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7.08.2016

Depressão pós-parto?

Calma, o título é alarmista. Não estou com uma depressão pós-parto e não sinto que precise de ajuda médica (não ainda), mas a verdade é que, ao contrário do pós-parto da Isabel, comecei recentemente a ter mais lágrimas à mistura na equação e a ser confrontada com mais fantasmas.



"Com o segundo, é tudo mais fácil. Vais ver que vai ser tudo com uma perna às costas." Em parte, sim. Não temos medo de os agarrar, não ficamos tão assustadas com uma borbulha que lhes nasça na testa, manejamos uma fralda a transbordar de cocó só com um dedo mindinho, já não stressamos tanto com os gramas que eles ganham semanalmente... e por aí fora.

Mas eu sinto que com o segundo não é tudo mais fácil, pela simples razão de que não existe só o segundo na nossa vida. Existe uma mãe mais experiente, com menos macaquinhos no sótão, mais confiante nas suas maminhas, uma mãe que já aprendeu que é importantíssimo fazer as sestas com eles, mas existem também dois filhos, dependentes de nós, do nosso amor, da nossa paciência.

A verdade é que eu ainda não me sinto à-vontade para ficar um dia sozinha com elas. 

Fiz a experiência ontem e acabou comigo a chorar copiosamente, ao fim de 3 horas a tentar adormecer a Luísa, durante a noite, rezando para que a Isabel não acordasse entretanto. E o reconhecimento dessa impotência - mental e física - fez com que me sentisse derrotada. Custa muito sentir que não estamos a dar conta, não como gostaríamos. "Era suposto eu conseguir, sozinha, dar conta do recado." Ir buscar a Isabel à creche cedo, deixando o jantar pronto, a mesa posta, o pijama e o banho quase preparado, brincar com uma, dar mama a outra, tentar adormecer a mais nova primeiro, depois a mais velha e "sobreviver" a uma noite - sempre imprevisível - de cólicas da mais nova e de pesadelos da mais velha. Tinha ido deitar-me vitoriosa, a agradecer a todos os santinhos o facto da Luísa ter dormido durante a hora e tal que a Isabel demorou a adormecer. Mas acordei, com a Isabel às 06h30, ao contrário do que era suposto com aquela história de que "basta um sorriso deles e ganhamos logo forças", sem força anímica. Cansada, meia revoltada com o mundo, cheia de vontade de "despejar" a Isabel na creche e cheia de vontade de dormir. De manhã, não me apeteceu ser mãe. E, depois de todo este emaranhado de sentimentos, a dificuldade em me reconhecer neles, a culpa, a frustração.


Claro que sobrevivi, claro que passou, claro que elas não ficaram traumatizadas com o meu mau humor (pedi à Isabel, quase em lágrimas, para parar de tocar o tambor, que estava cheia de dores de cabeça, e ela parou). Claro que sobreviverei a muitas outras vezes em que terei de ficar com as duas sozinha e que, daqui a uns tempos, tudo será mais fácil (ou parecerá mais fácil). Claro que nada disto é um drama sem fim, mas não gostamos de nos confrontar com as nossas incapacidades, com os nossos deslizes, e o pior de tudo é cairmos no erro da comparação com outras mães que têm três, quatro filhos - e nenhum deles está na creche - e conseguem lidar com tudo sem entrarem em modo drama queen. Queremos manter sempre o optimismo, o sorriso, a garra. Mas não somos de ferro. Eu não sou de ferro e nem a pancadinha nas costas do "vai passar e até vais ter saudades" resulta na hora H.


