11.17.2014

Furar as orelhas. Sim ou não?

Porquê sujeitar uma bebé de meses ao sacrifício de furar as orelhas?

"Uma" bebé, quer dizer, também deve haver meninos de orelhas furadas. Há gostos para tudo...

Já tenho visto alguns bebés com brincos. Faz-me confusão. Até acho um bocado pirosinho, mas o que eu gostava mesmo de saber é: porquê?

Ah, é porque fica tão fofinha/gira/querida...
Chamem-lhe o que quiserem mas, então, deixem-me lá ver se entendi: a ideia é provocar dor e duas feridas abertas nas orelhas dos bebés por uma questão pura e simplesmente estética?

Epá... isso é PARVO!

Senão vejamos:

1. Andamos a esterilizar 8633820 coisas deles desde que nascem até, pelo menos, aos 6 meses, para não apanharem infecções, e depois abrimos-lhes duas feridas nas orelhas, de propósito?

2. Mães, a maioria de vocês deve ter as orelhas furadas. Muitas não se lembram, mas sabem uma coisa? Dói! Dói na altura e dói depois, enquanto não cicatriza. Lá está: tanto cuidado com almofadinhas para aqui e para acolá e depois infligimos-lhes dor, de propósito?

3. Tradição? Não me parece... Por essa lógica também era tradição dar sopas de cavalo cansado aos miúdos e "chuchas de açúcar" aos bebés e dar-lhes com o cinto vezes e vezes sem conta se se portassem mal. Seguir a tradição, mesmo sendo estúpida?

Estas são só três razões. E deveriam ser suficientes para não furarmos as orelhas aos nossos bebés.

Não me venham cá com merdas tretas e desculpas esfarrapadas!

Sim, sou contra.

11.16.2014

5 dicas para recusar sexo como uma mãe.

A autoria da frase "a melhor coisa do mundo são as crianças" é de uma mulher. É a de uma recém-mãe que se apercebeu que acabou de ganhar mais umas quantas desculpas para dizer que não ao sexo. 

Eles já descobriram a da dor de cabeça por esta altura, por isso há que inovar. 


5) Co-sleeping

Somos umas queridas, não somos? Diz-se que o mais natural é dormir-se acompanhado e que os bebés se sentem mais seguros  (e nós também) se dormirmos todos juntos. É uma ideia maravilhosa. O maior argumento a favor nem é o bebé sentir-se bem nem a mãe dormir melhor. Acho que nenhum animal teria a ideia de "chega-me para cá esses cocos" com um lactente no pikolin.

4) "Cheiro a azedo".

O bom da amamentação? Não, não é ser o melhor alimento para o bebé e o mais adequado. Reforçar as defesas? Para quê? O melhor da amamentação é que, a maior parte das vezes, nos deixa sujas de leite. E o que faz o leite ao ar livre? Não, não dá um concerto de tributo aos Queen. Azeda. Alguém quer fazer amor com um pedaço de fêmea no pós parto e que fede a vómito de cria? Não, tarados. Não é um convite, era só uma pergunta retórica para explicar que... deixem estar.

3) "Ainda sinto os pontos".

Eles ficam super sensibilizados por tudo o que passámos no parto. Fez-lhes impressão passarmos por tal sofrimento. Invoquemos essa altura em que fomos heroínas para nos safarmos às investidas. Os miúdos já têm 30 e tal anos e namoram com uma porquita qualquer e nós "ainda sentimos os pontos" e o "o sítio onde me espetaram a epidural". Como é que eles hão de saber se é verdade? 

2) "A noite foi um cocó".

Só nós estamos equipadas para acordar com o choro da nossa cria ou será o segredo mais bem guardado do género masculino? Seja como for, aproveitemo-nos disso. Passe a nossa cria a noite toda a dormir sem interrupções (aquelas noites em que achamos que, na volta, estão em coma) ou tenha aquelas noites em que mais parece uma fã dos One Direction, a nossa noite foi sempre horrível, estamos sempre de rastos. Não interessa também se é verdade ou não porque independentemente disso pareceremos sempre um bife de alcatra "médio mal" o que corroborá connosco.

1) Estar super pronta para isso. 

Deve ser a técnica mais infalível de sempre. Haverá algo que o nosso tipo ache mais estranho do que estarmos super prontas pelo momento?

- Anda, anda fazer amor, querida. 

E dizemos isto enquanto fazemos uma "corridinha de aquecimento":

- Vamos, pá! Ganhar, ganhar! Vamos para cima deles! Até comemos a relva! Até os comemos, pá! 


