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4.07.2020

Não pensar em nada.

Ontem pintei com aguarelas pela primeira vez a sério, concentrada. Não se estejam já a rir. Fiz um cacto com uma flor, ao mesmo tempo que via um tutorial no youtube. Perdi-me nas horas. Misturei cores, pus mais ou menos água, usei um pincel mais fino para os contornos e outro maior para preencher. As miúdas estavam a ver televisão, o David a trabalhar lá dentro e eu só concentrada no que estava a fazer. Quando olhei para o relógio já era mais que hora de ir fazer o jantar. Ainda fiz um cacto a correr e uns ramos que estragaram o esforço do primeiro. Quer dizer, não estragaram nada, que isto não tem fim nenhum, o que interessa é o meio. E o meio foi bom. Consegui não pensar em mais nada. É disto que preciso, cada vez mais. Tirar meia hora, uma hora, do meu dia para não fazer nada. 

Até agora estive em teletrabalho, que me consumiu muito. Não o trabalho em si, de que gostei, mas a gestão. Apesar de vos ter passado as minhas estratégias para conseguir trabalhar a partir de casa, com miúdos, nem sempre (quase nunca, diria) correu bem. Deitava-me tardíssimo para conseguir. É duro. Queremos fazer as coisas que as educadoras sugerem com elas, queremos estar lá, brincar, deixar a casa minimamente apresentável (já que é aqui que passamos 24h do dia, fazer refeições minimamente saudáveis e trabalhar. Digamos que é... impossível. Quem disser que consegue fazer tudo bem e está ainda bem da mona deve estar a mentir. Ainda ontem comentei que recebi muitos emojis de espanto quando publiquei em story o estado da minha cozinha, um dia destes. Nesse dia, não conseguimos arrumar nada do almoço nem do jantar (com lanche pelo meio e sopa, etc) porque tivemos os dois de trabalhar bem (dar-lhe bem) à tarde e só depois de as adormecer consegui arrumar. Sim, estava em estado de sítio, mas também acho que espelha alguns momentos por que todos, caso tenhamos de trabalhar e acompanhá-las, passamos. É o que é. 

Neste momento, fiquei sem trabalho (sou freelancer em TV e os programas que estava a fazer estão agora parados, em stand by). Estava muito contente por estar a fazer conteúdos de programas que adoro, mas agora tudo mudou e já me habituei à ideia. Muita gente estará em situações mil vezes piores que a minha. Sei que vamos dar a volta.



Vou aproveitar esta fase para estar mais aqui, para vos dizer que séries ando a ver, que livros infantis encomendámos, que coisas ando a fazer com elas. E, quem sabe, ainda vos deixo aqui receita de ISCO para fazer pão!!! Desta não estavam à espera, pois não? Não encontrei fermento de padeiro online nem na merceeria aqui do bairro e estou a fazer o meu próprio fermento.  

Amanhã voltarei a pintar. Foi terapêutico, palavra. A melhor coisa até agora. Tenho sempre uma voz interior que me diz que não estou a aproveitar bem estes dias, que não estou a ser produtiva o suficiente ou que podia, ao menos, acabar de ver a série X, ler o livro Y, quando o que eu preciso mesmo mesmo é de conseguir, estando acordada, descansar a mente.  


E é isto. Por agora. Como estão vocês? O que têm feito para relaxar?

3.31.2020

Só coisas bonitas #01 - Despensa do Bairro

Acho que todos precisamos de coisas positivas. De ver iniciativas fantásticas, que nos dêem esperança. Por isso, resolvi inaugurar aqui uma espécie de rubrica (que vai durar mais do que as minhas tentativas de rubricas anteriores, prometo) que se chama "Só Coisas Bonitas".

Porque sei que vão ficar com um sorriso enorme, tal como eu fiquei, partilho convosco a iniciativa fantástica de uma família que temos a sorte de conhecer: uma despensa do bairro. “Dê o que puder, leve o que precisar”, com bens essenciais, mas também livros!
Obrigada Sofia, Zé Miguel, Xavier, Madalena e Santiago. ❤️

Não é a coisa mais fantástica que viram hoje?




Partilhem esta iniciativa! Quem sabe não inspiramos a que se criem mais "Despensas do Bairro" por esses bairros todos? 

E partilhem pff outras iniciativas fantásticas para nos inspirarmos e para nos comovermos com as coisas mais bonitas.