Acho que a alternância entre sentimentos de plenitude, satisfação, felicidade e alguma tristeza, choro e dúvidas, faz parte desta fase de mudança. Não sinto que esteja com uma depressão pós-parto, mas - por nunca ter tido nenhuma antes e não sendo psicóloga - não hesitarei em ir a uma consulta, caso algum dia tenha dúvidas e sinta necessidade. Escrever este texto já me ajudou. Acho que ler os vossos comentários também irá ajudar. Mas o que sei que vai ajudar mesmo é reconhecer que tudo isto faz parte do processo, não me culpabilizar tanto pela falta de paciência nem me sentir defraudada por nem sempre me sentir uma super mulher, relativizar mais, desabafar mais, pedir mais ajuda, ir arranjar as unhas, ir comer um gelado de dois metros, dormir mais. 


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6.24.2016

Ela dorme no meio de nós.

Decidimos assim e tem sido o melhor para nossa família. Não quero fazer um elogio do co-sleeping, dizer que é a melhor opção (acho que cada mãe/pai saberá o que é melhor dinâmica para os seus), mas cá em casa, depois de um pós-parto mais complicadito, ter a Luisinha aqui mesmo ao lado tem sido muito bom. Por todas as razões: para senti-la bem perto, para ela me sentir a mim, para não me mexer muito nem levantar durante a noite (já bastam as piscinas até ao quarto da Isabel - que hoje, "benzádeus" dormiu a noite toda), para estar à distância de uma mão, para lhe acalmar os pesadelos (ou espasmos ou ambos). 

E perguntam vocês, mas não têm medo de a esborrachar? Epa, não. A cama é grande, já estamos habituados a dormir com a Isabel nas férias e quando ela quer (é ela que nos esborracha a nós até) e temos um bom perímetro de segurança com o ninho (melhor invenção de sempre). Além disso, o marido é encalorado, não é de se colar nem vir para cima de ninguém (salvo seja... hehe). Também não temos sentido falta, enquanto casal, de ter o nosso espaço, por mais anti-romântico que isso possa parecer. 

Até agora tem dormido sestas no ninho e na alcofa e um dia destes experimentamos a alcofa para dormir à noite. Também vai correr bem de certezinha.

Agora vejam bem esta riqueza a dormir uma sesta, coisa mais querida da sua mãe!











Ninho: Agu agu
Babygrow (lindo e confortável): Ratinho Feliz
Coelho: Zara Home


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4.18.2016

Vou ficar tão sexy!


Não vou? E ainda vou ficar mais do que esta senhora, com aquela barriga mole do pós-parto e com uma hérnia umbilical.

(Vai de meter uma mala fofinha aqui pelo meio para embelezar a imagem)
 

Naquele momento, queremos lá saber disso. Queremos é que o bebé esteja bem, mame em condições, que não tenhamos os mamilos em ferida, que os pontos - em havendo - não infectem e que não tenhamos dores. De resto, cuecas - com rendados ou com três andares - não interessa nada.

São estas as cuecas/fralda que vos recomendo para o pós-parto. 

Antes da Isabel nascer, numa ida à farmácia para comprar coisinhas que me faltavam na lista do hospital, a senhora, daquelas mesmo simpáticas e prestáveis, sugeriu-me isto em vez dos pensos higiénicos XXL. Olhei para a embalagem, por dentro cuspi um "really?", mas pareceu-me perfeita a ideia. Macias, confortáveis e que, para nos livrarmos delas, não temos de nos baixar (rasgam-se de lado). Não há cá pensos higiénicos que fogem para um lado ou para o outro, não há cuecas de rede manhosas, que experimentei e não gostei. Nos primeiros tempos (acho que uma semana) usei disto. Foi assim o único investimento de jeito que fiz (isso e material para as mamas). De resto, soutiens de amamentação emprestados, camisas de dormir da Primark e tudo do mais barato que houvesse no mercado. 

Fica a dica (se houver dicas daí, são bem-vindas!).

3.14.2016

Eu não consigo arrumar a cozinha e deixar a miúda a chorar na sala.