Obrigada, crianças, são mesmo o melhor do mundo.








11.15.2014

A minha filha é bimba (e eu também)

É quando somos mães que revelamos os nossos verdadeiros gostos musicais. Eu confesso já ser uma bimbinha aos olhos da normalidade com as minhas músicas de aeróbica dos anos 90 (esta ou esta ou ainda esta, só para terem uma noção da bimbalhada deste bicho que vos escreve), mas desde que tenho a Irene que as músicas que me vêm à cabeça para a entreter e para pôr no youtube são ainda mais vergonhosas. Adoramos as duas. Eu, com um bocadinho de vergonha. Mas, bom, também tenho vergonha dos meus pneus e tenho de continuar a andar a rebolar por aí, não é? É. 

Músicas do youtube para a menina Irene (as tais que me dão vontade de me ir abanar sentada na banheira com o chuveiro ligado). Top 3:

 
Lambada, sim. A lambada.

Bate forte o Tambor (eu quero é tic tic tic tic tac)
E o primeiro lugar vai para:

Prepara, agora é hora do Show Das Poderosas...

Quanto às músicas que lhe "canto"? 

Músicas da Disney em português do Brasil (lá está, vivam os anos 90). E parece que a minha cabeça não guardou mais nada. 

E vocês? São "bimbas e com muito gosto"? 

11.14.2014

Sugestões para o fim-de-semana (#01)

O fim-de-semana está à espreita. Se o tempo estiver manhoso, o dilema é sempre o mesmo: como ocupar os dias com actividades divertidas para toda a família? (ou como fazer com que os piratas gastem energias, é mais isto Hahaha)
A mãe é que sabe dá-vos sugestões para ocuparem os dias, sejam eles cinzentos ou solarengos.

EM CASA
- plasticina caseira

Estamos desertas para que os nossos filhos tenham idade para brincarem com plasticinas! E aqui encontrámos a receita de plasticina caseira. Queremos experimentar.

RECEITA:
- 355 ml de água
- 236g de amido de milho (maizena)
- 476g de bicarbonato de sódio
- 1 colher de sopa de óleo
- corantes alimentares

Vai tudo para uma panela - menos os corantes, que se misturam no final - em lume brando até começar a engrossar. Depois coloca-se numa bancada, amassa-se, divide-se em bolinhas e aplica-se o corante. E voilá, prontíssimo para os filhotes brincarem. E nós também não resistimos.


FORA DE CASA
- a hora do conto

Despertar o gosto pela leitura e estimular a criatividade dos filhos é uma das nossas preocupações.
A Hora do Conto na Cócegas nos Pés Amiga parece-nos uma excelente maneira de pais, filhos (dos 2 aos 8 anos), avós, tios passarem a manhã de Sábado, dia 15, em Lisboa. Tudo sobre o Evento aqui.

A entrada é livre.

Calma, mães e pais do Porto e arredores, também temos uma opção para vocês.
Na Biblioteca Municipal do Porto há Sábados a Contar, a partir das 15h30, para crianças a partir dos 3 anos. O conto é seguido de uma atividade de expressão plástica, escrita ou dramática para toda a família.

É gratuito mas a pré-inscrição é obrigatória, aqui. Para mais informações: 225 193 480


- concerto para bebés

Dia 16, Domingo, às 10 horas no Olga Cadaval, em Sintra, há concerto para bebés.
Electrónica pele na pele é o tema.

Para ficar a saber mais sobre estes concertos, é aqui.
Para comprar o bilhete, é aqui.

Divirtam-se!

O meu corpo é um saco de boxe

Calma! Não estou a ser vítima de violência doméstica! Pelo menos por parte do meu marido.

É mesmo o meu filho de 9 meses. Quando acorda às 6h da manhã e fica aos berros na cama porque não quer estar sozinho, trago-o para a nossa cama na esperança (AHAHAHAHAHA!!!!) de que durma mais um bocadinho.
Pois. Mas não. Sabem aquela música pimba que diz qualquer coisa do género "e mexe, remexe" e mais qualquer coisa? É o Lucas.
Não só não pára um segundo, como gosta de se agarrar a mim para se pôr de pé e fazer kung fu, entre outras coisas.

Aposto que não sou a única! Ou espero, ao menos. Deve haver aí mais mães que são violentadas todos os dias por um ser mais pequeno que o nosso fémur...