3.28.2020

Deixem-me chorar um bocadinho

Deixem-me chorar um bocadinho. Pois se há caixões insuficientes, se são precisos camiões militares para transportar tantos mortos. 
Deixem-me chorar um bocadinho. Se há pessoas a morrer sozinhas. Deixem-me chorar um bocadinho. Se tenho saudades de pessoas que são um bocadinho minhas, se sinto falta do cheiro da pele da minha mãe e das mãos grandes do meu pai. Do som dos copos a brindarem em casa da minha amiga Raquel e dos nossos abraços de despedida e das danças na sala. 
Deixem-me chorar um bocadinho. Se estou assustada e se me sinto claustrofóbica. Se não tenho uma varanda. Se me apetecia estar duas horas completamente sozinha e outras rodeada de pessoas. Se me apetecia andar de carro, com destino ou sem ele. 
Deixem-me chorar um bocadinho. Se não sei quando volto a ter trabalho. 
Deixem-me chorar. Mesmo sabendo que há quem esteja em situações piores e a sofrer muito mais. Deixem-me chorar um bocadinho porque é sinal de que sou sensível mas nem por isso frágil. 

Exteriorizar o que sinto, falando alto, desabafando, chorando, dá-me espaço para depois sentir tudo o que há de bom para sentir. Partilhem os vossos receios uns com os outros, não continuem a fingir que não vos afecta. Desvalorizar o que sentimos é só varrer para debaixo do tapete. 
Chorem um bocadinho. E depois continuem, mais leves, na luta. Todos temos uma.






3.15.2020

Como trabalhar em casa com crianças?

Faço um intervalo no meu dia de trabalho a partir de casa, com as minhas filhas.

Não sei até que ponto isto vos pode ser útil, porque todos nós teremos não só trabalhos diferentes, como teremos rotinas - em casa e com os miúdos - diferentes, mas, mesmo assim, partilho convosco  6 dicas que têm resultado comigo para minimizar stress e frustração.



1) Definir metas realistas
Não é suposto conseguirmos produzir exactamente o mesmo do que produzimos quando não temos elementos distractores, alguém a chamar para limpar o rabo ou brigas (normais) entre irmãos para ajudar a gerir. Menos ainda quando sabemos que os nossos filhos não se criam sozinhos nem podem passar 8 horas sem a nossa atenção e, muito importante!, estão a sentir esta mudança de rotina e a nossa insegurança/perplexidade perante tudo o que se está a passar e, por isso, ficam mais carentes e acabam por exigir mais a nossa presença. Faz sentido.

Por isso, pensar em reduzir, pelo menos, para 2/3 os objetivos que traçámos inicialmente / traçaram para nós é fundamental. Se estamos em casa, à partida significa que não temos profissões de facto imprescindíveis nestes dias - um enorme abraço a todos os profissionais de saúde, investigadores, camionistas que transportam bens de primeira necessidade/medicamentos, etc -  e, se forem necessários mais dias para terminar um trabalho, que assim seja. 

2) Fazer pausas para meditar, alongar, respirar fundo ou fazer exercício
Se estamos 24h/24h em casa, tendo que gerir almoços, jantares, máquinas de louça, limpezas, filhos e trabalho - sendo bombardeados por recomendações, notícias, alertas sobre a doença - é fundamental tirarmos momentos para reforçar a sanidade mental e para continuarmos a suportar estes dias de forma calma. A mim, acalma-me fazer o pino que aprendi no ioga, alongar, fazer exercícios de respiração e ouvir música. Fico mais feliz. É essencial encontrarmos coisas que nos façam desligar do que se está a passar. 

3) Distribuir tarefas ao longo do dia 
Percebi, logo no primeiro dia que fiquei sozinha com elas, que não valia a pena pensar que iria conseguir fazer 7h seguidas de trabalho. Por isso, tirei parte da manhã para organizar a casa e para brincar com elas e à tarde repeti essa lógica. Assim, consegui duas horas de seguida (!!!) super focada porque elas já tinham tido "mãe" durante bastante tempo e organizaram brincadeiras e jogos sozinhas (o rei manda/ saltos na cama/ pinturas). Foi mais rentável assim do que se elas estivessem sempre a exigir a minha atenção ao longo do dia e a cada 10 minutos. Por fim, deixei o que restava para fazer no computador depois delas adormecerem. Às 23h00 estava na caminha a ver séries (e a desligar do coronavírus novamente). 

4) Desativar os alertas do whatsapp, instagram, messenger 
Já não recebia alertas do instagram e do messenger há uns bons meses e agora retirei também os do whatsapp. Prefiro apanhar 150 mensagens de amigos de seguida - à partida, se fosse algo urgente, as pessoas telefonariam -, do que estar sempre a desconcentrar-me e em sobressalto. Claro que é importante irmos falando, desabafando e até rindo (o humor é essencial nestes momentos) sobre tudo o que está a acontecer, mas não tem de ser a cada 10 minutos. De quando em vez, vou espreitar, mas não ando sempre agarrada ao telemóvel, para bem da minha produtividade e da minha saúde mental. 