Ontem, a passear pelo parque da Serafina, encontrei uma mãe. Esta mãe estava, tal como eu, a passear com a sua bebé e mostrar-lhe os patinhos. A Irene engraçou com a bebé e abraçou-a imensas vezes e deu-lhe muitos beijinhos. A mãe acabou por dizer que lia o nosso blogue. Não disse só isso, deu-me a entender que o blogue a ajudava a sentir-se menos desamparada, que estes meses não têm sido só bons e que melhor do que ler o nosso blogue, só alguém lhe limpar a casa toda enquanto repusesse o sono. 

Olhe para esta mãe. Cansada, mas a viver o sonho. Era domingo e quis ir passear em família, para a bebé L. apanhar um bocadinho de sol, para esticar as perninhas, para ver os patinhos. Estava curvada a segurar as mãos da bebé para que esta fosse dando passinhos. Agachei-me para ficar à altura delas enquanto conversávamos. Conversámos pouco, mas muito. 

A mãe disse-me que o pior era não conseguir dar conta de tudo. Que estar em casa com a filha é fazer muita coisa ao mesmo tempo e que depois não conseguiam compreender, quando chegavam a casa, como é que a casa estava naquele estado e o que tinha feito o dia todo para aquilo estar assim. 

"Eu não consigo arrumar a cozinha e deixar a miúda a chorar na sala". 

Muito respeito por estas mães que têm de ultrapassar os primeiros meses e sozinhas. Por um período em que estamos debilitadas, fracas, a fazer luto da nossa identidade passada e ainda em processo de reconhecimento da cria que temos à frente. Estes meses em que ao mesmo tempo que nos julgamos incapazes de fazer coisas, temos de fazer as coisas mais importantes do mundo. Vi nos olhos clarinhos da mãe, com o sol a bater, que ela precisava de dormir em concha e de chorar um bocadinho. 

Precisava que alguém lhe dissesse: "caga (quero mesmo usar esta palavra, sorry) na roupa, na loiça, no pó, no chão e vai dormir quando a miúda adormecer". 

Infelizmente precisamos de ouvir isso dos outros porque não é o que dizemos a nós próprias. Nós não conseguimos borrifarmo-nos para as tarefas da casa porque sentimos que é da nossa responsabilidade e porque aquilo que "os outros" nos dizem sobre "o que fizemos os dia todo" é também o que dizemos a nós próprias e, portanto, falhamos. E falhamos todos os dias, em todas as tarefas. Ainda para mais com uma descarga hormonal a acompanhar e privação de sono. A Pide bem que poderia ver os primeiros meses do pós-parto como a pior tortura de sempre. A par de, como disse esta mãe, nem sempre ser mau. Claro que não é. Há alturas em que os cheiramos e ficamos loucas e vemos que chegamos à etapa mais gratificante da nossa vida, mas há outras alturas em que não: de madrugada, durante a noite, durante as birras, durante as afinações necessárias até passarmos a conseguir ouvir bem o que um bebé quer e não estarmos em constantes apalpadelas e a morrer de medo de errar. O pós parto é uma discoteca com música daquelas bem aceleradas aos altos berros e nós temos de conseguir ler um livro. É complicado, é frustrante, é cansativo, é... bom, "nem sempre é bom". 



Queria dizer-te que vai tudo passar. E disse, mas queria ter dito de outra forma. Sem tanta gente à volta. Sem teres que estar a segurar a menina e sem poderes chorar. Queria dizer-te que apesar de não te conhecer, que te adoro e que não me importava de limpar a tua cozinha para poderes dormir. Que lamento que estejas sozinha nesta fase, a fase em que já nos sentimos tão sozinhas, mesmo que não estejamos e agora que ganhamos mais uma pessoa na nossa vida. 

Esquece a cozinha. Consegues? Consegues ver tudo aquilo que não importa agora? Verbaliza. Se te fazem pressão para arrumar a casa, diz a ti mesma que não tem mal não fazeres tudo. Diz. Um dia vais dizer isso erguida à pessoa que também te faz sentir assim (além de ti própria). Tu és mãe agora. A casa pode esperar. A casa é de todos os que lá vivem. 

Dá-te um desconto.