Partes várias do meu corpo são, por isso, vitimadas diariamente nas mais variadas situações:

Vítima número um: os cabelos. Adoro! Então quando ele agarra com aquelas micro-mãos os cabelos fininhos das têmporas... Gosto tanto que até me vêm as lágrimas aos olhos!
Vítima número dois: o nariz, por fora e por dentro. Regozijo-me de felicidade!  Que o queira arrancar à força e que, sem querer, no processo, me enfie o dedo na narina e aperte com a unha a mucosa até fazer sangue.
Vítima número três: a barriga, mesmo na zona do útero e da minha cicatriz da cesariana. Gosto imenso! São os pontapés quando lhe mudo a fralda ou o visto. E não são pontapezinhos, são bojardas dignas dos pés do Cristiano Ronaldo! Enfim, pode ser que um dia ganhe a Bota de Ouro. Uma vez já era giro.
Vítima número quatro: a pele, toda, em geral e em particular. Deliro! Beliscões no pescoço, nos braços, na cara, e onde aquelas mãos conseguirem... passo a redundância, deitar mão.

Isto leva aquela expressão "mãe sofre" a todo um novo nível de dor, a física. Que eu dispensava, obrigada. Já chegaram as poucas contracções que tive e as dores nas costas/ rins/ mamas/ pernas/ pés que me acompanharam na gravidez.

11.13.2014

Antes e depois dos miúdos (#01)

ANTES

O despertador toca às 8h. Desligamo-lo e deixamos que toque novamente às 08h10 e no limite às 08h20. Damos um beijinho de bons dias e reclamamos do hálito. Levantamo-nos, vamos à casa de banho ler as notícias no telemóvel ou no tablet, tomamos um banho revigorante.

Na cozinha, sentamo-nos para comer uns flocos ou umas torradas com um bom café, ao som da Radar. Ao lavar os dentes reparamos que as sobrancelhas ficaram impecáveis. Damos conta das olheiras (quem nos mandou ficar a ver séries até às tantas?), mas nada que um corrector não resolva. Penteamos o cabelo, com umas madeixas louras mesmo naturais, e deixamo-lo solto.

Vemo-nos uma última vez ao espelho e levantamos um pé super confiantes, com uns sapatos de salto giríssimos que ficam a matar com as calças brancas imaculadas.
A camisa é discreta mas deixa perceber umas mamas firmes e protuberantes.

Antes de sair de casa é só pôr perfume, pegar nas chaves, pôr o telemóvel na mala da moda e agarrar no chapéu de chuva. 



DEPOIS

O bebé acorda-nos às 7h, nos dias bons. Dizemos "vai lá tu!" mas depois percebemos que temos de lhe ir dar mama. Levantamo-nos a correr e mesmo quase a fazer xixi pelas pernas abaixo, temos de aguentar (e às vezes não é fácil controlar, à conta do períneo...). Tomamos um duche a correr e, com sorte, não nos esquecemos de pôr champô.

Na cozinha, comemos em pé algo prático e rápido, enquanto cantamos, entre colheradas, o "Balão do João". Descafeínado toma-se no trabalho. Ao lavar os dentes, vemos, na única vez que nos olhamos ao espelho, que já temos uma monocelha. Pode ser que ninguém note o buço. Reparamos nas olheiras (raça do miúdo que acordou 3 vezes durante a noite) e lembramo-nos que adormecemos nos primeiros dez minutos da série. O cabelo, para não variar, vai em rabo de cavalo e com raiz de Shakira, com uns oito centímetros de cabelo preto.

Pomos um bocado de base à pressa - e só nos apercebemos do ar de índia tribal com a base mal espalhada no espelho retrovisor do carro, cheias de manchas cor-de-laranja, com um blush ridiculamente carregado e uns lábios de Joker, com o baton todo fora do sítio. Calçamos uns ténis ou uns sapatos quaisquer (com sorte são os dois iguais) e vestimos as calças de ganga 42, que já usámos quatro dias seguidos.
A camisola, embora por passar (deu-se só um jeitinho com as mãos a esticá-la ao máximo), estava lavada, mas em menos de 10 minutos ficou a cheirar a uma mistura de leite coalhado e creme de bebé. As mamas, nem um soutien daqueles XPTO da Intimissimi as segura.

Antes de sair de casa, a chucha cai, lavar a chucha, por o bebé no ovo, levar o ovo, uma mala qualquer desde que leve telemóvel e carteira (oh, não! a mala tem manchas de sopa do jantar da criança! Que se lixe, ninguém nota), levar a mala da bebé, o chapéu de chuva, as chaves e o saco do lixo, que tem mesmo de ser despejado de manhã porque tem fraldas. Tudo, nas duas mãos. Por sorte, não enfiamos o ovo no contentor e o lixo no carro.