5) Fazer logo comida para algumas refeições
A lógica acaba por ser a mesma do que quando trabalhamos fora e chegamos tarde a casa. Mais vale num dia "queimarmos" mais umas horas a cozinhar e a lavar louça, do que somar a tudo o que já temos para fazer em casa ao longo do dia a logística das refeições. Além disso, ficamos com uma ideia muito melhor do que temos na despensa, controlamos melhor prazos de validade, gerimos melhor tudo para não haver tanto desperdício e para irmos o menor número de vezes possível às compras nos próximos dias. 

Ah! E aproveitar para cozinhar algumas coisas com eles. Já fazemos isto há algum tempo cá em casa (eu diria que desde sempre - mesmo sem torre de aprendizagem, sempre as pusemos em bancos para ajudarem), mas agora, mais do que nunca, é bom envolvê-los na preparação das refeições: é um momento em família, sabe bem a todos e forma de aprenderem o que fazer a alimentos que já estão ali na corda bamba para ficarem kunami (quem viu Gato Fedorento vai entender) - ex: fizemos gelado de morango com banana.

6) Pensarem em atividades que eles gostem, que lhes ocupem tempo e com que aprendam algo
Li algures que também não é preciso transformar a casa num circo (mais do que ela já fica normalmente) de atividades e de números arriscados. É importante deixar-lhes espaço para o ócio - é aí que a imaginação funciona. Mas também é útil pensarmos juntos em coisas giras para fazerem (e/ou fazermos). 

A Mãe Já Vai deu a ideia de fazerem uma lista de coisas que querem fazer (cada elemento da família escolhe 3 ou 4), recortam, colocam num pote e vão sorteando. 

Aqui vamos decidindo de cada vez. Dei a ideia de prepararem um espetáculo de música ou teatro e foi o momento mais emocionante e divertido do dia de ontem. Mas também já as pus a ver um filme da Disney para poder ter essa hora para mim, por exemplo. "Vale tudo", desde que com algum equilíbrio.

E não se esqueçam de ler o SUPER ÚTIL texto da psicóloga Eugénia Amaro sobre como falar com as crianças sobre coronavírus

Deixo-vos ainda algumas ideias da Joana Gama, antigas, mas sempre úteis: 60 atividades para fazermos com eles e As nossas brincadeiras

Querem acrescentar algumas coisas?

3.12.2020

Este ano não há festa de aniversário.

Este não é, obviamente e face à real dimensão do que está a acontecer em Portugal e no Mundo, um post de lamentação. Mas também não vos posso dizer que fui completamente indiferente às lágrimas gordas que caíram da cara da Isabel quando lhe disse que a festa de anos teria de ser adiada. 

Nunca a tinha visto tão empenhada. Como ainda nunca tinha feito festa para os amigos e colegas da escola, de onde sairá este ano, estava em pulgas. Ajudou o pai a cortar os convites, fez um envelope para os colocar lá dentro, acordou nesse dia mais cedo a dizer que não se podiam atrasar porque tinha de pôr cada um no respetivo lugar. Um convite dos ninjas, como ela queria. Num sítio cheio de trampolins, escalada e insufláveis, como ela sonhava. "Eu menti a todos os meus amigos", desabafou entre lágrimas. "Estou tão desiludida. Eu andava tão ansiosa.", repetiu.

Não é prudente nem responsável expo-las e expor-nos, nem aos amigos, nem aos pais, nem a quem me está a ler e a quem não está, no fundo, a todos (porque a cadeia relacional acaba por ser enorme) numa altura destas. Já sabemos que todas as escolas vão fechar, que temos de evitar aglomerados de pessoas (deixaram de ir à escola na 3ª feira e, por isso, não faria sentido algum haver festa. Ela já está bastante a par do que é o coronavírus, é sensível ao tema, mas - já sabemos - nestas idades o tempo, a espera, o "porquê", demora um bocadinho a ser assimilado. 

Dei-lhe exemplos mais "parecidos", mostrei-lhe que estava a acontecer em todo o lado, que uma pessoa que a mãe conhece teve de desmarcar o casamento e a lua de mel; que o primo também já não vinha do Luxemburgo este fim-de-semana fazer festa de anos; que o importante era estarmos com saúde e não espalharmos mais o vírus para quem já não tem muita saúde. Que ia ter direito a bolo de anos e a uma festinha cá em casa, com muita música e jogos (mesmo que só os 4).

Está tudo bem. Adormeceu agarradinha a mim. Eu certa de que não haveria outra hipótese e consciente de que isto é um problema ínfimo, aliás um não-problema. Mas, como é óbvio, não o desvalorizei à frente dela, disse-lhe que percebia bem o que estava a sentir. Os nossos problemas, tristezas e dores serão sempre relativos comparados com outros, mas são os nossos. Se eu tivesse a idade dela, também ficaria triste certamente. 

