são mamas porque está farto de as ver).


Nota: Não garanto resultados, mas garanto que tentar obtê-los assim é divertido. Nem que seja para mim, deste lado, a imaginar-vos a fazer isto tudo ao mesmo tempo e com as mamas de fora. ;)