Natacinha (ou Adaptação ao Meio Aquático)

Sempre achei imensa graça aos bebés dentro de água. Desde que saiu o Nervermind dos Nirvana, pelo menos.



Por isso, assim que o  Lucas fez 6 meses e teve o ok da pediatra (pelo menos nos meses quentes) inscrevi-o nas aulas de Adaptação ao Meio Aquático. Qual natação, qual natacinha! Chamemos as coisas pelo nome.

Andei à procura na net e nos fóruns das mães por piscinas "amigas dos bebés". Que níveis de cloro têm, Ph, número de alunos por professor, etc, são alguns dos factores a ter em conta.

Gostei muito de um artigo da Pumpkin, e depois andei a ver piscina a piscina qual a ideal para nós.

Pela localização e pelas condições, acabámos por escolher a Piscina Municipal de Campo de Ourique, que é gerida pelo Ginásio Clube Português. É uma piscina bastante recente, e as aulas das crianças são num tanque separado do das pistas, o que permite que o tratamento da água seja diferente.

Tive sorte, pois já só havia 4 vagas e para um dos horários ao domingo de manhã! Sim... Custa muito! Mas, tenho a dizer, vale muito a pena! Eles adoram! Pelo menos o Lucas adora. E nós, os pais, também gostámos muito dos professores e das aulas em si.

E ele fica tão, mas tão cansado, que ainda não acabei de o vestir e já está a dormir. Quem tem bebés com energia... a mais, vá, sabe a vantagem que isso pode ser! É uma hora e meia de descanso ao domingo de manhã. Que sonho!

Mamar na boca dos filhos? Ok.

Estou pronta para a tareia. Venham daí as mães a arregaçar as mangas para me mandar um calduço ou uma belinha para ver se "ganho juízo". Acho que o título diz quase tudo. Se dissesse mesmo tudo, não me daria ao trabalho de escrever a seguir - era só parvo.

Saiu isto do DN: "Dar beijinhos na boca de uma criança deixa-a confusa sobre papel dos pais". 

A Joana Paixão Brás, co-autora deste blog, acha tudo muito bonito porque é mais uma maneira de mostrar amor pelas crianças. Num estilo de "o mal está nas vossas cabeças" escreveu um postinho (sim, Joana, postinho) que não podia deixar de comentar (foi este).

Eu, como resposta ao que ela disse, tenho só isto a mostrar. Quando parar, Joana? Quando é que dar beijinhos nos lábios dos nossos filhos deixa de ser só um "momento de amor e cumplicidade"? E porquê parar nos beijinhos nos lábios? Do que vi, dar beijinhos na boca dos filhos faz com que eles entrem para os D'Arrasar e saiam da Casa dos Segredos. Não quero. 

Confesso, de fininho, que já me apeteceu mandar uns grandes xoxos na Irene. É-nos automático porque estamos habituadas a expressar esse tipo de amor pela pessoa que, em princípio, se deita connosco na cama ou no sofá se se tiver armado em parva. 

Não. O beijinho na boca não é higiénico. Com língua ou sem língua, a nossa boca está exposta a milhares de coisas "de adultos" e considero dispensável (por egoísmo nosso, porque acho que os miúdos passam perfeitamente bem sem os nossos bate-chapas) estar a submetê-los a mais coisas ainda do que aquelas que já levam à boca. Se quem come terra do vaso do hall também pode levar um xoxo da mãe? Pode, mas para quê? 

Se há efectivamente o risco de estar a desenvolver um comportamento "não normal" (o conceito do que é normal é conversa para milhares de cigarros, eu sei) e que, mais tarde, ter-se-á de interditar ou fará com os nossos filhos se sintam diferentes... 

Não se dá beijinhos na boca a ninguém. Os adultos não dão beijinhos na boca das crianças. Um dia pede um adulto qualquer um beijinho na boca e os nossos filhos pensam que é normal. Isto dos beijinhos é como o lixo: há que separar. 

Já dei um chocho na Irene para ver como me sentia. Senti-me marota por ir contra as minhas convicções e ela lá continuou a olhar para o candeeiro. Não valeu a pena. Para quê?

Criatividade nesses "momentos de amor e cumplicidade" para que não se tenha de entrar por caminhos dúbios. Que tal? 



11.12.2014

Tenho vergonha, mas dói.