Por outro lado - e como adulta consciente dos nossos privilégios, meu e delas - que bom que são estes os problemas dela. Que sejam só estes. 

Aqui com 3 anos. Aiiii <3
E vocês? Como estão a viver estes dias?



[Sim, tenho estado mais ausente. Desde que voltei a trabalhar em TV, em dezembro, que os dias, as horas, me têm parecido mais escassas e que tenho tentado focar-me mais nelas e na nossa casinha. A seu tempo, tentarei equilibrar melhor tudo. Um grande beijinho e obrigada por todo o carinho e pelas mensagens de saudades]

2.03.2020

E fazer queixinhas? É feio?

Tal como explicamos no vídeo, a ideia surgiu por ter ouvido uns amigos meus a explicarem aos filhos que não se deve fazer queixinhas, que é feio.

Não tenho feito referência "em directo" a isso porque a Irene já sabe o que a mãe pensa. Porém, como sempre, achámos que foi um bom pretexto para reflectir sobre o tema. Porque, seja como for, hão-de haver coisas que façam sentido para pessoas diferentes em ambas as abordagens e queremos ouvir-vos. Querem conversar connosco?




Entretanto saiu ontem o nosso podcast, que podem ouvir aqui, mas também nos Apple Podcasts, caso prefiram:






2.02.2020

Afinal, pomo-nos bonitas por nossa causa ou... por eles?

Fica aqui a provocação e o início do debate: será que nos pomos bonitas por nós... ou por eles? 
Claro que "o importante é participar", mas a questão será até onde é que o fazemos por nós, por insegurança, por pressão da sociedade... 

A Joana e eu partilhámos os nossos receios, fragilidades e opiniões, mas queremo-vos ouvir também ;) Já seguem o nosso podcast nas várias redes sociais? Então porquê? Hã? 






Vá, então bom domingo e bom começo de férias que é a isso que sabe o início da semana para quem tenha andado a responder a todos os "maaaaaããããe" durante o fim-de-semana. Ah! Também estamos nos Podcasts da Apple, mas não sei ir buscar o link. Ou sei e não me apetece ir... hmmm



1.28.2020

Camas montessorianas? Sim!

Se eu soubesse!

Foi a frase que mais disse quando "descobri" a pólvora. Aliás, foi a Joana Gama que descobriu e eu copiei. Não sei o que era pior: se a Isabel dormir mal, se eu ter de estar debruçada em cima da cama de grades ou ao lado a dar a mão por entre as grades até ficar com o braço todo dormente para ela adormecer. Ou, pior, depois de a adormecer ao colo, ter de fazer aqueles difíceis 90 graus para a pousar, de-va-ga-ri-nho, shiuuuuuuuu, e... ela acordar.
Todo um drama. Quem sabe do que eu falo, sabe.

Com um ano e picos, pusemos um colchão no chão e a nossa vida mudou. Pusemos um estrado com uns buraquinhos e pumbas, colchão. A nossa disponibilidade mental e paciência para as noites aumentou a olhos vistos. Depois disso, e já em Santarém, optámos por uma estrutura em forma de casinha, mais pela graça e para que que não estivesse em contacto com o chão (fica a uns dois cms acima, para evitar humidade e fungos). Provavelmente já todas ouviram falar em camas e quartos montessorianos: resumidamente, a ideia é estimular a autonomia, com brinquedos à disposição deles, livros, se possível, um espelho também, roupa e afins.

Por termos uma experiência tão boa com as camas no chão (que mantenho no quarto das miúdas até hoje), resolvemos, em parceria com a Carpintaria JPP, oferecer uma à nossa vencedora do A Mãe É Que Sabe Ajudar, a Paula, e ao Francisco.

Vejam-me só esta fofura, que grande está o Francisco <3

Esta cama é de pinho maciço, com barrotes de 5,5 cm por 5,5cm, pintada em esmalte acrílico.
Na Carpintaria JPP (podem seguir também aqui no instagram). fazem qualquer trabalho em madeira, desde restauros, aplicação de chão e portas e, claro, mobiliário estilo montessori (ou noutros) com entrega ao domicílio e montagem, além de todo o acompanhamento e feedback dos projectos. Contactem-nos caso precisem, que a Paula ficou satisfeita :)

O A Mãe É Que Sabe Ajudar é o nosso projeto do coração que queremos replicar este ano. Vejam tudo o que oferecemos e, mais do que isso, o mote que quisemos lançar para que as mães se ajudem mais umas às outras! Carreguem na imagem para saberem mais sobre este nosso bebé:



As marcas que se queiram associar contactem-nos através do email amaeequesabeblog@gmail.com
Obrigada!


1.26.2020

O que fazemos para não prejudicar (tanto) o ambiente?

Nem eu nem a Joana Gama somos ativistas. Somos até bastante imperfeitas no que à protecção do ambiente diz respeito (e em tudo o resto também ahah). Mas começamos, aos poucos, a prestar mais atenção a tudo o que pode estar ao nosso alcance e que até é bem mais simples do que parece. 

Adicionar legenda

Falámos um bocadinho sobre isso no nosso mais recente vídeo no Youtube (we're back!) mas, agora que o revi, percebi que nos faltou falar de uma das coisas que mais tenho feito nos últimos anos e que pode fazer diferença: deixei de consumir tanto, no geral, mas principalmente roupa - sapatos e vestuário. A roupa é a segunda indústria mais poluente no mundo. Já há alguns anos que comecei a reduzir (dantes parecia que só me sentia preenchida se fosse todos os meses comprar roupa), mas agora estou a atingir recordes. A Joana Gama também decidiu deixar de comprar roupa para ela em lojas mais fastfashion e compra marcas melhores, que durem mais. Menos mas melhores. Acho uma ótima decisão também. 



Falamos de escovas de bambu (uma de nós odeia, mas faz o esforço...), de sacos, de copos menstruais, de brinquedos, de carne, de processados, do bio e por aí fora. Vejam! 
Falta-nos experimentar muita, muita coisa e descobrir outras tantas. Deixem aqui por favor mais dicas, mais sites e mais info para que possamos, aos poucos, ver a luz. 

Entretanto, convidamo-vos a virem connosco no próximo fim-de-semana ao Zmar, onde os miúdos vão aprender a fazer sabonetes ecológicos, moinhos de vento, pasta de papel, peddy paper, enfim... mil workshops com a Science4You. Vejam aqui todas as condições e apareçam, se puderem! :) 



1.21.2020

Quem vem connosco ao Zmar?

A primeira vez que lá fomos parar, foi totalmente ao acaso. Era sábado e íamos "só ali" à praia, algures na Costa de Caparica. Começámos a descer e quando demos por nós estávamos em Almograve. Sem fraldas, sem mudas de roupa, sem escovas de dentes. Fomos a uma mercearia resolver as questões mais urgentes e acabámos por ficar no Zmar, numa casinha de madeira, essa noite. As miúdas adoraram: a piscina de ondas, as atividades disponíveis, mas também a praia "ali ao lado" cheia de laguinhos e animais escondidos. No ano passado, voltámos no dia da Mãe, com a minha mãe, num fim-de-semana só de "miúdas". Fomos conhecer e alimentar os animais, fizeram slide, Yoga, treparam a árvores, deram mergulhos e andaram nuns "tractores", de que falam até hoje.



Agora somos nós quem tem um convite a fazer-vos! De 31 de janeiro até 2 de fevereiro vamos estar no Zmar com a Science4you para um fim-de-semana cheio de experiências científicas e workshops (como a criação de pasta de papel, sabonetes ecológicos, moinho de vento, as "nossas" estufas), um peddy paper, além de todas as experiências que o Zmar oferece sempre
, como a piscina coberta com ondas, o campo de matraquilhos humanos, circuito pedestre de manutenção e ginásio, a casa Kidz com atividades para as crianças entre os 4 -12 anos e o parque de Diversões Infantil.



Podem saber mais sobre todo o fim-de-semana evento no Facebook ou então no site. As tarifas com pequeno-almoço e actividades temáticas vão desde os 60€ (numa Zvilla Eco, 1 noite de alojamento para 2 pessoas com pequeno-almoço). Vejam todas as opções aqui e preparem-se para um fim-de-semana daqueles mesmo mesmo bons.


Vamos juntar a ciência à sustentabilidade. Encontramo-nos lá? Simmmmmm?



1.12.2020

Com que idade já podem?

Uma coisa que tenho percebido nestes 5 anos e meio é que de nunca deixamos de ter dúvidas, quando somos mães. Quer dizer, pelo menos eu vou tendo sempre.
Acho que é inerente à maternidade. Eles crescem, mas nem por isso as dúvidas são menores. Muda talvez a intensidade, a urgência de saber, já não nos culpabilizamos tanto se ficam doentes, mas nunca se sente que se sabe tudo.

Há dúvidas que vou mantendo sempre: estarei a fazer o melhor para elas? Como é que resolvo este conflito entre as duas? Estou a ser demasiado intransigente? Estou a ser demasiado permissiva?

Eu acho que, tendencialmente, sou pouco "galinha". Raramente penso que o pior pode acontecer, em cada situação. Por exemplo, se sobem a uma árvore, não penso automaticamente que vão cair (e mesmo que esfolem o rabo todo - já aconteceu à Isabel, coitada - acho que para a próxima vai ter ainda mais destreza e coragem). Se vão em passeio com a escola, não fico nada preocupada (mesmo nada). Só muito curiosa. Se estão com os avós / tios, não ligo de hora a hora para saber como está tudo a correr. Confio. Se me pedem para cortar fruta, dou a faca quando acho que já têm alguma motricidade fina e percebem as minhas instruções. Ensino logo a subir escadas e a descer. Já cheguei a achar que tinha qualquer ligação interrompida no circuito-mãe. "Se calhar, é normal sentir-se mais medo do que eu sinto", pensei já várias vezes. 