Tenho vergonha, mas dói. Deveria ficar só contente pelas tuas proezas, mas quanto mais cresces, mais distante ficas do meu colo, mais perto ficas de me contestar e de sair de casa.

Tenho vergonha, mas dói. Começou por te ver com uma chucha. A ti. A ti que viveste em mim durante tanto tempo. Em vez de só dependeres de mim, passaste a mamar num pedaço de silicone.

Tenho vergonha, mas dói. Já não fazes aqueles barulhos de quem aprendeu a respirar há pouco tempo enquanto dormes. Os teus pulmões já sabem viver. Fui substituída pelas tuas entranhas.

Tenho vergonha, mas dói. Dói ao ponto de me caírem lágrimas enquanto escrevo isto. Cada dia que passa é mais um do qual vou ter dificuldade em me lembrar com exactidão de como és agora. Ou agora. Ou agora. Não há fotografias que cheguem.

Tenho vergonha, mas dói. As tuas fraldas mudaram de cheiro. Já não mamas o dia inteiro. Até já comes carne. Qualquer dias deitas o nosso último cordão umbilical físico fora: as nossas maminhas.

Tenho vergonha, mas dói. Já te irritas de estar deitada. Queres sempre que te sente. Agora já decides em que posição ficas? Qualquer dia não dormes cá.

Dói ter noção da passagem do tempo, do teu crescimento e da minha incapacidade de tatuar cada teu respirar em mim. Por mim, não crescias. Por mim, crescias muito devagar. Por mim (confesso), voltavas para aqui. Aqui. E começava tudo de novo. Quero tudo de novo.

Tenho vergonha, mas dói. Já puxas a corda à caixinha de música para adormeceres sozinha. Já não precisas de gritar para eu ir aí ter contigo.

Tenho vergonha por não estar só contente.

Podes parar só um bocadinho?

Adormeceste, mas até a dormir cresces. Pára.

Pára.

Pior que ter um bebé doente...

...é ter o pai doente!

Eu explico: como se não bastasse os miúdos na creche apanharem 17464851 doenças, mau mesmo é ter o bebé doente e o pai dele também.

O bebé está ou constipado, ou tem conjuntivite, ou vomitou, ou tem diarreia, ou, no mínimo dos mínimos, ranho... vá... Embora esse seja muitas vezes o seu estado normal.

Fica sensível, com olhinhos doentes, a tossir como se lhe fossem sair as entranhas e nós damos tudo por tudo para que ele se sinta confortável e para que sofra o mínimo possível. Já estávamos cansadas, mas se pudéssemos ficaríamos no seu lugar, as vezes que fossem precisas!

Mas pronto, é um bebé, não tem culpa de não se saber exprimir a não ser com o choro. Damos-lhe um desconto! Além de ter saído de dentro de nós, isso também conta um bocadinho!

Porque é que os pais, que é como quem diz os homens, são tão fiteiros? E porque é que escolhem as piores alturas para ficarem doentes? Quando têm planos com os amigos ou têm de ir ver jogos não sei onde nunca ficam doentes!

Mais mães com dois bebés doentes em casa, sendo que um é o pai? Que ponha a mão no ar a mãe que não sofre do mesmo mal! Que é para eu lhe mandar uma chapada, se faz favor! Para a próxima que fique caladinha! Não é preciso virem para aqui vangloriar-se, ok!?!?! Agora, vá, que tenho de ir ver das minhas duas crias.

Beijar o filho na boca? Blergh!

É assim que muitas pessoas reagem a um beijinho na boca entre pais e filhos. Sempre que uma figura pública partilha uma imagem a dar um beijo ao filho nos lábios, há sempre um comentário de desaprovação, de nojo ou de choque.

E como agora é moda fazer-se estudos e artigos sobre tudo e mais alguma coisa (qualquer dia sai um sobre o perigo do "narizinho à esquimó" ou de dar beijos nos refegos, por causa das micoses), eis que nos chega um artigo do Diário Digital - aqui - que enfatiza a "confusão do papel dos pais" por parte da criança e diz que o gesto "pode complicar a compreensão infantil" da diferença da relação entre o casal e a relação parental. Fala-se da erotização da criança e do perigo da associação entre esse acto e as imagens que vêem na televisão, que a criança imitará. E a partir dos 10 anos - ui! - a questão ainda se agrava mais.

Fiquei com pena de não ter tido acesso a um estudo por parte das psicólogas - já que se fazem por dá cá aquela palha - e do artigo não apresentar um único caso concreto que relacione um simples e inocente beijo a toda uma vida de trauma, de depravação ou de sexualização precoce. 