Posto isto, no outro dia a Isabel ofereceu-se para ir à mercearia buscar qualquer coisa que faltava. Acho que aveia. "mãe, dás-me um euro e eu vou lá num instante". 
Fiquei a pensar naquilo. Acho que qualquer outra pessoa pensava "nem pensar, só tens 5 anos". E eu disse-lhe que agradecia imenso e que sentia um orgulho enorme por ela se ter oferecido, que era uma ajudante a sério, mas que ainda não deveria ir sozinha.
E ela: "mas é já ali". Aproveitei para lhe dizer que, mesmo sendo já ali, não deveria ir sozinha porque poderia cair e precisar de mim. Aproveitei para lhe dizer que, um dia que for sozinha, daqui a um ano, mais ou menos (?), nunca pode entrar no carro de ninguém nem ir para casa de ninguém, mesmo que dissessem que eram meus amigos.

Ela quase me fazia um eye-rolling a dizer "sim, já tinhas dito isso".


Cara de felicidade. Hoje. 

Mas sabem que o meu instinto mais primário seria deixar? Tive de controlar isso mesmo, usando a razão. A mercearia é mesmo já ali atrás do prédio, em 3 minutos estaria em casa, eu com essa idade já fazia recados e distâncias maiores. Só que "eram outros tempos", "outra cidade" e - se calhar - outra consciência. Nem sei bem se, em termos legais, se pode deixar uma criança, com esta idade, sozinha. Pode? Eu vejo crianças a brincar ali no pátio em baixo sem adultos, mas não faço ideia se se pode. Pode?

E vocês? Como se sentem em relação à "liberdade" deles. Têm muitos medos? 






1.02.2020

Sugestão de escapadela: eco-hotel no meio da natureza

Foi ali que a Luísa deu os primeiros passos. Foi ali que, em 2017, eu, a minha mãe, as miúdas e o meu irmão passámos um fim-de-semana incrível, na natureza, a dar mergulhos na piscina, a comer pratos divinais e a passear ao longo do rio. A poucos dias do fim do ano, voltámos ao Vale do Rio, em Oliveira de Azeméis, para respirar ar puro. E, desta vez, com o David.



Soube tão bem. Eu, que deixei de conseguir ir com as miúdas à natação, pude ver a desenvoltura que já ganharam desde aí e o quanto amam água (o difícil foi tirá-las de lá). Jogámos Quem é Quem, Bingo, Party & Co. às refeições e na sala e ainda montaram a pista de carros que a Isabel tanto pediu ao Pai Natal. Viram, pela primeira vez, um jogo de snooker e os pais sem jeitinho nenhum a discutirem as regras. Passeámos no bosque, à procura de seres mágicos e de renas. Ouvimos o som do rio a correr e pusemos a mão sobre o musgo e sobre as árvores. Equilibraram-se em troncos e viram sair vapor da boca uma da outra. Vimos teias de aranha enormes e os raios de luz a atravessarem as copas das árvores altas. E ainda fomos conhecer o parque de La Salette, com lagos com patos, com uma capela no topo e com espaço para correrem e para andarem de trotinete (e caírem…) à vontade.

Foram dois dias que souberam a mil e que me fizeram sentir, mais uma vez, que estarmos juntos, sem grandes planos, é dos maiores privilégios que podemos ter.

























Em 2020 vou...

Está a ser engraçado pensar em tudo o que quero fazer e ser em 2020, estando já em 2020. 

Já agora...

BOM ANO!

A única coisa que combinei fazer este ano, com o David, foi "dieta". E por dieta entenda-se começar a comer melhor. Menos processados, menos massas, menos chocolates, coca-cola, bolos, açúcar, no geral. Mais comida mesmo comida. 

De resto, estou a fazer agora o exercício. 2019 foi um ano estranho. Tive momentos maravilhosos, viajámos bastante, as miúdas raramente estiveram doentes, fiz novos amigos (olá Joana, olá Mariana), o mano casou. Comecei o podcast com a Joana Gama, que nos deu (que nos dá, porque vamos fazer mais séries) muito gozo. Tivemos trabalhos muito fixes, que nos desafiaram. E parcerias pelas quais me sinto uma sortuda. As miúdas começaram no ballet e na natação e eu fui uma felizarda por poder acompanhá-las e vê-las serem tão felizes. Fiz bastante desporto e cheguei a acordar com saudades (grande novidade na minha vida ahah).
Mas também tive, em 2019, momentos pessoais bastante merdosos. Foi talvez o ano em que mais chorei. Em que tive de me superar. Felizmente, o ano acabou "em bom". Voltei a trabalhar como freelancer em TV, 4 anos depois (e já tinha bastantes saudades). Voltei a sorrir mais, por todos os motivos.



Por isso, em 2020 espero manter a boa energia com que terminei o ano. Mas vá, segue a lista de intenções:

- voltar a fazer mais desporto (que no último mês foi nulo);
- comer melhor (estou a pensar voltar ao paleo para me dar energia extra e cortar com os processados);
- cozinhar mais (andava numa onda de sopa, massa, carne, arroz e peixe, sendo que peixe às vezes eram mesmo douradinhos...). Quero ver se me inspiro mais e faço mais vegetariano e comida, em geral, mais apetitosa e saudável
- tratar-me ainda melhor para ficar menos doente (dispenso as lamas nos rins, as infecções urinárias e afins);
- dedicar-me mais à Amwêlê e ir em missão a São Tomé e Príncipe;
- passar menos tempo na internet e estar mais com a família e com amigos;
- dançar mais (gostava de ter aulas!);
- ler mais (ando viciada na saga do Jeffrey Archer e estou desejosa que a minha mãe me empreste o próximo);
- ir ao teatro mais vezes (a última peça que vi foi fantástica e perguntei-me por que não optei mais vezes pelo teatro);
- estar mais à caça de museus e atividades giras lowcost para as miúdas
- comprar cada vez menos. Menos roupa, menos brinquedos, menos coisas.

Acho que é isto. 

E vocês? Quais as vossas intenções? E aquelas que esperam mesmo mesmo cumprir?



12.19.2019

Deixo que furem as orelhas ou não?


Deixo que furem as orelhas: sim ou não? Não uma à outra, claro. Vontade às vezes não lhes faltava (andam ambas com a mão bem leve...). 

A Isabel (5 anos) disse-me esta semana que queria furar as orelhas, como eu. Perguntou - mais uma vez - se doía e eu disse-lhe a verdade. Falei-lhe de todos os cenários possíveis. Disse-lhe que iria doer no momento e depois, às vezes, durante a noite, a vestir a roupa e noutras situações. Que poderia infectar e fazer sangue. E, mesmo assim, quer arriscar. A Luísa (3 anos) disse logo que também queria. E eu fiquei a pensar que, em elas pedindo tantas vezes, talvez já não faça assim tanto sentido impedir. 
 
Não tenho a mínima vontade de que furem as orelhas, atenção. Não acho que fique nem mais bonito nem mais feio nestas idades. Confesso que mais novas é muito raro gostar, tendo a achar piroso. Mas, estando numa sociedade em que é bastante comum e culturalmente aceite e sendo elas a pedir, não sei se os meus argumentos continuarão a ser válidos. Incentivei a usarem outra vez autocolantes, mas, desta vez, a Isabel disse logo que não, que caiam e que se perdiam. Perguntou-me se poderíamos ir no sábado fazer os furos e eu disse que ía pensar e falar com o pai.
Poder, podemos. Mas qual o risco real de infecção? E se nos “estraga” o Natal? E se ela se arrepende ao sentir a dor, no momento? E se sentir que não a protegi? E a Luísa, não será nova? 
 
Estou a pensar demasiado, eu sei. 
 
Já nem me lembro que idade tinha quando furei as orelhas, mas também fui eu a pedir. Lembro-me de uns brincos, lindos, em forma de morango, de madeira. Lembro-me de me sentir vaidosa com eles e gosto de ver as fotografias da altura.
 
E agora? Não queria nada que elas sofressem.  São as orelhas das minhas pessoas preferidas  (ainda custa mais). Uma amiga nossa caiu e a orelha infectou, antibiotico e uma grande chatice. Não me apetecia nada passar por tudo isso, desnecessariamente.
 
Sim ou não? Como resolveram estes pedidos?  

 

12.15.2019

Marriage Story, o filme que todos os casais deveriam ver.

ALERTA - SPOILER

Estreou há pouco mais de uma semana, na Netflix, o filme "Marriage Story". Uma história agridoce (mais agre do que doce) sobre o fim de um casamento. O filme é do Noah Baumback (autor e realizador do "The Squid and the Whale" e do "Margot at the Wedding", entre outros - só vi estes e gostei muito), com a Scarlett Johansson, o Adam Driver (conheci-o na série Girls há uns anos e é fenomenal) e a Laura Dern.