Estou a exagerar, claro, mas é esse exagero que sinto quando acham "nojento" (sim, é esta a expressão que ouço) uma mãe ou um pai dar um beijinho nos lábios a um filho. Pois eu acho que esse é um momento de amor e de cumplicidade. O clichet "o mal está na cabeça de quem vê" aplica-se na perfeição. Que não queiram dar, que não tenham esse hábito familiar, percebo perfeitamente, agora nojo? Achar-se que aqueles pais são promíscuos? Vamos lá a ter calminha!

Outro argumento que se lê por aí: "é pouco higiénico". Pouco higiénico é enfiar a cabeça num balde de merda cocó, senhores! Saberão que não há ali cuspo ao barulho? Que é um selinho, um xoxo, que podia ser ali ao lado, na bochecha, mas que calha a ser nos lábios? Não terão essas pessoas também receio de fazer o narizinho à esquimó e ficar a menos de 1 metro da criança, de respirar-lhe para cima? E não se preocupem que os filhos, na idade do armário, vão deixar de querer receber beijinhos dos pais na cara, quanto mais na boca.
Acho que quem acha repugnante um beijo nos lábios dos próprios filhos são as mesmas pessoas que acham assédio tomar banho com eles ou deixar que nos vejam semi-nuas. Cruzes, credo, canhoto. Nunca, jamais!

Não dou beijos na boca da Isabel. Ela ainda não sabe dar beijinhos, deixa a boca aberta. Mas um dia, deverá acontecer. E aí, vou estar provavelmente a a marimbar-me para os nojos alheios. Por enquanto, arrelia-me. Chateia-me tanto (falso) puritanismo. Acho que as pessoas se andam a repugnar e a chocar com as coisas erradas. Mas isso sou eu! Vá, vão lá lavar a boca. Com álcool etílico.

Quem está comigo?

do Instagram da Diana Chaves

11.11.2014

Um simples gancho.

Uma mãe, como todas as mães, quis embelezar a sua filha. Vestiu-a com todo o prazer, como sempre. Brincou com ela enquanto a embonecava e pôs-lhe um simples gancho nos cabelos.

Esse gancho levou-lhe a filha.

Um simples gancho.

A Valentina tinha apenas 9 meses. Ninguém deu conta de ter engolido o seu gancho, situação tão normal, de segundos. Quem nunca desviou o olhar por uns segundos? Algum tempo depois, a pequenina deu entrada na urgência com convulsões e vómitos com sangue. Foi-lhe finalmente encontrado o objecto no esófago e a Valentina foi operada. A cirurgia correu bem, e teve alta finda a recuperação. Alguns dias depois os episódios sangrentos repetiram-se. Complicações com os pontos (não sei explicar) estiveram na origem de nova hemorragia e a bebé foi de novo operada. Coma induzido. Infecção generalizada. Morte.

Li este post da Anita Mamã que além de contar esta história miserável, conta-a com todo o coração e alma de uma mãe. Li e, primeiro, a agonia. Depois as lágrimas. Depois o vazio. Foram assim aqueles minutos para mim.
Não consigo sequer imaginar o que a mãe Amanda, que eu não conheço de lado nenhum, possa estar a sentir.

E se fosse o meu filho?
Não consigo imaginar.
Não quero.
Não posso.

Estas palavras e este post são para ela, para a sua família, e para a sua, agora etérea, filha. Valentina.
Que a perda do seu querido e frágil tesouro não tenha sido completamente em vão. Se é que é possível tirar algum sentido disto...
Que aprendamos todos: mães, pais, familiares, educadores e cuidadores.

Um simples gancho.




Obrigada Sara-a-Dias!!!

Já repararam nos nossos bonequinhos super giros e fofinhos?

Vocês ainda nem tinham começado a ler este blog e já estavam loucas. É o efeito Sara-a-Dias.

Ela aceita encomendas. Sim, enviem-lhe pastéis de nata que ela gosta. 

Graças à Sara até podemos nem ter nada de jeito para escrever que parecerá sempre bem. 

É como ser estúpida e andar bem-vestida. 

Nem temos palavras para te agradecer direito, Sara.

Mas um OBRIGADA cai sempre bem e nunca será demais!