Interpretações soberbas, diálogos que de tão naturais poderiam ser os nossos, lágrimas e olhos inchados, silêncios, canções em take único, olhares que dispensam falas, raiva, desilusão... cabe tudo naqueles minutos. Não é um filme de acção, não é um drama, não é uma comédia... nem sei bem  ainda como termina (termina como quisermos que termine e eu ainda não decidi), mas foi seguramente das melhores coisas que eu vi nos últimos tempos.

Eu não preciso que um filme me vire as tripas, que me faça sonhar, que me deixe fantasiar. Eu gosto de histórias que pudessem ser as nossas. Em que nos revejamos. Que nos façam pensar em quem está certo. Em quem falhou. Em quem deveria ter cedido. Em quem deveria ter apoiado mais o outro. Aonde se perdeu o amor? Não terão ido longe demais no divórcio? E o filho?... Não deveriam ter parado pelo caminho? Aonde deveriam viver então? E aquela advogada, era mesmo necessária?

E é nesta densidade de uma vida que poderia ser a nossa que vemos que as relações não são fáceis. (Quase) nenhumas. Sinto que aprendi alguma coisa com a dor daquele casal. Que aprendi a ver os dois lados de uma história. Que cresci. E sim, chorei. Tive momentos em que quis dar um estalo à Nicole, momentos em que quis abanar o Charlie e dar-lhes colo e falar-lhes das coisas boas que tiveram e... ai (emoji coração partido aqui, sem dúvida 💔).



E que grande regresso da Scarlett. O Amor é um Lugar Estranho é um dos meus filmes preferidos de sempre e acho que, desde então, ela praticamente não tem estado à altura. Rapariga do Brinco de Pérola e Vicky Cristina Barcelona talvez (tirando isso, nada "de jeito", acho). E agora... rapariga! Que maravilha de interpretação. Voltei a ser fã.

Digam-me coisas. Querem discutir alguma parte? O que mais vos fez pensar? 



Trabalhar fora de casa é bom porque...


Agora que voltei a trabalhar em TV, fora de casa, voltei a sentir coisas boas. Não que estivesse infeliz como estava (longe disso), mas estava a ser difícil para mim gerir o meu tempo, separar trabalho-casa e estar tantos dias sem conversar com um adulto. Além disso, não ter um ordenado certo também me angustiava às vezes. Vai daí, aceitei um trabalho por alguns dias e gostei tanto que em janeiro quero muito repetir a dose. E em fevereiro. E por aí fora.

Trabalhar fora de casa para mim é bom porque...

➤ Me obriga a tomar banho e a empinocar de manhã e, quando me cruzo com um espelho, não parece que acabei de acordar

➤ Ouço mais podcasts, nas viagens, e rio-me sozinha no carro (caso se cruzem comigo, já sabem) - Salvador Martinha, Bumba Na Fofinha, Extremamente Desagradável, Sem Barbas na Língua, N'a Caravana... - ouçam, ouçam

➤ Tenho a oportunidade de conhecer pessoas novas e de rever amigos, de mandar umas gargalhadas a meio da manhã 

➤ Sinto que estou a ser posta à prova, a cumprir desafios, a procurar soluções, sinto adrenalina. E, passados 4 anos, sinto que, afinal, ainda pode haver lugar para mim na minha área (TV)

➤ As miúdas foram, pela primeira vez, à natação com o pai. O que acabava por ficar para mim, porque tinha mais liberdade de horários, neste momento é melhor distribuído e todos podem beneficiar com isso: pai e filhas, que ficou todo babado (e transpirado) e elas orgulhosas, a mostrar o que já sabiam fazer

➤ A hora de almoço é mesmo hora de almoço - normalmente punha-me em frente à TV, a ver Netflix, e agora olho para a comida enquanto como, o que é importante, li algures (e faz sentido dar essa informação ao cérebro)

➤ Separo melhor o que é trabalho e o que é casa: as camas já não ficam feitas mas também ninguém fica lá para ver; a roupa acumula-se mas, com sorte, temos suficiente para a semana; e quando é para trabalhar é para trabalhar

➤ Voltei a dar mais valor aos momentos em que estou com as minhas filhas. Como já não as vou buscar às 16h, acabo por aproveitar mais todos os segundos. Já me cheguei a esquecer do telemóvel no carro e não fui sequer buscar (o que dantes seria impensável). Menos tempo na internet e mais tempo com as miúdas



Há mais. Estas são as vantagens principais. As que me fazem querer continuar assim. Se algum dia o jogo "virar", dependendo isso ou não de mim, estes dias bons já ninguém me tira. 

Uma amiga minha, que está em casa há 8 anos com os filhos, perguntava-me o que eu achava de uma oferta de trabalho que ela teve. Fiz-lhe mais perguntas do que dei respostas. Nunca temos a certeza absoluta de nada, o que quer que decidamos, mas o que de pior pode acontecer com as nossas decisões? Pelo caminho aprende-se sempre alguma coisa...

Já a entrar em modo Natal :)