Obrigada Sara-a-Dias










Ode às Mamas

Mamas. Sim, mamas. Não falta o til. (pronto, 20 leitores já ficaram curiosos).
"Seios" ou "peitos" para os púdicos das bochechas coradas.  
Ou "melões", numa alusão gastronómica e, diria, pouco requintada. (20 leitores ainda estão a ler)
Ou "tetas", numa linguagem, vá, bardajona (acabámos de conquistar 200 leitores masculinos e perdemos as mulheres com classe).
É à vontade do freguês, usem a nomenclatura que mais gostarem, não queremos saber da vossa vida privada.

Agora, espantem-se, mamas todos as temos! Não! Como?! Não é possível!...
Mas as mamas das grávidas ascendem a um patamar quase intocável. Intocável em todos os sentidos. Abundantes, protuberantes, redondas, dignas de culto e adoração. Dignas de um retrato de um pintor renascentista. 
Intocáveis também porque, meus senhores, são interditas! Nos primeiros tempos são proibidas! Ouviram bem? Pois que o crescimento súbito das tão desejadas mamas, se faz acompanhar, muitas vezes, de dor - como se de vidrinhos a partir se tratasse - excessiva sensibilidade ou comichão. Ora, limitem-se a contemplá-las e a fantasiar com elas. É injusto? Coitadinhos, estão ali tão à mão, não é? É como tirar o chupa-chupa a uma criança?... Temos pena, aguardem uns meses.

Depois desta fase, há um tempo em que da contemplação se pode passar à acção, mas é um lusco-fusco. 
Nove meses depois de tão maravilhosa transformação, meus senhores, as mamas passam a ser cada uma de sua nação. Uma é a Alemanha e a outra o Liechenstein. Uma é o Rossio, a outra a Rua da Betesga. Eu explico: uma está cheia de leite, a outra acabou de ser esvaziada pelo bebé.
Além disso, as mamas deixam de vos "pertencer". Podem tentar arranjar um espacinho no calendário, ali algures entre as mudas da fralda e a pilha de roupa para passar, mas, acreditem, o bebé vai ter prioridade. E nem vale a pena chorarem.

Um dia, terão livre trânsito novamente. Mas quando esse dia chegar, as mamas fartas e luzidias já deram lugar a uns saquinhos de chá. Murchas, penduradas e provavelmente raiadas de tanto terem esticado. 

Mas é aí, meus senhores, que se vê quem é um homem a sério. Se escolhem olhar para aquele corpo como o mais maravilhoso e complexo, capaz, salvo raras excepções, de alimentar o vosso filho ou se escolhem olhar para ele como um trapo.
É aí, meus senhores, que se escolhe entre olhar para a mulher como fonte de inspiração, desejo e orgulho ou entre cair na monotonia e desejar a galinha da vizinha. Entre celebrar a vida e cobiçar a (sempre melhor) vida alheia. 
É aí, mulheres e mães, que a cabeça se deve erguer. Somos mulheres. Mamas pequenas, grandes, descaídas, pingadas, com estrias: o que é que isso verdadeiramente interessa? Somos mães, damos o melhor de nós. Somos orgulhosamente mulheres.

Mamas são mamas. Mas mamas não são só mamas. São símbolos, merecedores de respeito e admiração. Respeitem as mamas das vossas mulheres. Ou os seios. Ou os peitos. Mas respeitem-nos. Desfrutem deles.
Viva às mamas! Viva! Urra! Urra!

Sara-a-dias


P.S. Obrigada à Sara-a-dias pela ilustração fantástica. Tudo igual, até o tamanho das maminhas.

11.10.2014

Como ser violentado por uma grávida.

Há gente para tudo. Há sites para tudo. E, durante a minha gravidez, constatei que há imensa gente cujo objectivo é ser violentado por uma fêmea prenha e que faz um óptimo trabalho. Para os outros, ficam aqui as dicas:

"Engordaste tanto que pareces uma escultura da Vasconcelos ou, então, a sua autora (o que é pior)".

1) Uma grávida não deixa de ser uma mulher.

Qualquer coisa que nunca tenha caído bem a uma mulher não vai passar a soar bem a uma grávida. 
Basta ter pulmões para saber que as mulheres não gostam de comentários negativos ou dúbios sobre a sua própria aparência. Se estiverem carregadas de hormonas e ainda mais de um bebé, menos ainda. Quem quiser levar um pontapé na boca, é por aqui.


"Na minha altura, deixava o Quinzinho com as ovelhas durante o dia e hoje é super saudável e divertido. É a alma da festa!"

2) O bebé não é seu e a grávida também não. 

Sopas de cavalo cansado, mel nas chuchas, litros de Actifed na focinheira de bebés para adormecerem mais rápido, fazia-se de tudo nos tempos idos. Lá porque o seu filho está vivo, apesar de lhe ter dado um ginzinho para adormecer todas as noites, não quer dizer que todos tenham sobrevivido. A taxa de mortalidade infantil tem diminuido, há que confiar mais no que se diz agora. Se estiver louco para ficar com um olho negro, é mandar bitaites não fundamentados sobre como deverá a grávida cuidar do seu bebé. Deixe-a estar. O bebé não é seu e a grávida também não. 

"A sério? O bebé vai nascer em Março? Ui! Os de signo gambá são levados da breca."

3) É a Maya? Então... shhhhhh!!

A menor das preocupações de uma mulher que tem de fazer xixi de duas em duas horas é o que dizem as estrelas ou os planetas ou as trutas do céu ou lá o que é. Não interessam os paralelismos entre a criança e uma tia sua que tem um buço enorme por ser aquário e que não sabe fazer bitoques por ter um ascendente em presunto. Por isso, se quiser que lhe puxem os cabelos, é falar de signos e dizer que são todos "uiii... não estás bem a ver...".

"No meu parto, o bebé saiu a fazer a espargata e, portanto, estiveram um semestre a coser-me o pipi". 

4) Acha que o seu pipi daria um bom chapéu? 

Então por que é que está a metê-lo na cabeça das outras pessoas?  Da mesma maneira que não gostaria de acordar com um velhote a dizer-lhe "aproveita, cada dia é menos um para estares debaixo do chão", a grávida também não gosta de saber o final que tem pela frente. Imagine a gravidez como uma comédia romântica, toda a gente já sabe qual é o final, mas ninguém quer que ninguém fale sobre isso. Já tem um olho negro e menos uns dentes e cabelos por esta altura, não é? Então força, agora um pontapé nas costas. 


Há muitas mais coisas a dizer para ser violentado por uma grávida. Entre elas, perguntar quando é que nasce como se se interessasse realmente por isso, como se fosse mudar a sua agenda. Como se fosse lembrar-se da data cinco minutos depois. Ficamos por aqui que acho que já terá levado tau-tau suficiente, que tal? 


as Mães



Joana Paixão Brás. A mãe calma e da paz. É tão tranquila que a Isabel chora em mute. É preciso estar tudo calado para se ouvir a miúda a queixar-se. Ainda bem que a Isabel gosta de fofos e de tapa fraldas e de fotografias amorosas (ou pelo menos ninguém a ouviu a dizer nada de mal sobre isso), porque se a Joana tivesse de vestir a Isabel com roupa desportiva ou com coisas das Tartarugas Ninja, teria um AVC, mas sempre com muita calma. Há quem diga que a Joana também adora trabalhar na televisão para ser maquilhada todos os dias. Esse alguém é a Joana.





Joana Gama. A mãe que queimou as pestanas de tanto ler livros mas também porque apagou uma vela demasiado perto. A mãe que acha bimbas as coisas queridas, mas por não ter jeito nenhum para combinar roupas. A mãe que demorou meia hora para perceber que o frasco se abria no sentido contrário (é burrinha, sim). A mãe-escrava da Irene e, para já, com muito orgulho (e sono), tanto que decidiu estar um ano em casa. A rádio que espere um bocadinho.





Marta Vale Cardoso. Tem o dom do multi-tasking e da omnipotência. Consegue dar banho ao Lucas enquanto faz a sua aula de Zumba. Dá um jeito à casa enquanto está na piscina a nadar com ele. O Lucas, para a Marta, é mais portátil que um iPhone. Daria ainda mais jeito se ainda estivesse na barriga para não dar tanto trabalho a transportar! Apesar de tudo isso, não sabe como conseguiu tirar arquitectura no Técnico sem ter olheiras, e agora parece que levou dois murros na tromba.






Mais diferentes, só se uma de nós fosse um pinguim.


Falem os avós, falem as mães dos outros, falem os médicos, os livros de médicos, os livros das mães dos outros. a Mãe é que sabe 
a Mãe é que sabe porque temos o caldo entornado se o pai achar que sabe e errar.
a Mãe é que sabe mesmo quando não sabe grande espingarda.
a Mãe quando não sabe, finge que sabe para ganhar tempo. 
a Mãe procura, pensa, erra, chora, ri, acerta, tenta de novo e tudo durante uma sesta.
Se a Mãe não sabe, passa a saber.


a Mãe é que sabe.